F1 Grid cheio (de interesses) - Julianne Cerasoli Skip to content

Grid cheio (de interesses)

Motor Racing - Formula One World Championship - Italian Grand Prix - Race Day - Monza, Italy

A conversa sobre a adoção três carros por equipe a partir do ano que vem na Fórmula 1 ganhou força nas últimas semanas e escancara o momento comercialmente difícil pelo qual passa a categoria. Jogos de interesses e falta de garantias a respeito de quem estará no grid em 2015 explicam por que as incertezas continuam mesmo em uma época do ano na qual o orçamento para a temporada seguinte já deveria estar fechado.

Uma coisa é certa: não é coincidência que Bernie Ecclestone, que sempre fez pouco caso da pressão da Ferrari para adotar o terceiro carro, de uma hora para a outra passou a apoiar a ideia. Afinal, chegou-se a um ponto em que seu controle da categoria corre perigo.

A questão foi bem explicada pelo chefe da Force India, Vijay Mallya. “As regras e acordos dizem que, se o grid tiver menos de 20 carros, os participantes vão correr com um terceiro carro. Todos assinaram isso. Tomara que nunca cheguemos a esse ponto.”

Esse acordo serve para proteger a própria hegemonia de Ecclestone: se a FOM, controlada por ele, não conseguir colocar pelo menos 20 carros no grid, como roga o contrato, isso pode levar ao cancelamento do acordo de 100 anos com a FIA (fechado ainda nos tempos de Max Mosley), devolvendo a categoria para as mãos da federação.

Isso é uma questão atualmente devido à situação difícil de Caterham e Marussia e de alguns times médios, principalmente a Sauber. Com oito equipes no grid, a única forma de Ecclestone manter o controle da categoria seria com três carros por time.

Mas o que, na teoria, parece simples, na prática é bem diferente. Quando Ecclestone diz que “saberemos nas próximas duas ou três corridas” se haverá terceiros carros, aponta para uma definição em outubro – e o chefe da McLaren, Eric Boullier, garante que mesmo uma decisão iminente já seria tardia demais visando a próxima temporada: “Precisaríamos de pelo menos seis meses para preparar a logística de um terceiro carro”, afirmou o dirigente.

Outro fator que afasta a possibilidade da adoção de terceiros carros é sua falta de representatividade na pontuação para o mundial de construtores, e consequentemente, na divisão do dinheiro dos direitos comerciais. Na prática, só serviriam para encher o grid e empurrar as equipes menores mais para trás nos resultados.

Nesta conjuntura, o mais provável é que a intenção de Ecclestone seja criar um ambiente propício para salvar seu contrato de 100 anos sem a necessidade de adotar um terceiro carro, protegendo as equipes que passam por dificuldades e mantendo-as, mesmo que aos trancos e barrancos, no grid no ano que vem.

24 Comments

  1. Sem dúvida o maior dos interesses são do Ecclestone, o cara realmente mudou a cara da F1 e sou fã dele, mas, passou da hora seu reinado, pois está muito longe da atual geração de jovens antenados na internet e seus meios de comunicação.
    Muito da categoria estar nessa situação, fora a crise internacional, e a ganância do grupo de Ecclestone.
    A categoria deveria ter condições de desenvolver motor, chassi e treinar, isso é o mínimo que se espera da categoria máxima do automobilismo.

  2. O Problema para os planos de Bernie é que a Haas adiou a estreia para 2016 e com esses rumores em cima de uma provavel saída da Caterham, o risco é grande de uma hora para outra uma Sauber ou Marussia perderem investidores e fechar as portas.

    Deveria haver uma ajuda da FOM na logística e da divisão da receita para todas as equipes e não somente para as dez, deixando sempre uma de fora, esse ano até a Sauber corre o risco, nesse momento é a Caterham, mas a Sauber corre sérios riscos. Os dois pontinhos milagrosos do Bianchi em Monaco, pelo visto livrou a cara da Marussia esse ano.

    • O pior é que não livrou, Alex. Li em algum lugar (talvez no autosport.com) que mesmo a Marussia não tem garantias de recursos para o próximo ano. Talvez, na melhor das hipóteses, o Bianchi fique a pé e entre um pagante. O que seria lamentável…

      Tá na hora do Tio Bernie abrir as burras, pelo bem do seu próprio umbigo. É inaceitável que uma categoria que lucra 100 bi por ano submeta os times, que são os responsáveis pelo espetáculo, a essa situação de indigência.

      • Pior que ele nao cede…só quer ganhar. Agora está entre a cruz e a espada. Ele deixou a HRT morrer e ainda esnobou falando que por ele só teria a ferrari e mais uma.
        Que caia logo.

  3. Mas muito bem feito!!! Tá na hora da F1 levar um tranco (ou do B.E. cair num xeque-mate de um xadrez que ele mesmo desenhou pra tentar ganhar!).

