F1 Os macetes da DRS: como usar a asa sem ninguém à frente na corrida - Julianne Cerasoli Skip to content

Os macetes da DRS: como usar a asa sem ninguém à frente na corrida

A asa móvel já está longe de ser uma unanimidade entre os fãs da Fórmula 1, que reclamam de sua artificialidade. E, depois das ultrapassagens de Fernando Alonso, especialmente uma sobre Sebastian Vettel, que ganharam destaque durante sua vitória no GP da China, muitos ganharam mais um motivo para maldizer a DRS.

Alonso superou Vettel, Hulkenberg e alguns retardatários ultrapassando-os antes da linha de ativação da DRS e, ainda assim, usou o dispositivo. Nada ilegal ou inédito, mas chamou a atenção de muita gente.

http://youtu.be/j3D2UjINSSc

Mas como pode ser legal ativar a asa sem ter um piloto à frente? A cada GP, a FIA determina as linhas de detecção e de ativação da DRS. Se um piloto estiver a menos de 1s do rival na linha de detecção, aconteça o que acontecer até a linha de ativação, ele poderá ativá-la. No caso de Alonso, ele fazia a ultrapassagem entre as duas linhas e, assim, podia usar a asa mesmo com pista livre.

Na teoria, a prática é outra

A princípio, a asa serviria como compensação à diminuição da pressão aerodinâmica existente quando um carro segue o outro de perto. Diminuindo a resistência do ar do carro que vai atrás, aumentaria a chance de ultrapassagens. Em teoria, algo simples.

Mas a FIA logo descobriu que não seria tão simples executar o plano. Como avisar os pilotos? Como separar ultrapassagens “reais” daquelas em retardatários? Como determinar o tamanho das zonas de ativação, já que cada circuito é diferente? E a execução da regra acabou desviando de seu objetivo em alguns aspectos.

Primeiro porque, pela dificuldade em separar o joio do trigo, a DRS acabou sendo liberada também para ultrapassagens em retardatários, se tornando arma para o piloto que vai à frente em disputas por posição. Não raro, vemos alguns retardando uma ultrapassagem mesmo com bandeira azul para ter o direito a usar a asa móvel.

Outro “furo” gerado pela distância entre a teoria e a prática da regra é este usado por Alonso na China: a distância entre as zonas de detecção e ativação, geralmente de uma curva, existe para os pilotos terem tempo de receber o alerta luminoso em seus volantes, indicando que a DRS está liberada. Como seria muito difícil para os comissários vigiar quem ultrapassou nesse meio tempo, antes mesmo de chegar na zona de ativação, abre-se o precedente para que pilotos consigam abrir a asa mesmo sem ninguém à frente.

É bom lembrar que a vantagem de buscar a ultrapassagem antes da DRS tem muito a ver com o tipo de curva que precede a zona da asa móvel. Podem ficar tranquilos que não é novidade e não vai virar moda. Inclusive, há ocasiões, como em Abu Dhabi, em que a proximidade das zonas até intimida a ultrapassagem na primeira delas, para evitar revide. É mais um desses comportamentos estratégicos do piloto que andam tão em voga na F-1 ultimamente.

Aliás, para quem quiser prestar atenção nesse detalhe no Bahrein, segue o mapa da FIA com os pontos de ativação e detecção deste GP:

Se perguntado sobre o assunto, provavelmente Kimi Raikkonen diria “é o mesmo para todos”. E ele estaria certo. Entendo as queixas acerca do “espírito ferido” da DRS, mas é uma questão mais prática do que qualquer coisa. Imagino que a saída de muitos de vocês seja se livrar de uma vez por todas da asa móvel. Mas, considerando que isso não é uma opção, será que essas brechas têm solução?

11 Comments

  1. A ideia de que a DRS é igual para todos é errônea, pois o piloto que lutou para estar a frente num determinado ponto da corrida tem sua luta jogada fora por um artificialismo. Ou seja, beneficia-se quem passa. Não é portanto igual para ambos, defensor e atacante.
    O ideal seria uma aerodinamica que permita o carro de trás seguir mais de perto o da frente, fazendo ser mais “possível” a ultrapassagem, mas sem diferenciar as kilometragens por um simples abrir de asas.
    Dessa forma, em caso de brigas mais duras, o piloto que foi ultrapassado pode ele também tentar brigar para voltar. Ou ao menos se defender.
    O problema disso é que em algumas voltas, com o pneu atual, o pneu se destroça por um ficar atrás e não conseguir ultrapassar. Por conseguinte, a luta ia ser mais inibida ainda do que está atualmente. Ou seja… É complicado, visse.

  2. Ju, o principal motivo do DRS foi facilitar as ultrapassagens em época de pneus superduráveis a la Bridgestone. Tendo em vista que os atuais Pirelli colocam na pista carros com diferentes estratégias, e por sua vez diferentes desgastes/velocidades/grip, seria salutar a abolição do DRS…Caberia uma canetada da FIA!

