F1 Os volantes “de nave espacial” - Julianne Cerasoli Skip to content

Os volantes “de nave espacial”

Motor Racing - Formula One Testing - Bahrain Test One - Day 1 - Sakhir, Bahrain

A primeira das três corridas noturnas do campeonato vai evidenciar uma novidade neste campeonato: o volante. Principalmente devido às novas formas de recuperação de energia, várias equipes adotaram o PCU-8D, desenvolvido pela McLaren, uma grande tela central para que os pilotos tenham mais facilidade em fazer as alterações devidas durante a corrida.

Vale lembrar que, há 10 anos, a telemetria na Fórmula 1 não é bidirecional. Isso significa que modificações no carro só podem ser feitas pelo piloto, e não pela equipe, que apenas enxerga os dados que vêm do carro.

A nova tela, que mede 4,3 polegadas e pesa 230g, é feita de OLED (LED orgânico, mais fino e de melhor qualidade), o que deixa o volante mais leve do que até ano passado, além de possuir um sistema que permite que o piloto escolha o que aparece no visor. Podem ser as tradicionais marchas ou o equilíbrio de freio, por exemplo. São 100 possibilidades diferentes de páginas. Como definiu Nico Rosberg, “é como o painel de uma nave espacial.”

[youtube http://www.youtube.com/watch?v=HsOQWbJZ9mY]

Você pode estar pensando: como um piloto vai usar tudo isso a 300km/h? Não, ele não vai usar. E esse seria o principal motivo para nem todas as equipes terem aderido ao novo volante, já que a maioria prefere só ver seu tempo e rotação do motor para controlar as marchas. É o caso de Williams, Red Bull e Lotus. Por outro lado, os pilotos têm feito duas vezes mais alterações no volante por volta que ano passado e, com o PCU-8D fica mais fácil com o novo display resolver problemas na unidade de potência, por exemplo, uma vez que isso tem de ser feito pelo piloto de qualquer maneira. E ele também dá a possiblidade do piloto ter mais dados para estudar quando chega aos boxes.

“Tenho 38 controles diferentes em meu volante. É realmente incrível. Foi difícil durante os testes me acostumar com tudo, mas é por isso que o simulador ajuda tanto, porque você pode fazer várias voltas para ir entendendo a tecnologia. Agora é subconsciente e seu onde tudo está e o que tenho de fazer”, assegurou o piloto alemão.

Além da possibilidade de visualização de um número maior de dados e da maior gama de configurações possíveis do novo visor, ele também diminui a quantidade de botões do volante. Na Mercedes, por exemplo, há 12 botões e 9 botões giratórios. São eles:

– BB + e -: controla o brake-by-wire/equilíbrio de freio traseiro

– OT: dá um gás extra nas ultrapassagens

– N: ponto morto

– +10/+1: botões multifunção

– Rádio

– PL: Limitador de velocidade para os boxes

– DRS

– Marker: usado para salientar algum ponto na informação mostrada no display

– PC: Confirma informações recebidas sem a necessidade de responder via rádio.

Botões Giratórios: do lado direito, altera o diferencial, alterando o torque nas diferentes fases das curvas; do esquerdo, ajusta os freios e o mapeamento do pedal. Embaixo, estão os controles gerais de configuração, como alterações quando se muda o tipo de composto utilizado ou começa a chover, controles da unidade de potência e do quanto de energia será recuperado e gasto.

As luzes da parte de cima são configuráveis, mas geralmente usadas para ajudar nas trocas de marcha, enquanto as laterais indicam as sinalizações da FIA (bandeira azul, amarela ou vermelha).

As funções vão variando de acordo com a equipe, como é possível ver nessa explicação da Ferrari

A Williams e a Red Bull, por sua vez, continuam usando o volante do ano passado:

 

10 Comments

  1. No Gp da Australia no safety car, quando a onboard estava no carro do Rosberg apareceu ele trocando de tela e tal. Pareceu realmente interessante e útil.

  2. Isso é que é pilotar com um olho no peixe e o outro no gato. Ainda veremos polvos ao volante de um F 1, é uma questão de tempo. Ou, para afastar de vez qualquer dúvida sobre a Teoria de Darwin, pilotos com muitas mãos, braços e olhos. Permita-me lembrar-lhe Julianne, que além disso tudo no volante, ter que fazer curvas a mais de 250 km por hora com o engenheiro buzinando instruções no seu ouvido! Kimi tem toda a razão. E não sei como esses caras ainda têm tempo de olhar pra frente. Por essas e outras é que fica IMPOSSÍVEL comparar pilotos de épocas diferentes, cada uma tem as suas dificuldades intrínsecas, peculiares. Pode-se até fazer “n” críticas a essa F 1 atual, com seu regulamento surrealista e sua excessiva sofisticação (e cada aficionado tem o direito de ter sua própria visão e opinião, isso tem que ficar bem claro), mas acredito que os pilotos de hoje nada devem aos do passado, embora não seja possível fazer comparações diretas. A chama da genialidade sempre aparece, e está acima das mudanças.

    Julianne, obrigado por mais esse presentaço.

  3. Julianne,

    Já é possível identificar alguma característica do projeto da Mercedes que façam eles serem tão mais rápidos que a concorrência?

