F1 GP da Coréia na TV espanhola e inglesa: “Escuridão total. Parem a corrida!” - Julianne Cerasoli Skip to content

GP da Coréia na TV espanhola e inglesa: “Escuridão total. Parem a corrida!”

Os ingleses na BBC lamentam a chuva, após os esforços dos coreanos em aprontar a pista a tempo, mas os espanhóis da La Sexta não perdoam, e perguntam: o que tem esse fim de mundo de tão importante para estarmos aqui nesse circuito inacabado e para a FIA ter aceitado fazer a vistoria menos de duas semanas antes na estreia? Galvão Bueno e Reginaldo Leme, na Globo, também criticam a decisão de seguir com os planos do GP, resgatando histórias do passado sobre provas de teste antes da F1 chegar.

Mas o narrador espanhol, Antonio Lobato, não reclama em vão. Teme que, com uma largada sob Safety Car, Alonso não tenha chances de bater as Red Bull. Enquanto, no Brasil, o pobre Massa já é desacreditado até por Galvão, que vê no molhado a chance para Rubinho. Na BBC, Eddie Jordan também reconhece o talento do brasileiro. “Se ele pilotasse tão bem no seco quanto faz no molhado, seria um grandíssimo piloto”, elogia à sua maneira.

Mas a grande aposta antes da largada é nos pilotos da McLaren. “Button foi o melhor piloto nessas condições neste ano”, lembra o comentarista espanhol Marc Gené. “Os pilotos da McLaren são especialistas no molhado e têm o melhor carro para isso”, confirma Martin Brundle na BBC.

Precisou largar para todos perceberem que a pista não tinha condições

Ninguém, na verdade, entende por que o Safety Car. Pelo menos até que os carros começam a andar e fica óbvio que a condição real da pista é muito pior que parecia. “Agora entendo a decisão”, recua Gené, depois de reclamar bastante. “Mas ficar nessa velocidade é até pior pela pressão e temperatura dos pneus. É melhor que pare”, avalia. “As condições estavam tão ruins que Bruno Senna parou para trocar pneu porque estava convencido de que havia algo errado no carro”, reporta Ted Kravitz na BBC.

Tentando fazer um carnaval de cada detalhe, Reginaldo afirma que “Schumacher esperou o Carlos Gil terminar a entrevista para se desculpar para Rubinho”, citando a ‘briga’ dos dois no dia anterior, e Galvão ouve Stefano Domenicali falar no rádio com Alonso. “Ele pediu para falar diretamente com o piloto”, afirma o narrador, quando todos ouviram, como de costume, a voz de Andrea Stella. Algumas matérias pré-gravadas ajudam a passar o tempo, mas a Ferrari instalou o difusor-escapamento no Canadá? Massa e Schumacher têm estilo suave de pilotar?

Bandeira vermelha e todos destacam que não é pela quantidade de chuva, mas pela falta de drenagem da pista. “É uma situação única porque a camada de água é uniforme e parece que não vai sair. A aderência não está tão ruim, mas não dá para ver nada”, a BBC ouve Webber.

Lobato segue reclamando. “Estão acontecendo coisas tão estranhas aqui que pode ser que não tenhamos condições de terminar a corrida, mas o faremos para isso não ser um fiasco total.”

Lobato reclamava no início, mas mal sabia o quanto torceria para a prova acabar logo 1h30 depois. Estava realmente escuro

Mais uma largada sob Safety Car e todos se divertem com o jogo entre os pilotos. Os ponteiros dizem que ainda não era hora de começar. Hamilton, em posição de ataque, discorda. Para Ted Kravitz, Lewis diz isso porque sabe que seu carro é melhor no molhado que a Ferrari que tem logo à frente. Mas a teoria não se concretiza na 1ª volta de verdade, quando o inglês é ultrapassado por Rosberg. “Ô, Hamilton, não faça bobagem! Foi você quem colocou pressão para largar”, Galvão dá uma secada, junto com Lobato, que temia o ímpeto do inglês antes da largada. “Agora ele deve estar dizendo que não vê nada”, se diverte.

