F1 GP da Bélgica por brasileiros, espanhóis e britânicos: Cuidando dos pneus na 2ª volta - Julianne Cerasoli Skip to content

GP da Bélgica por brasileiros, espanhóis e britânicos: Cuidando dos pneus na 2ª volta

Em um estranhamente calmo GP da Bélgica, o comentarista técnico da BBC Gary Anderson crava a história da corrida antes mesmo das luzes vermelhas se apagarem. “Não será uma luta só de Vettel e Hamilton. Alonso está muito rápido. Se ele tiver uma primeira volta limpa e ganhar posições, vai entrar na briga.”

A única parte da previsão que não se confirmou é que a prova não foi exatamente brigada. Pelo menos para Vettel, que se livrou do pole Hamilton depois de duas curvas. O inglês pula bem na largada, mas vê o alemão passar como uma flecha na subida para a Les Combes, o que não surpreende Pedro da la Rosa, na Antena 3. “A sétima marcha do Hamilton era muito longa. Vai ajudar no final, mas ele vai sofrer quando estiver carregado de gasolina.”

É o comentarista também que chama a atenção para a largada do compatriota Fernando Alonso. E o narrador Antonio Lobato vai à loucura. “Fernando vai tentar por todos os lados. Webber está imaginando: de onde ele veio?”

Na Globo, Rubens Barrichello, chama a atenção para o uso tático do Kers que o espanhol faz para pular de nono para quinto em uma questão de metros. “Ele optou por não acionar o botão logo depois da largada, que é o procedimento normal, e gastou tudo para passar Webber na reta seguinte.” E os espanhóis salientam a coragem do ferrarista na Eau Rouge. “E Webber deu uma levantada porque viu que Fernando ia apertar.”

Os britânicos se surpreendem pela largada sem incidentes. “Isso é incomum aqui”, lembrou David Coulthard. “As Lotus perderam terreno, enquanto Vettel teve o começo dos sonhos.” Dos sonhos na BBC, “extraterrestre” para os espanhóis, como definiu o comentarista Jacobo Vega. “Já na volta 2 estão pedindo para Vettel cuidar dos pneus. Olha como está a coisa”, se desanima Lobato.

Na volta 4, Alonso supera Button e, logo depois, Rosberg. “Ele fica twittando aquelas frases de samurai, ensinando a lutar guerras e, quando chega na pista, ele dá conta do recado”, diz Coulthard, enquanto o narrador da BBC, John Edwards, se impressiona com o ritmo da Ferrari. “Sabíamos que eles estavam fortes, mas não tanto!”

Na Antena 3, De la Rosa explica que o acerto colabora para a primeira parte forte da corrida do espanhol. “A sétima marcha de Fernando é perfeita para esta parte da prova, entre a muito curta de Vettel e a muito longa de Hamilton.” E Galvão Bueno acredita que o ferrarista chegará em Hamilton, “mas Vettel é outra história”.

A fumaça no disco de freio de Kimi Raikkonen chama a atenção de todos. E surpreende. “É estranho que Kimi tenha esse problema de freio, porque é um dos circuitos em que se freia menos”, aponta Coulthard. “Esse problema de Kimi só deve piorar, a não ser que pare quando ele estiver com ar livre”, acredita De la Rosa. “Como é só em um dos discos, é superaquecimento. Então ele tem de jogar o equilíbrio de freio para trás”, ensina Barrichello.

No primeiro dos lances polêmicos do dia no meio do pelotão, Perez é punido por não dar espaço para Romain Grosjean na freada da Les Combes. “Ele não deu espaço para o Grosjean. Até por uma questão de respeito, deveria ter deixado os dois resolverem quem ia frear por último de maneira limpa. Mas Perez mostrou que com ele não é assim. Pela regra, ele deveria ser penalizado”, defende Coulthard logo de cara.

Inicialmente, De la Rosa acha que punição a Perez é excessiva, mas no replay se convence de que o mexicano não cumpriu a regra. “Tem de deixar espaço na freada, e o pior é que não precisava ter feito isso.” Barrichello também vê rigor, mas concorda com a atitude dos comissários. “Eles estão sendo mais rigorosos, talvez não fosse necessário. Mas estão fazendo isso porque a molecada das categorias de acesso anda batendo muito”, explica.

