F1 Para onde vai o orçamento das equipes de F1? - Julianne Cerasoli Skip to content

Para onde vai o orçamento das equipes de F1?

Os custos da F1 são maiores que das demais categorias porque esta é a nata do automobilismo. É um campeonato de construtores, então o custo do carro de F1 é muito maior, uma vez que uma das funções da categoria é desenvolver e se equipar com tudo o que há de melhor quando o assunto são carros de competição. É claro que uma fatia considerável é gasta com marketing, mas qual seria o sentido de tanta abundância se ninguém fosse lucrar?

O aumento da importância da tecnologia a partir do final dos anos 1980 já começou a escalonar os gastos, que chegaram a números impressionantes em meados da primeira década de 2000. Capitaneados por seis montadoras (considerando a Mercedes como parceira e então acionista da McLaren), os orçamentos chegaram aos 450 milhões de dólares ao ano.

Não por acaso, a FIA passou a impor regras que limitavam alguns grandes focos de gastos e foi fechado um acordo entre as equipes para que os investimentos caíssem, mas isso é assunto para quinta-feira.

A restrição aos motores não é coincidência

Uma das restrições é no motor, que hoje tem que durar, efetivamente, 2,5 finais de semana de corrida, embora as equipes utilizem os propulsores de forma menos ortodoxa. Olhando a “tabela de preços”, a FIA acertou em mirar primeiramente neles. Os motores representam grande parte do orçamento – e explicam em parte porque times que fazem seus próprios modelos estão na frente em qualquer lista de gastos.

Outra peça que compromete o orçamento é o câmbio. Não coincidentemente, o atual regulamento prevê que o equipamento tem que durar 5 corridas. Veja o valor estimado de alguns componentes:

Quanto custa cada peça de um F1

Motor US$ 214.300
Monocoque US$ 117.900
Câmbio US$ 148.600
Telemetria US$ 137.150
Sistemas eletrônicos US$ 54.500
Suspensão US$ 35.300
Asa dianteira US$ 21.500
Asa traseira US$ 12.900
Escapamento US$ 11.600
Volante US$ 12.500
Tanque US$ 10.700
Bodywork US$ 8.500
Roda (4x) US$ 7.200
Visor do volante US$ 5.200
Caixa de direção US$ 4.300
Discos de freio (4x) US$ 4.800
Pneus (4x) US$ 2.600
Pedais US$ 2.200
Espelhos US$ 1.300

De acordo com uma estimativa publicada na revista F1 Racing de março de 2008, o motor aparece como o grande vilão das contas das equipes. É claro que quem compra as unidades não consome tanto de seu orçamento com o equipamento. Na outra ponta, a exploração de tecnologias no desenvolvimento dos propulsores é interessante para as companhias que os fornecem, o que justifica o investimento maior.

Equipes como a Honda tinham 2 túneis de vento operando 24h por dia

Divisão de Gastos

Motor 50%
Pesquisa e desenvolvimento 8,8%
Produção de peças 7,5%
Equipamentos 6,3%
Equipe de corrida 6,3%
Pilotos 5%
Equipe de testes 5%
Sistemas hidráulicos 3,8%
Aluguel, contas gerais 3,8%
Prospecção de patrocinadores 3,8%

Em dados de 2004, antes das restrições impostas pela FIA, aparece outro comedor de dinheiro, o túnel de vento, cujo uso é bastante restrito hoje em dia. As maquetes em tamanho real só podem ser utilizadas 4 vezes por ano (se não forem realizados testes em linha reta). No restante do tempo, apenas escalas de até 60% são permitidas. Outro gasto que anda bem mais reduzido é com os testes, que geravam contas ainda mais “gordas” e hoje não podem passar de 15.000km por equipe. Por outro lado, essa restrição fomenta o uso dos simuladores, longe de ser uma tecnologia barata.

Pesquisa e desenvolvimento

1. McLaren $25.50m
2. Toyota $25.10m
3. Williams $22.60m
4. Ferrari $22.40m
5. Renault $18.70m
6. Sauber $18.06
7. BAR $17.40m
8. Red Bull $11.40m
9. Jordan $7.50m
10. Minardi $7.02m

Túnel de vento

1. Ferrari $11.25m
2. McLaren $9.96m
3. Williams $9.76m
4. Toyota $8.95m
5. Sauber $8.78m
6. BAR $7.80m
7. Renault $6.18m
8. Red Bull $3.95m
9. Jordan $3.20m
10. Minardi $0.38m

Produção de peças

1. Toyota $3.40m
2. Ferrari $3.20m
3. McLaren $2.70m
4. BAR $2.40m
5. Williams $2.25m
6. Sauber $1.70m
7. Renault $1.62m
8. Red Bull $1.45m
9. Minardi $0.75m
10. Jordan $0.64m

