F1 Fórmula 1 dos Pirelli e DRS – parte 1 - Julianne Cerasoli Skip to content

Fórmula 1 dos Pirelli e DRS – parte 1

Muito mudou de 2007/2008 para cá

Os campeonatos estavam quentes. A não ser pelo domínio da Brawn de 2009 e da Red Bull em 2011, cinco dos últimos sete títulos foram decididos na última etapa – e com altas doses de emoção.

Mas a Fórmula 1 precisava de tempero: as corridas eram mornas demais e os vencedores sempre saíam das três primeiras filas do grid. Na verdade, de 2007 a 2010, a única vez que isso não aconteceu foi no Grande Prêmio de Cingapura de 2008, um resultado comprovadamente manipulado.

Nos posts desta semana, trarei alguns números para discutirmos o que melhorou e o que ainda está a desejar. Hoje apresento este panorama geral, para amanhã falar sobre as “queixas” atuais e, na quarta, discutir o que poderia mudar.

A grande reclamação pré-2009 era em relação à falta de ultrapassagens. Afinal, os carros eram tão carregados de apêndices aerodinâmicos que não funcionavam direito quando seguiam um ao outro. Além disso, os pneus duravam tranquilamente por uma corrida inteira e as paradas só aconteciam porque o reabastecimento era obrigatório.

Isso gerava outro tipo de corrida: com os carros mais leves o tempo todo e sabendo que as ultrapassagens dependeriam em grande parte da estratégia, a busca era manter-se próximo o bastante para, no final do stint, fazer voltas de classificação e colocar menos combustível para sair na frente.

Nesse cenário , era raro ver um piloto vencer ao adotar estratégia diferente, como, por exemplo, parar três vezes e imprimir um ritmo alucinante para bater quem fizera dois pits. Isso porque ultrapassar na pista era um desafio.

Em 2009, um grande pacote de mudanças que visava diminuir a dependência aerodinâmica foi adotado, mas logo os engenheiros encontraram saídas de neutralizar as modificações e o tipo de corrida – ainda que o grid tenha sofrido uma bem-vinda chacoalhada – pouco se alterou.

Até que o GP do Canadá de 2010, em que problemas no asfalto e pneus demasiadamente macios geraram disputas do começo ao fim, deu uma luz: e se os pneus fossem os fiéis da balança? Com uma nova fornecedora para o ano seguinte, a Pirelli, a categoria tinha o desafio de mexer nas corridas sem virar loteria.

Para melhorar ainda mais o ‘show’, entrou em cena o DRS, sistema que diminui a pressão aerodinâmica – aquela que dificulta um carro seguir o outro de perto – nas retas. Além disso, o fim do reabastecimento, em 2010, também ajudou a alterar o perfil das corridas, cada vez mais voltadas à gestão dos recursos.

Pouco mais de dois anos depois, os números de ultrapassagem triplicaram e as corridas ficaram tão movimentadas que chegam a incomodar alguns. Os pilotos – geralmente os que não têm um bom resultado – saem dos carros reclamando que não podem acelerar tudo o que queriam e narram ultrapassagens fáceis demais. E muitos fãs reclamam que, agora, não vencem os mais rápidos, mas sim quem poupar mais os pneus.

Isso não é real. Assim como o melhor jogador no futebol é aquele que muda sua forma de atuar para escapar de uma marcação mais forte, o grande piloto é o mais adaptável. E na tabela do campeonato, o que vemos são os quatro melhores pilotos da atualidade, Vettel, Raikkonen, Hamilton e Alonso, três deles campeões com os regulamentos que davam mais espaço à velocidade pura.

Às vezes as zonas de uso da DRS foram longas demais, facilitando em demasia as ultrapassagens. Em outros casos, os pneus se degradavam muito rápido, é verdade. Mas o que parecia impossível há três anos virou realidade: as corridas são malucas, porém, não virou bagunça.

