F1 A máquina de campeões alemã - Julianne Cerasoli Skip to content

A máquina de campeões alemã

A história dos alemães com carros e corridas remonta ao período pré-Segunda Guerra Mundial, mas foi apenas há 19 anos que o país fez seu primeiro campeão mundial de Fórmula 1. De lá para cá, parece que eles gostaram da brincadeira. Ainda que os 10 títulos – que devem se tornar 11 neste final de semana – se concentrem em dois pilotos, desde a primeira conquista de Schumacher os germânicos invadiram de vez o grid. E não dão sinais de que isso mudará tão cedo.

Antes de Schumacher, a história da Alemanha na F-1 tinha toques trágicos, como o acidente (el Le Mans) que tirou a Mercedes das competições em 1955 e as mortes prematuras de promessas como Wolfgang Von Trips e Stefan Bellof.

A grande virada aconteceu no final dos anos 1980. O programa de desenvolvimento de pilotos da Mercedes deu condições para que “gente como a gente” como Michael Schumacher, Heinz-Harald Frentzen e Karl Wendlinger avançassem em suas carreiras. Some-se a isso a ajuda de ex-pilotos do país, como Jochen Mass e Helmut Marko (sim, o mesmo que descobriu Vettel foi padrinho de Wendlinger, que não passou de promessa devido ao gravíssimo acidente que sofreu em Mônaco em 1994) e o interesse de Bernie Ecclestone, que queria aumentar a participação de um dos países mais representativos da indústria automobilística no esporte, e logo os alemães começaram a brotar no grid.

A parceria da Mercedes com a McLaren em meados dos 1990 tirou o caráter nacionalista do programa, mais ligado ao time inglês do que à montadora alemã, mas a semente havia sido plantada. Com o sucesso de Schumacher, o esporte ganhou uma visibilidade sem paralelos no país. Para se ter uma ideia, no início dos 1990, as únicas competições de automobilismo realizadas por lá eram o campeonato de turismo e o GP de F-1. Dez anos depois, além de dois GPs da categoria máxima, havia ainda a F-BMW, para pilotos jovens, e outras seis de turismo, sendo duas da FIA.

Interesse, dinheiro, resultados, organização. Tudo caminha junto desde então. Levada pelo sucesso da Mercedes, a BMW também voltou à F-1, categoria em que fornecera motores entre 1980 e 1987. Primeiro com motores, depois como dona de categorias de base e programa de desenvolvimento de pilotos e, por fim, como equipe, ao assumir a Sauber em 2006. Em todas as esferas deste processo, pilotos alemães foram forjados e apoiados, desde Ralf Schumacher até Sebastian Vettel, passando por Nick Heidfeld, Timo Glock, Nico Rosberg e Nico Hulkenberg.

Não coincidentemente, o país chegou a ter seis pilotos em 2011 e hoje responde por 18% do grid. Com dois deles em times vencedores – Vettel e Rosberg, com a grande possibilidade de contar com Hulkenberg nesta lista ano que vem – apoio de uma montadora como a Mercedes e a F-BMW seguindo na prospecção de jovens talentos, a máquina de campeões alemã, que tira qualidade de quantidade, segue firme e forte. Só resta saber se a recente onda de promoções de pilotos de mercados menos explorados pode frear a invasão germânica nos próximos anos.

15 Comments

  1. O Karl Wendlinger era fera com aquelas Sauber de 93 e 94, mandava muito bem. Pena o que aconteceu.

  2. meanwhile in Brazil…

  3. Muita hora nessa calma(:P). A Alemanha produziu nas últimas 2 décadas dois pilotos fora de série, que foram campeões(Schumacher e Vettel). Os demais, até aqui, foram pilotos bons ou médios e muitos foram catapultados pela era Schumacher.

    No mesmo período a Inglaterra teve 4 pilotos campeões do mundo. O Brasil, sem nenhum programa de desenvolvimento teve 3 pilotos geniais que ganharam vários titulos mundiais em 2 décadas.

    Em 2001 o Brasil tinha 6 pilotos e em 2002 7 pilotos na F-1 considerando também os pilotos de teste. E isso sem nenhum programa especial de desenvolvimento de pilotos. Óbvio que muito disso se deveu também ao efeito dos 3 campeões brasileiros na F-1.

    Mas enfim, essas coisas acontecem, não há uma explicação exata pro fenomeno. Ocasionalmente surge um genio em algum lugar. Ocasionalmente surge uma boa geração em algum país.

    Por ora, a Alemanha teve 2 pilotos incontestavelmente excepcionais. Os demais surgiram em grande parte devido ao sucesso do primeiro deles. Não existe uma “máquina” de produção de campeões na Alemanha. Não mais do que o Brasil nos anos 70 e 80 por exemplo.

