F1 Estratégia do GP da China e a bobeada da Ferrari - Julianne Cerasoli Skip to content

Estratégia do GP da China e a bobeada da Ferrari

O GP da China mostrou que o equilíbrio deste início de temporada na Fórmula 1 é tão grande que um Safety Car pode virar completamente a mesa. Antes dele, na volta 31, a prova tinha um desenho: Bottas e Vettel fariam uma corrida tática até as voltas finais e, se conseguisse manter seus pneus em bom estado, o que não parecia um desafio tão grande assim com os macios, o finlandês levaria. Mais atrás, Hamilton parecia seguro em relação ao ataque das Red Bull e de Raikkonen.

Foi então que chegou o momento crucial da corrida – e talvez uma lição sobre esses pneus para os estrategistas.

Fazia calor em Xangai, a temperatura da pista estava bem acima dos 30 graus, e nestas circunstâncias o esperado seria o médio andar bem e o macio acabar caindo após poucas voltas, perdendo a vantagem de performance. “Não acreditamos, baseados nas evidências que tínhamos, que haveria uma diferença de performance suficiente para que um pneu macio ultapassasse um médio com 10 voltas a mais”, explicou o chefe de estratégia da Mercedes, James Vowles.

Nesse cenário, é normal proteger a posição de pista, e foi por isso que Ferrari e Mercedes decidiram manter seus pilotos na pista. Quanto mais duro o pneu, mais alta a janela de temperatura em que ele funciona melhor e a avaliação era de que, naquelas condições, o macio acabaria trabalhando acima dessa janela e perdendo rendimento ao longo das voltas.

Obviamente, não foi isso que aconteceu: as duas Red Bull – uma precisa, outra errática – vieram babando para cima de Hamilton, Vettel e Bottas e o resto é história do que deveria ter sido uma dobradinha do time anglo-austríaco. E eles devem ter ficado orgulhosos da decisão arriscada de fazer um pit stop duplo justamente para não prejudicar a corrida de nenhum de seus pilotos. Se tivessem escolhido aquele que vinha à frente, potencialmente teriam saído da China de mãos vazias.

A bobeada da Ferrari

expliquei aqui por que a Mercedes escolheu largar com os macios e como a Ferrari entendeu qual era a tática cedo o suficiente para reagir. Mas a boa leitura ferrarista parou por aí, dando uma bobeada que no final acabou deixando Vettel em posição vulnerável.

Na volta 18, Hamilton fez sua parada e deu a dica de que Bottas, que vinha em segundo a 3s5 de Vettel e já tinha recebido a instrução de acelerar, pararia logo em seguida. A Ferrari, contudo, não reagiu imediatamente chamando Vettel aos boxes, subestimando o poder do undercut.

Não há nenhuma explicação lógica para isso. Desde o início da prova, Gasly e logo depois Alonso vinham andando muito bem com os médios e estava claro que eles fariam a diferença na hora da parada. Com pneus novos e fazendo uma outlap perfeita, Bottas assumiu a ponta.

O time italiano, que vem lendo bem as estratégias nos últimos anos, desta vez foi conservador demais e ainda jogou fora a estratégia de Raikkonen para tentar consertar o erro. A corrida do finlandês já tinha sido comprometida pelo próprio Vettel na largada, quando ele o obrigou a tirar o pé, efetivamente colocando Bottas entre os dois. E depois Kimi ficou na pista para atrapalhar o compatriota, que não tomou conhecimento em uma bela manobra por fora.

Em uma corrida de reviravoltas, Verstappen acabou devolvendo Raikkonen a sua posição inicial. A diferença, para a Ferrari, é que seu piloto número um não estava lá para desfrutar do champanhe ao lado do companheiro.

15 Comments

  1. Ju, bom dia.

    Para mim, pelo que eu venho assistindo nas últimas 2 corridas, eu entendi que a ferrari quis proteger o Vettel. Acredito que a Ferrari ficou com medo do rendimento de Hamilton e que ele atacasse vettel do meio para o fim da prova, então decidiu deixar Kimi mais tempo na pista para que ele voltasse com pneus mais novos e atacasse ambos os carros da mercedes. Quando Bottas voltou a frente de Vettel, a estratégia caberia a Hamilton.

    A mercedes é o carro que mais sofre para seguir o outro de perto,e isso ficou nítido na corrida na china. O problema tende mais a ser aerodinâmico ou problema dos pneus ?

      • Lembro que a Red Bull nos seus anos de ouro tinha o mesmo problema, tinha um desempenho quando o Vettel podia fazer o que mais gosta que é liderar desde a largada e tinha outro quando largava atrás e raramente conseguia fazer provas de recuperação.

