F1 GP da Espanha por brasileiros, britânicos e espanhóis: “Pode ouvir salsa a noite toda!” - Julianne Cerasoli Skip to content

GP da Espanha por brasileiros, britânicos e espanhóis: “Pode ouvir salsa a noite toda!”

Pneus pra que te quero para entender mais um GP recheado de surpresas. Ainda que a degradação em si não fosse um problema tão grande com a queda das temperaturas “de cerca de 8ºC”, como informa o narrador Antonio Lobato na espanhola Antena 3, o grande segredo é ver “quem consegue entender a relação entre temperatura da pista e rendimento dos pneus”, como define David Coulthard na BBC. “Parece que a Lotus é que tem o melhor ritmo de corrida”, aposta o escocês.

Apoiados pelo comentarista técnico Gary Anderson, os britânicos iniciam a transmissão com a premissa de que teremos três paradas. “Os macios fazem 12 voltas e os duros, 20. A ordem de uso dos compostos depende do que casar melhor com cada carro.”

Na Globo, Galvão Bueno vê boa largada de Maldonado e destaca Kimi Raikkonen, mas quem toma a ponta é Fernando Alonso. “Três carros emparelhados!” exclama Lobato. Enquanto o narrador britânico Ben Edwards destaca a largada de Felipe Massa – a mesma que Lobato viu como ruim – Coulthard foca em Lewis Hamilton e Mark Webber.

“O sonho continua, mas falta muita corrida”, Lobato define o momento dos espanhóis, enquanto Galvão não perdoa toque de Perez em Grosjean. “É gente que anda rápido e arrisca muito.” O narrador compara ainda o início da dupla da Ferrari. “Felipe ganhou cinco posições e Alonso ganhou a ponta, mas vai levar pressão de Maldonado.”

Os espanhóis também não esperam vida fácil para seu piloto e Marc Gené inclusive dá o tom do que está para acontecer. “O problema é que com um rival tão próximo como Maldonado, se ele antecipar a parada, vai passar com certeza.” Luciano Burti, no entanto, não acredita no ritmo do venezuelano, que segue Alonso de perto. “Vai ver ele não está economizando pneus”, enquanto Coulthard acredita que é justamente a cautela que está fazendo com que Raikkonen fique para trás no primeiro stint.

A parada de Webber, logo na volta 8, divide narradores e comentaristas. “Pneus se degradam e mostram desequilíbrio da Red Bull”, diz Galvão, logo interrompido por Burti e Reginaldo Leme. “Ele parou porque ele estava preso no tráfego”. Lobato segue o pensamento do narrador brasileiro para também entrar em desacordo com Gené. Unanimidade, só na BBC. “Pode ter sido uma decisão inspirada da Red Bull”, aponta Coulthard. “Agora ele pode andar com ar livre.” Quando Vettel também para, Galvão insiste. “Não pode ser tática porque Vettel estava em oitavo, acabou o pneu para os dois.”

Para os espanhóis, a questão é que antecipar muito a parada complicaria a vida de quem pretendia fazer três pits. “Vai depender se o duro, e não foram todos que o colocaram, vai durar bem.”

Nessa de para, não para, Bruno Senna, de pneus usados, primeiro se toca com Grosjean – “esse é o problema do Grosjean, ele se perde sozinho”, critica Galvão – depois com Michael Schumacher. “Que é isso, Schumacher? Pode ter uma dança das cadeiras começando com ele. A dificuldade que ele está tendo de reflexo com esse carro de F-1 aos 43 anos é uma coisa muito séria”, diagnostica Galvão. “Estava tão perto que perdeu ponto de freada ou Senna freou muito cedo”, observa Gené. “A Williams teve de deixar Bruno na pista para trabalhar por Pastor… Michael, você bateu na traseira”, Coulthard se diverte. “Achamos que Senna se moveu na linha de freada? Não. Odeio falar mal dele, porque parece vingança porque ele ganhava de mim o tempo todo, mas o que Bruno Senna fez de errado?” Outro que gosta de malhar o bicampeão, Eddie Jordan, avisa: “deve ter punição até para Mônaco.”

A impressão inicial de Gené de que os pneus poderiam dar a corrida a Maldonado só aumenta após o venezuelano fazer sua primeira parada depois de Alonso. “Quem diria que Maldonado faria a corrida de sua vida e agora tem pneus mais novos e pode antecipar a próxima parada?” Até Lobato se rende e começa a falar no “poder latino da F-1, que está deixando de falar inglês e alemão. Agora também fala espanhol” e lembrar da comunidade venezuelana na Espanha.

Mesmo temendo o ataque do ‘hermano’ Maldonado, o narrador já está feliz em ver seu piloto na ponta por tanto tempo. “Isso é um filme, Marc.” E o comentarista concorda. “Que diferença em relação ao ano passado. Fernando pode dar uma volta em Vettel…”

O comentarista começa a estudar como Alonso pode permanecer à frente de Maldonado. “Ele teria de copiar a estratégia, mas mesmo assim não seria fácil. Se a Ferrari der por perdido, a solução é fazer uma tática mais normal e torcer para eles terem degradação no final.”

Enquanto Maldonado antecipa a parada e vai em busca da liderança, os britânicos estão mais preocupados em elogiar mais uma corrida consistente de Hamilton – “ele está andando como no início de sua carreira” – e destacam o pit stop de Button. Surpreendem-se quando vêem o venezuelano à frente.

