F1 A F-1 tem medo de chuva? - Julianne Cerasoli Skip to content

A F-1 tem medo de chuva?

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Se você estava em Interlagos no último domingo e marcou presença na prova de 2008, sentiu na pele (ou na capa) a diferença: a chuva daquela épica decisão de campeonato foi consideravelmente mais intensa e só provocou um atraso na largada. Quem esteve em 1993, então, nem se fale. Aquilo foi mais um dilúvio que chuva. E teve corrida.

O caminho fácil é dizer que a Fórmula 1 está chata e cheia de não me toques. Que o mundo está chato e cheio de não me toques. De fato, quanto maior o investimento, maior também o medo de que algo ruim aconteça – especialmente de quem é mais periférico ao esporte – cresce.

Porém, apesar de, enquanto a bandeira esteve verde, termos assistido a um show de perícia especialmente de Verstappen, inventando um novo traçado para Interlagos; de Nasr segurando um carro claramente desequilibrado; e Hamilton fazendo tudo parecer simples, é impossível ignorar que foram 35 voltas com o SC e duas paralisações.

E não foi excesso de cuidado do diretor de prova, que acertou em todas as decisões.

Mesmo com os carros bem mais altos do que o normal, até em comparação com épocas mais antigas. Mesmo com mais downforce sendo gerado, o que deveria ajudar os carros a ficarem mais estáveis. A geração atual de carros não foi feita para andar na chuva. Prova disso foi o testemunho dos pilotos, todos eles, de que as condições estavam realmente difíceis.

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Mas como Senna conseguiu segurar sua McLaren em 1993? Como Massa parecia em um mundo à parte em 2008 e vimos, com muito menos água, Verstappen, Rosberg, Vettel e Alonso quase indo parar no muro; e Raikkonen, Ericsson e Massa destruindo seus carros?

Como sempre na F-1, não é possível apontar um único motivo. O circuito de Interlagos já é difícil na chuva por sua topografia, que faz com que haja acúmulo de água em determinados pontos. E, apesar de não estar chovendo particularmente forte durante a corrida, a água caiu insistentemente desde as primeiras horas da manhã, um desafio para qualquer drenagem.

Junto a isso, especialmente os pneus intermediários não dissipam bem a água e são descritos pelos pilotos como imprevisíveis. Com pequenos trechos com água acumulada e um pneu que não funciona a contento, em pelo menos algum momento todos os pilotos foram pegos de surpresa. Dependendo de onde estavam, de sua reação e de quão equilibrados são seus carros, os resultados foram diferentes. Outro fator é o atual motor, cujo torque é mais ‘violento’ que o aspirado e dificulta o controle da reaceleração na água.

Há quem possa dizer que a segunda interrupção foi desnecessária, uma vez que os próprios pilotos diziam que o pior já havia passado. É aí que entra o fator Jules Bianchi. Whiting via nos monitores que a água cairia com mais força nos minutos seguintes, o que de fato aconteceu, e não podia se dar ao luxo de contar com a sorte mais uma vez, como Kimi Raikkonen contou algum tempo antes.

Então quer dizer que a F-1 nunca mais vai andar na chuva? Sabe-se que o atual pneu de chuva da Pirelli virtualmente não mudou desde sua estreia em 2011, muito em função da falta de testes. E os carros se tornaram mais velozes de lá para cá, o que só aumenta a deficiência do produto atual. Ainda que os italianos tenham feito testes em pista molhada artificialmente, as condições não são as mesmas e é difícil cravar o quão melhor o novo composto será em 2017.

Trata-se, na verdade, de um problema bem difícil de resolver quando a quantidade de dados com pista molhada não é tão grande, lembrando que, quando a Bridgestone fez aquele pneu usado por Massa em 2008, os testes fora dos finais de semana eram ilimitados. Agora, como o regulamento restringe a quantidade de jogos de pneus a 4 intermediários e 3 de chuva intensa por piloto por GP, quando as equipes trabalham com previsão de chuva para a corrida, economizam nos treinos. E quando chove nos treinos livres e a expectativa é de pista seca no sábado e no domingo, também não compensa andar e arriscar uma batida.

É por essa combinação de fatores que apenas esperar pneus melhores da Pirelli não vai resolver o problema, causado pelo conjunto de regras técnicas e esportivas da Fórmula 1.

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6 Comments

  1. Infinitivo Pessoal
    eu ter
    tu teres
    ele ter
    nós termos
    vós terdes
    eles terem

  2. Gente… F-1 he business. Business, money. Follow the money, always follow the money. Alguem deveria saber quem falou isso (ou ficou famoso por isso). Vamos la no google.

    Os carros e pecas sao carissimos. He tudo questao de LIABILITY. Insurance, premium, deductible. Costs. Overhead.

    Depois vem as ponderacoes sobre pneus, quem sabe ou nao pilotar na chuva, mapa astral dos pilotos….

  3. Tinha que acabar as limitações de motor, pneus, fluxometro, cambio. Pode até limitar o combustível, enche o tanque e se vira para terminar. Testa um dia após cada gp, desde que não tenha outra no próximo fim de semana. Divide melhor o bolo, para as pequenas participarem. Aí tudo se decide dentro da pista.

    • O problema é que nem todas as equipes tem como testar a cada GP, a Sauber por exemplo, ficou de fora dos testes de meio de ano por não ter grana nem pra peças e nem pros testes.
      A Pirelli fica num mato sem cachorro, aceitou o desafio que a Bridgestone não topou:
      Criar pneus sem testar decentemente e arriscar arranhar o nome da empresa com um produto ruim.
      Mas uma coisa é indiscutível:
      Falta no mínimo vontade dos grandões da FIA e do titio Bernie de resolver isso. Vamos ver se os americanos resolvem, pq tudo que eles metem a mão fica show! Só olha para a NBA e o SupeBowl.
      Abraços pros meninos e bjs pras meninas!


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