  2. Ju, a Ferrari poderia ter consertado a estratégia do Kimi, copiando a parada da RBR no safety car?

    • Eles poderiam ter arriscado sim. Mas Kimi teria q fazer funcionar passando todo mundo. Lembrando q eles não avaliaram na hora que macio teria tanta diferença em relação a médio

      • Será que a possibilidade do nórdico acabar passando Vettel na pista também pesou?

  3. Ju, por acaso alguém sabe o que tem causado as discrepâncias de performance da williams se comparada com o carro de 2017 ?

    O que deu tão errado no carro pra que ele seja tão ruim, ou, até que ponto é inexperiência dos pilotos e até que ponto realmente o carro não rende ?

    • Stroll fez uma boa prova mas a William não tem ritmo para segurar posições depois da super largada

  4. Outra coisa que chamou a atenção foi a pouca diferença entre os pneus na classificação com Mercedes e Ferrari superando as Red Bull mesmo usando macios no Q2 quando a lógica seria o contrário, é no início da prova os pneus só deram vantagem para Verstappen ganhar posições na primeira volta pelo aquecimento mais rápido, depois disso ele não conseguiu acompanhar o ritmo de Vettel e Bottas, acredito que ninguém compreendeu o comportamento dos pneus na China.

    • Na verdade até esse problema ficou mascarado. Os pilotos estavam muito conservadores, então as diferenças estavam se mantendo no primeiro stint da prova. Na minha concepção, se não fosse o safety car as posições não se modificariam. A ultrapassagem era muito difícil, como ela tem sido difícil durante essa temporada, porém isso tem sido mascarado pela diferença de estratégia. Acho que a FIA deveria voltar o regulamento de 2016 de aerodinâmica e deixar os pneus do tamanho de hoje, gerando mais aderência mecânica, que é o grande problema dos carros hoje. A barata escorrega demais quando tá na turbulência, e faz com que o cara tenha que tirar o pé. As diferenças de pneus na classificação foram baixas, mas acredito que as equipes estão tendo dificuldades em operar os pneus na janela correta de temperatura, e isso também reflete nos tempos de volta em classificação. Tudo esse ano está sendo uma incógnita …

  5. Me parece que o tal equilibrio entre as 3 equipes vem mais da dificuldade de ultrapassar por razoes aerodinamicas do que performance similar entre os carros. Em curvas de alta antes das retas ninguem fica colado atras salvo se o carro a frente estiver se arrastando.

    O chassis redbull dever ser bom para encarar o motores ferrari e mercedes, pneus novos noves fora.

    Podemos nao estar percebendo, mas todo mundo esta mais contente com a temporada atual do que nas ultimas.

    Aguardo as mudancas em aerodinamica para 2019. Queremos mais e mais e mais ultrapassagens.

    Coma hummus em Israel, Julianne. Dizem ser o melhor que ha no mundo.

  6. O final foi perfeito do artigo foi perfeito. A Ferrari faz Kimi sangrar, a 100 corridas sem vencer. Por sua vez a ignorância de Vettel, fez com que os ventos da “justiça” (kkkk) soprassem, e Alonso ainda tirar sarro da situação espremendo o senhor Vettel nos momentos finais. É isso aí Ferrari! Todo o erro ainda será pouco sob essas circunstâncias…

  7. Excelente texto, Ju.
    Realmente a Ferrari bobeou não parando o Vettel logo depois do pit do Hamilton.
    Uma dúvida: já que a Mercedes por enquanto não se acertou com os ultramacios e como eles duraram umas 18 voltas na corrida, não teria sido melhor a Ferrari ter largado de ultramacios pra tentar abrir mais vantagem no início e não sofrer um undercut?
    Vc ainda está fazendo o credencial ou algo similar? Em qual site?
    Parabéns pelo blog.

  8. Ainda acho que a disputa do título fica entre Ferrari e Mercedes, com a Redbull incomodando em algumas corridas. Por isso acho que Ferrari e Mercedes vão ficar se marcando e os touros vão tentar uma estratégia diferente ou ousar mais. Para mim, o erro da Ferrari foi demorar duas voltas para a parada do Vettel depois que o Bottas parou. Se demorasse só uma, talvez voltasse na frente. Se tivesse marcado o Hamilton, voltaria na frente. Eu deixaria sempre o Vettel marcando o Hamilton, acho que o título fica entre eles. É usaria o Raikkonen para marcar o Bottas. Para o Vettel ser campeão, tem que estar a frente do Hamilton e não ganhar todas as corridas. E faria o contrário na Mercedes.
    Sobre a tática da Redbull, eles arriscaram e venceram. Talvez a Ferrari pudesse arriscar com o Kimi que já estava atrás do Hamilton.
    E o Verstappen deu uma vitória para o Ricardão. Não basta ser mais rápido.


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