F1 GP da Europa por britânicos, espanhóis e portugueses. E o botão Pharrell after night - Julianne Cerasoli Skip to content

GP da Europa por britânicos, espanhóis e portugueses. E o botão Pharrell after night

EuropeanF1GrandPrixWvUNAl4v1XUx

Narradores e comentaristas mal podiam conter a empolgação pela expectativa de uma corrida recheada de emoção em Baku. Afinal, as duas provas da GP2 tinham sido pra lá de caóticas e a classificação tivera muitos erros, sendo o principal deles justamente do homem que vencera as duas corridas anteriores.

Dizem que quanto mais alto você vai, mais forte a queda. E a decepção começou a ficar evidente logo na largada, quando os 22 carros passam sem maiores sustos pelas primeiras curvas. “É uma grande largada de Ricciardo, mas Rosberg o mantém sob controle. Massa é atacado por dentro pela Force India de Perez. Hamilton se mantém em décimo. Rosberg tem a largada dos sonhos”, resume David Croft na Sky Sports. “Dá para perceber que viram a corrida da GP2 e não quiseram acabar com a corrida na primeira curva. Até se respeitaram demais”, reclama Pedro de la Rosa na Movistar espanhola.

Focados na corrida de Hamilton, os portugueses da Eurosport – que substituem os brasileiros no post de hoje para variar um pouco – acreditam que “o pior que poderia acontecer era ficar atrás de Bottas, mas isso vai mudar quando começar a ativação do DRS”, como avalia o comentarista Sergio Veiga, que aproveita para elogiar o cenário. “Acho que todos temos de fazer um mea culpa porque todos ficamos desconfiados quando falamos em correr no Azerbaijão e a pista é incrível.”

O novo comentarista da Sky, Paul Di Resta, vê já na volta 2 que o rendimento da Red Bull de Ricciardo, que é segundo, não é dos melhores. “Eles são os primeiros a sentir os pneus, Ricciardo não consegue acompanhar o ritmo. Todos vão começar a ter graining daqui umas cinco voltas e os dados de Hulkenberg (que está com os pneus macios, enquanto os demais usam os supermacios) serão cruciais para decidirem parar ou não”, avalia. “Não é só Ricciardo. Verstappen também está segurando os outros. Os Red Bull simplesmente não andam”, observa De la Rosa.

Não demora para os dois carros da equipe inaugurarem os trabalhos dos ponteiros nos boxes. “Essas paradas não são estratégicas, é simplesmente porque não estavam conseguindo andar com os supermacios”, avisa De la Rosa. Porém, as trocas repentinas fazem o outro comentarista espanhol, Joan Villadelprat, acreditar que “o que está claro é que essa corrida vai se tornar uma prova de duas provas, e não uma. Talvez pela temperatura mais alta. Não sei. É uma loteria.”

Temendo sofrer o undercut da Red Bull, a Ferrari chama Vettel para o box, mas o piloto pergunta se a equipe tem certeza, porque sente que os pneus estão bons. O português Tiago Monteiro não concorda com o alemão. “Vettel acha que os pneus estão bons, mas quem está no pitwall tem outra visão da corrida e vê que o Ricciardo está muito mais rápido.” De la Rosa, por outro lado, acredita que a mensagem “mostra um piloto que já não confia mais na equipe”.

As voltas passam e Vettel segue na pista. “Talvez eles tenham ouvido Vettel pedindo para ficar na pista. Mas também vêm de um erro do Canadá. Eu definitivamente acho que eles têm de copiar o que a Mercedes fizer com Rosberg”, avalia Di Resta, acertadamente.

Na volta 11, os britânicos já estão impacientes e entrevistam Christian Horner. “Estávamos esperando uma carniceria, o que está acontecendo?”, pergunta Croft. “Ainda temos tempo para isso”, responde o dirigente.

Três voltas depois, Di Resta observa “que os tempos que quem ficou na pista voltou ao normal, então o graining limpou”, algo que também chama a atenção de De la Rosa. “Que sorte que a equipe deu moral para o Vettel porque ele via que o pneu ia se recuperar do graining.” Já os portugueses não focam muito em estratégia. Preferem discutir o efeito do DRS e a possibilidade do circuito ter dois pontos de aferição, além de acompanharem as diferenças de tempo entre os pilotos.

