F1 Brigas internas: Surpresas - Julianne Cerasoli Skip to content

Brigas internas: Surpresas

É comum encontrar nos comentários dos fãs da F-1 relações praticamente matemáticas para avaliar pilotos: se fulano bateu ciclano na mesma equipe e e ciclano ganhou de beltrano quando mudou de time, logo fulano arrasaria beltrano. Mas não é isso que acontece. Diversas variantes atuam nos duelos internos a cada ano, e vimos muito disso nestas três duplas a seguir.

Red Bull

Ricciardo Kvyat
Placar em classificações 12 (-0s253) 7
Placar em corridas 6 8
Voltas à frente 536 430
Porcentagem dos pontos 49,2% 50,8%

O vídeo de Ricciardo dançando para comemorar o final da temporada e suas declarações para a revista da Red Bull, revelando que a meta que considerava realista no início do ano era lutar pelo campeonato dão a medida da decepção do australiano depois de ter feito frente a Vettel de maneira surpreendente e ter vencido três provas na temporada passada. A frustração, muitas vezes, ficou evidente também em manobras mal calculadas, estranhamente vindas de alguém que fez fama pelas ultrapassagens ousadas e cirúrgicas.

Isso abriu caminho para que Kvyat crescesse depois de um início de ano recheado de erros. Existe um Daniil antes e outro depois do GP de Mônaco. Curiosamente, vimos muito daquele Ricciardo do ano passado no russo deste ano, sempre crescendo aos domingos. Não coincidentemente, Kvyat não apenas terminou mais GPs na frente de Ricciardo, mesmo tendo perdido em classificações, como também somou mais pontos no campeonato, em uma das brigas que mais prometem para ano que vem.

 

 

Force India

Hulkenberg Perez
Placar em classificações 11 (-0s395) 8
Placar em corridas 7 6
Voltas à frente 557 341
Porcentagem dos pontos 42,6% 57,4%

 

Quando uma repórter alemã perguntou para Nico Hulkenberg qual era sua meta para o GP de Mônaco, o alemão, que largada no fundo do grid, disse: ‘Ganhar’. Naquele momento, muitos acreditavam que seu descontentamento era tanto que ele sequer chegaria ao final da temporada. Poucas semanas depois, lá estava Nico vencendo as 24 de Le Mans e entrando no paddock com um sorriso de orelha a orelha. Como num passe de mágica, conseguiu grandes resultados mesmo ainda sem o carro novo da Force India, que chegaria na Inglaterra. ‘Imagine quando ele tiver carro’, alguns poderiam dizer.

Pois, bem. Quando Hulk teve carro, após alguns azares iniciais, passou a correr com certa displicência e se envolveu em batidas em que não se envolveria normalmente. Ao mesmo tempo, do outro lado da garagem, após ser dominado na primeira parte do ano, Sergio Perez renascia. Mais maduro que nos tempos de McLaren – em suas próprias palavras – o mexicano aproveitou muito bem as oportunidades que o novo equipamento da Force India oferecia e, ainda que o pódio da Rússia tenha caído em seu colo, ele ficou em boas mãos.

 

McLaren

Button Alonso
Placar em classificações 8 (-0s904) 7
Placar em corridas 5 3
Voltas à frente 318 269
Porcentagem dos pontos 59,2% 40,8%

 

Não dá para dizer que eles não tentaram. Alonso e Button lideraram pelo menos uma estatística positiva neste ano: o espanhol, com 30, e o inglês com 25 foram os que mais ganharam posições em largadas.

Mas fica até difícil avaliar a briga entre os dois quando relebramos momentos como no GP da Itália, quando Alonso e Button fizeram estratégias distintas: Button fez a primeira prova com os pneus macios e Alonso, a segunda. Nas voltas finais, o espanhol se aproximava para brigar pela posição – que deveria ser algo como o 15º lugar, mas isso não importava naquele momento. Até que o motor quebrou. E isso se repetiu em diversas classificações e provas, até na última, quando o bicampeão teve um pneu furado na última volta do Q1.

Contudo, mesmo que seja difícil julgar um embate em que os dois tinham outro inimigo em comum, as deficiências do próprio carro, não deixa de ser uma surpresa a maneira como Button endureceu o duelo com um piloto acostumado a trucidar seus companheiros nos últimos sete anos. Essa tendência vai continuar em 2016? Acredito que ambos têm preocupações bem anteriores a isso.

