F1 Drops do GP de Abu Dhabi e mais sobre Kubica - Julianne Cerasoli Skip to content

Drops do GP de Abu Dhabi e mais sobre Kubica

No cercadinho dos barrados

Com o campeonato decidido, o nome mais repetido no final de semana do GP de Abu Dhabi foi o de Robert Kubica. Ele mesmo só apareceu no domingo à noite, evitou toda a badalação, mas parece que todos no paddock queriam dar sua opinião sobre seu possível retorno.

 

Os pilotos, até pelo respeito enorme que têm pelo polonês, evitaram levantar qualquer tipo de dúvida a respeito de sua condição, mas em off a situação não é bem assim. Há muitas dúvidas a respeito da capacidade de Kubica lidar por exemplo com correções muito bruscas de volante. E a certeza de que ele nem precisaria ser culpado de um acidente para o mundo cair em cima dele.

 

No final das contas, ainda que todos achem que seria uma história e tanto para a F-1, a grande maioria acredita que, aconteça o que acontecer, o próprio Kubica só estaria fazendo um mal para sua própria história. Até pela situação confusa que a Williams vive internamente.

 

A influência dos Stroll é clara. Além do dinheiro, claro. Kubica traz, sim, patrocinadores e Pascal Wehrlein, escanteado pela Mercedes, também já arrumou seus milhões de dólares caso sobre uma chance. Só é de se estranhar que Kubica seja o grande favorito para a vaga mesmo não sendo o “team player” que Lance vem pedindo.

 

O que está claro, por sua vez, é que não há contrato fechado. A suposta confirmação da contratação, publicada por algumas mídias ao redor do mundo, foi um boato espalhado aparentemente pelo advogado de Kubica. Teve, inclusive, colega no paddock que disse ter recebido ligações de três pessoas diferentes, todas ligadas ao profissional, dizendo que o negócio estava feito. E não estava.

 

Enquanto escrevo estas linhas, não posso de deixar de registrar uma cena engraçada que está acontecendo neste momento e que mostra um pouco do clima que existe por aqui e vai além da competição que aparece nas telas: alguém imprimiu umas 50 folhas com a foto de um relógio e os dizeres: “apresente esse voucher para Giorgio Piola e vai receber um relógio chique dele.” Piola é jornalista das antigas, conhecido pelos desenhos técnicos – e pela pouca simpatia. Já ouvi ele mesmo se definindo como “stronzo” (idiota). Enfim, lá foi Piola de mesa em mesa recolhendo uma a uma as folhas, bem nervoso.

 

Outro ponto curioso do GP de Abu Dhabi foi a final do primeiro campeonato virtual da F-1, vencido pelo britânico Brendon Leigh. As três corridas, que foram disputadas pelos gamers no paddock em Yas Marina e contaram até com apresentação oficial, entrevistas e mesa-redonda, foi transmitida na sala de imprensa. E chamou a atenção que o jornalista mais antigo ainda em atividade, Roger Benoir, ficou em pé acompanhando, atento, uma das provas. Que acabaram sendo bem legais.

 

Foi uma oportunidade, ainda, de Fernando Alonso vibrar um pouco, com a vitória de um “piloto” de sua equipe virtual na corrida de Spa. Só faltou aos pilotos virtuais o jeitão mesmo de piloto: depois de vencer o título, Leigh, com todo o jeitão de nerd viciado em games, deu entrevista dizendo que nem sabia o que faria agora. “Não quero beber, acho que vou dormir.”

 

Quem ouviu a transmissão pela Band sabe que a FOM resolveu implantar um novo sistema de entrevistas bem na última corrida da temporada, depois de uma briga de meses com a FIA, que tentava proteger a coletiva de imprensa escrita. A ideia era que as TVs que estivessem ao vivo fizessem as entrevistas antes da coletiva, e o restante mantinha o esquema de fazer depois. Porém, mesmo estando ao vivo, eu não tive minha entrada permitida no que foi batizado “cercadinho ao vivo” por ser rádio, e a própria Globo foi barrada porque não usa câmera ao vivo.

 

Eu e a Mariana Becker tentamos, em vão, pelo menos falar com Felipe Massa ao vivo em sua última corrida. Mas esse não seria o único problema: como a grande maioria das TVs foi para o cercadinho ao vivo e havia eu e mais um repórter de rádio, o cercadinho ao qual os pilotos deveriam ir depois da coletiva de imprensa escrita ficou esvaziado. E os três primeiros simplesmente nos ignoraram e passaram reto.

 

Por um lado foi até bom que isso tenha acontecido para mostrar que o sistema é impraticável. Mas não ajudou em nada sentar na frente do computador às 20h tendo muito material para produzir e sem a mínima noção do que os primeiros colocados falaram sobre a prova.

12 Comments

  1. Vc sabe quem está por trás do Werhlein agora que ele foi “dispensado” da Mercedes, Julianne?

  2. Retornos nunca dão certo e o ultimo exemplo foi Schumacher andando muito menos e levando pau do Rosberg, vale citar que Wehrlein fez boa corrida lutando com carros melhores e dando pau nas Toro, sobre as entrevistas, não perdeu nada, é mais interessante de quem estava la atras para a gente saber o que aconteceu com sua prova, la na frente a gente já sabe.

