F1 Money talks - Julianne Cerasoli Skip to content

Money talks

A pouco mais de 100 dias do início daquele que promete ser um dos campeonatos mais revolucionários em termos de regulamento, a Fórmula 1 vive uma situação que beira o ridículo: apenas 15 pilotos estão assegurados para as 22 vagas no grid – e a confirmação de Maldonado na Lotus dá a medida do quanto o dinheiro influi nessa demora.

O novo time do venezuelano está quebrada e seu futuro parece estar nas mãos de um empresário envolvido em fraudes bancárias. A Sauber buscou dinheiro na Rússia, mas tudo indica que as quantias nunca chegaram. A Force India convive com as incertezas em meio a débitos na casa dos bilhões de outras empresas de seu dono, Vijay Mallya. E não estamos falando de times de fim de pelotão mas, sim, de equipes que estiveram lutando por vitórias – no caso de Lotus e Sauber – e pódios – como a Force India – nas últimas temporadas.

O momento econômico especialmente na Europa realmente não é propício para investimentos tão pesados como os da Fórmula 1, mas a categoria em si está longe de passar por dificuldades financeiras. O lucro operacional da CVC, que controla o esporte, foi de nada menos que 1 bilhão de dólares ano passado e deve ficar na mesma margem nesta temporada. Logo, se vê que o principal problema não é falta de dinheiro, mas má administração.

A entrada da CVC na Fórmula 1 foi uma manobra do octogenário  Bernie Ecclestone para continuar com o controle da categoria. É ele quem negocia habilmente os acordos que distribuem apenas 63% dos lucros às equipes, por meio de um sistema que leva em consideração a posição no mundial de construtores e uma subjetiva cláusula de “valor histórico”, que na verdade só serve para proteger os grandes. Na prática, estima-se que 60% do dinheiro destinado às equipes fique com o “G-4”, em uma divisão semelhante ao que ocorre com os direitos de televisão no futebol brasileiro.

O resultado direto disso é a dificuldade de pilotos talentosos e sem patrocínio terem oportunidades. Até agora, apenas dois estreantes estão confirmados, apadrinhados por programas de desenvolvimento de Red Bull e McLaren. Fora desta esfera, e o brasileiro Felipe Nasr convive com isso, o cenário é nebuloso e contado mais em cifras do que em resultados.

Enquanto isso, a Federação Internacional aparece com ideias como números fixos para os carros e prêmio para quem fizer mais pole positions. E para quando ficarão cortes orçamentários, uma divisão mais sustentável dos lucros e um sistema mais democrático para tomada de decisões?

Coluna publicada no jornal Correio Popular

12 Comments

  1. Um sistema mais democrático para tomada de decisão é bem difícil de acontecer, pois até hoje Mr. Ecclestone sempre utilizou um esquema maquiavélico de dividir para governar. E queira ou não, ele conseguiu construir uma estrutura organizacional de alcance mundial.

    Já ficou claro que os interesses das equipes são conflitantes, aqueles que tem muito dinheiro querem se impor através de testes ilimitados, pistas particulares, terceiros carros etc. Já os menos endinheirados querem mais é montar uma estrutura mínima, alavancar o negócio e tentar lucrar uns trocados, alugando assentos e repassando a equipe para outros grupos que mais lembram máfias lavadoras de dinheiro de origem desconhecida. Difícil um grupo desses chegar a um acordo pelo bem da categoria.

    É bem capaz que quando Mr. Ecclestone não estiver mais no comando, a Fórmula 1 perca o status que tem hoje, pela simples falta de alguém ditatorialmente impor uma direção à categoria. Em qualquer grupo, onde tem muita gente dando opinião, dificilmente se chega a um consenso, pelo menos não na velocidade que a Fórmula 1 exige para se ter sucesso.

    É por isso que equipes procuram pessoas como Ron Dennis, Ross Brawn e Flavio Briatore. Eles querem um líder que dê o norte para o grupo.

  2. Ju, o fim de seu post é o raio x da questão, certeiro! Hehe, por mais trágico que seja, sua foto ilustra mt bem o clima, onde os mais-mais riem dos menores com “pires nas mãos”… Ju e sua veia cômica, rsrsrsrs

  3. Ju você acredita que quando o velho Bernie deixar o comando , a F1 corre o risco de passar por um racha parecido com o da Cart nos anos 90 ?

  4. Pois é, Ju, todo mundo malhou o Max Mosley, inclusive eu, quando ele tentou estipular o famigerado teto orçamentário, mas agora vejo que ele tinha razão.

    A preocupação de Max com o futuro financeiro da Fórmula 1 está se refletindo agora.

    • Desculpe amigo, mas teto orçamentário é coisa de comunista burro.

      As equipes de F1 vivem em países democráticos e jamais abririam suas contas, é tudo questão de sigilo, se o fizessem iriam mascarar os números.

      Não se limita gastos desta forma, se distribui melhor o dinheiro entre as equipes.

      Outra, mudar as regras dos motores de forma tão radical assim, para dar uma de mundo verde foi um tiro no pé, é caro.

      Permitir a venda de chassis entre equipes seria uma ótima também. Mas mesmo assim, F1 é dinheiro mesmo, não tem jeito.

      A única solução de custos menores seria mesmo chassis para todos, mesmo motor, uma GP1 e não mais F1.

      • Não é coisa de comunista (burro ou não), não.
        O Max era chegado a uma fantasia sadomasô bem nazi! 😀

  5. Julianne, não ficou claro para mim seu ponto de vista sobre Nasr, mas se ele entrar na F 1 em 2014, sem ufanismo, será mais em função de cifras do que de resultados. Nasr bateu Magnussen e outros famosos na F 3 britânica? Di Resta bateu Vettel na F 3 Euroseries. . . Nasr é famoso por sua consistência, mas até momentos “Cecotto” teve na temporada recentemente encerrada. Até o obscuro Berthon venceu. Em face dos ótimos resultados que entregou nas categorias menores, para mim na GP 2 Nasr deixou mais dúvidas do que certezas ao se deparar com um carro mais potente e pesado.

  6. Concordo com Aucam, se for por resultados o Felipe ficaria fora ele pode ir para sauber devido os patrocínio que leva, inclusive com um orçamento maior que o Gutierrez que na segunda parte de 2013 foi muito bem inclusive sendo tão rápido quando o nico em alguns momentos. mesmo com esses resultados ele pode perder a vaga para outro pagante com mais dinheiro e pode ser o brasileiro

    • É verdade, Lúcio, além de Gutierrez, que sempre teve um discurso humilde na F 1, enfatizando sua necessidade de aprender (mas frequentou até o Q 3), e obteve vitórias na GP 2, ao contrário de Nasr, que em duas temporadas naquela categoria não obteve uma vitória sequer, entre GP 2 e World Series Renault 3.5 há pelo menos quatro pilotos com mais mérito do que o brasileiro para promoção imediata a titular na F 1, sem ufanismo. Entretanto, como diz o título do post da Julianne, “Money talks”. . .

      • …shit walks!

        Aprendi essa com o Taki Inoue!

  7. A questão com o dinheiro – e como a F1 está em outro planeta – está no fato da WEC também introduzir novidades tecnológicas e atualização nos projetos de carros gastando bem menos.

    É possível diminuir os gastos da F1 sem que ela se transforme em uma espécie de Indy, onde todos usam o mesmo carro (algumas coisas vão começar a mudar no ano que vem, mas não muito).


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