Motores

1. Toyota $192.50m

2. BAR (Honda) $181.50m
3. Williams (BMW) $169.00m
4. Ferrari $165.00m
5. McLaren (Mercedes Benz) $144.00m
6. Renault $121.00m
7. Red Bull (Cosworth) $66.00m
8. Sauber (Ferrari) $28.00m
9. Jordan (Toyota) $10.50m
10. Minardi (Cosworth) $10.00m

Viagem e acomodação

1. Ferrari $17.61m
2. Toyota $12.72m
3. McLaren $11.74m
4. Williams $9.10m
5. BAR $7.72m
6. Renault $7.33m
7. Sauber $6.65m
8. Red Bull $4.90m
9. Jordan $4.16m
10. Minardi $0.95m

Testes

1. McLaren $64.96m
2. Williams $63.04m
3. Ferrari $62.72m
4. BAR $56.64m
5. Toyota $53.06m
6. Renault $28.40m
7. Sauber $20.00m
8. Red Bull $4.88m
9. Jordan $4.20m
10. Minardi $1.78m

Equipe de corrida

1. Ferrari $35.85m
2. Toyota $28.30m
3. Williams $26.16m
4. McLaren $24.13m
5. Renault $23.90m
6. Sauber $22.89m
7. BAR $22.14m
8. Jordan $20.33m
9. Red Bull $18.59m
10. Minardi $9.77m

Folha salarial

1. Ferrari $48.30m
2. Toyota $44.40m
3. McLaren $36.12m
4. Williams $35.64m
5. Renault $34.20m
6. BAR $33.30m
7. Sauber $32.40m
8. Red Bull $26.28m
9. Jordan $15.40m
10. Minardi $7.60m

Salário dos pilotos

1. Ferrari $51.00m
2. McLaren $31.00m
3. Toyota $24.00m
4. Renault $11.00m
5- BAR $8.00m
5- Williams $8.00m
7. Sauber $4.00m
8. Red Bull $3.00m
9. Minardi $0.60m
10. Jordan $0.50m

Eventos corporativos

1. Williams $10.04
2. Ferrari $8.91
3. McLaren $8.24
4. BAR $6.69
5. Renault $6.21
6. Toyota $5.76
7. Sauber $3.96
8. Red Bull $2.59
9. Jordan $1.35
10. Minardi $0.40

Prédios e equipamentos

1. Ferrari $426.24
2. Toyota $397.21
3. McLaren $359.33
4. Williams $355.59
5. BAR $343.59
6. Renault $258.54
7. Sauber $146.44
8. Red Bull $143.04
9. Jordan $67.78
10. Minardi $39.25

8 Comments

  1. Bacana demais essas contas….mostra bem que o automobilismo de ponta é caro demais…

    Fico pensando na cara do diretor financeiro cada vez que um piloto “arrebenta” o carro.

  2. Muito boa a matéria! Fiquei pensando aqui que apenas o dinheiro não faz diferença… Olha as tabelas de gastos e você vê sempre a finada Toyota entre os 4 mais e o resultado foi visto nas pistas. Ainda fiquei me perguntando se realmente motores menores vão fazer o preço cair uma vez que a tendência é gastar mais em outras partes do desenvolvimento para “tirar a diferença”.

    • Falarei mais sobre os casos da Toyota e Honda amanhã. Dinheiro não é tudo mesmo.
      Certamente vai se gastar muito para desenvolver esse motor novo e o KERS mais “poderoso” que deve vir com ele, mas vejo isso mais como um alinhamento com a nova postura da indústria que uma medida para corte de gastos.

  3. Em 10, nota 11! É intrigante esse caso dos motores. Tanto se fala em corte de custos, mas não sei se é devaneio, ou faz sentido, afinal para um motor durar tantas corridas, acredito que o esmero na produção faça os números crescerem. Nas décadas de 80, 90 os motores quebravam com mais facilidade, mt devido à tecnologia de materiais e construção (a relação de custos deveria ser bem menor, será?), dizem que eram bem parecidos com os dos carros de rua, vai saber. Vc tocou em um ponto mt intrigante, afinal por ser uma tecnologia mt recente, será que simuladores saem tão mais baratos e com respostas tão certeiras, quanto o teste em pista? É instigante.

    • A economia dos motores é mais pelo congelamento no desenvolvimento que pelo fato deles ter que durar mais, acredito eu.
      Agora, sobre os testes, claramente a resposta das simulações não é 100% confiável, caso contrário não seria necessário confirmar na pista. Lá, uma das prioridades dos times é aprimorar o que eles chamam de “modelos”, ou seja, padrões de comportamento que alimentam os simuladores.

  4. Travar o desenvolvimento do motor por temporada, não acho tão ruim, mas essa limitação de quantidade, parece absurda, afinal como usar toda potência e velocidade, pensando na próxima corrida? Talvez 1 motor para 2 provas, seria menos mal. Kers e ATM tbm influenciarão no desgaste dos motores. Parece que chegaremos às últimas corridas, com carros com motores ainda mais limitados nos giros, tanto por desgaste mecânico, quanto pela quantidade de provas, haja limitação.

  5. Tem como saber que equipe usará um motor novo em cada GP?


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