F1 O novo Bernie - Julianne Cerasoli Skip to content

O novo Bernie

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Não é de hoje que a maneira como Toto Wolff foi expandindo sua influência no mundo da Fórmula 1 impressiona. Aquele ex-piloto e empresário visto como um aventureiro na época em que era apenas acionista da Williams foi ganhando fôlego rapidamente e hoje toma ares de novo Bernie Ecclestone. Pelo menos enquanto os novos chefes do Liberty Media não tomam o controle, de fato, da categoria.

As semelhanças com Bernie são claras: quando o inglês, então chefe da Brabham, convenceu a todos de que alguém deveria tomar a dianteira dos interesses das equipes frente à Federação – e que esse alguém era ele – existia um elo fraco na representação dos times, como de costume mergulhados em seus próprios interesses. E, após a tentativa frustrada de atuar como um grupo com a morte definitiva da FOTA em 2014, as equipes voltaram a estar à mercê de Ecclestone. Porém, ao mesmo tempo, o regulamento técnico mudou e os motores se tornaram proeminentes para o sucesso esportivo. Tendo sob sua asa o melhor motor da categoria, desejo de consumo de todos, Wolff viu, então, a chance perfeita para se sobressair.

Não é por acaso, portanto, que Ecclestone sempre que pode critica as regras atuais. Se ele realmente quisesse o bem do esporte, viabilizaria a modernização de sua comunicação, por exemplo. Mas o que o preocupa é o excesso de poder das montadoras, o que enfraquece sua posição.

Nas entrevistas coletivas, é impressionante como Wolff tem conhecimento e controle de tudo o que acontece na F-1. E como mostra com sua postura de ponderação, nesse aspecto bem diferente de Ecclestone. Mesmo quando Ross Brawn escreveu em sua autobiografia que saiu desconfiado da Mercedes, Wolff já garantiu que tinha falado com o engenheiro e que o considerava um ótimo nome para chefiar a F-1. É como se ele estivesse sempre um passo à frente.

No mercado de pilotos, sua influência se tornou fundamental, lembrando que ele não é apenas o chefe da Mercedes em si, mas também da operação dos alemães na F-1. Seu interesse, portanto, é que a presença da marca seja a melhor possível – e isso inclui garantir que o time de fábrica tenha as melhores condições.

E os melhores pilotos: no momento, Wolff controla cerca de metade do grid, usando sua influência tanto para garantir que os clientes tenham quem lhe interessa, quando convencendo rivais, como a Renault e a própria Haas, a fazerem o que ele quer. Com a Ferrari enfraquecida em termos de liderança e apenas Christian Horner aparecendo como um possível foco de resistência – ainda que o britânico já tenha demonstrado estar apto a jogar qualquer tipo de jogo para garantir seus interesses – é mais negócio para qualquer um ficar do lado de quem está ganhando.

10 Comments

  1. Lendo seu post e a confirmação de Ericsson na Sauber. Parece que Nars rodou mesmo, não? Coincidência o anúncio surgir após o BB desisitir de investir em Nars?

    • Na verdade é um sinal interessante que a equipe só tenha confirmado um piloto, pois o staff de Nasr foi avisado que ele estava fora em Interlagos, mas estava confiante de que os pontos que ele conquistou pudessem mudar a situação. Ou seja, o fato de ainda existir essa incerteza é um indicativo melhor do que a situação de uma semana atrás.

      Sobre o BB, a informação que eu tenho é de que o investimento não será cortado, mas diminuído significativamente, em um terço, o que sozinho não seria suficiente para qualquer vaga do meio para o fim do pelotão. E não é de hoje que a família/empresário sabem disso e vinham buscando mais apoio.

      • Os pontos só deram uma sobrevida. Mas o Xevi Pujolar em entrevista a respeito que os pontos dele não davam garantias sobre a Sauber em 2017. Xevi justifica que eles já estão com o aporte financeiro necessário para substanciar a vida da equipe na temporada. Isso deixou bem claro nas entrelinhas que o Nasr não seria uma preferência (coisa que alguns não entenderam isso) e quem chegar com o patrocinador disposto a pagar o valor que eles querem fica com o assento.

        • Como eu disse anteriormente, durante o final de semana do GP do Brasil a Sauber falou ao staff de Nasr que ele estava fora. Mas eles esperavam que, após domingo, a situação dele pudesse mudar.
          E sobre ‘já estão com aporte financeiro necessário’, esqueça. Isso não existe na F1.

  2. Ju,

    Falando ainda sobre a parte geopolítica da F1, a semana mal começou e o hard news da F1 tá bombando com o anúncio de que os malaios não pretendem renovar o contrato do GP para depois de 2018 e com o Bernie dizendo que Cingapura também está desinteressada.

    Somados aos três asteríscos no calendário do ano que vem, são cinco corridas com algum tipo de questionamento.

    O modelo está, enfim se tornando insustentável? O quanto tem de verdade e o quanto existe de pressão por algum outro objetivo nessas falas?

    Abraço!

    • Tava lendo uma matéria do Bernie sobre isso e nas palavras dele:
      “Alguns nos procuram retiram o que precisam da F1 e depois vão embora.
      Cingapura já não é mais apenas um aeroporto para fazer conexões, passaram a ter atrativos turístico, normal irem embora agora que eles tem o queriam.”
      Isso segundo o titio Bernie, mas não duvido que seja verdade, ele é mais sóbrio do que parece (apesar de polêmico).
      Abraços pros meninos e bjs pras meninas!

  3. Grande parte desta perda de influência da Ferrari resulta de sua miopia na política de motores, sempre fornecendo versões defasadas, jogando seus clientes para o fundo do grid. Parece que não trabalha a marca de forma multifocal na categoria, e deixa uma impressão de que são tão incompetentes, que parecem ter medo de uma cliente andar na frente. Ridículos parceiros.

  4. Leandro,
    Não qual é o “esquema” da Mercedes, ou se é apenas impressão minha, mas os motores deles que são fornecidos aos clientes não parecem ser os mesmos da equipe principal.
    Parece que falta um algo a mais pro cliente chegar lá e bater a equipe de fábrica.
    Com o caos político na Ferrari, só sobra mesmo o Horner/RedBull pra fazer oposição à dupla Wolff/Mercedes.
    Abraços pros meninos e bjs pras meninas!

    • Leandro,
      Não sei qual é o “esquema” da Mercedes, ou se é apenas impressão minha, mas os motores deles que são fornecidos aos clientes não parecem ser os mesmos da equipe principal.
      Parece que falta um algo a mais pro cliente chegar lá e bater a equipe de fábrica.
      Com o caos político na Ferrari, só sobra mesmo o Horner/RedBull pra fazer oposição à dupla Wolff/Mercedes.
      Abraços pros meninos e bjs pras meninas!

  5. Ainda acho que Williams, Force India, Manor, Sauber, Red Bull, Toro Rosso e Haas poderiam desenvolver um motor-base. Além de sair mais barato, as equipes poderiam capitalizar mais vendendo o nome do motor para algum patrocinador, a exemplo da Tag-Heuer com a Red Bull.

    Ferrari, Renault e Mercedes sentiriam o golpe e o jogo tecnológico ficara mais equilibrado.


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