F1 Fim de uma era? (parte 3 – Fernando Alonso) - Julianne Cerasoli Skip to content

Fim de uma era? (parte 3 – Fernando Alonso)

Fernando-Alonso

“Ele tem que parar o quanto antes, só está acabando com sua reputação, não vai ganhar mais nada”. Ouvi frases como esta ano passado quando perguntei a espanhóis qual sua opinião sobre o atual situação da carreira de Fernando Alonso.

Assim como ainda acontece no Brasil mesmo que a Fórmula 1 esteja há décadas entre os esportes mais populares, a cultura espanhola acerca da categoria deixa a desejar e se prende ao piloto, deixando de avaliar as demais variáveis que separam os campeões dos coadjuvantes. E, dentro deste contexto, se Alonso não tiver a chance de ser campeão novamente, terá falhado.

Trata-se de uma avaliação dura para um piloto que se manteve por tanto tempo no topo – ainda que, se passa por uma fase de vacas magras hoje, deve culpar a si próprio em grande medida. O asturiano estreou na Fórmula 1 em 2001, aos 19 anos, com 21 corridas feitas nas categorias de base. E logo deu seu recado: sofrendo na fraca Minardi, disse algo como “carros me ultrapassam, não pilotos.”

A primeira chance de mostrar que estava certo foi com a Renault, em 2003, ano em que estreou no pódio e no lugar mais alto dele, aos 21 anos. Demonstrando rápida evolução, nos moldes do que aconteceu com Kimi Raikkonen, estava preparado quando os franceses saíram na frente na mudança de regulamento de 2005, venceu quatro das sete primeiras provas e iniciou o que parecia ser uma nova dinastia.

Vale lembrar que, mesmo que o bicampeonato de Alonso tenha sido conquistado em anos seguidos, houve mudanças importantes entre 2005 e 2006, tanto no motor (de V10 para V8), quanto nos pneus (de um jogo por final de semana para 14). No ano seguinte, o espanhol teria de se adaptar novamente, ao pneu Bridgestone e, apesar de ter sofrido no início, fez uma ótima segunda parte do ano, ficando a um ponto do título.

O excesso de politicagem, contudo, já estava claro neste ponto de sua carreira, quando Alonso tinha apenas 26 anos e já havia causado mal estar nos últimos meses de Renault e tornado sua permanência na McLaren insustentável após apenas uma temporada. Sem saída, voltaria ao time francês e faria outra competente temporada em 2008, enquanto planejava o que acreditava ser o retorno triunfal aos títulos.

A aposta na Ferrari era o que lhe restava na época. E, façamos justiça, quase deu certo, lembrando que, novamente, o piloto guiou muito mesmo com regulamentos bastante distintos em relação a quando conquistou os dois primeiros títulos – pneus de alta degradação, DRS, sem reabastecimento ou controle de tração, pressão aerodinâmica reduzida. Juntando as três primeiras temporadas em Maranello, Alonso teria sido bicampeão com mais nove pontos. Detalhes que acabaram contribuindo para o desgaste que só cresceu quando a Scuderia teve sua grande chance de retornar ao topo, com um regulamento que privilegiava as equipes de fábrica, e fracassou no primeiro ano.

Como paciência não é o forte nem dos ferraristas, nem de Alonso, o divórcio foi inevitável e, aos 33 anos, o espanhol se viu obrigado a recomeçar outra vez. No primeiro ano do improvável segundo casamento com a McLaren, ele mesmo reconheceu que suas performances ficaram aquém do que poderia – afinal, o mesmo homem que parece um vilão de filme de terror, ressurgindo quando menos se espera, quando está motivado, também se apaga na mesma intensidade quando vê que não tem com quem lutar. Sinais de que os espanhóis estão certos e é melhor jogar a toalha? Esperem a McLaren-Honda dar uma fagulha de esperança e veremos se a ‘besta’ não acorda.