13 Comments

  1. Ju… Novamente eu concordo com QUASE tudo (eita sujeitinho chato, vc pensa, huashuashuashuas). Pra mim o pneu pode sim ser o tempero ou talvez a farofa (com trocadilho, por favor) da corrida. Pra mim, pode haver divergência de táticas e um piloto com um pneu bom de 3 voltas encontrar e limar um piloto com pneu a 17 voltas rodando pra mim é sim legal de se ver. Ainda mais quando o piloto com pneu rodado quer tentar inventar defesa, como Hamilton na Austrália, que fritou pneu e fez de tudo pro Alonso, se não me engano, não passá-lo. Agora, permitir ao atacante uma oportunidade de ataque sem que o que vai a frente possa tentar a defesa… Isso é desleal. Toda ultrapassagem via DRS é sem graça. Não há defesa. Não há o que fazer… E assistir o carro do lado passando.
    Mônaco é a prova que não se precisa de DRS. Muitas ultrapassagens, algumas inimagináveis há anos atrás e ainda assim muitas feitas foras da zona do DRS (coragem, petulância ou desespero?). Claro que algumas feitas na zona. Até seria um dado interessante, quantas foram feitas com o DRS.
    Agora o dado que eu realmente queria saber é… Tira o DRS e faz uma corrida pra ver como fica sem o dito cujo. Penso que seria menor o número de ultrapassagens, mas com o motivacional defesa, que não há hoje.
    Aí eu lhe pergunto. Como avaliar, no meio de tantas mudanças, o impacto do DRS exclusivamente na categoria? E deixo a espinhosa questão com você com um no máximo boa sorte, hehehehe…

    Mais uma vez ótimo post.

    • Também gostaria de ver uma corrida sem DRS, mas temos de lembrar que seu papel é mais complexo do que parece à primeira vista. Por isso, é difícil isolar seu efeito. A explicação completa fica para os próximos dois posts.
      E Mônaco teve 12 ultrapassagens ano passado. Mesmo com os Pirelli segue sendo uma procissão.

  2. É nesse aspecto que temos que avaliar que o Felipe Massa é um piloto Bridgestone e não Pirelli.

    Foi esse poder de adaptação que ele não teve, e o Schumacher tbm não…o Rubinho não teve um carro bom o suficiente para avaliarmos..mas deve ter sofrido muito também…

    Neste caso vale uma menção ao Webber e ao Button, pilotos das antigas mas que ao menos são pilotos competitivos..ambos conseguiram vices campeonatos mundiais nas condições “Pirelli”.

  3. não percebo a insistência em reclamar do drs, que é desleal e etc…
    já o disse aqui e repito: para usar o drs é preciso chegar a 1seg do piloto da frente (ie, ser rápido!) e para não ser contra-atacado tem que depois de ultrapassar fugir e aumentar a vantagem em mais de 1seg (ie, continuar a ser rápido).
    será mais desleal isto do que o que sucedeu a Alonso na batalha com Petrov em 2010 Abu Dhabi?
    o drs só funciona para quem for rápido!

    • Sim, é extremamente mais desleal a DRS do que aconteceu com Alonso. Até porque, em 2010 naquela corrida houve quem fizesse ultrapassagens. Alonso não conseguiu. Agora, isso porque o Petrov podia se defender. É aí que se pode definir um campeonato. O Alonso tinha que chegar em tal posição para ganhar o campeonato. Note, qual era a posição? 4º. Se um piloto não consegue ser 4º quando necessita, fazendo ultrapassagens, me desculpa, não merece o caneco. Simples assim. O Vettel precisava vencer e rezar. Fez barba, cabelo e bigode naquela corrida, sem dar chance pra ninguém chegar perto.
      E digo mais. Que tipo de justiça é essa em que, para um vencer o campeonato tem que usar algum ajuste para poder passar os outros sem que os outros possam se defender?

      O DRS não funciona só pra quem for rápido. Há inúmeros exemplos de pilotos que diminuem a velocidade para poder usar o DRS com retardatários, pilotos que ultrapassam antes de usar o DRS (então pra que DRS, simples assim) e me diga uma defesa via DRS?

      Você me citou um exemplo… Então vamos começar a te citar ALGUNS que não podem mais acontecer por causa da DRS. SennaXPiquet na Hungria, SennaXMansell (chegada mais apertada da história), SennaXMansell na Espanha, HakkinennxSchumi na Belgica, com Zonta no meio, Massa X Kubica, na chuva, com defesa dos dois lados e sem DRS, Alesi X Senna em Phoenix, se não me engano, Senna driblando Damon Hill no Brasil, Senna X Prost X Senna em 88 e 89, Barrichello contra Ralf Shumacher em San Marino, Mansell x Piquet em Silverstone, Com DRS, qual dessas seria tão plástica, se seria só apertar um botão, botar do lado e não ter reação nenhuma de defesa?

