F1 GP da Índia por brasileiros, espanhóis e britânicos: “É tetra, é tetra, é tetra” - Julianne Cerasoli Skip to content

GP da Índia por brasileiros, espanhóis e britânicos: “É tetra, é tetra, é tetra”

Desde a classificação, quando quatro pilotos no top 10 optaram por classificar-se com os pneus médios, ficou claro que o GP da Índia não seria uma prova simples de compreender. E que Sebastian Vettel não teria mais uma de suas tardes tranquilas. “Pode ser que tenha de fazer muitas ultrapassagens para ficar entre os grandes. Ficaria muito impressionado se ele liderasse todas as voltas”, aposta o narrador da Sky Sports, David Croft.

Na Espanha, Antonio Lobato explica que “necessitamos que muitos pilotos larguem com duros para que a estratégia funcione”, pois Fernando Alonso foi um dos que escolheu a tática diferente.

Entre os britânicos, a torcida é para que Webber consiga, também com estratégia distinta, ameaçar o domínio de Vettel. “É importante para Webber ganhar posições de Massa e Raikkonen. Não pode lutar as batalhas erradas”, diz Croft.

Mas as esperanças de ambos os lados diminuem – em maior ou menor escala – após a largada. “Alonso está tendo um começo infernal”, vê Croft, quando o espanhol se toca com Webber e com Button na primeira volta, danificando sua asa dianteira.  “Tocaram no Alonso! Isso vai dando mais título ainda para o Vettel, até porque o Webber largou mal como sempre”, observa Galvão Bueno, na Globo.“Webber largou mal para variar e Fernando tocou sua asa traseira. Que desastre!”, lamenta Lobato.

O clima de decepção é o mesmo na Sky. “Tudo está dando certo para Vettel”, diz o comentarista Martin Brundle. Mas a prova não seria simples para o alemão, que parou na segunda volta, para a surpresa dos brasileiros. “Pode ser pneu furado, uma perda de pressão”, acredita Luciano Burti. “Ele já entrou estranho na curva”, vê Galvão, ainda que Reginaldo Leme tente alertar que “a Pirelli falou que uma estratégia possível era parar logo no começo.”

De fato, era uma parada programada – e já esperada pelos outros, que salientavam desde o início a dificuldade maior da Red Bull com os pneus macios. A parada colocou Felipe Massa, que havia passado Webber e as duas Mercedes na largada, na ponta. “Ele está procurando emprego e tem uma grande chance de fazer propaganda”, lembra Brundle. “Felipe faz um começo de corrida sensacional, como nos tempos em que venceu suas 11 provas e ficou atrás apenas de lendas da Ferrari”, Galvão se incumbe de fazer o comercial.

Enquanto Brundle se surpreende com a durabilidade dos pneus macios – os pilotos aguentam até perto da volta 8 – os espanhóis veem a escalada de Webber até a liderança e lamentam. “Que raiva, que raiva. Tudo aconteceu pelo toque de Webber com Raikkonen. Os dois toques que Fernando teve na asa dianteira nesse ano quebraram a asa. É um pouco de azar porque vimos isso acontecer com Raikkonen na China e Webber no Canadá e eles continuaram”, relembra Pedro de la Rosa.

Luciano Burti, por outro lado, não se mostra convencido de que a tática de Webber vai funcionar. “Webber vai parecer bem nesse começo de corrida, mas depois vai ter que usar o macio, que vimos que não dura”, opinião que contrasta com Reginaldo. “Depende se ele conseguir executar bem seu plano de duas paradas contra três de Vettel”. O comentarista insistiria até perto do final da prova que o alemão faria uma parada a mais, o que nunca esteve nos planos.

Os espanhóis estão em cima do lance. Após os pilotos que largaram com macios fazem sua primeira parada, De la Rosa explica. “Vamos acompanhar estas duas corridas, de quem largou com macio e quem está com o duro. Tudo vai ser cozinhado a fogo baixo e não será decidido até a última parada.”

Nesse ponto da prova, Croft questiona a parada prematura de Vettel, acreditando que os pneus do alemão vão acabar cedo demais. A impressão dos britânicos é que o piloto da Red Bull está fora da prova. Quando uma mensagem no rádio diz a Vettel que ele não está lutando com o líder, Brundle questiona. “Será que é por que Webber já ganhou?” Ao mesmo tempo, o comentarista Jacobo Vega destaca o grande trabalho do alemão na primeira parte da prova. “Na mesma estratégia, Vettel ganhou 12s em relação a Massa e 17s com Hamilton.” Para De la Rosa, isso tem a ver com “uma diferença na habilidade para ultrapassar. Massa está preso faz muito tempo atrás de Gutierrez. Esse é um Vettel diferente, forçando o tempo todo. Normalmente só força numas cinco voltas. É claro que, com um ritmo desses, qualquer estratégia funciona. Só estranho que tenha escolhido a mais complicada.”