14 Comments

  1. Interessante, 2015 me fez respeitar muito mais o Alonso como esportista, por suas atitudes diante do ano horrível que teve em termos de equipamento. O ponto alto foi a brincadeira do pódio. (pode ser a convivência com o Button, que me parece ser um sujeito bem correto em suas atitudes)

    E, por outro lado, a cada ano eu acho o Hamilton menos “digno” como esportista, também por suas atitudes diante de um ano tão positivo pra ele. (aquela afirmação que o Vettel não pode ser considerado top por causa dos “fracos” companheiros de equipe foi tosca e gratuita, por exemplo).

    Mas, frisando: escrevi “esportista”. Porque como pilotos eles são top, e isso não é questão de opinião, é fato mesmo.

  2. Hulkenberg mostrou suas limitações este ano. A meu ver, definitivamente. Mais um que deveria andar – juntamente com Raikkonen, Massa, Maldonado e Ericsson – e ceder a vez para novos valores que estão chegando. Hulk foi campeão EM TODAS as categorias de acesso, mas naufragou quando se deparou com uma concorrência mais selecionada, mais depurada, e com MONOPOSTOS mais pesados, mais potentes e mais velozes. Hulkenberg não chega a ser um mau piloto, longe disso, mas não é piloto para equipe de ponta, a não ser como segundão para Vettel na Ferrari ou para Hamilton na Mercedes, por exemplo. E nem adianta fazer elucubrações diferentes, pois se Hulk não deu conta de Pérez este ano, não seria em cima de Vettel ou de Hamilton que ele iria se afirmar, francamente. Faltam-lhe GARRA, tutano e um “PLUS” PARA MONOPOSTOS. Seu limite foi a GP 2. Emerson Fittipaldi sempre que trocava de categoria para uma superior fazia questão (com humildade) de enfatizar a dificuldade nesses aspectos: peso, velocidade e potência, sempre mostrando seu respeito por esses três fatores, que pesam sim, muito, na evolução de um piloto. O DECEPCIONANTE (em suas atitudes como esportista) Marc Márquez disse , por exemplo, que estranhou mais O PESO do que a VELOCIDADE quando foi da MOTO 2 para a MOTO GP. É claro que há aqueles que queimam etapas, mas só se destacam quando realmente são excepcionais. Em várias ocasiões vimos Hulk sendo devorado sem dó nem piedade por outros pilotos: Alonso sempre fez dele gato e sapato quando vinha em remontada e se deparava com o alemão na frente. Bruno Senna certa feita aplicou-lhe um passão antológico. Sérgio Pérez e sua chilli-pilotagem várias vezes largou atrás e chegou na frente de Hulk, jantando-o com batatas, salsinha e cebolinha. Mas Hulk sempre teve um extraordinário poder hipnótico sobre as massas – e sobre a mídia, que agora, aqui e ali, já saindo de fininho, começa a apontá-lo como o “queridinho da torcida” (apenas, rsrsrs). Vettel, que com 4 títulos nas costas volta e meia é chamado de “meia-boca” e “pilotinho” por seus detratores e haters, deveria tentar descobrir qual é o sortilégio de seu compatriota Hulk que o faz ser considerado como extremamente talentoso pela quase unanimidade das pessoas. No entanto, acredito que Hulkenberg faria uma bela carreira no WEC, vide que Mark Webber e Sebastien Buemi já se sagraram campeões mundiais por lá – a concorrência é mais “light”.

    Button é como um bom vinho. . . Arrisco dizer que se tiverem os dois um carro competitivo, Alonso não pode facilitar – e nisso o espanhol tem a seu favor uma mistura de agressividade e “cerebralidade” (argh!). Mas vai ser uma disputa bonita, pois, por exemplo, os dois são bons de chuva. . . e Button jogou água em Alonso no Canadá em 2011. . .

    Quanto ao ocorrido entre Ricciardo x Kvyat, por analogia com Ricciardo x Vettel pode-se dizer que NENHUM PILOTO é invencível. Ricciardo não precisa provar mais nada, precisa apenas de UM BOM MOTOR, e Kvyat demonstrou sobejamente seu talento.