Não seria um problema de visibilidade, como destacou Brundle, que tiraria Webber da corrida. “Nem isso, nem aquaplanagem. Ele só escapou na grama artificial e, quando deu motor, não tinha aderência”, observa o ex-piloto. Os espanhóis destacam o quão perto Alonso passou do Red Bull desgovernado – na verdade, nem estava tão próximo assim. Galvão dá uma bronca: “você era o favorito porque os outros erravam e você não”. Brundle vê sorte de Hamilton na batida. “Se não tivesse sido passado por Rosberg, era para ele estar ali.”

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A sensação geral, naquele momento, é que aquela batida alçaria Vettel a aposta da Red Bull pelo campeonato. “Era a desculpa que eles precisavam para não ajudar Webber, mesmo que já tenham feito o máximo para que ele perdesse a liderança”, vê Lobato.

Outro que se complicou na Coréia foi Button. Espanhóis e ingleses já vinham acompanhando os tempos dos pilotos com pneus intermediários e viram uma súbita melhora pouco antes do piloto da McLaren parar – ao contrário dos brasileiros, que achavam que ele havia sido o primeiro –, mas discordaram da decisão. “Esse pneu ainda não é tão mais rápido assim, não compensa”, avalia Gené. “É um pesadelo, pois ele voltou com 5 carros brigando por posição à frente. Pareceu desespero”, acredita Brundle. E foi, garante Kravitz. “Os extreme wets estavam destruídos. Eles não tinham escolha.”

A 3ª intervenção do Safety Car no dia seria a senha para que os demais parassem. Os espanhóis agonizam, acreditando que o fato de Vettel e Alonso terem demorado uma volta a parar torne Button o líder! A parada lenta do asturiano não ajuda. “Vamos com essa roda!”, Lobato está impaciente.

O comentarista Jacobo Vega tenta prever qual o melhor cenário depois de Alonso perder a posição. “Agora o que seria bom é o Hamilton ir para cima do Vettel”, para ser interrompido por Gené. “Mas o ritmo dele era ruim.” Os ingleses também sabem disso e esperam “que o rendimento com os pneus intermediários seja melhor”. Enquanto isso Galvão sentencia que “a Ferrari é muito fraca de trabalho de box”. Não deve ter assistido a corrida de Monza.

Mais uma relargada e outra posição perdida por Hamilton, o “leão da corrida sob Safety Car”, como define Galvão. “Não dá para ser campeão do mundo desse jeito”, despeja o narrador, que demorou um pouco para perceber a ultrapassagem, assim como Brundle na BBC. Só Gené chamou a atenção logo que viu as rodas do inglês bloqueadas. Apesar do erro do rival, Lobato se coloca a berrar. “Muito atento, Alonso consegue uma ultrapassagem mágica!”

Enquanto Galvão e Reginaldo discutiam se Alonso merece ou não ser campeão, ingleses e espanhóis se divertiam com o jogo de mensagens no rádio. “Posso imaginar o engenheiro do Vettel pedindo um update da visibilidade e ele dizendo ‘está muito escuro, precisam parar a corrida agora!’. Poucos minutos depois, aparece o alemão reclamando que não enxerga os pontos de freada – embora Galvão, sem a companhia do tradutor oficial de rádio, Luciano Burti, tenha entendido que ele tinha um problema com os freios. “Com Alonso a 1.2s, ele vê menos ainda”, riem os espanhóis, que apostam que o próximo a aparecer no rádio será Hamilton, dizendo que está até claro demais. Dito e feito. “A luz está ótima”, diz o inglês.