Brundle e De la Rosa se incomodam com a facilidade com que Vettel abre caminho. “Vamos esperar que Ricciardo lute mais com Vettel quando for companheiro. Certamente o fará”, diz o inglês, enquanto o espanhol salienta que “os pilotos estão preocupados em fazer seus pneus durarem, mas sinto falta deles dificultarem um pouco as ultrapassagens de quem tem de abrir caminho.”

Na Globo, uma série de assuntos aleatórios rouba a atenção da prova. Reginaldo diz que Perez está perto de sair da McLaren e Galvão questiona. O papo continua sobre a história da McLaren por mais 10 minutos, mesmo com a briga entre Massa e Rosberg rolando solta. Na sequência, Reginaldo questiona a motivação de Raikkonen e o trabalho da equipe em relação a ele depois de anúncio de saída. Em seguida, o assunto é o casamento de Rosberg e o “prédio bonito, onde morava o nosso amigo Thierry Boutsen” em que o alemão vive.

É Burti quem chama a transmissão de volta para a corrida quando Webber coloca o pneu macio. “É diferente do previsto”, diz o brasileiro. De la Rosa explica que a tática é para “ficar sabendo quanto vai durar o pneu. Se coloca no final e o pneu acaba, você tem de aguentar na pista como for.”

Pouco antes de Webber entrar, os britânicos perceberam que o australiano não tinha ritmo para bater Vettel, “que foi bem no tráfego. Percebemos em sua volta de classificação que ele tinha configurado a relação de marchas para ter uma boa velocidade de reta”, diz Brundle. “Demorou 10 voltas para Vettel vir do fim do pelotão para frente. Dez voltas”, destaca o repórter Ted Kravitz.

Webber fica três voltas com o pneu macio e para pela segunda e última vez. “Ele perdeu muito ritmo com esses pneus macios. É game over”, desiste Brundle.“Como teria sido diferente se Webber não tivesse uma largada confusa”, lamenta Croft. Já na Globo, a disputa só começou. “Como havíamos previsto no início, a corrida vai ser muito boa no final por causa dessas duas paradas do Webber”, insiste Reginaldo.

Mas qualquer esperança de uma briga morreu quando a Red Bull do australiano parou, com problemas no alternador. E ninguém se conforma com a sequência de problemas sempre do mesmo lado da garagem. “Sempre acontece no carro de Mark, não?”, destaca Brundle. “Na verdade, trocaram partes do câmbio de Vettel. É o único ponto fraco deles. Mas lembremos que não havia briga pelo primeiro lugar, porque Vettel resolveu na primeira parte ao se livrar rapidamente do tráfego”, explica De la Rosa.

Mas não para Reginaldo. “Para mim, essa corrida era do Webber. Seria muito difícil o Vettel ganhar porque ele vai parar mais uma vez.”

As atenções se viram para a Lotus, que tem os dois pilotos no top 4 com apenas uma parada. “Eles entraram na terra de ninguém com o Kimi. Se pararem agora, vão perder muito, mas os pneus já acabaram”, observa Brundle.“Se as Lotus pararem outra vez – o que não sei se vai acontecer – Rosberg vai ser segundo e haverá uma briga entre Massa, Hamilton e Perez. Ninguém fez o que Raikkonen está fazendo com esses pneus. É território desconhecido”, De la Rosa segue no mesmo tom do britânico. “Mas o Kimi vai tentar ir até o final porque não tem muito a perder”, crê Burti. “Lotus tem grande dívida com o Raikkonen e tem contrato por pontos. Então não sei se eles ficam tristes ou felizes dele estar tão à frente”, brinca o comentarista.

Os problemas do finlandês só aumentam quando seu companheiro Grosjean se aproxima rapidamente. Quando tenta a ultrapassagem, Kimi fecha a porta, irritando Brundle. “Foi muito estúpido por parte de Kimi. Para que fazer isso? Seu companheiro está mais de 1s mais rápido!” Galvão também dá sua bronca. “Kimi, você está indo embora, não tem nada que ficar fazendo isso.” Só Lobato não vê problemas.“Acho que, nesse caso, não foi por maldade, é que ele não conseguia segurar o carro”, justifica.

Raikkonen acaba superado por Grosjean e por Massa, que tem pneus mais novos que o francês e “tem tudo para ir para cima”, segundo Burti. Mas o piloto da Lotus tinha alguns coelhos na cartola. “Explique-me, Pedro. Grosjean fez a melhor volta pessoal com 35 voltas no mesmo pneu”, pede Lobato, ao que o comentarista simplesmente responde “incrível”.