Enquanto isso, mais atrás, os comentaristas começam a estranhar a falta de ritmo de Hamilton.  “Ele está com dificuldades com o freio e outras coisas neste momento. Lembre-se que o acerto do carro foi feito antes da classificação e eles esperavam estar na primeira fila e não ter problemas de tráfego”, defende Di Resta.

image16x9.img.1536.high

Mas quem acerta o diagnóstico é Josep Merlos, o narrador espanhol. “Talvez esteja jogando com algum tipo de mapa de motor? Porque sinto que, saindo da curva 16, não tem tanta potência”, questiona. “Ele não joga com nada. E nesse circuito ele sabe que, se tem DRS, tem muita chance de passar”, responde De la Rosa.

Não demora para aparecerem as primeiras mensagens de alerta no painel do carro do inglês – e os primeiros pedidos de ajuda no rádio. De cara, os britânicos não dão muita atenção. “Ele está sem a energia renovável, então é por isso que não está conseguindo atacar Perez”, diz Di Resta.

Os portugueses, por sua vez, riem quando aparecem rádios de Hamilton. “A equipe percebeu algum problema e ele está pedindo uma solução, falando que eles têm de resolver rápido”, resume Monteiro. “Não só só os engenheiros que dizem para os pilotos apertarem o ritmo.”

Sem saber o que é um D-rate, foram socorridos, parcialmente, pelos produtores. “Ele está recebendo algum alerta de que há algo errado no motor”, resume o narrador Pedro Nascimento. “Foi o que aconteceu com o Rosberg na Espanha”.

Inicialmente, os espanhóis também não entendem o sentido das mensagens de Hamilton. “Será que ele está pedindo um mapeamento melhor?”, diz De la Rosa. São salvos pelos produtores, que avisam do que se trata. “Isso é interessante porque explica por que ele está ficando para trás”, completa o comentarista.

As transmissões se dividem no tom com que recebem as mensagens. De la Rosa diz que “seria muito grave se não é um problema e ele simplesmente não sabe qual mapa colocar, o que quer dizer que ele não conhece direito o carro dele” e recua quando o time fala a Hamilton que “é uma configuração errada, não é nada que você tenha feito”. Para o comentarista, isso absolve o piloto. “Aqui a mensagem indica que o problema é da equipe. Se é uma configuração, é algo que estava acertado antes. Então não é algo que dependa de um interruptor.”

Enquanto De la Rosa se preocupa, o narrador português continua se divertindo, sem entrar no mérito de questionar por que Hamilton não consegue resolver o problema. “Que pena não termos mais conversas como esta! Poderíamos ter isso toda corrida.”

Veiga também mantém o clima de brincadeira. “Lembrando o que o Rosberg disse, que a reta era tão longa que ele podia ler um jornal. Nesse caso Hamilton poderia ter um manual de instruções. O engraçado é a forma como ele diz, como se estivesse estragando um brinquedo.”

O narrador Pedro Nascimento fica indignado quando o engenheiro pede a Hamilton que se foque no trabalho. “O homem está sem energia elétrica! Seria mais fácil ele parar no box, abrir a viseira e alguém fala com ele”, propõe. “O problema do Hamilton é que ele perde a paciência muito rapidamente. Perde o controle”, avalia Monteiro.

Na Sky Sports, a saída encontrada é tentar investigar na transmissão onboard o que está acontecendo. “Se você está assistindo a corrida pelo onboard, dá para ver que há vários sinais de alerta no volante dele. E ele está perdendo 0s5 por volta em relação a Rosberg. Não parece nada bom”, diz o repórter Ted Kravitz. “Nesse sentido acho que a restrição do rádio é demais. Um detalhe na configuração está atrapalhando a corrida de um piloto”, defende Di Resta. “Entendo e muita gente também concorda com você, mas a regra é essa e isso significa que o piloto tem de estudar. Ou será que o volante ficou complicado demais?”, questiona Croft. “PDR: São muitos os controles e só espero que não seja algo muito óbvio…”, responde o piloto de testes da Williams.

Croft diz ter ouvido dizer que “ele já mudou todos os modos de motor” e começa a falar algumas siglas, mas é interrompido por Kravitz: “Não, esse é o Pharrell after night.”

