F1 Por dentro da F-1: Como homens e máquinas se prepararam para o “inferno” - Julianne Cerasoli Skip to content

Por dentro da F-1: Como homens e máquinas se prepararam para o “inferno”

A sequência Cingapura-Malásia é marcada por grandes adaptações nos carros por conta do calor e umidade desta região da Ásia, mas as maiores mudanças são vistas mesmo em Sepang, pelo fato da corrida ser disputada de dia. Em suma, tudo é “aberto” para ganhar o máximo de refrigeração possível.

Os carros de rua precisam de condições realmente extremas, tanto de frio, quanto de calor, para ‘pifar’. Mas os sistemas de um F-1 são projetados para ter um funcionamento otimizado, ou seja, uma janela muito pequena para a obtenção do máximo desempenho e, nesse sentido, o excesso de calor e umidade têm um efeito muito negativo.

Porém, aumentar dutos e entradas de ar também traz suas consequências em termos de desempenho, uma vez que diminui a carga aerodinâmica gerada pelos carros. Por isso, nestas corridas no calor, os engenheiros tentam equilibrar o efeito negativo no rendimento X melhora da confiabilidade.

As unidades de potência são as que mais sofrem com o calor e fornecedores que tenham sistemas mais eficientes de arrefecimento saem ganhando. Isso é ainda mais desafiador com os motores turbo, pois o turbocompressor não pode estar muito quente para funcionar a contento, além dos níveis de temperatura de óleo e água precisarem estar sob controle. Quem não tem um sistema tão bom, acaba tendo de usar modos de motor mais conservadores, além de aumentar as entradas de ar, o que geralmente ocorre por meio de buracos feitos na carenagem, perto do cockpit.

No caso de Cingapura, os freios acabam precisando de dutos mais generosos porque eles são muito acionados e os muros estão próximos, dificultando a circulação de ar, mas em Sepang isso não é um grande problema, devido às longas retas.

 

E os seres humanos?

Existe uma preocupação muito grande das equipes em relação a seus mecânicos, que trabalham por horas com macacões e botas em boxes que geralmente não são equipados com ar condicionado ou que, mesmo que sejam, são ambientes com a temperatura elevada devido aos vários equipamentos e ao fato de serem abertos. Um mecânico exausto ou mesmo um engenheiro estafado não trabalha da mesma maneira, portanto hoje os times contam com profissionais responsáveis não apenas por sua preparação física, como também para se certificarem de que a alimentação e hidratação são adequadas. Nesse sentido, outra ajuda é a existência do regime de parque fechado e do toque de recolher, que dá um ‘refresco’ para os profissionais no sábado à noite.

Os pilotos também se adaptam, ainda que, ao contrário dos carros, não há nada que possam fazer nos macacões em si para melhorar a ventilação, uma vez que eles são homologados. No máximo, usam capacetes com ventilação melhor.

Na preparação física, perto deste tipo de prova, é normal que eles façam treinamentos sob calor intenso, tentando reproduzir o que terão no carro, o que pode ser feito de maneira artificial, mas geralmente eles optam por correr ou fazer outro tipo de atividade no local do evento e no horário da corrida. E, posso dizer por experiência própria, que a sensação de correr na Malásia ou em Cingapura é como se estivesse tentando respirar em uma piscina…

Além de preparar o físico, os pilotos tentam ao máximo diminuir sua temperatura corporal, que tem de conviver com perto de 60ºC no cockpit neste tipo de prova. Para isso, muitos usam coletes forrados com gelo, toalhas molhadas em volta do pescoço e até colocam os pés em uma bacia com gelo antes de calçar as botas. É claro que esses apetrechos não vão para o carro, mas só de começar a prova com a temperatura corporal mais baixa já ajuda a estressar menos o organismo. Até porque sabemos que um organismo estressado não raciocina direito. O líquido ingerido durante a corrida também é ainda mais reforçado para contrabalancear a perda de minerais pelo suor. Mesmo assim, a perda na balança pode ultrapassar os 3kg em alguns casos.

Assim, homem e máquina conseguem suportar condições extremas de uma maneira que passa praticamente despercebido para quem acompanha pela TV.

4 Comments

  1. Quantos litros de líquido os pilotos carregam dentro do carro durante uma corrida? A quantidade é padronizada?

  2. Se os lastros para equilibrar o peso do carro forem de metal, os colocaria no congelador antes da corrida, assim iria resfriar o carro durante a corrida! (Mentira, eles ficariam frágeis e quebrariam com o calor, isso sem contar que iriam dilatar.)
    Pros pilotos utilizaria um composto de íons para repor a perda de água durante a corrida, seria o ideal e antes de começar os faria beber uns 3 litros de água já prevendo a perda de líquidos. Como um biólogo consegue uma vaguinha na F1 Julianne? Tô querendo!
    Hahahaha
    Sempre muito legal ler as curiosidades que você traz sobre as corridas!
    Abraços pros meninos e beijos pras meninas!

  3. Qual(is) fornecedor(es) levam vantagem nessa situação, isto é, qual possui o melhor pacote de refrigeramento da unidade de potência?
    Grande abraço, Ju!

  4. Numa das provas mais desgastantes o Vettel não só mostrou mais disposição enquanto Botras e Ricciardo sentavam enquanto esperavam sua vez de ser entrevistado como subiu a escada correndo.


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