O francês se garante em terceiro, com Rosberg em segundo e Vettel vencendo a prova que lhe daria o tetracampeonato mundial. “Fangio e Prost, tetracampeões, não tinham vencido nenhuma prova aos 26”, destaca Croft. “Grandes campeões sempre falaram como é difícil defender campeonatos. Ele o fez por três vezes. Ele tem o melhor carro, e todos os campeões se certificaram de que isso acontecesse com eles. Mas ele também é o melhor piloto no momento, não tenho dúvidas”, admitiu Brundle, que também chamou o projetista Adrian Newey de “o homem mais valioso da Fórmula 1”.

“É tetra, é tetra, é tetra”, Galvão aproveita para soltar uma de suas frases marcantes.“É tetracampeão mundial de F-1. É assim que se ganha um título, com pole, vitória, 27s de vantagem. Um espetáculo para ficar na história. Felipe Massa fez uma belíssima corrida e chegou em quarto. Um título especial merece uma comemoração diferente. Burti está com os olhos cheios de lágrimas e Reginaldo está emocionado. Confesso que embargou a voz.”

A forma como Vettel venceu a prova que lhe deu o título também foi destacada por De la Rosa.“Que corrida bonita para ganhar um mundial! Acho que a lição que tivemos hoje é que, não importa a estratégia, mas sim o ritmo. Com táticas completamente diferentes, se Webber não tivesse quebrado, a Red Bull faria a dobradinha”. O alemão ainda ganha o “perdão” de Lobato por “comemorar de um jeito que não pode” e, até nesse momento, surpreende De la Rosa: “Tenho que falar que até esses zerinhos ele fez muito bem.”

11 Comments

  1. To achando que tem blogueiros cansando da insistência até irracional de comentaristas esportivos insistirem em ideias por vezes embaraçosas. Ou estou errado? 😛

  2. Pois eu tenho ficado cansado é dos assuntos aleatórios da transmissão da globo bem na hora que coisas importantes acontecem na pista.

    • Pq cansado… Os caras sempre fizeram isso… Acredito que vc está é extasiado, hahaha…

      Falando sério, a transmissão global realmente deixa muuuuuuuuuuito a desejar. E ainda com opiniões desastrosas… E olha que o Burti tenta, mas parece nadar contra a maré as vezes.

  3. Achei muito engraçado o Galvão citar em algum momento que Alonso estava em 14º fazendo uma corrida medíocre…e o que o Massa fez durante os últimos anos, andando na maioria das vezes por nada?

    • Mas o Massa tem n motivos para andar assim. O principal: Não ser o Alonso.

      Eu realmente não esperava uma corrida tão ruim do espanhol, mas entendo que correr por correr não deve ser tão bom pra ele. Ele devia dar uma de Schumi em 2006 e sentar a bota por diversão. Ia ser bem mais divertido. Pra nós pelo menos, mas pra ele também.

    • Stefano

      (Apesar de o Galvão torcer para Alonso) Ele narra corridas para o Brasil e Felipe Massa é brasileiro. Isto fecha a equação de por que o mesmo sempre “esquecer” dos devaneios* de Massa. Em nome da audiência, todo mundo tem que fazer de tudo.

      Já imaginou o Galvão falando mal do brasileiro, não dando esperanças aos telespectadores de um presente/futuro melhor?! Creio que a audiência iria cair ainda mais.

      * Exceto esta última grande corridaça que fez, cuja mesma, em minha opinião, foi até melhor que a do pódio (Espanha 2013). Merecia o destaque do ‘TotalRace’. Infelizmente, Grosjean levou.

      Abs.

  4. Me espanta muito que um comentarista tão experiente quanto o Reginaldo tenha acreditado piamente que o Vettel faria três paradas. Deu para perceber no primeiro stint de pneus duros que ele faria apenas duas.

    • Exatamente… ele continou insistindo no erro mesmo depois da segunda parada do alemão, quando estava claro que dali era ir até a linha de chegada com aquele set de pneus.

  5. Esse Lobato enlouqueceu. Grosjean estava dois segundos mais rápido por volta. Não havia motivos para Kimi se defender da ultrapassagem. A manobra pode não ter sido por maldade, mas foi completamente infantil, pois, cedo ou tarde, o mesmo seria ultrapassado. Era só uma questão de tempo.

    O finlandês quase tira 24 pontos da Lotus, cuja equipe anda babando em busca do vice-campeonato ($$$).

    (Gosto muito do Raikkonen, mas nessa ele mandou mal)

  6. Barrabás!! É muito bizarra essa coisa de “emocionado”, “está em lágrimas”… meu, como são infantilizados esses narradores/comentaristas da Globo/SportTV! Só se salva o Lito Cavalcanti.


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