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Mesmo com Galvão se confundindo com o rádio, Reginaldo matou na hora: “motor”. Brundle, segundos antes, diz que tem algum carro com um barulho estranho. Era o Renault de Vettel indo embora. Agora, ficou escuro de vez para os espanhóis. “Fernando é o líder do mundial! Tragédia total para a Red Bull! Agora não se vê mais nada, tem que parar a corrida”, Lobato brinca. “Agora, ou a Red Bull aposta no Webber, ou correm um sério risco de perder o mundial”, o narrador seca. “Para Webber, é melhor que Vettel tenha abandonado para que ele tenha apoio dentro da equipe”, avalia Brundle.

O inglês até torce para Alonso sair da briga também e enxerga fumaça no motor do espanhol, quando na verdade o que há é spray. “E o homem que em Silverstone estava 47 pontos atrás e disse que ia vencer o campeonato sai da Coréia como líder”, reconhece o narrador Jonathan Legard. “Como no passado todos temiam Schumacher, hoje temem Alonso porque sabem do que ele é capaz”, completa. “Na Inglaterra, todos riam dele”, lembra Vega. “Já vimos em outras corridas nesse ano. Alonso parece ter encontrado uma maneira de conservar esses pneus intermediários”, observa Brundle, enquanto Gené fala tanto na facilidade em cometer algum erro com esses pneus, que Lobato se cansa. “Marc, dê uma notícia boa, por favor!”

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Na Globo, Galvão volta ao GP da Alemanha. “Não precisava daquele papelão. Alonso vai à liderança porque os dois da frente pararam”, define. “O homem, além de tudo, tem estrela”. E, minutos depois, refere-se ao asturiano como “gênio do automobilismo”. Vai entender!

Mas do que o narrador tem certeza é que “todos na Ferrari querem Massa se recupere para fazer um grande campeonato ano que vem” e se diverte com o escorregão de Felipe a caminho do pódio. Com direito a replay.

Lobato repete inúmeras vezes que o campeonato pode ser decidido no Brasil. “Das 4 provas finais, é o melhor circuito para a Ferrari”, endossa Reginaldo. “Depois do Japão, achei que o título era do Vettel, mas agora… ta uma montanha-russa, mas vai ser duro bater o Alonso”, acredita Brundle.

16 Comments

  1. A cada (ótimo) post com as coberturas inglesa, espanhola e brasileira eu me convenço mais de que “nossa” equipe de transmissão precisa ser renovada…

    • Por mais que o Lobato torça demais, até a transmissão espanhola é bem mais informativa. Aqui parece que eles estão tão acima de tudo porque têm zilhões de anos de F1 que não prestam atenção ao que está acontecendo.

  2. Tenho vergonha alheia do Galvão, mas o Lobato não fica muito atrás!!! Ultrapassagem mágica??? No fim, é muito divertido ler aqui sobre as diferenças entre as transmissões. Parabéns pelo trabalho! Foram o que? 3 horas de transmissão cada?

    • Esse deu trabalho de assistir tudo!
      A BBC até trocou de canal no meio da corrida, o que deixou os ingleses furiosos. Mal sabem eles que poderia ser muito pior…

  3. “Não dá para ser campeão do mundo desse jeito”, despeja o narrador em cima de Hamilton.

    Engraçado em 89 o Senna fez um monte de besteiras cometendo vários erros BIZARROS, já era sua sexta temporada na F1, e ainda ficou bravo por não ter sido campeão, Prost foi muito superior em 89. O francês mesmo cutucou: “Ele é rápido, mas erra e quando errar estarei por perto!” Só pra lembrar nesse ano Prost pontuou em 13 das 16 provas, Senna apenas 7. O francês deu uma AULA de regularidade, foi nessa época que ganhou o apelido de “professor” justamente em cima do brasileiro. Não faz sentido o IMBECIL BUENO criticar os erros de Vettel e Hamilton, eles estão no início de carreira, muito diferente do Senna em 89, o brasilerio dava show, mas também dava muita mancada na pista. Hamilton e Vettel ainda podem corrigir esses erros, mas não vão chegar ao nível de Schumacher nos anos 2000, esse foi veloz, arrojado, cerebral e ainda sabia organizar uma equipe além de desenvolver equipamento, coisa que o Senna nunca conseguiu na vida! Vettel, Hamilton vão evoluir muito e calar muitas vezes a boca do Galvão, no momento quem faz isso é o espanhol na Ferrari.