      Novamente eu digo: A plasticidade de uma ultrapassagem também passa diretamente pela defesa de quem está a ser ultrapassado.

      A plasticidade de Abu Dhabi 2010 é sim defesa após defesa do Petrov e o insucesso do Alonso. Não conseguiu por deméritos seus e méritos do Petrov.

      • os exemplos que fala (principalmente os que envolvem senna, mansell e prost) aconteceram numa época em que a aerodinâmica não era tão “sensível” ao facto de 2 carros correrem tão próximos. a aerodinâmica na F1 mudou tanto que hoje é praticamente impossível 2 carros seguirem colados durante mais que uma volta. em conjunto com isso, surgiram alguns circuitos “tilkódromos” que pelo seu design dificultam por si só uma ultrapassagem. se reparar, muitos dos circuitos antigos têm na sua concepção rectas e curvas que acabam por proporcionar um “DRS natural” (ex: o final das rectas de meta de Monza, Interlagos, Hungaroring, o infelizmente já não usado A1 Ring na Áustria, a recta após o Eau Rouge, etc)
        Assim, penso que O DRS surge como forma de atenuar as limitações provocadas pelos “novos circuitos” e pelas restrições aerodinâmicas. neste contexto, continuo a pensar que o DRS é um mal menor e que premeia que é rápido e se chega ao da frente.
        Mas também lhe digo que pessoalmente para manter as corridas com muitas ultrapassagens preferia que voltassem os reabastecimentos e todos os carros fossem obrigados a fazer uma troca de pneus (como acontece agora) e também um reabastecimento (mas com um máximo de litros combustível a usar na corrida, para manter a busca pela eficiência) , mas sem poder fazê-lo no mesmo pit stop.
        assim colocaríamos em pista diferentes estratégias, diferentes pesos dos carros, diferentes pneus.

        • Bom… Com relação a aerodinâmica… Não concordo… Seguir é sim complicado, mas num tempo menor que um segundo. Seguir um competidor mantendo um segundo de distância é tranquilo atualmente. A pressão sem o excesso de aletas é bem menos importante pros que vem atrás. Claro que ainda importa… Mas se o carro atrás está tirando tempo, é mais rápido. Se é mais rápido pode diminuir e manter um ritmo. E é aí que entraria o braço. Pilotos com braço deveriam ser capazes de defender a posição. Depender exclusivamente de artimanhas (DRS) é muito complicado. E veja, há manobras que eu citei dos tempos de Senna, Prost, Piquet, Mansell. Mas vamos tomar outras então. Veja uma lista qualquer das melhores ultrapassagens dos anos 2011 e 2012 de qualquer site (há inúmeros que fazem essas listas em diversos idiomas, tome qualquer um como exemplo). Há uma duas ou no máximo três bonitas com ajuda do DRS. Em algumas listas nenhuma. Após isso, veja listas das melhores BRIGAS nos mesmo anos. NENHUMA lista que procurei termina com ultrapassagem por DRS. É só entrar em canais do youtube e procurar. Eu não vejo o DRS pro bem do espetáculo. Nem mesmo vejo como um mal que vem para o bem. Para mim (note PARA MIM) é apenas um mal. Tira todo o tesão de uma boa briga. Como foi bom ver o Perez disputando lado a lado com Alonso e Button. Ele não deixou pra passar na DRS zone. Fez quando chegou, botou do lado e quis ir pra briga… E o Alonso e Button não queriam deixar por nada nesse mundo… Quase foram pra fora (foram, na verdade) pra não bater… Que lindo foi. Agora quem vai lembrar das ultrapassagens do Alonso na China, que com DRS ele passava antes de ativar? Ninguém. Aconteceu. Morreu naquele GP e só serviu pra ele ganhar. Nem moral ele pode ter por aquelas manobras.

          Eu gosto muito da briga, mais até do que ultrapassagens. Ver alguém conseguindo segurar é tão empolgante para mim quando ver alguém conseguindo passar. Claro, minha opinião. Não vai mudar o que o Bernie nem o que ninguém pensam. Mas eu acho um crime você tirar do Hamilton, do Vettel, do Alonso, do Raikkonenn e até dos outros a possibilidade de brigar pela posição, nem que seja para atrapalhar um pouco a vida do outro (como Hamilton a Alonso na Austrália) ou aparecer na transmissão.

