F1 O segredo das ultrapassagens está nos diferentes traçados - Julianne Cerasoli Skip to content

O segredo das ultrapassagens está nos diferentes traçados

Preparando um post sobre as primeiras decisões inconsistentes dos comissários neste ano – Button, Vettel e Buemi fizeram ultrapassagens colocando as 4 rodas fora da linha que delimita a pista, mas apenas o primeiro foi punido – me deparei com este excelente vídeo, praticamente um guia mostrando como se ultrapassar na F1 hoje em dia.

[youtube http://www.youtube.com/watch?v=3uk-35dTIiA&w=640&h=390]

Muita gente coloca a culpa pela falta de ultrapassagens na turbulência que esses carros sofrem por serem muito dependentes da aerodinâmica. Inclusive, a conclusão do trabalho de estudo para ultrapassagens foi de que as regras deveriam diminuir o downforce. Foi feita uma grande alteração no regulamento de 2008 para 2009, esforço colocado abaixo pelos difusores duplos.

É realmente difícil esperar que a tecnologia volte atrás. A não ser no caso de uma regra extremamente objetiva, como a limitação de giros do motor, a tendência é que os engenheiros encontrem brechas para obter maior pressão aerodinâmica – e isso vai jogar “ar sujo” para trás, ou melhor, no carro de trás, e esse carro de trás não foi projetado para isso, não vai se comportar de forma ideal, vai balançar e será impossível manter-se próximo do outro.

Portanto, não faz muito sentido trabalhar com restrições no trabalho dos engenheiros. O vídeo mostra que o que funciona hoje em dia não é tentar ficar colado no piloto que vai à frente na última curva antes de uma reta, pegar o vácuo e decidir na freada, como antigamente. Além da questão da turbulência, a zona de frenagem é tão mais curta hoje que há poquíssimo espaço para um parar o carro depois do outro.

O segredo é esquecer como se fazia nos anos 1980, desenvolver uma outra maneira de ultrapassar,  usar a cabeça e montar uma estratégia.

A maioria das ultrapassagens de 2010 compiladas mostra pilotos buscando linhas diferentes a cada curva, na tentativa de se posicionar melhor na próxima. Com isso, fogem da turbulência e conseguem manter-se próximos. Quando o piloto da frente tiver que tomar uma posição mais defensiva, estão perto o suficiente para atacar.

Circuito da Turquia é um dos que têm curvas com raios diferentes

Para isso, é claro, é necessário que os circuitos permitam o uso de linhas diferentes, o que tem a ver com o desenho das curvas e, principalmente, graduações de altura. Perceba como a leve inclinação na curva 13 na China ajuda Hamilton na caça a Schumacher, o mesmo acontecendo na Turquia – outro circuito de altos e baixos – na briga entre o inglês e Button, depois como Alonso vai aos poucos construindo o xeque-mate em Petrov e, por fim, como o espanhol usa o S do Senna para colocar Hulkenberg exatamente onde queria lá no final da Reta Oposta em Interlagos.

É claro que termos corridas em que haja diferentes estratégias, com uns pneus esfarelando e outros nem tanto ajuda nesse quesito, mas a tendência é que as equipes, com a enormidade de dados que coletam a cada GP, se adaptem.

O segredo para as ultrapassagens está nos desenho dos circuitos. Eles têm que permitir – como certamente veremos na Malásia neste final de semana, não coincidentemente um circuito (Tilkódromo) em que as manobras são comuns – diferentes traçados.

7 Comments

  1. Legal Ju, concordo que a chave está nos traçados. Mas também tem, e muito, a ver com o cara dentro do cockpit…se um é um pitbull e o outro é um poodle, fica bem mais fácil!

  2. Pra falar a verdade, Hamilton é um mostro no quesito ultrapassagem…

    Também gostei do ‘Go-by-ashi’, hilário!

    • É, dá para perceber que alguns nomes se repetem. Tem quem encontra um caminho, enquanto outros ficam esperando o erro de quem vai à frente. Em várias pistas, é o jeito, mas esses “monstros” mostram que não precisa ser assim sempre.
      Também adorei o Go By!

  3. Julianne,

    Acho que para as ultrapassagens, só sobraram mesmo as pistas e aquelas que ainda possibilitam a execução de diferentes traçados. E no final, as pistas também acabam sendo culpadas pela escassez de ultrapassagens…

    Devido às restrições das regras, os carros são cada vez mais parecidos; o desenvolvimento de motores está congelado; as dimensões dos carros são padronizados e este ano até a distribuição de peso é igual, os freios são tão eficientes que eles freiam dentro da curva, a pouca liberdade que os projetistas ainda tem é na aerodinâmica, não é por menos que Adrian Newey – um engenheiro aeronáutico – faz tanto sucesso.

    Os carros são tão parecidos, que o que acaba diferenciando o desempenho é a posição em que é instalado o escapamento. Já imaginou uma coisa dessas?

    Até a telemetria, acaba por nivelar por baixo, pois um piloto menos habilidoso no desenvolvimento do carro ou que em uma volta lançada é mais lento que o companheiro, se apóia nos dados para ver o que o outro faz de diferente.

    Pista nova e piloto novato era sinônimo de resultado incerto, mas hoje o pessoal treina tanto em simulador que nada mais é novidade.

    Até a estratégia durante a corrida é terceirizada para os engenheiros e o piloto acaba seguindo as recomendações.

    Claro que um piloto ousado e que consegue pensar rápido na pista acaba tendo alguma vantagem, mas são cada vez mais raros…

  4. Aquela ultrapassagem do começo do vídeo, do LH to NR me deu essa idéia: pedir à equipe que informe aonde há bandeira amarela. Daí se faz a linha de duas curvas anteriores muito ruim, para ultrapassar na curva anterior. Na curva aonde há a bandeira amarela, embora fora da linha ideal, a ultrapassagem é proibida. Se der pra corrigir antes do fim da bandeira amarela a ultrapassagem cola.

  5. Prezada Julianne,

    Desculpe sir um pouco do assunto do post, mas, estou muito curioso para saber se o Webber usou o Kers nas primeiras sessões de treinos livres lá na Malásia.

    É que, na minha opinião, apesar de não ser importante para a classificação (acho que dá RedBull com os pés nas costas), isso será determinante para definir as chances das outras equipes na corrida.

    Obrigado.


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