    Chupa Galvão!!!

    • Por mim, ele pode até continuar torcendo. Se parasse de julgar e se concentrasse em narrar, já estaria ótimo.

  4. Gostaria se saber onde vc consegue todas essas transmissões????

    Abs

    • a espanhola baixo num blog: hinchalonso.blogspot.com. E da BBC numa comunidade de vídeos de automobilismo chamada Racing Underground.
      Infelizmente, não estou conseguindo mais achar as transmissões da RAI. Então, se alguém souber…

  5. É engraçado tu fazeres os comentários das três transmissões. Pessoalmente, perfiro a milhas a transmissão da BBC, porque é muito mais equilibrada e mais interessante para o adepto que gosta de automobilismo, e não do piloto A ou B. E colocam o Galvão e aquele careca idiota a milhas de distância…

    Tem dias que pergunto como é que o Reginaldo Leme, uma pessoa que sei que é um excelente profissional, atura esta gente toda, especialmente o Galvão. Enfim, deve ser dos anos. Parabéns, esta é uma secção que não vejo em lado nenhum…

    • Sim, a transmissão da BBC é bastante focada nos ingleses, mas mais ainda no amante do automobilismo. Sinto que, na Inglaterra, eles gostam do esporte em si, e não apenas de ver seu time/país vencer.
      Na BBC, o narrador Jonathan Legard torce bastante, fica fazendo umas perguntas retóricas, é bem fraquinho. O Martin Brundle, que é excelente como comentarista, simplesmente o ignora. Acho que o Reginaldo devia fazer o mesmo com o Galvão.

  6. Muito original! E hilário! A cada dia me convenço mais que não existe jornalismo imparcial… Assim como confirmo que essa nossa equipe da globo é uma grande porcaria, que só sabe falar besteira e opinar naquilo que não deve… Chamam todos de incompetentes pelos erros que cometem, mas não enxergam os próprios… aiaiai
    Parabéns, Juh (vou apelidar, pois minhas passagens por aqui estão cada vez mais frequentes! hehehehehe)

    • A imparcialidade no jornalismo deve ser uma busca, mas assim como a verdade absoluta, não existe. A partir do momento em que você escolhe uma palavra, por exemplo: “invasão” dos sem-terra ou “ocupação” dos sem-terra, você toma partido.
      Mas acho diferente ser parcial e julgar. Juízo de valor e jornalismo não combinam.
      Juh é simpático, gostei.

  7. Sei que não é assunto do post, mas…

    Bingo! Não estou sozinho na batalha “Se o Alonso for campeão por menos de 7 pontos, será ridículo”. Tenho o “apoio” do Mosley.

    Até que enfim! Estava me sentindo a única criatura terrestre que via o GP da Alemanha com maus olhos.

    GN’R

  8. A melhor transmissão é a da BBC, sem dúvida. Imparcial dá pra ver que ninguém é, mas os ingleses são menos.

    Já era noite na Coreia, tinha que acabar, independente de quem estivesse na liderança.

  9. Ju, adoro seus posts sobre as transmissões. Morro de rir com seus comentários. O Lobato está ficando pior que o Galvão… Entretanto, também acho a qualidade da transmissão espanhola melhor que a brasileira.

    • O Lobato está mostrando as garras, GP após GP, assim como o Galvão está maneirando. Sintomático, não? Aquela da ultrapassagem mágica deu vergonha alheia… Pelo menos tem o Gené, as informações dele são ótimas (e quentinhas de dentro da Ferrari).


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