As conversas via rádio acabaram sendo a grande fonte de diversão da corrida, frustrando a todos. “Falamos que ia chover no Canadá e não choveu. Agora falamos que seria uma corrida cheia de SC, que a curva 8 seria o armageddon, que os carros ficariam todos travados, e não aconteceu nada”, diz Merlos. “Acho isso significa que somos muito ruins!”, brinca De la Rosa, que ainda elogia “os grandes circuitos de Tilke” e é ‘desmascarado’ pelos colegas. “Esse é um ex-presidente da GPDA que deve estar tentando se tornar presidente da FIA”, diz Villadelprat.

500627-nico-rosberg-bakuNa transmissão portuguesa, Monteiro questiona a Pirelli, acreditando que a escolha de pneus contribuiu para a corrida com pouca emoção. “A Pirelli subestimou a durabilidade dos pneus e isso tem acontecido algumas vezes.” Tiago ainda destacou o que acredita ter sido um erro estratégico da Red Bull por ter parado duas vezes. “Tem que haver alguma atenção a estes detalhes. Este tipo de decisão não acontecia quando a Red Bull estava dominando… é claro que é mais fácil quando se tem um carro dominante mas, ainda assim.”

Alheio a tudo isso, Rosberg cruzou a linha de chegada tendo liderado todas as voltas da corrida e descontando exatamente os 15 pontos que perdeu para Hamilton no Canadá. “Não poderia ter sido melhor para Rosberg. Isso foi justamente o que o médico recomendou para ele”, diz Croft. “A batalha continua e Lewis vai ter que melhorar seu nível porque aquele erro da classificação custou muito caro”, avalia Di Resta. “Me perdoe Rosberg, mas o homem do final de semana foi Perez”, lembra o espanhol Merlos, enquanto os portugueses lembram do aniversário de 11 anos do único pódio de seu comentarista na F-1, no inusitado GP dos EUA de 2005. “Ele era o único sorrindo naquele dia”, recorda Nascimento.

O tema de Hamilton, contudo, volta após a declaração de Niki Lauda dando conta de que os dois carros tiveram problemas de configuração semelhantes e o inglês demorou muito mais para saná-los. “Será que Lewis precisa fazer sua lição de casa melhor?”, questiona Croft. “Ele tinha mais coisas para cuidar do que Rosberg, mas é uma pergunta que tem de ser feita.”

Já os portugueses têm outra explicação. “Quando você está liderando a corrida, pode gerir qualquer problema que aparece de uma forma diferente. Hamilton estava no meio do pelotão e entrou em pânico – e ele também gosta de reclamar”, defende Tiago. E Veiga emenda: “Depois do que aconteceu na Espanha, Rosberg decorou o manual de instruções até o índice!”

 

3 Comments

  1. Muito bom. Legal ter tirado a transmissão brasileira, que a maioria de nós acompanhamos.

  2. Sempre me admira esses posts da Ju com relação a transmissão da corrida em outras terras haha, ingleses, portugueses e espanhois eu sempre acho sensacional.E uma coisa me chama sempre muito a atenção, como os comentaristas ,e os ex pilotos e são sempre ligados a muitos detalhes que estão rolando no meio de uma corrida, foi um show de comentarios do Paul Di Resta e tbm do De La Rosa. As vezes sinto que falta isso um pouco aqui nos comentaristas do Brasil, mas enfim . Otimo Post Ju , Parabens

  3. Impressionante como a turma da TV inglesa usa tão melhor o senso de humor, fazendo piada com o Tilke, com as “pretensões políticas” do De La Rosa, inclusive fazendo piadas internas/específicas.

    Tipo o “pharrel after night”. Deve ser por causa da vida noturna agitada e cheia de celebridades do Hamilton, é isso mesmo?

    No mais, foi legal tirar a narração brasileira. Como disse o Alexandre, essa a gente já acompanhou. Se der, sugeriria colocar a narração brasileira só quando tiver alguma coisa mais relevante na narração, ou quando não der pra vc pegar a narração portuguesa, por exemplo.

    Mas a Julianne que me “perdoe”, fato é que esse fds acompanhei mais Le Mans e não me arrependi.

    Abraços a todos!


Add a Comment Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pesquise
Redes Sociais
As últimas
Navegue no Site

Adicione o texto do seu título aqui