    • Bem, o Nik Lauda voltou, e ganhou o título em 1984. O Prost voltou em 1993, e ficou com o título, também.
      O próprio Mansell voltou no fim da temporada de 1994 e descolou uma vitória (bem, em 1995, ele foi horrível na Mclaren). Não acho que o alemão fez má figura quando voltou em 2010. O esquema dele para ser bom era testar, testar e testar. Quando ele voltou, os testes estavam proibidos. Em 2012, Schumacher já estava bem melhor, mas não renovou o contrato, dando oportunidade para o Hamilton.

  3. Você faz um belo trabalho jornalístico in loco. Que pena que ele foi atrapalhado pelos novos procedimentos para a imprensa não-televisiva. E bizarro, também. O fã meio hardcore de F1 e automobilismo vai ler muita coisa antes e depois das corridas, portanto não faz sentido fazer o que fizeram.

    Embora eu não ouça rádio (o aparelho de som que eu tenho em casa só toca LP), acho que para disputas esportivas, ele ainda continua relevante (embora não faça idéia do que seja escutar um jogo de futebol, uma luta ou uma corrida por rádio) pelos comentários que eu ouço.

    A solução de deixar todo o tipo de imprensa fazer as entrevistas, sem qualquer distinção, embora óbvia, pode ser complicada se houver muitos jornalistas no cercadinho. Como você fazia no modelo que funcionava? E porque o modelo anterior funcionava, ou era melhor que esse?

    Um grande abraço do fundo do meu coração vermelho de outubro de 1917,
    Atenágoras Souza Silva.

    • Antes os 3 primeiros iam para a coletiva de imprensa escrita e depois atendiam TVs/rádios. O restante, do 4º em diante, fazia o contrário.

      O melhor seria que todos passassem antes pelas TVs, é o mais urgente, são quem pagam direitos de transmissão e os sites de qualquer maneira copiam o conteúdo do que é transmitido ao vivo. Mas questões políticas impedem que seja assim.

      • Olá Juliannne, tudo bem?
        Obrigado pela explicação.
        Se algum dia puder explicar melhor essas questões políticas…
        O que penso é que esta questão da imprensa pode ter sido o primeiro tiro no pé do grupo Liberty. Se eles caminharem para transmissões online, as pessoas vão ler e ver muito mais conteúdo na Internet do que nas TVs. Mesmo para o fã hardcore da Europa, que tem uma excelente transmissão com a Sky Sports, não vai ficar assistindo TV o tempo inteiro (e nem o canal pago britânico falará somente de F1 ao longo das semanas), mas lendo notícias na Internet, comprando revistas especializadas etc.

        Quanto ao Rodrigo Rocha, sou eu sim.
        Já te adicionei no Hangouts do Google (não tenho smartphone, Facebook ou WhatsApp), podemos conversar lá. Eu não tenho mais amigos que comentam sobre F1, e você seria o meu único. Bom te reencontrar!

        Um grande abraço do fundo do meu coração vermelho de outubro de 1917,
        Atenágoras Souza Silva.

  4. Em condicoes de pilotagem realmente dificeis (chuva, disputas onde o carro balanca, escorrega, sair de lado, e problemas de ultima hora que exigem dois brazos funcionando ao mesmo tempo) qualquer um duvida que Robert consiga se safar dos problemas ou algo mais inesperado.

    A outra coisa a ser considerada he por parte de Robert. Se ele estiver realmente no auge da forma, sera que vai ser uma boa voltar numa equipe tentando a ser mais que figurante? Seria uma perda de tempo inestimavel para ele ficar la no fundao.

    Tudo estranho nessa conversa e de ”confirmado” a ”anuncio na segunda pos-gp” agora a coisa virou ”hopefully before xmas”.

    Insurance indemnity para ca, liability para la…acho que o gato subiu e Williams vai ter que se virar com Pascal (warum nicht?) em 2018 (com bencao da martini). Ou algum russo disponivel. God save the queen.

    • Lembre-se que esse “confirmado” e “anúncio na segunda” não passou em especulação de parte da imprensa.

  5. Oi Atenágoras,
    É importante se lembra que a liberty media é especialista em mídias digitais, então é natural que eles tomem o caminho desse tipo de mídia. O trabalho da Julianne, Mariana Becker e outros profissionais provavelmente se tornará diferente nos próximos anos, o que me preocupa como fã, já que nas mídias digitais qualquer idiota pode abrir um canal no YouTube e falar asneiras sobre o esporte.
    Aproveitando o gancho da última linha, seria uma boa você se adiantar e abrir um canal sobre F1 no YouTube Julianne, seria demais!
    E comentando em tempo, nessa foto do post tem duas grandes profissionais e um tal de Felipe Massa ali.
    Rs
    Colocando as brincadeiras e as previsões de lado, quais são as expectativas para a Williams ano que vem Julianne? O que se fala no Paddock sobre a questão Stroll e a possibilidade de crescimento da equipe? O que se comenta da McLaren também?
    Como um saudoso dos anos 80/90 adoraria ver McLaren e Williams brigando novamente pelo campeonato.
    Grande abraço a todos!


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