F1 O GP da Malásia será um teste de fogo para os pneus Pirelli - Julianne Cerasoli Skip to content

O GP da Malásia será um teste de fogo para os pneus Pirelli

É bem verdade que muita gente ficou com um pé atrás depois que o GP de abertura da temporada, na Austrália, não foi exatamente um salve-se quem puder no quesito pitstops. O rendimento do pneu, especialmente do composto macio, foi tão diferente em relação ao visto na pré-temporada e não demorou para surgirem os primeiros boatos de que, temendo um desastre comercial, a Pirelli havia os alterado.

Isso era algo previsto há tempos por muita gente: ou os pilotos e equipes faziam uma espécie de pacto de silêncio e evitariam criticar a empresa, ou os italianos, cujo negócio principal é vender pneus para quem anda a 60km/h pelas ruas da cidade e não tem interesse algum em comprar um produto que se desfaz com pouco uso, fatalmente fariam um composto mais durável.

pirelli pneus f1
Há suspeitas de que a Pirelli tenha mudado os pneus em relação à pré-temporada

O GP da Malásia tem tudo para tirar a prova dessa teoria: forte calor, alta umidade, asfalto abrasivo, longas retas, curvas de alta e freadas fortes. Sepang não é um circuito exatamente caracterizado pelo alto desgaste de pneus, mas são todos ingredientes que praticamente não estiveram presentes na corrida da Austrália – certamente nenhum deles na intensidade do que os pilotos encontrarão nesta segunda etapa.

O fato é que algumas equipes culparam os pneus por não terem conseguido reproduzir em Melbourne o rendimento mostrado nos testes de pré-temporada, especialmente Ferrari e Lotus. A dificuldade em aquecer o pneu na classificação – que, curiosamente, se transformou em desgaste no domingo, ao contrário do que acontecia no ano passado – era clara na tocada de Massa e Alonso.

Ver justamente a Ferrari ficar para trás é interessante, tendo em vista que muitos apostaram que, por ser italiana, a Pirelli desenvolveria um pneu sob medida para a Scuderia. Mais uma prova de que a F1 é um jogo de interesses, não de nações.

Como citou Martin Brundle, que também teve essa impressão, durante a transmissão da TV britânica, é uma decisão que deve ter sido tomada há algum tempo, já que esses pneus demoram para ser fabricados.

De qualquer forma, sempre que questionados, os membros da Pirelli trataram de acalmar as teorias do apocalipse e disseram esperar que a prova da Austrália tivesse dois pitstops. Acertaram quase em cheio, não fosse a façanha de Perez e a dificuldade das Ferrari e de Webber. Será que não foram as equipes que superestimaram o consumo em Melbourne?

Agora, Hembery e companhia falam em três a quatro paradas nos boxes para a etapa malaia. Imagine se houvera um caos numa Melbourne em temperatura agradável, o quanto as equipes estariam chiando com medo de simplesmente não ter o que colocar nos carros na Malásia?

Uma das grandes propagandas da Fórmula 1 é a necessidade do campeão enfrentar pistas de alta e de baixa velocidade, desertos, dilúvios, provas de rua ou em meio a florestas para conquistar o titulo. Logo, é impossível fazer um pneu que esfarele em todos os tipos de circuito presentes nas 19 etapas da temporada.

Como sempre, haverá corridas com mais e menos degradação. A única certeza, que não tínhamos ano passado, é que existirá algum desgaste com o qual certos carros e pilotos vão lidar de maneira mais eficiente que outros. Porém, se há lugares em que vão passar por apertos, um deles é Sepang.

7 Comments

  1. Julianne,

    Lembrando também que a Pirelli já anunciou que fornecerá um pneu diferente para testes na 6ª Feira. A Pirelli pode estar testando pneus duros que se aqueçam mais rápido, para eliminar um dos focos de reclamação das equipes.

    Será interessante observar o comportamento dos carros que não se deram muito bem na Austrália. (apesar que eles já tiveram tempo para encontrar uma solução interna, seja na aerodinâmica ou em ajuste de suspensão, vale à pena observar).

    Também não esquecer que são grandes as chances de chuva, então poderemos ver a performance dos pneus de pista molhada e comparar com os antigos fornecidos pela Bridgestone.

    Se a chiadeira em cima dos pneus continuar, talvez os pneus super-macios ( pintados na cor vermelha e que ainda não foram utilizados ) talvez possam ser considerados nati-mortos.