  3. O Aucam chegou a explicar que o Vettel andou atrás do Ricciardo porque tinha um carro muito bom e foi para um ruim, enquanto que o Ricardão evoluiu. Talvez o australiano tenha sofrido do mesmo mal, numa proporção menor. Mas tentando entender, acredito que num carro menos competitivo o piloto acima da média pode perder, inconscientemente, um pouco da motivação. E um exemplo é o Hamilton pós título. Mas o Kvyat tem se mostrado um bom piloto. Pelo menos nos touros e tourinhos a fila anda.
    Sobre o Hulkemberg, concordo com o Aucam. Ele é regular, mas sempre bate na trave. Se desse para juntar com o Perez, daria um piloto acima da média.
    Na McLaren, acredito que Alonso e Button se juntaram a causa de fazer o carro andar e melhorar. Quando eles foram, minimamente, competitivos, ai começa a disputa interna. Mas também considero o Button um grande piloto. Mesmo sem ser tão veloz, é constante, com uma tocada suave e uma grande leitura de corrida. Vai dar trabalho para o espanhol, quando o carro andar de verdade.

    • Perfeito seu comentário, Alexandre.

  4. Sobre as mclarem terem feito as 55 ultrapassagens em largadas seria 40 em cima das manor? Que era um gp2 melhorado. Aucam se o kvyat tivesse acertado logo de cara na red bull o vareio teria cido maior principalmente em corridas ,pq nas 5 primeiras ja se falavam em tirar o kvyat e colocar o max na red bull, ricardo abra o olho com esse russo q é bom e tem sangue nos zoios, vai ser interessante esse duelo 2016,
    o perez pra mim é um dos melhores depois do top 3 e foi INJUSTIÇADO naquela mclarem horrorosa, e o button como sempre jogando duro e elevando seu nivel com um companheiro forte ao lado, alonso ano q veem vai se estressar pq acho q o carro será horroroso e o button andando na frente dinovo sei naum…prevejo trovoadas,
    principalmente se um certo alemão de cavalinho rampante tiver um carro q der a ele chances reais de lutar pelo titulo, o riqualque vai bater forte rsrsrsrs…
    Ju acho q na porcentagem dos pontos na red bull estar invertido.

  5. Ainda bem que não apareceu nenhum imbecil pra sugerir que 2015 “provou” alguma coisa entre Button e Alonso. Alonso é um dos 3 megapilotos da atualidade(os outros são Vettel e Hamilton) enquanto Button é um dos ótimos pilotos da atualidade que conseguiu ser campeão do mundo. O outro na mesma condição de Button é o kimi.
    Digo isso depois das barbaridades que apareceram em 2014, aonde gente boa, ou nem tanto, saiu defecando pela boca que a temporada havia “provado”…e depois desse “provado” vinha uma série de tolices, principalmente sobre a dupla da RBR à época.
    E por falar em RBR, não custa lembrar que Ricciardo ficou atrás de Kvyat mesmo obtendo 8 pontos na primeira corrida em que o russo não pode disputar por estar lesionado, o que leva a outra reflexão; Ricciardo dominou completamente o Vettel em 2014, e isso ninguém nega. Em compensação foi a ÚNICA vez que Ricciardo dominou completamente um companheiro de equipe. Não o fez com Kvyat, nem com Vergne e sequer com Liuzzi quando correram na Hispania, e poucos refletem que o que aconteceu na RBR na temporada passada foi, no mínimo, estranho.
    Não sei o que, mas sei que algo fora da curva aconteceu. Se os resultados dos pilotos da RBR em 2014 foram normais em função de sua capacidade, então teremos que explicar porque Vergne(que bateu(muito) em Kvyat, que bateu Ricciardo, que batel Vettel, que bateu Webber, que bateu Rosberg, que bateu Schumacher) ficou sem lugar na F-1. Pelo menos a turma que só vê tabela de campeonato e sai dizendo bobagens do tipo “ficou provado” vai ter muita explicação pra dar. Eu prefiro acompanhar o que os grandes executivos da categoria fazem, imagino que eles entendam alguma coisa de F-1. E, neste ponto, são justamente Alonso, Hamilton e Vettel que movimentam o mercado de pilotos, que ganham os melhores salários e na qual as grandes equipes e montadoras apostam as suas fichas(Mercedes tirou Hamilton da McLaren, que depois tirou Alonso da Ferrari e esta contratou Vettel pra ocupar a vaga). Contra esses 3, nada mais há a ser “provado”.