    • Tramarim, concordo inteiramente com o que você disse. Ao mesmo tempo, parabenizo-o por continuar com suas convicções (apenas dois gênios alemães até agora), não me deixando sozinho para enfrentar as hostes, os exércitos de Hulkenberg, em minhas desconfianças, hahahahahaha!!!! Aliás, por falar nele, por que a McLaren não o contrata para o lugar de Pérez? Woking não anda lá exatamente muitíssimo satisfeita com o mexicano, senão já teria renovado com ele, em face do patrocinador que carrega (li por aí que estão até tentando fazê-lo aceitar outro nome no lugar de Pérez). Estou falando em cima do fato novo de Maldonado provavelmente assinar com a Lotus. Tramarim, você não acha que seria um “furo” a McLaren deixar escapar um piloto tido como acima da média pela quase “unanimidade de todo mundo” e que, ainda por cima, está dando sopa no mercado? Ao invés, estão preferindo e tentando trazer do programa junior deles Kevin Magnussen, que pode ter talento, mas ainda não tem a experiência nem está pronto como Hulkenberg, que nem deve estar pedindo uma exorbitância, penso eu. Se trouxerem Magnussen será pelo talento. A McLaren sempre gostou de privilegiar o mérito.

      Grande abraço.

      • Aucam, eu considero o Hulkenberg um bom piloto, talvez ótimo. Excepcional ele não me mostrou que é. Embora a gente tenha entre aspas “queimado os dedos” no GP da Coréia, o fato é que eu também continuo vendo muito oba-oba em cima do Hulk. Se ele estiver numa equipe de ponta talvez prove que estou errado, mas até lá…

        Quanto a Mclaren contrata-lo, creio que, principalmente hoje, há outros fatores envolvidos além do talento do piloto, e um fator forte é o que o mesmo traz consigo de patrocinador. Estamos vendo equipes que vão colocar “bebes” russos nos carros ano que vem pelo caminhão de grana que vem daquele país, principalmente sabendo que ano que vem tem corrida lá.

        Mas mesmo assim, se fosse um Vettel a Sauber tentaria de tudo pra mante-lo e outras equipes grandes como a Mclaren tentariam de tudo pra contrata-lo. O “fator patrocínio” pesa bem mais se não for contra um piloto excepcional. E está pesando contra Hulkenberg, que batalha por um lugar ao sol ano que vem(fosse Vettel ou piloto do mesmo calibre isso não seria problema). Dá pra tirar algumas conclusões.

        • Com certeza, Tramarim, dá para tirar conclusões sim.

  4. Nao adianta ficar tentando colocar o Brasil ao lado da Alemanha dizendo quantos pilotos nos temos, tivemos, teremos.
    Aqui eh mais uma condicao de sorte de um talento nascer em uma familia com condicao de bancar a formacao de piloto na europa, do que possibilidades de formacao de pilotos localmente.

    Dizer que a Alemanha nao tem nenhum papel na formacao de 2 dos maiores campeos da historia da Formula 1 e por encher um grid com pilotos locais, por pura sorte ou selecao aleatoria de bons pilotos nascendo em algum lugar eh diminuir o trabalho feito por la, nao eh?

    Quem acompanha a MotoGP, Moto2 e Moto3 conhece o dominio espanhol, que nem mesmo os 9 titulos mundiais do Valentino Rossi conseguem segurar.
    3 GPs no pais, piloto dominantes nas 3 categorias, fazendo podios com 3 espanhois. As 2 ultimas maiores revelacoes sao espanhois, o melhor piloto das motos CRT na motoGP eh espanhol. Nao da pra dizer que eh soh selecao aleatoria.

    • Não discuto sobre a categoria motoGP. Minha resposta foi ao artigo, que pra mim demonstra no mínimo precipitação comum que vemos com os títulos de Vettel e Schumacher.

      Não são vários pilotos alemães ganhando cada um 1 título ano após ano com outros pilotos alemães chegando em segundo e terceiro. Foram 2, um que dominou a década passada e outro que ameaça dominar esta. E tanto em suas épocas como entre elas, nenhum outro piloto alemão se destacou como candidato a títulos. Vez por outra um Ralf ou um Rosberg ganhou uma corrida aqui ou fez um pódio ali, nada que sugira uma “fabrica alemã de campeões”.

  5. Julianne,

    Está meio fora do post, mas, apesar de holandesa, ela tem ligação com o automobilismo alemão – o campeonato ADAC (F 3 alemã), onde venceu 2 vezes e fez uma pole. Depois dessa surpresa com Kvyat, você acha possível – a depender de suas performances também – mais outra, dentro de uns dois anos, com Beitske Visser? A menina parece que manda bem, já esboçou ter talento. Sugiro que dê umas pinceladas sobre ela (pode ser em outro post).

    • Em tempo: uma espécie de F 3 junior alemã.