    • Esse jogo de pneus extra já foi usado na Austrália, certamente o desenvolvimento é contínuo.
      Você lembrou bem dos pneus de chuva. Parece que os intermediários são bons, mas o de chuva mesmo foram alvo de muitas críticas naquele último dia de testes em Barcelona.
      Muita gente acha que os supermacios não vão aparecer, mas, depois que o macio durou bem mais que o esperado em alguns carros na Austrália, talvez seja usado em asfaltos menos abrasivos.

  2. Muito bom seu post, vale a leitura e levantar as antenas, pois essa da Ferrari e outras equipes nao conseguirem a temperatura ideal com os gauchos e no minimo de se estranhar!

    Abco

  3. Fatos podem ser 50/50. Ficaria surpreso se a Pirelli tivesse voltado atrás, e melhorado os pneus, afinal o pedido de desgaste foi feito pela FIA. Como o enfoque mercantil da empresa italiana é mt vasto, de bicicletas a aviões, não acredito que a pouca durabilidade atinja a imagem dessa fábrica, que juntamente com a Goodyear, são sinônimos de qualidade em pneus. A preocupação com a durabilidade, só faria sentido, se houvesse concorrência. Acredito que Melbourne foi mt bondosa com os pneus, tanto em temperatura, como asfalto. Lembrando de Perez, apesar da única parada, temos que lembrar que seu rítimo de corrida era mt inferior aos ponteiros, não desmerecendo sua habilidade, mas andando mais lento, fica mais fácil poupar. Além do quê, o mexicano terminou quase uma volta atrás. Tendo “táticas engessadas” por obrigatoriedades, só conseguiria ver vantagem em uma parada, com esses pneus, no caso de pistas mt travadas, onde o pneu macio seria mais rápido, mas passar por onde? Como a FIA já impôs mtas regras na categoria, no auge da disputa de pneus, deveria ter imposto regras quanto a durabilidade (acredito que tenha como regrar a química dos compostos), evitando que se criasse as aberrações dos super pneus, esses, juntamente com a falta de testes,motores limitados,são grandes culpados de campeonatos monótonos. Tudo na vida passa, como não se lembrar dos pneus de Mansell explodindo na Austrália,em 86, fazendo-o perder o título para Prost? Ninguém se lembra que os Goodyear abriram o bico, e não perderam clientes por isso. Creio que o legado de perfeição esportiva dos Bridgestone não deixarão saudades. Os Pirelli descartáveis, criando disputa, enterrarão a década perdida e monótona dos super Bridg.

  4. Sabendo que seu nome estará estampado no boné do campeão de 2011, a única vergonha que a Pirelli poderia passar na temporada, seria faltar pneu na corrida, no mais, durando igual ou menos, temos a prova do quanto monopólios podem ser prejudiciais, ou seja, nem sempre os melhores ganham. No final das contas, a Bridgestone, que ocasionou temporadas horrorosas,monótonas, por força do monopólio, por mérito contratual, ficará gravada na memória esportiva como parceira esportiva de sucesso, guardadas as devidas considerações surreais, ora, é mais rápido? Tem que gastar mais! Se não for assim, a técnica ganha, e a emoção do esporte perde.

  5. Acredito que o grande dilema da Pirelli neste seu retorno à F1, é atender ao pedido da FIA em relação ao desgaste sem prejudicar a imagem que ela deseja transmitir aos telespectadores e futuros consumidores sobre o seu produto.

    Os pneus já são o grande foco de atenção de toda a mídia que acompanha o circo, então, o ideal seria que os pneus Pirelli ficassem “marcados/conhecidos” como os grandes responsáveis pela volta da disputa por posições entre pilotos, propiciando uma diversidade de estratégias e estilos de pilotagem.

    Tudo o que a Pirelli quer evitar, é rotular o seu produto como frágil ou inseguro. Por isso não espere explosões pirotécnicas de pneus em plena reta a 300 km/h, pois eles tomaram o cuidado de fabricar uma estrutura resistente mas com uma borracha frágil, por isso da dificuldade de aquecimento. Uma estrutura de pneu mais rígida é mais segura, porém dificulta o seu aquecimento.

    Para os iniciados na Fórmula 1, o desejo é que os pneus não aguentem muito e tornem a corrida o mais disputada possível. Mas a última coisa que a Pirelli deseja, é ver o seu produto associado a um acidente sério e um piloto hospitalizado.


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