18 Comments

  1. Sempre no caso de Alonso fala-se sobre politicagem mas se é assim, vamos falar de outro “politiqueiro”, chamado Schumacher.
    O Alemão enquanto estava na Ferrari mandava e desmandava. Por duas vezes seguidas fez Barrichello abrir pra ele vencer a corrida. Fora outras coisas q aconteceu.
    Mas apesar de toda essa politicagem, Michael foi 7 vezes campeão e hoje é tido como uma lenda.
    O problema no caso de Alonso é que era um momento diferente.
    A Ferrari com sua mentalidade atrasada já não era o bicho papão. Uma equipe deficiente que viu a Red Bull e todo seu poderio técnico e financeiro lhe passar a perna.
    Se o time italiano fosse uma equipe vencedora, e Alonso tivesse conseguido vencer pelo menos uns 3 campeonatos por lá, poucos diriam q Alonso gostava de politica, diriam q era o grande campeão com 5 titulos mundiais.

    • Acho que discordo, Adelson. É o uso dos termos que faz a diferença Alonso X Schumacher: com o Alonso é o que você escreveu: politicagem. Mas com o Schumacher o termo é outro: política. São diferentes: o alemão conseguia direcionar interesses inicialmente antagônicos em prol de um objetivo comum, usando de política. Mesmo toda a estrutura da equipe voltada para ele, e só para ele, fez parte dessa política. Mas não havia desentendimentos ou posturas dúbias por parte dele, ao contrário de Alonso, desagregador em sua politicagem.

      • …complementando:

        E é por isso que em 2015 foi tão interessante acompanhar a postura do Alonso: percebi um Alonso um pouco diferente, apesar do “GP2 Engine” e outros comentários públicos. Acho que ele tem tido mais paciência que o normal (porque a McLaren ano passado foi de lascar). Talvez porque ele não tem mais pra onde ir, mesmo.

        E é por isso que em 2016 vai ser muito interessante acompanhar a postura do cabra. Tanto com o carro melhorando – se a besta acorda, como a Julianne disse – quanto com o carro se mantendo no fundo do grid – pra ver até aonde vai essa paciência dele.

  2. Julianne,
    Ler as suas análises é algo fantástico, são sempre análises técnicas e contundentes, sem deixar transparecer o gosto, ou desgosto, que sente pelo piloto. Seu blog é o único espaço aonde isso é encontrado, todos os outros colegas de profissão que você tem deixa as suas preferências a mostra. Parabéns.
    Vale lembrar que um dos motivos do Alonso estar nessa situação não é apenas o temperamento difícil, mas também a sua grande capacidade de fazer péssimas escolhas, já ouvi/li histórias de que a RedBull o teria chamado para pilotar os seus bólidos na mesma época em que ele assinou com a Ferrari, sabe se essa história procede?
    Um grande abraço a todos do blog.

  3. Acho eu que a ultima esperança para ver se o Alonso ainda éh aquele piloto que desbancou o Shumacher, esta no carro que a Mclaren-Honda produzirá para esta temporada. Creio que ele éh o tipo do piloto que só se motiva, se tiver um mínimo de possibilidade para lutar pela vitória ou pelos primeiros lugares. Quero acreditar que a Honda tenha resolvido os problemas no MGU-H (o que despeja a potência pro solo) e que a Mclaren produza um carro descente para que pelo menos, Alonso e Button tenham uma temporada mais digna!

  4. Alonso é politico( corrupto ), apelão… MAAS, indiscutivelmente o melhor braço ( á anos inclusive)

    Depois de anos na F1 só agora foi derrotado em pontuação por um companheiro de equipe. Simplesmente pulverizou todos os concorrentes internos ( Exceto Hamilton). NENHUM PILOTO foi submetido á tantas mudanças de regulamento e se manteve no TOPO igual ele. Todos os ultimos campeões ( de 15 anos para cá ) sofreram com mudanças de regulamento, seja hamilton , Kimi, vettel, button.

    • Permita-me discordar de você, Phillip. Com todas essas modificações de regulamento que houve de uns tempos para cá, Hamilton chegou a modificar radicalmente seu estilo de pilotagem, tornando-se inclusive um dos melhores poupadores de pneu e de combustível do atual grid. Isso sem perder sua velocidade e sua pilotagem visceral.

      Também mais ou menos pelo meio da temporada de 2012, Button teve sérios problemas de adaptação com a suspensão da McLaren, não conseguia se entender com o carro, o que se refletiu em seus resultados, pois havia claros sinais de desbalanceamento entre o funcionamento das suspensões traseira e dianteira, enquanto Hamilton nem tomou conhecimento desse desequilíbrio do carro, provando sua adaptabilidade a situações adversas.
      Abs.