Lobato estava seguindo de perto. “Quanto tempo ele perdeu atrás de Charles Pic. Madre mia! Vamos sentir falta disso… façamos silêncio para a sinfonia do maestro”, pede o narrador, quando a transmissão mostra a câmera onboard no carro de Alonso. Depois da punição ao francês, o asturiano lembra que “isso não devolve os segundos perdidos” a seu conterrâneo.

Alonso volta de seu segundo pit atrás do líder e a vitória da Williams está mais clara do que nunca. “Não quero gorar, mas eles podem ter uma grande tarde porque a Lotus está muito longe”, Coulthard segue não acreditando na Ferrari.

Mesmo na metade final da prova, a confusão em relação ao número de paradas continua nas três transmissões. Os britânicos começam a duvidar que três serão suficientes, enquanto brasileiros e espanhóis sequer consideram a possibilidade de Hamilton fazer apenas duas.

Para colaborar com a confusão, no último stint a Lotus informa Kimi que seus rivais pela ponta deve fazer uma parada a mais. Todos titubeiam, afinal, como afirma Anderson, “eles pararam um pouco cedo, é ambicioso fazer mais de 20 voltas com estes pneus”. Mas Lobato não tem dúvida. “Enganaram o Kimi pelo rádio.”

Ainda mais agora, que Alonso está chegando e o narrador não se segura. “Fernando vai passar o Maldonado, que tem problemas com os pneus!” E Gené tenta segurá-lo. “Calma, não vai ser fácil.” Mas o narrador não se rende. “Pastor sabe que é muito difícil vencer, principalmente por essa mancha vermelha que vê pelo retrovisor. Mais do que o bólido, ele se preocupa por quem está dentro dele.” Galvão também acha que Alonso tem vantagem, por ter “experiência, estar mais rápido e ter uma Ferrari.”

Lobato se empolgou com possível vitória de Alonso

Coulthard está empolgado com o final da prova. “Vamos ter alguém estreando como vencedor, o piloto da casa ou aquele que está voltando à categoria? Alguém me conte esse final!”

No calor da briga, o escocês acredita que Massa poderia atrapalhar Maldonado quando levou uma volta, algo que os espanhóis nem comentam. Neste momento, Galvão dá a entender que as bandeiras azuis são para Di Resta deixar Massa passar.Com o passar das voltas, vai ficando claro que a vitória é de Maldonado. “Fernando já mostrou que é sábio. Mesmo querendo ganhar, sabe que toda a torcida preferiria o título”, justifica Lobato, que começa a se preocupar com Raikkonen. “Vamos ver o que o mago consegue fazer porque o Kimi vem rápido.”

Veio, mas não passou. Para Burti, “talvez a Lotus tenha errado na estratégia ou pedido para ele segurar demais no começo, porque está sobrando agora.” Para Galvão, “a Lotus já já vai ganhar corrida.”

Enquanto isso, Edwards ressalta a estratégia da Williams. “Foi uma aposta acertada de trazê-lo aos pits mais cedo. Achávamos que era cedo demais, mas Maldonado lidou bem com os pneus. O que vai acontecer quando ele voltar para a Venezuela? Vai virar presidente!”

A menor degradação e como a Williams usou isso a seu favor é, para o comentarista espanhol Jacobo Vega, a chave da corrida. Porém, Lobato não se esquece de Pic. “Aqueles segundos perdidos não saem da cabeça.”

Mas o dia era de Maldonado. “A Williams volta a vencer nos 70 de Frank. Olha, garoto, hoje você tirou a carteira de piloto. Pode ouvir salsa a noite toda, vencendo com Alonso no cangote”, define Galvão.

7 Comments

  1. Parabéns por este trabalho e todos os outros analisando as estratégias durante as corridas. Vc de longe, é a que faz o trabalho mais profundo sobre a Formula 1 dentro os jornalistas, não só brasileiros, acredito. Quem ganha somos nós , seus leitores. Seria fantastico se um dia vc puder acompanhar as corridas em cada pista.

    • Dennis, de ve em quando a Ju tem ido aos GPs. Esse da Barcelona ele estava lá. baixe o credencial, o podcast do pessoal do site, ela inclusive dá sua opinião de como foi a cobertura do Total Race lá.

  2. Pic pode ter atrapalhado, mas acredito mais nos segundos ganhos com os pneus novos, em detrimento de se manter mais na pista, levando-se que Maldonado ainda teve um pit stop em 6 segundos!

  3. Velho esse Lobato é um mega mala hein, “esses segundos não me saem da cabeça”… Perto dele até o Galvão passa a ser razoável

    • Não sei se consigo deixar isso claro no texto, mas o engraçado no Lobato é como ele vai da cautela à torcida absoluta no decorrer da corrida. Aliás, os espanhóis se divertem com o fato do Alonso não segui-lo no twitter. Até mesmo lá ele não é bem visto.

  4. Eu adoro esse post seu sobre as transmissões! É sensacional!
    Em geral só assisto as provas baixando os vídeos da TV inglesa, que é bem completa.

    • Você tem visto BBC ou Sky? Ainda não tive tempo de ver a transmissão completa das duas, mas pelo que ando lendo a BBC está devendo bastante!


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