Após as primeiras paradas, Alonso ganha terreno em cima de Hamilton e supera o rival, primeiro passando-o após um erro do piloto da Mercedes na La Source, e depois resistindo à pressão da Mercedes, mesmo sem DRS e tendo de frear “pra lá do Deus me livre”, como define Galvão Bueno. O ferrarista arriscou tanto que Lobato chega a vê-lo passando reto na LesCombes. E Coulthard não se surpreende por Hamilton não ter desistido fácil da posição. “Claro que Hamilton ia tentar voltar para cima dele, ele é um racer! Fantástica batalha.”

Mesmo com Alonso agora em segundo, ninguém acredita que Vettel esteja ameaçado. “Ele tem duas chances: que seu carro se comporte melhor que a Red Bull com pneus duros, o que é difícil que aconteça, ou se chover”, acredita Luciano Burti, enquanto De la Rosa se apressa em listar os méritos do líder do mundial. “O carro é bom, mas ele está colocando 1s por volta no companheiro”, chama a atenção. “Ele amadureceu muito. Nesta temporada não está cometendo erros”, completa Lobato.

Em uma corrida de poucas alternativas estratégicas, Galvão chama a atenção para a tentativa de Jenson Button fazer uma parada e o coloca na luta pelo pódio. Os demais são mais céticos. “Ele vai tentar, mas será que terá velocidade?”, questiona Coulthard, que se interessa mais pela tentativa de Grosjean, que consegue prolongar seu primeiro stint até a volta 22, exatamente a metade da prova. Mas o escocês e Anderson acreditam que tenha sido um erro. “Fazendo uma parada a menos, ele economiza 18s, mas não compensa se ele perder esses 18s andando mais lento na pista. E na última volta foi 2s mais lento que os rivais. Não sei se não é um erro”, calcula o ex-piloto. “Acho que eles esperaram demais. Estava 3s5 mais lento. Entrando quatro voltas antes a estratégia funcionaria melhor. Fiquei surpreso quando começaram a parar na volta 10, naquele momento ficou claro que duas paradas seria o melhor”, concorda o engenheiro.

O calvário de Kimi com os freios termina quando o finlandês passa reto na Bus Stop ao tentar passar Massa e decide entrar nos boxes para encerrar sua sequência de 27 corridas nos pontos. “Ele estava freando e é como se, do nada, eles parassem de funcionar. A equipe teve uma confiabilidade incrível e Kimi também não cometeu erros e não se envolveu em incidentes”, elogia Coulthard.

De la Rosa chama a atenção por Kimi ter pisado na linha branca quando entrou no box, mas depois se redime. “Aquilo deve ter sido a gota d’água e ele não quis saber de linha branca e de mais nada.” O comentarista ganha os louros do narrador Lobato. “Parabéns por ter percebido logo nas primeiras voltas.” Mas é modesto: “Não precisava ser gênio para ver e eu aprendi muito sobre falhas de freio em meus tempos de HRT”, brincou.

Logo há mais confusão no meio do pelotão, em uma disputa entre Gutierrez, as duas Force India e Maldonado. Que não acaba bem, com o venezuelano acertando Di Resta. Lobato corre para pedir um SafetyCar “com certeza”, hipótese também levantada pelos britânicos, mas que não se concretiza. Os brasileiros são os únicos que compreendem o que aconteceu no incidente, na versão depois confirmada pelos pilotos. “Quando o Sutil passou, tirou parte da asa dianteira do Maldonado, que resolveu ir para o box, mas o Di Resta estava passando e ele deu no meio”, resumiu Burti.

Como viu o acontecido como um incidente de corrida, Coulthard não entendeu o stop and go recebido por Maldonado, mas Anderson explicou. “Foi um incidente de corrida, mas é para evitar isso que você tem retrovisores. Ele não olhou e pagou o preço.”