  4. Ju, concordo em termos com esse parágrafo:

    “Outro fator que afasta a possibilidade da adoção de terceiros carros é sua falta de representatividade na pontuação para o mundial de construtores, e consequentemente, na divisão do dinheiro dos direitos comerciais. Na prática, só serviriam para encher o grid e empurrar as equipes menores mais para trás nos resultados.

    De fato equipes menores como Force India e Sauber teriam que ter um apoio maior da FOM ou não conseguiriam colocar três carros no Grid. Toro Rosso conta com o apoio da Red Bull e a Williams parece que renasceu financeiramente.

    Por outro lado, mantendo o sistema de pontuação atual, contemplando apenas os 10 primeiros colocados, com digamos 15 carros com potencial de brigar pelos pontos ( Mercedes, Red Bull, Williams, Ferrari e Mclaren ) a disputa pelos pontos volta a ser ferrenha como era quando apenas os 6 primeiros pontuavam. e consequentemente o mundial de construtores também se acirra.

    Imagine a luta pelo Q3 então ? Nesse sentido vejo um aspecto positivo nessa, por enquanto, utopia de 3 carros por equipe.

    • Talvez não tenha ficado claro no texto: a proposta é que o terceiro carro não pontue para o mundial de construtores e, com isso, não represente maior ganho financeiro.

      • Entendi, mas se não valer para pontuação o terceiro carro, ficaria muito esquisita esse formato…

      • E outra Ju, não faria o menor sentido. Imagine a hipótese de um desses pilotos do terceiro carro, vencer uma corrida. Daí iria para o pódio, estourava a champagne, mas faria zero pontos. Quem faria 25 pontos seria o segundo colocado? Totalmente esdrúxulo. Se um dia o tal do terceiro carro por equipe saísse do papel, teria que valer a pontuação.

        Só faria algum sentido não valer a pontuação do terceiro carro se apenas algumas equipes dispusessem do mesmo. Por exemplo: Apenas Mercedes, Ferrari e Red Bull teriam o terceiro carro, e as demais não. Assim, caso algum dos terceiros carros dessas chegasse na zona de pontuação não valeria os pontos. Continuaria esdrúxulo, porque bagunçaria todo o sistema.

        • Não marca pontos para o mundial de construtores – talvez prevendo essa disparidade entre equipes que teriam 3 carros e outras, 2. O de pilotos seria normal.

      • Hmm, mas como seria isso? Só pontuaria para os construtores os 2 melhores colocados de cada equipe? Ou seria eleito, pelas equipes, um carro “café com leite”, que independente da posição de chegada, não marcaria pontos?

        A conversa do terceiro carro é, de certa forma, antiga. Mas o Bernie tocar nesse assunto parece só mais uma de suas especulações “malucas”, como foi o caso, quando ele disse que molharia as pistas para as corridas.

        Ele, Bernie, gosta de gerar polêmicas. É a sua forma de chamar atenção pro esporte.

        No mais é interessante (e divertido) esse exercício de imaginar 3 carros por equipe. Eu fiquei pensando em como seria a estrutura de boxes para 3 carros. Ou, ainda, quem seria eleito o terceiro piloto da Mercedes. Já pensaram, aproveitando esse frenesi em volta do Alonso, a Mercedes contratando o espanhol? Alonso, Hamilton e Rosberg no mesmo time. Never gonna happen.

        • São tantos pontos a serem considerados que nos levam a pensar que essa história é mais para barganhar algo do que uma proposta concreta.

          • Hehe, Ju, imagina algumas equipes usando seus terceiros carros para interferirem em uma disputa de título, tipo uma fritadinha de pneu, uma segurada, uma volta mais lenta, hehe , isso ainda vai dar mt pano para manga

  5. Depois de 2008 a F1 desandou.
    Sempre fui contra a esse regulamento que favorece uma aerodinamica muito refinada; gostava mais dos carros como eram até 2008.

    • Nem me fala…até essa época foi show. Mas com os v8 ainda eram legal…tinha som…agora nem isso :/

    • Isso é uma discussão eterna, eu também gostava dessa F1 de 2008 para trás, mas o que motivou todas essas mudanças, foi a queixa de uma parcela grande do público, que pediam mais ultrapassagens e a conclusão que os dirigentes chegaram junto com o corpo técnico é que esse bólidos não conseguiam pegar vácuo pela turbulencia que os carros até 2008 geravam.

      Vieram os regulamentos de 2009 e 2010 e ainda assim as ultrapassagens não aumentaram, em que pese o excelente campeonato de 2010.

      Então veio o Kit-Ultrapassagem by FIA/FOM com os pneus farofa e o DRS e bingo, resolveram o problema de falta de ultrapassagem, mas a que custo?

      Dos campeonatos de 2011/12/13, dois foram dominados pela aerodinâmica refinada da Red Bull, excessão para o de 2012 que a Ferrari na base do ctrl c + ctrl V conseguiu equilibrar a disputa.