    • Aucam,
      Maravilhoso ler os seus comentários, sempre lúcidos e precisos, com relação a Vettel sempre disse que ele precisava sair da RedBull para provar que não era apenas o carro do Newey que vencia, mas que seu talento também fazia diferença.
      Saiu e provou, depois desse ano de 2015, que seu talento realmente fazia diferença naquele carro. acredito que os detratores e haters de Vettel terão de engolir algumas de suas palavras.
      Sobre Button faço uma observação que poucos notam, ele foi o ÚNICO companheiro de equipe a vencer Hamilton em pontos ao final de um campeonato, depois que notei isso passei a respeitar muito mais o título de 2009 desse inglês, não foi apenas aquele carro fantástico da BrawnGP que lhe deu aquele título, assim como passei a me perguntar se Rubens poderia realmente ter feito frente a ele naquele campeonato, mesmo com um bom início (vale lembrar que o início de Rubens não foi bom).
      Um grande abraço a todos!

      • Obrigado pela força aos meus pitacos, NATO. Seu comentário mostra grandes verdades com relação a Vettel e a Button. Eu também passei a ter mais respeito por Button quando o vi como companheiro de Hamilton. Button não está no mesmo patamar de GENIALIDADE que o Trio de Ouro, mas é um grandíssimo piloto, capaz de performances ESPETACULARES inclusive, vide a do Canadá debaixo de chuva em 2011; a ultrapassagem que fez de uma vez só em Schumacher e Hamilton em Monza em 2010 (ali ele foi pontualmente GENIAL); e alguns duelos que manteve com Hamilton quando ambos corriam juntos na McLaren, em especial em Silverstone (não lembro bem o ano). Muitos subestimam ERRADAMENTE Button. Além de muitas qualidades de sua pilotagem, eu admiro seu vigor físico e técnico, mantendo-se competitivo até hoje, algo assim na linha de Jack Brabham, que se retirou por cima.

        Em relação a Vettel, fico pasmo de ver como as massas idolatram o alemão errado! O alemão que é EXCEPCIONAL está diante delas com 4 títulos e não percebem! Mas não tem jeito mesmo, caro NATO, nem que os integrantes do Trio de Ouro conquistem CADA UM DEZ TÍTULOS, sempre haverá os HATERS que não conseguem enxergar as coisas de maneira técnica, histórica, preferindo se deixar levar por paixões que não se sustentam. Há muito, muitíssimo para vir ainda de Vettel, e no ano que vem já começaremos a ver parte desse futuro, com certeza.
        Forte abraço.

    • Tramarim, eu acho que depois que o Ricciardo gritou SHAZAM e se transformou no Capitão Marvel não há mais o que se duvidar dele. No entanto, é claro que há outros SUPER-HERÓIS, e KVYAT é um deles – OLHO NESSE RUSSO! Mas entendo sua prudência.
      Grande abraço.

      • Cara, como assim? Vettel só ganhou com carro bom, os próprios pilotos falam isso. Chega a ser chato seus comentários. Seja sucinto e menos pedante, principalmente em relação aos seu piloto preferido, que todos sabemos ser o Vettel.

    • Concordo, Roberto. Essa história de usar poema do Drummond (fulano bateu cicrano que bateu beltrano que bateu zeltrano etc etc) pra comparar pilotos não tem fundamento.

      A graça de tudo é levar em conta todas as variáveis possíveis, e lembrar que o imponderável também tem grande influência. E saber que algumas opiniões entre nós nem sempre vão coincidir, o que é super salutar, também.

  6. Em língua futebolística, talvez assim entendam:
    Vasco ganho do Flamengo, Flamengo empata com o Fluminense, Fluminense ganha do Vasco.
    Pela lógica o Vasco deveria ganhar do Fluminense, mas o imponderável, a mosca na sopa, entra em cena e não é isso o que ocorre ele perde para um time do qual deveria vencer, é a isso que a Juliane se refere.
    Aucam,
    Realmente os detratores só veem o que querem, nosso amigo Fast Turn não viu o fato de que Vettel foi o único a vencer esse ano fora as Mercedes, Raikkonen foi “apenas” segundo, e nenhum dos dois pilotos das Wlliams souberam aproveitar as oportunidades reais de 1° e 2° colocação (assim como a equipe…).
    Azar o deles que perdem o seu tempo odiando um ótimo piloto como Vettel, que mesmo se bater Hamilton ou Alonso com o mesmo carro, os detratores dirão que foi sorte…
    P.S.: meu piloto favorito é Hamilton Turn.
    Um grande abraço a todos.


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