Outro ponto de discussão do final da prova é a estratégia de Button. Se ficasse na pista, provavelmente seria ultrapassado por Hamilton, Rosberg e Webber. Então, decidiu parar e se colocar na mesma sexta colocação. Para Barrichello, um erro. “Não dá para entender essa do Button.”

A preocupação dos espanhóis é outra: “Pediram para Vettel ir aumentando progressivamente a distância com Fernando e ele  foi um segundo mais rápido. Imaginem se tivessem pedido para aumentar de uma vez”, se desanima Lobato. “A corrida foi ótima, mas assim não se ganha o mundial. O maior rival não pode sempre terminar à frente.” Mas De la Rosa prefere ver o copo meio cheio. “Vamos pensar positivo: aquele que a gente menos gosta que esteja em primeiro está lá. Mas Fernando está abrindo em relação a Hamilton e Kimi abandonou. Houve dois pilotos muito superiores aos demais, Vettel e Fernando, cada um limitado pelo carro que tem, mas fazendo maravilhas. Temos de lembrar que Fernando largou em nono e está em segundo tendo ultrapassado todos seus adversários na pista. Nas nossas simulações, o melhor resultado era um quarto lugar”, revela o piloto de testes da Ferrari.

Burti é mais realista. “Carro bom é isso: funciona em qualquer tipo de pista. Com um conjunto desses, fica difícil roubar o título dele. O Vettel caminha para o tetra porque é um grande piloto. Pena que o carro mascare um pouco isso”, afirma o brasileiro, na mesma linha de Coulthard. “Sendo fã ou não, não dá para ignorar que ele fez tudo certo, desde a primeira volta. Se ele consegue controlar as primeiras voltas, é muito difícil batê-lo. Caso contrário, dá para controlá-lo de certa maneira, mas isso não aconteceu hoje.”

A única ressalva em relação ao final de semana do alemão é um assunto extrapista. “Ele gosta de mudar a cor do capacete, mas dessa vez foi um pouco longe demais e mudou a cor do cabelo também. Acho que passou do ponto”, diz Burti, que não ganha o apoio de Galvão. “Quem tem que gostar ou não é a namorada dele. Você não tem nada a ver com isso.”

6 Comments

  1. Ju, duas perguntas meio indigestas, kkkk. Sabemos que detalhes técnicos são difíceis de vazar, mas vc disse sobre a embreagem “intermediária” da Ferrari, vc teria mais dados sobre essas regulagens de câmbio/embreagem? Vc acredita que a grande diferença da RBR de Vettel para a Ferrari de Alonso(em post anteriores, vimos que quem está na ponta, consegue gerenciar melhor a corrida, como já fizeram Alonso, Raikkonen e Hamilton na primeira fase do campeonato), tendo o alemão assumido a ponta regrando o ritmo, foi o diferencial, ou realmente os taurinos encontraram mais décimos nesse recesso? Me lembro que Vettel disse possuir mais ritmo no bolso…

    • Vou falar mais sobre essa questão da regulagem do câmbio na sexta, Wagner. Sobre o ritmo da Red Bull, falamos bastante disso no Credencial.

    • Eles voltaram a usar o duto W, não? Curioso que isso, pelo menos acredito, nunca tenha sido copiado. Afinal, parece simples – mais do que o “device” da Lotus.

  2. Oi Ju,

    Como se explica a crescente velocidade final dos carros da Red Bull e Toro Rosso em Spa? Em outras corridas Vettel e Weber sempre figuraram entre os últimos no speed trap tanto em treinos como em corridas, e pularam lá pra cima na Bélgica, uma pista com longa reta se considerarmos que alguns pilotos já tratam a Eau Rouge como uma reta torta.

    Qual o segredo de Newey desta vez?

    Desta forma já podemos considerar a Red Bull favoritíssima na veloz Monza?

    Um abraço!

    • Provavelmente, foi um conjunto de um bom pacote aerodinâmico específico e um bom acerto. Lembre que Vettel já tinha ido bem em Montreal, que pode ser comparado à Bélgica. Ambos são considerados circuitos de downforce médio, enquanto Monza é baixo. O pacote para a Itália é diferente, porém segue o mesmo caminho. Por isso acredito em uma Red Bull forte na próxima etapa também.


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