    Teoricamente, o motor utilizado por eles é idêntico ao entregue à McLaren, Williams e Force India, apesar de eu duvidar que eles entreguem de bandeja todos os segredos do hardware e software da unidade de potência.

    Já ouvi falar do desenho diferenciado dos braços da suspensão dianteira. Mas acho pouco para justificar a diferença de performance dos carros.

    Abs.

  4. Como diria Raul, o Seixas, kkkk, “Eu prefiro ser, essa metamorfose ambulante, do que ter aquela opinião formada sobre tudo…”. Sabe, Ju, sou um pouco cabeça dura em relação a toda essa parafernália, afinal em algum ponto, por mais adaptabilidade que exija do piloto, faz mecânica-eletronicamente algo que o piloto tinha que resolver diretamente com razão ou falta, kkkk, mãos e principalmente pés. Me lembro de uma citação de Peterson, algo como: “…pra que volante se tenho os pés para domar o carro…” (kkkk, algo desse nível, mas sabemos que quem conta um conto..).Esses apetrechos tecnológicos, por mais que estejam em voga, tornam a disputa cada vez mais a prova de erros e menos instintiva, característica que proporcionava erros e separava gênios de geniosos. Hj um grande carro é o maior diferencial, pois os grandes de hj, na minha humilde opinião, são separados por décimos, e não segundos. Ficamos impossibilitados de ver disputas ferrenhas em pista, onde a disputa do pitwall/fábrica ganhou tanto poder. Me parece um caminho sem volta, como pedir quem usava telefone de orelhão com ficha, kkkk, para abandonar seu celular de última geração, impossível, mas esse excesso de eletrônica compete com o heroísmo a la Dom Quixote do passado. Posso mudar de opinião à qualquer hora, mas todo esse vídeo game me faz pensar cada ver mais na crueza e beleza do tosco F-1, domado no braço por mãos enfaixadas com ataduras e suas luvas rasgadas!

    • Wagner, já que você falou nele, eu me deliciava em ver pessoalmente Peterson tanto na F 1 como na F 2 fazendo a Curva do Laranja (no traçado antigo, é claro) PELO MEIO da pista, em four wheel drift; parecia que ele vinha catapultado assim desde a entrada. A Curva do Laranja era feita por todo mundo em tangência contínua o tempo todo, flat. Chico Landi, quando viu isso, ficou maravilhado e declarou que Peterson contrariava as Leis da Física. Pois eu, do alto da minha insignificância, vou além de Landi e digo que Peterson simplesmente DESMORALIZAVA as Leis da Física, pois mesmo com o carro atravessado conseguia virar e abaixar tempo, como quando partiu na pole para o GP do Brasil em 1973. Peterson pilotava na F 1 e F 2 com estilo de rallye. Com ele não tinha essa de acertar carro, sentava e mandava ver. Lauda, ainda em seu início de carreira, impressionou Robin Herd ao dizer-lhe que o March era simplesmente inguiável, depois de experimentá-lo. E Ronnie foi vice-campeão mundial com esse carro em sua segunda temporada na F 1, atrás apenas de Stewart! QUE PILOTO! Para mim, de longe o mais espetacular que pessoalmente vi correr, tanto na F 1 como na F 2. E ainda por cima, reportado por todos que lidavam com ele como uma pessoa de grande caráter e lealdade. Peterson não precisou de títulos e estatísticas mirabolantes para virar lenda, e lendas atravessam os tempos, dispensam as páginas frias e desprovidas de emoção de anuários. Pilotos apenas de resultados tornam-se somente mais um depois de seu tempo, porque recordes são feitos para serem batidos e performances são feitas para serem eternamente lembradas!

      • Obrigado pela conversa de vocês dois!

        Aucan, “recordes são feitos para serem batidos e performances são feitas para serem eternamente lembradas” deveria ser emoldurada!

        • Valeu, Paulo. Eu tenho muitas dessas performances emolduradas em minha memória, (peço-lhe emprestada a palavra que você usou). De Piquet, que embutia na traseira do adversário, DESAPARECIA e RESSURGIA já praticamente na frente (só ultrapassava assim), de Senna voando para outra dimensão ao quase colocar uma volta no segundo colocado – ninguém menos que Prost – em Mônaco, de Gilles Villeneuve batendo rodas com Arnoux de maneira limpíssima, de Zanardi x Herta no Sacarrolhas em Laguna Seca, de Mansell caçando Senna nas ruas do Principado, de Emerson como uma sombra da qual Stewart não conseguia se desvencilhar também em Mônaco, de Beltoise na chuva fazendo naquele mesmo palco uma performance que todos só poderiam supor possível por Clark e tantas outras mais, feitas por ases que doavam suas próprias almas para andar na frente. Os ases são atemporais.

    • Eu também não gosto dessa ideia de piloto ficar mexendo em botão e controlando trocentas coisas no carro no meio de uma volta. Acho que o acerto devia ser só nos boxes, e fazer a volta inteira do mesmo jeito.

      Mas falar o quê? Já mataram a F1 quando começou a controlar fluxo de combustível e limitar motores por ano.

  5. Não sei se o da Force Índia é igual, mas é bem parecido.


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