  6. A F1 é dos raros esportes onde apenas o talento não trás resultados. Planejamento é fundamental para se descobrir o caminho do sucesso. Fittipaldi, Piquet e Senna foram três raios que caíram no mesmo lugar, pois o país do “jeitinho”nunca teve planejamento, afinal até hj temos um metrô irrisório, nepotismo, transportamos carga pesada em caminhões (maioria esmagadora)ao invés de trens e barcos, doamos nosso minério, enfim, um problema cultural que se arrasta por mais de 500 anos, algo muito diferente da perseverança e ortodoxia alemã. Vamos pensar, afinal Shumacher chegou a F1 apoiado pela Mercedes e Vettel apadrinhado pela RBR, ambos testando muito antes do sucesso, e Hulkenberg? Foi jogado de paraquedas na cova dos leões, sem apoio, apenas no braço. Quando o alemão teve equipamento descente, fez boas corridas. No GP do Brasil, fez a pole por causa da chuva, mas querer que ganhasse com aquela carroça, segurando carros mais rápidos feito Mclaren, Ferrari e RBR é ridículo. Na F1 atual, se o piloto não estiver nas 4 grandes pode esquecer…

    • Amigo Wagner,

      Quanto a Hulkenberg, não o considero um mau piloto; apenas, diante do que apresentou até aqui, em cima dos fatos que já expus bastante em outros posts, não o vejo com potencial para figurar entre os Top Five, que, para mim, são Vettel, Hamilton, Alonso, Raikkonen e Button (este sempre foi muito subavaliado). Quando essa lista for modificada pela natural curva descendente dos três mais velhos, penso que os seus substitutos virão dos novos valores que estão despontando nos acessos, como Kevin Magnussen, Stoffel Vandoorne, Félix da Costa e Robin Frijns, isto se não forem desperdiçados por uma Fórmula 1 cada vez mais carente de grandes verbas e patrocínios. Aliás, tudo indica que Frijns será desperdiçado, uma pena, um cara que fez apenas pouquíssimas provas na GP 2 numa equipe que não é de ponta e já venceu ali com autoridade, além de ter sido, como estreante, campeão na World Series contra o experiente Bianchi, outro overrated.

      Voltando a Hulk, claro que seria ridículo querer que com aquela Williams ele prevalecesse sobre os grandes, mas lembro que no ano passado, em Interlagos, sua Force India era o carro mais veloz da prova no momento e ele se atrapalhou todo diante de Hamilton e rodou sozinho na Curva 1. O episódio foi tipo um copo d’água cheio pela metade, alguns lêem ou dizem que está meio cheio, outros que está meio vazio (o meu ponto de vista). Maldonado, por outro lado, quando teve um carro veloz, não jogou a oportunidade fora e resistiu à fúria bruta e implacável de Alonso no GP da Espanha. Considere que vencer com autoridade em cima de alguém que já é uma lenda é um feito memorável, que confere muito crédito a quem o faz. É mais fácil lapidar um piloto rápido do que conferir velocidade a um que não a tem (aqui não me refiro a Hulkenberg). Torço para o alemão ir para a McLaren no lugar de Pérez (o que é difícil, por causa de patrocínio, mas não pelo argumento do peso, pois 10 quilos a mais nada são para quem tem um talento assim tão excepcional como apregoam os fãs dele, que constituem uma quase unanimidade). Mas é apenas a minha insignificante opinião, como simples aficionado, que absolutamente nada influi no rumo da carreira dele; expresso apenas minha perplexidade quanto à unanimidade que Hulk tem em torno de si. Também não tenho a pretensão de mudar a opinião de ninguém, sempre digo que os fãs de automobilismo têm opiniões muito cristalizadas, um não pode mudar a opinião de outro, somente os atores – pilotos e equipes – com suas atuações na pista tem esse poder (e às vezes nem assim, pois já vi que Vettel pode ganhar 10 campeonatos consecutivos e ainda assim haverá muitos céticos quanto à sua genialidade, o que acho inacreditável). Eu não sou cético nem tento negar realidades, por isso, a partir do momento em que Hulk demonstrar de maneira incontestável seu talento, não terei problema em aplaudí-lo. Por enquanto, prefiro aguardar antes de me juntar a essa unanimidade.

      Um abraço.

      • De forma alguma, caro, Aucam! Quando divergimos civilizadamente, como acontece com frequência aqui no Total Race, só temos a aprender, pois por incrível que pareça, entre idéias conflitantes, amadurecemos, valeu!

  7. Karl Wendlinger é austríaco, não?

    • Karl Wendlinger é austríaco, mas temos que lembrar que Alemanha e Áustria são nações “irmãs”, um apoia o outro(acredite, coisa de colocar a mão no fogo), isso já é coisa antiga desde os tempos da guerra! Observe que no passado a Mercedes deu apoio a um piloto austríaco(Wendlinger). Hoje, Dietrich Mateschitz(austríaco) dono da Red Bull apoia um piloto alemão.

      Bem diferente do Brasil, aqui a moda é meter o pau no vizinho de fronteira(arrogância é pouco) na verdade um sempre quer mostrar que é melhor que o outro! Aliás, brasileiro não apoia nem brasileiro, aqui é cada um por si, basta ver a Educação burra, Saúde doente e Segurança com muito medo.

      Temos de tirar o chapéu para alemães e austríacos! Lembra de Berger super feliz na vitória de Vettel em Monza pela Toro-Rosso? Pois é, um austríaco torcendo para um piloto alemão. Europeus são “mente aberta”, bem diferente de certos lugares onde prevalece a mente fechada…

      Será que na Alemanha estão achando a F-1 muito chata? Claro que não, isso é coisa de péssimo perdedor, gente de mente fechada…


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