F1 Batendo no peito - Julianne Cerasoli Skip to content

Batendo no peito

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Só faltou bater no peito. As lágrimas quase vieram. Mas foi com a mesma dignidade com que aceitou a derrota naquele pódio em Interlagos que Felipe Massa anunciou sua aposentadoria da Fórmula 1 ao final desta temporada.

Nem o anúncio em si, nem a maneira como ele foi feito surpreenderam os dezenas de jornalistas que se apinhavam no motorhome da Williams. Afinal, era sabido que as opções do piloto brasileiro, que repetia não querer fazer número na Fórmula 1, eram nulas. E seu caráter, colocado à prova em várias ocasiões, também não permitia uma saída melancólica, tentando ter uma sobrevida a qualquer custo.

Para se entender o que significou esta quinta-feira para Massa, basta ouvir seus pares. Coragem foi a palavra mais repetida para se referir ao anúncio de um piloto que revelou não ter dormido na última noite. ‘Não sabia se iria dizer as palavras corretas, nem se as pessoas iriam aparecer’, disse.

Pode parecer maluquice, mas tem muita gente na Fórmula 1, não apenas dentro das pistas, que simplesmente não consegue largar o osso. Que, a sua maneira e em sua posição, segue pelas beiradas, talvez nem dentro da ‘zona de pontuação’. Afinal, mas do que uma corrida de carros, há todo um estilo de vida que Massa estará deixando para trás após a bandeirada em Abu Dhabi.

É, também, um sonho que deixou de se completar por um ponto. Ou por uma prova manipulada, como ele acredita em seu íntimo. Mas isso não tira seu mérito. Massa foi não apenas um piloto, mas um homem que amadureceu aos olhos do público.

Começou errático demais, teve uma segunda chance, e aprendeu com talvez o piloto mais trabalhador da história da categoria. Assim, ganhou o equilíbrio que lhe permitiu ganhar 11 corridas em um espaço de três anos, quando a Ferrari não era absoluta, brigando com a Renault e especialmente com a McLaren. Isso, correndo ao lado do próprio Schumacher, de Raikkonen, Alonso e Hamilton. Apesar de nunca ter sido colocado na mesma categoria destes nomes, por motivos que vão além da falta de um título, naqueles três anos, de 2006 a 2008, Massa fez o bastante para estar no meio deles.

Uma série de razões motivos fez com que as vitórias não viessem mais. Poderiam ter vindo, em Hockenheim em 2010 e até mesmo em Silverstone em 2014. Mas fatores, como carros que não eram bons o bastante, má adaptação aos pneus especialmente após 2011, e um companheiro tão forte dentro da pista quanto fora dela fizeram com que aquela cena de Massa batendo no peito no pódio do Brasil o definisse. E, de uma forma mais madura e contida, que vimos aquele mesmo olhar de dever cumprido hoje.

5 Comments

  1. Eu sempre gostei de formula 1, Desde meus 8 anos lembro de corridas de que aprendi a gostar assistindo com meu pai. Após 30 anos assistindo corridas, dou meus pitacos, mas tenho consciência que sei muito pouco dos macetes das pistas. Vou bem analisando os tempos de voltas e vendo quem se adapta melhor as novas regras e fornecedores. Sempre achei o Massa um bom piloto, nunca o achei genial, mas sempre respeitei muito sua postura e admirava como lidava com as derrotas, especialmente em 2008. Posso dizer que as maiores emoções que senti na F1 foi a corrida em que o Senna segurou o Mansell em Mônaco e no GP do Brasil de 2008. Esse GP me fez grudar na TV e mesmo não sendo o resultado que eu queria me senti muito bem por ter tido uma emoção tão grande. Após o acidente e a mudança de regulamento/fornecedor de pneu ele nunca conseguiu se encontrar, e depois da ordem de equipe da Ferrari acho que ele ficou ainda mais “perdido” . Teve bons momentos na Williams e acho que encontrou parte do seu caminho. Como disse nunca o achei genial, mas diria que poderia ter levado um caneco como Button, Raikkonen e Hill levaram.

  2. Ele foi um bom piloto? Foi. Poderia ter sido campeão em 2008? Sim porque a Scuderia era mais carro do que a Mclaren. Más acho que faltou ao Massa o tal da sorte-dos-campeões, que parece que éh uma boa companheira do Hamilton. Agora o Felipe vai ter o merecido descanso principalmente de muitos detratores que queriam nele o papel do inesquecível Senna (impossível!) e que por isto o massacravam nas redes sociais a cada corrida. Agora, eu quero ver se o Brasil terá algum representante em 2017 na mais badalada & iconizada categoria de automobilismo do planeta!

  3. E além do agradecimento pelas alegrias que ele deu para quem curte automobilismo, fica a dúvida do futuro dos pilotos brasileiros na F1. Nars parece que não vai muito a frente. Está aí uma boa pauta, Julianne.

  4. Legal a atitude dele, infelizmente envelhecemos e as coisas e o nosso corpo as vezes não corresponde as nossas vontades, quem imaginaria que o schumi tomaria pau do rosberg, é a idade, não tem jeito, o massa andou muito de 2006 a 2008, mas faltou algo para ele avançar mais, algumas ocasiões foi sorte outras ousadia, coisas que acontecem. É preciso dar espaço para os mais jovens, o button poderia se tocar e cair fora também, estes pilotos são bons, mas eles já não são mais os mesmo, o button teve a sorte de estar no local certo e na hora certa em 2009, por isso foi campeão, além de contar com o eterno azar do rubinho naquele ano, o massa andou muito em 2008, mas faltou sorte… enfim,uma bela carreira, boa aposentadoria e que privilégio heim, se aposentar com trinta e poucos anos

  5. Massa foi o que foi… Grande piloto, um dos melhores do Brasil na F1, mas não a ponto de ser campeão na F1. Isso, porém, não significa fracasso; ao contrário, ganhou muito dinheiro nesse negócio e indeterminadas possibilidades de seguir adiante, pilotando ou não. Simples assim.


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