      E agora essa revolução em 2014, mas graças a disputa interna da Mercedes, e o renascimento da Williams, conseguimos ter ainda um campeonato bom de acompanhar.

      O que virá pela frente, só Deus sabe, a F1 está parecendo um navio sem comandante…

  6. as pequenas equipas fazem tanta falta na F1 como as grandes. como na vida, é preciso de tudo.
    se calhar a solução para elas, isto é, para ajudar o seu financiamento é fazerem de rampa de lançamento a pilotos das equipas grandes ( Ricciardo na HRT por exemplo), tendo em troca o não pagamento de salários ao piloto e o acesso a material fornecido pela equipa grande. a solução tem que passar por aqui.
    por outro lado a própria F1 só tem a ganhar com isto, já que terá pilotos de melhor qualidade.
    tirando algumas excepções, todos os bons pilotos de hoje começaram lá no fundo ou quase no fundo. alonso começou na minardi, vettel na toro rosso, ricciardo na hrt, kimi e massa na sauber.
    estes são pilotos que quando em situações de disputa acesa são normalmete duros, mas leais. ou seja, percebm muito bem o espaço e aquilo que podem e não podem fazer.

  7. Que esse veio ganancioso e que nao está nem ai pra F1 caia logo. Cansado de ver a F1 cada vez indo pro buraco. Nao estar na internet é a maior roubada possível. Fora que ele nao fez nada pra salvar a HRT…agora fica ai chorando porque nao quer perder o osso :/

  8. Julianne, não seria mais fácil ajudar financeiramente essas equipes que correm risco de desparecer para garantir o grid mínimo de 20 carros ? Outra coisa, vc nào acha que deveria ser considerada a possibilidade de venda de chassis e tecnologia das equipes maiores para as equipes menores, assim essas equipes menores não teriam custos com desenvolvimento e poderiam até andar melhor e marcar pontos. Seria interessante por exemplo ver um chassis Mercedez com motor Ferrari ou vice-versa numa equipe tipo Marussia.

    • Esse ponto é muito complicado. Primeiro, porque muda a sentido da competição da F-1, que não é uma categoria qualquer justamente porque cada construtor tem de fazer seu carro. E também teria de ser muito regulamentado, pois quem cede a tecnologia pode simplesmente controlar para que seus clientes nunca tenham resultados menores. Mantém-se todo mundo no barco, mas a competição acaba perdendo ao invés de ganhar.
      Para mim, o problema não é ter equipes pequenas. O problema é que a maneira como o esporte vem sendo gerido, inclusive com a categoria tirando patrocinadores das próprias equipes, simplesmente inviabiliza a existência de mais do que 4 ou 5 times em futuro próximo.

      • Ju, vc tocou em um ponto interessante, hj aparenta que os carros são mt mais limpos do que na década de 80/90 por exemplo, não dá pra saber se por causa das condições macroeconômicas mundiais, ou como vc mesma disse, as dificuldades impostas pela categoria, o fato é que antes os carros pareciam árvores de natal, rsrrsrsrs, vide Wilians e Benetton. Atualmente parecem que os patrocinadores master são ainda mais representativos.

      • É isso mesmo Ju, vender ou alugar chassis pode fazer sentido para Indy, mas eu não vejo sentido para a F1. Em relação aos patrocinadores, quando a Europa começou o caça as bruxas contra a industria do tabaco a F1 definitivamente mudou de cara.

        Por algum tempo foi permitido aos carros, em alguns circuitos fora da Europa, estamparem suas propagandas, agora nem isso se vê mais.

        No proprio Site da FIA a Ferrari não aparece mais com o nome da Marlboro, apesar da Philip Morris ainda constar como um dos patrocinadores principais.

        Só sobreviveu a Marlboro associada a um equipe de F1, por coincidência, à mais tradicional de todas.

  9. Eu não acho uma boa ideia,seria estranho e ainda acabaria com uma longa tradição da F1. Algo que talvez funcionasse melhor fosse permitir que algumas equipes,as quatro primeiras no mundial de construtores fossem fornecedoras de chassis para uma quantidade limitada de equipes. Acho que o custo baixaria e o grid certamente ficaria mais disputado.

  10. Jú é até forte o que eu vou dizer mas a F1 só vai realmente evoluir quando o Bernie morrer pois só lá ele vai largar o osso, a distribuição de dinheiro é muito mal feita ela não visa o equilíbrio, não adianta a FIA cortar custos e o sistema de premiação ser tão desigual, economicamente é simples, quanto mais vc gasta mais você faz ponto, mais vc ganha, é só ver na história há uma equipe que tenha começado no fim do grid, passado a equipe média e se tornou grande.
    O sistema de distribuição deveria ser dividido em 3 partes, uma parte igual para todos, uma parte pela pontuação e uma parte pela história. Isso seria mais justo e realmente mais saudável economicamente, o que você acha?


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