  5. Eu ja passei da fase de tomar lados para politicos, artistas, jogadores de biriba ou de pilotos. Quero nem saber de politicagens nas equipes, problemas deles.

    Dito tudo isso que prazer foi observar Alonso nesses anos todos. Um verdadeiro monstro. Rapido, consistente, capaz de enxergar corridas e oportunidades como poucos foram.

    Tomara que ainda tenha mais chances (time is almost up…) para mostrar para os mais novinhos do que é capaz.

    Alonso coloca no chinelo furado um monte de campeao com varios titulos. Para mim ate os Prosts da vida nao teriam chance contra ele.

    • Como caráter ele pelo menos demonstra ser muuuuito-duvidoso! Más, o que nós torcedores queremos, ao ligarmos as nossas tv’s de manhã éh automobilismo não éh mesmo?!?! Então, como você bem disse, afora toda esta politicagem, eu quero éh que a Mclaren-Honda contrarie o meu pessimismo e produza um carro minimamente descente para que possa “acordar o monstro” que há neste espanholzinho-folgado… Os fãs da F1 merecem isto!

    • Sei não, Mike. Andei vendo nessas férias umas corridas de 1981 – viva o you tube! – o Prost já era top em seu 2o ano de F1.

      • Prost para mim foi top nos resultados, mas nunca despontou na pilotagem como um raio. Acho que estou errado pois sir Frank disse uma vez que Alain foi o melhor piloto que teve como empregado. What gives????

        Boas corridas no utube. Eu mato saudades la. Ate pegas do piquet com Gilles estao la. Que pena que esse morreu tao cedo…

    • Como não teriam mike, alonso só se deu bem em cima de companheiros fracos e ainda ele dava as cartas na equipe, quando ele pegou o button um piloto forte e consistente ele se ferrou e levou a pior, quem esperava um dia alonso ser derrotado pelo desacreditado button?

  6. Grande piloto. Conseguiu se manter entre os melhores, acho difícil apontar o melhor, de duas gerações como Schumacher, Hamilton e Vettel. Sua leitura de corrida e adaptação a mudanças é incrível. Mas não conseguiu se unir à equipe para juntos crescerem, como fez Schumacher e agora Vettel. Também acho que ainda consegue ser competitivo por um bom tempo. Só falta o carro. Mas se a McLaren mostrar uma boa evolução, o ano de 2017 pode ter o Alonso brigando lá em cima. Mesmo que não seja mais campeão, considero um dos grandes que já passaram na F1.

    • Pois he, como bem dito ad nauseaum a capacidade do Alonso de dividir uma empresa/time he quase sobre humana. Tai um pecado no CV dele. Bem lembrado..

  7. Parabéns pela brilhante e IMPARCIAL análise, Julianne: mais que um Raio X, uma verdadeira ressonância magnética em 3 D sobre o polêmico piloto.

    A meu ver, Alonso ainda tem vigor e tenacidade suficientes para competir em altíssimo nível por mais alguns anos. Mas é obvio que sem um carro competitivo (pois ninguém faz milagres) ele periga encerrar a carreira apenas com dois títulos (QUE NÃO TROCO PELOS 4 de PROST, INSISTO), pois Hamilton e Vettel são consideravelmente mais jovens, isso sem falar numa geração de jovens lobos que chega babando, liderados por Max Verstappen.

    Sim, sem dúvida, pela idade, Alonso, Button e Raikkonen caminham para a parte final de suas trajetórias na F 1, mas as carreiras dos dois mclarianos podem se projetar para além de 2016, mesmo que pilotem uma MCLAREN deficiente nesta temporada, basta que assim o desejem. Além de ambos serem bastante vigorosos ainda, Alonso é de uma tenacidade rara e impressionante, e Button é muito bem estruturado psicologicamente.

    E vamos considerar também que com as mudanças extensas e profundas na F 1 para 2017 experiência vai contar muito. Se Fernando e Jenson lograrem obter neste ano resultados pelo menos razoáveis com essa até aqui super problemática MCLAREN, custo a crer que Dennis não vá querer mantê-los e dar espaço para pilotos mais jovens.

    Mesmo sendo um piloto genial, no AS e no MARCA, quando Alonso não vai bem – da mesma maneira que ocorre com Barrichello e Massa aqui no Brasil – chovem comentários de impacientes antialonsistas espanhóis (sim, eles existem, principalmente aqueles que não são da região onde Fernando nasceu) tachando-o pejorativamente de “paquete” e “paqueton”.