  3. Considerando-se que a DRS não será abolida por enquanto. Talvez fosse possível instalar um novo sensor a cerca de 15 ou 20m do local de abertura da asa. Caso o piloto já tenha ultrapassado o oponente, o sistema irá emitir um novo sinal e automaticamente bloquear o uso do DRS.

    Dá para fazer, pois a eletrônica permite, porém a F1 já está muito complicada com tanto artificialismo.

  4. Julianne,

    Ressalvando que nunca pilotei – é claro – um F 1 para poder avaliar a questão da real transferência de peso pelas forças da Física, e isso é, sim, muito determinante na vida real, principalmente no chamado “traçado de urgência”, e considerando a potência absurda dos freios atuais, fico pensando se não seria possível – e mais justo e eletrizante – haver uma ÚNICA e simultânea linha de detecção e ativação IMEDIATA do DRS instalada já bem para o final dos retões, de modo a propiciar a ultrapassagem somente um pouco antes da entrada da curva. Como a coisa está, além do que foi explorado legalmente – é bom que se frise – por Alonso na China, o que se vê com frequência são carros passando de passagem por outros ainda no meio da reta. Como a interpretação da conclusão da ultrapassagem é um julgamento subjetivo do piloto que ultrapassa, permite-se que continue com a asa aberta pelo resto do retão, ganhando tempo e impondo distância ao ultrapassado. Se essa ÚNICA linha de detecção e acionamento simultâneo e imediato do DRS fosse deslocada o mais possível para perto das curvas, as disputas de frenagem seriam sensacionais e aí realmente valeria o braço de cada piloto, porquanto as ultrapassagens seriam mesmo feitas quase nas entradas de curvas, vindo o carro ultrapassador com mais velocidade. O piloto que estivesse prestes a ser ultrapassado, tendo braço, poderia retardar a frenagem, tendo alguma possibilidade de defesa, baseada apenas na sua habilidade pessoal. Poderia até haver uma luz indicadora no painel para orientar o piloto que esse ponto estaria se aproximando. Ou então, para continuar do jeito atual, após passar pela linha de detecção 1 s atrás, o piloto efetivamente só estaria autorizado a realizar a ultrapassagem a partir da linha de ativação em diante.

  5. Raikkonen fez a mesma coisa com o Shumacher na Belgica ano passado. Pesquisem no VoceTubo, foi espetacular.

  6. discordo totalmente quando dizem que o DRS beneficia quem vem de trás, colocando vulnerável quem vai à frente. não se esqueçam que para activar o DRS é preciso estar a menos de 1seg do carro à frente. ou seja, se um piloto é efectivamente mais rápido que outro, então ele poderá passar. e se ele for realmente mais rápido, então quem acabou de ser ultrapassado terá alguma dificuldade em manter-se a menos de 1seg. portanto basicamente o que o DRS faz é incentivar os pilotos a serem mais rápidos! ainda que haja pontualmente “casos estranhos” como o ultrapassar retardatários ou ultrapassar após a detecção e antes da activação. mas isso são claramente excepções tendo em conta o total de ultrapassagens de uma corrida…

  7. Acho que deveria ser proibido em treino pois ela não é pra facilitar as ultrapassagens? Até aonde eu sei não sei ultrapassa carros nos treinos.

    Uma dúvida, com a regra nova em 2014 ainda teremos DRS?

  8. Concerteza as brigas que haviam antigamente eram emocionantes: para o pilotos e para quem assiste, quando havia a ultrapassagem. Ficar vendo um carro 10 ou 15 voltas tentando passar o outro, até destruir os pneus e ficar “quieto no seu canto” não era o melhor de se ver para mim.
    O DRS é muito interessante visto que o intervalo para a ativação eh mínimo mesmo de 1s. Eu acho que se um piloto está a mesmo de 1s ele tem seus méritos para isso, e se o carro da frente quer seus méritos corra atrás de ficar mais de 1s ou colar no cara que lhe passar.
    Porém concordo que 2 áres de ativação em todas as corridas eh um exagero e desrespeito total ao piloto da frente. Fica quase impossível manter mais de 1s nessa situação.
    Acho que poderiam ser feitas 2 alterações: Aumentar o número de voltas para o início do uso do DRS, que agora acho que é a partir da 3ª volta para a 10ª. E poderia diminuir as áres de ativação ( ex. 400m para 200m de reta). Além de que 2 zonas de ativação é uma palhaçada.
    So para acrescentar, estamos reclamando porque (<<<é esse pq que se usa nessa situação :D) não é o Felipe Massa o líder do campeonato ou campeão nos últimos anos. Perguntem ao Vettel se ele acha ruim o DRS ou qualquer alteração de regra nos últimos anos?

  9. Que legal achar este post antigo na data, mas atual ainda na prática. Sempre fui crítico do DRS, não deixei de ser. Mas o que pega hoje é, como uma equipe pode estar tão acima de outras? O caso do DRS ficou pequeno em relação ao teto de gastos. Ainda vemos “braços” acima da média e vemos estrategistas nos boxes decidindo corridas. Mas são poucas as oportunidades. Tem hora que fica chato, mas para um apaixonado a gente “aguenta”.


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