F1 Por dentro da F-1: com que composto de pneu eu vou? - Julianne Cerasoli Skip to content

Por dentro da F-1: com que composto de pneu eu vou?

Sim, virou textão. Mas vai mudar sua perspectiva sobre as estratégias

A temporada está prestes a começar e a ansiedade é grande para ver os primeiros carros na pista nos treinos livres. Até que eles saem dos boxes, passar a dar voltas com tempos altos e você não sabe muito bem o que pensar. Como eu entendo quem está bem e quem não está? Dá para comparar companheiros? Tem alguém escondendo o jogo?

Um dos conhecimentos muito úteis para compreender tudo isso é o funcionamento da alocação de pneus durante o final de semana e sua interferência no final de semana – principalmente nos treinos livres.

Para 2017, as regras serão mantidas: a Pirelli tem até 9 semanas antes dos GPs europeus e 15 antes dos fora do Velho Continente para informar as equipes sobre os compostos que disponibilizará. Os times, por sua vez, devem informar à FIA quais suas escolhas até 8 semanas antes das provas europeias e 14 das demais.

Como os pneus serão bastante diferentes neste ano, ficou decidido que, excepcionalmente, a Pirelli definiria a alocação para as cinco primeiras etapas (dois jogos do composto mais duro disponível, quatro do médio e sete do macio), tirando uma variável que foi importante para dar emoção no início de 2016.

Assim, todos os pilotos começam o ano com:

  • Austrália: 7 ultramacios; 4 supermacios; 2 macios
  • China: 7 supermacios; 4 macios; 2 médios
  • Bahrein: 7 supermacios; 4 macios; 2 médios
  • Rússia: 7 ultramacios; 4 supermacios; 2 macios

A partir de Mônaco, contudo, as equipes terão três compostos de pneus de pista seca à disposição e poderá escolher como será a divisão entre os 13 jogos usados por cada carro. Além disso, cada piloto tem à disposição quatro jogos de intermediários e três de pneus de chuva.

A escolha dos compostos, contudo, não é totalmente livre, e é aí que entra sua importância para a estratégia do final de semana.

  • A Pirelli escolhe dois jogos de uso obrigatório em cada corrida, que podem ou não ser de compostos diferentes, e outro jogo que só pode ser utilizado no Q3 (e que é sempre do composto mais macio). O restante é totalmente livre.

O fato das equipes terem de devolver determinados compostos após cada sessão acaba ditando quais serão utilizados em cada uma delas. Estas são as devoluções, controlada por um sistema de código de barras em cada um dos pneus:

  • Um jogo após os primeiros 40min do FP1
  • Um jogo ao final do FP1
  • Dois jogos ao final do FP2 (a não ser que ambas as sessões sejam declaradas em pista molhada)
  • Dois jogos ao final do FP3

Na classificação, as regras dizem que o jogo com o qual os 10 primeiros fizeram suas melhores marcas no Q2 obrigatoriamente serão aqueles com os quais eles largarão. E que obrigatoriamente todos devem usar pelo menos um jogo do composto mais macio no Q3. Isso existe para obrigar todos a irem à pista. Após a classificação, esse jogo é devolvido.

Na corrida, todos os carros devem usar pelo menos dois compostos diferentes e um dos compostos que a Pirelli estabeleceu como obrigatórios em corridas no seco. Com isso, mesmo com os pneus mais duráveis neste ano, é mantida a obrigação de pelo menos um pit stop e nada impede que três compostos diferentes sejam utilizados.

Caso um piloto use um jogo de pneus fora das regras, ele não pode completar mais de três voltas antes de trocá-los. Caso isso ocorra, será punido.

Como tudo isso influencia o final de semana?

A adoção da escolha livre (ou praticamente livre, como vimos acima) dos compostos a partir do ano passado, a preparação dos pilotos ao longo do final de semana ganhou muitas variáveis. Antes, todos usavam apenas os pneus duros no FP1, depois usavam um jogo de cada no FP2 e repetiam o procedimento no FP3. Assim, para a classificação, tinham três jogos de duros e três de macios.

Agora, a estratégia começa muito antes, já na escolha do número de jogos de cada composto. Para tanto, é avaliado o histórico da adaptação do carro a cada pista e as equipes também levam em conta seus objetivos x características de seu equipamento e piloto.

Por exemplo: um conjunto que conserva bem os pneus (Sergio Perez + Force India) e que calcula ficar entre a 6ª e 12ª posições no grid, em uma prova na qual a alocação é de supermacio, macio e médio, o que é o mais comum. O normal é que sua alocação tenha menos compostos supermacios em relação aos rivais (o suficiente para fazer simulações de classificação no FP2 e FP3, além do Q1 e Q2) e mais macios/médios. É o caso quando vemos que o piloto escolheu 5  supermacios nesse exemplo.

Na outra escala, um conjunto que aposta em lutar pelas primeiras posições no grid e andar com a cara para o vento, podendo optar por uma estratégia de mais paradas, e tem pilotos agressivos com os pneus, como é o caso da Red Bull, normalmente vai optar por uma alocação com mais macios e supermacios. Se o piloto tem mais de 5 supermacios, é porque a expectativa inicial é de guardar pelo menos um jogo para a corrida. Nesse caso, o mais comum é ficar com apenas um médio seguindo o exemplo, pois ele entra na cota obrigatória da Pirelli.

As escolhas mais moderadas, contudo, são as preferidas. Mas sempre com a predominância dos supermacios –  ainda seguindo o exemplo – justamente porque eles serão utilizados para as simulações de classificação e nas três fases de definição do grid pela maioria dos pilotos.

Assim, mesmo com o aumento das variáveis das regras de 2016, costumamos ver a repetição de alguns cenários:

  • FP1: quando a equipe está fazendo comparações de novidades no carro, é importante manter pelo menos o mesmo composto. E devemos ver muito isso em 2017 devido ao ritmo acelerado de desenvolvimento dos novos carros, E quando o foco é mais na preparação da corrida, vemos os dois compostos mais duros. Por geralmente a temperatura estar mais amena pela manhã, quase nunca vemos os mais macios em ação. Também por isso, não é um treino representativo em termos de tempos.
  • FP2: treino mais representativo do final de semana por ser realizado na hora da prova e da classificação. Não coincidentemente, no final da primeira hora, momento em que seria disputado o Q3, as simulações de corrida param e se faz uma volta lançada com os compostos mais macios. Depois, normalmente os pilotos se dividem dentro da mesma equipe para fazer simulações com tanque bastante cheio e podemos ver quem tem a esperança de entrar no Q3 (e que espera, assim, largar com os compostos mais macios) e quem não.
  • FP3: treino em que é feita a comprovação de mudanças de sexta para sábado e as últimas simulações de corrida e classificação, ainda que o horário (das 11h ao meio-dia) faça com que ele não seja tão representativo.
  • Antes da classificação e também antes da corrida, a Pirelli divulga quais os pneus usados por cada piloto, o que dá uma ideia de como será a estratégia, ainda que não dê para saber qual o nível de desgaste da borracha já utilizada.

Ficou alguma dúvida ou há algo da técnica ou das regras que gera alguma curiosidade? Ao longo do ano, sempre na semana anterior aos GPs, vou trazer um tema diferente.

6 Comments

  1. Ju, os supermacios e ultramacios parecem não ter muita diferença em termos de velocidade este ano, vide as voltas de kimi e Vettel. Em durabilidade a diferença também será pequena?

    • Em Barcelona no inverno realmente não é esperado que o ultramacio funcione muito bem. Vamos aguardar.

  2. Os pneus utilizados nos treinos livres podem ser usados na corrida?


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