      • Américo, parabéns pelo seu rico e lúcido comentário. A única coisa que eu acrescentaria é que o irreverente Kobayashi PROVOU que, com a MESMA aerodinâmica, era possível sim ultrapassar em Abu Dhabi, ao superar inesperadamente Jenson Button e “carimbar” a sua faixa de campeão mundial novinha em folha. Isso foi um ano antes do eletrizante episódio Petrov x Alonso, ou seja, na mesma pista e com a mesma aerodinâmica, quando ainda não havia o DRS. Não torço por Alonso, mas admiro sua genialidade, sua capacidade de luta e seu poder de superação. No entanto, concordo inteiramente com você, Américo: por aquele episódio com Petrov o espanhol realmente não mereceria o caneco daquele ano de 2010. Faltou a Alonso aplicar uma “piquezada” por fora, de lado, em cima de Petrov, como aquela da Hungria em 86 em cima do Senna. Perdido, perdido e meio. Acenos não tiram ninguém da frente, à exceção do Massa. Vettel – com frieza e velocidade – venceu de “virada” o campeonato, com inteiríssima justiça e existem muitos que até hoje incrivelmente não reconhecem a sua genialidade também, apesar de seus três títulos e de estar a caminho do quarto.

        Julianne, para mim o grande piloto é aquele que subjuga (ou desmoralizava, como Ronnie Peterson) as Leis da Física com a sua máquina, e não aquele que fica fazendo contas e poupando intragavelmente equipamento numa corrida que teria que ser como de 100 metros rasos e não uma maratona. Creio que capacidade de adaptção mesmo tenho eu, que amo o automobilismo incondicionalmente, até porque, do alto da minha insignificância, nada posso fazer para mudar para o jeito que gostaria. O jeito que eu gostaria? Algo assim na linha da MotoGP, onde a velocidade pura e o arrojo são os fatores que mandam nas corridas, e que as colorem com adrenalina e emoção, sem essa de estratégias exageradas de boxes e de poupanças (e existe até desgaste de pneus por lá, mas a competição tem como tônica acelerar sempre, e não ficar no ramerrame). Aficionado por automobilismo e motociclismo, sei bem da diferença entre os dois, mas gostaria de ver uma F 1 onde se pudesse aplaudir mais Nuvolaris e menos Fangios. Mas a coisa é complexa, reconheço, ainda mais com tantos interesses em jogo, inclusive fora das pistas. A MotoGP está cada vez mais sensacional e estamos presenciando a ascenção avassaladora e irresistível de um novo fenômeno, o Marc Márquez.

      • DRS tem defesa sim…KERS (não da conta, mas tem).
        Mas tb concordo que poderiam ser zonas menores talvez.
        Outra solução poderia ser o numero limitado de vezes pra utilizar o DRS, como PUSH da indy e stock, vide a chegada da SP 300 domingo!
        Me pergunto se até o mestre Ayrton conseguiria segurar aquele pelotão (com DRS) atras dele (de lotus preta)…
        Fato é que voltou a dar gosto acordar as 4 da matina pra ver as baratas acelerando!
        Sabe pq? Pq é uma loteria, e varios pilotos agora tem chance de brigar pela ponta. Concordo que tira um pouco o brilho da destreza de quem realmente freia mais dentro, faca no dente.
        Mas, ajustando ainda acho DRS bem vindo.

        • Onde é loteria se os que vencem são sempre os mesmos? E como que o Kers pode defender o DRS se o atacante também o tem? Justo seria se o defensor pudesse também usar o DRS. Somente isso. Justo é quando ambos tem igualdade de condição. Veja bem, meu argumento é a igualdade de condição. Ou seja, não sou contra a DRS em si e sim contra a desigualdade de dar apenas para quem ultrapassa. Como citei acima, meu pensamento, claro.

  4. MORTE AO DRS!! – ou então que venha a chuva artificial do tio Bernie…

  5. Vence quem tem cabeça. Hoje em dia isso é raro pra quem pilota e pra quem assiste. 🙂


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