    O automobilismo como todos nós sabemos, é um esporte onde os competidores dependem DEMAIS do equipamento que têm mãos, NÃO DÁ PARA FAZER MILAGRES. É ponto óbvio e pacífico que os melhores pilotos e as melhores equipes SE ATRAEM NATURALMENTE – e isso SEMPRE ocorreu TAMBÉM com Fernando Alonso. No entanto, os resultados para o bem ou para o mal derivam de como as partes lidam com essa atração mútua, especialmente em momentos de baixa.O grande problema dele foi NÃO SABER LIDAR com essa atração mútua entre melhores. Muitos especialistas dizem que Alonso – SOBRETUDO COM A MCLAREN, NO MOMENTO CERTO, em 2007 – cometeu erros de avaliação e comportamento que lhe custaram no mínimo um título a mais. Ele fez um incompreensível movimento para trás voltando por 2 anos à uma Renault já decadente, por pura birra. O bom cabrito não berra e mingau quente se come pelas beiradas. Sua saída da McLaren frustrou todos os que amam o automobilismo.

    Jim Clark não teve carros dominantes em todas as temporadas que disputou, idem Jackie Stewart, Michael Schumacher e Nelson Piquet, mas todos souberam lidar bem com as adversidades e períodos de vacas magras em suas equipes. Clark foi fiel à Lotus, Stewart à Tyrrel, Schumacher à Ferrari (5 anos até o primeiro título pela Rossa) e Piquet soube neutralizar magistralmente uma preferência da equipe por Mansell. O grande ponto fraco de Alonso, portanto, foi não saber transformar essa atração mútua havida com a Ferrari e a McLaren em títulos, seja por impaciência, seja por arrogância.

    Não tenho simpatia pelo espanhol, mas jamais vou desmerecer o seu talento – para mim fora-de-série – e demonstrado com tanta precocidade, derrubando um recorde de Emerson Fittipaldi que perdurou por 34 anos!. E não me alinho entre os seus detratores que creditam seu bicampeonato apenas ao amortecedor de massa da Renault, pois Giancarlo Fisichella – que não era um braço duro e venceu GPs – com o mesmo equipamento e então mais experiência de F 1 que Fernando ficou atrás de Schumacher naqueles anos.

    E sim, NATO VELLOSO, Alonso recusou propostas não apenas da RED BULL, como também da BRAWN (devemos dar um desconto de que ele não tinha bola de cristal). Certamente, não levou fé nas duas.

    Todavia, num futuro mais distante, será IMPOSSÍVEL falar de Hamilton e de Vettel sem falar de Alonso.

    • Acredito que o Alonso está vivendo uma fase muito parecida com Ayrton Senna em 1992 e 1993, já experiente e consagrado, considerado o melhor do grid, mas sem carro para ser campeão… Até desafetos do passado tem se aproximado, assim como Senna fez com Prost, Alonso com Hamilton e Ron Dennis… Acredito que se / quando pegar um carro bom, vai dar muito trabalho e poderá ser campeão ainda, assim como Senna teria sido…

  8. Simplesmente FANTÁSTICA a sua análise sobre o Don Fernando das Astúrias! Assim como você kro AUCAM, não nutro simpatia pela figura! Más reconheço que éh um dos melhores pilotos (éh um do tripé da trinca-de-ferro) da F1 atual! E eu estou louco para que a Mclaren faça um carro descente para que “o monstro” renasça nesta temporada.

  9. Alonso é brilhante, mas sempre culpa a equipe ,nunca ele erra, sempre a equipe, o carro e tal….quando teve companheiros sem privilegios perdeu o duelo 2007 2015 …ha 2007 empatou, uma derrota SIM , naum desmerecendo Lewis jamais, mas 2007 alonso era atual bi campeão e naum soube lidar com a pressão de um estreante e fez assim a pior escolha , correr fora da mclarem e ainda dedurou aquipe, ali ja caiu meu conceito com ele ,aquem admiro muito como piloto, pq talento ele tem de sobras, mas falta humildade em reconhecer as derrotas.
    2016 esse duelo interno vai ser interessante. Se 2008 alonso estivesse na mclarem teria ganho com um pé nas costas, pq lewis errou muito em 2008, coisa q raramente acontece com alonso, comete pouquissimos erros.


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