F1 A única derrota da McLaren de 1988 - Julianne Cerasoli Skip to content

A única derrota da McLaren de 1988

A sessão nostalgia desta semana volta 30 anos no tempo para aquela que ficou marcada como a única derrota da McLaren na temporada do primeiro título de Ayrton Senna – e de quebra uma dobradinha da Ferrari pouco menos de um mês depois da morte de Enzo Ferrari em plena Monza.

Claro que a vitória ficou cercada de polêmica, e revendo os vídeos da época dá para entender bem o porquê: de uma hora para a outra, com todo esse contexto por trás, as Ferrari começam a tirar 5s por volta daquele carro que fora imbatível por toda a temporada – e continuaria a ser na parte final dela. Até que Senna, sob pressão, comete um erro.

“Senna baixou da casa de 1min33, mas as Ferrari continuam sendo mais rápidas. Alboreto virou 1min29s20”, alerta Reginaldo Leme. Para título de comparação, em um circuito que sofreu poucas alterações, hoje se vira 1min23. Voltando a 1988, com cinco voltas para o final e vendo os rivais tirarem de 3 a 5s por volta, Senna tinha 8s de vantagem para Berger.

Há quem possa perguntar: mas de onde vinha tanta pressão? A briga de Senna, claro, era com Prost, e uma vitória em uma prova a qual o francês tinha abandonado por problemas no motor Honda o colocaria em posição muito favorável para a conquista do primeiro título mundial, uma vez que obrigaria o francês a ganhar as quatro últimas etapas.

Duas voltas para o fim e a diferença estava na casa dos 4s9 e já não vinha caindo em um ritmo tão acelerado, dando a impressão de que Senna tinha controle da situação. Ou pelo menos até se tocar com Jean-Louis Schlesser, retardatário, que substituía Nigel Mansell na Williams após o inglês ter sido infectado por um dos filhos com catapora.

Schlesser estava em uma briga no mínimo estranha com Maurício Gugelmin, dividindo a primeira variante mesmo uma volta na frente do brasileiro com duas voltas para o fim, naquela que acabou sendo a única corrida do piloto famoso no rallycross na F-1.

Senna estava dando a segunda volta em Schlesser, e é bem verdade que foi otimista na manobra, rodando e indo parar em uma posição pouco favorável em cima da zebra, deixando o motor morrer e abandonando.

Vendo os vídeos da época, inclusive, é impressionante o número de retardatários, em função de um grid de 26 carros em que a diferença entre a primeira e a última filas foi de quase 8s na classificação, uma vez que era permitidos carros turbo e aspirados em um mesmo grid.

Para Senna, foi um final péssimo para um final de semana que vinha sendo brilhante, com o brasileiro bem mais rápido que Prost desde os treinos livres e liderando tranquilamente até antes do francês abandonar, a 17 voltas do fim, embora seu motor já desse sinais de que não estava 100% desde a largada.

Seria, contudo, o início de uma sequência ruim para o brasileiro no campeonato: nas provas seguintes, em Portugal e na Espanha, teria problemas com a leitura de consumo de combustível. Pela primeira vez no ano, a McLaren era ultrapassada na pista e Ayrton não passaria do sexto lugar no Estoril e do quarto em Jerez, em duas vitórias de Prost.

O título seria decidido só na penúltima prova, no Japão. E o resto é história.

11 Comments

  1. Ju, o motivo pricipal dessa diferença nos tempos de volta se deve ao fato de que Prost já sabia que seu motor não aguentaria, então pressionou o máximo possível no início da corrida, fazendo com que Senna “respondesse”, também apertando o passo. Após a quebra de Prost, Senna teve que aliviar por conta do combustível, já que tinha forçado demais, permitindo a chegada das Ferraris.

  2. Juliana, sem querer ser pedante, seria bom evitar o uso da locução “final de semana”, ao invés de “fim de semana”, que é o oposto de “início da semana”. Isso poupa você de repetições, tal qual encontrada no texto (Para Senna, foi um final péssimo para um final de semana …”). Também é mais correto em termos gramaticais. No demais, você escreve muito bem. Parabéns pelo blog.

  3. Falando em Monza, nostalgia, nosso Ayrton e do último fim de semana na Italia…………
    Um jornalista perguntou a Senna: Você poderia explicar algumas coisas sobre a utilização do vácuo? A resposta veio rápida: melhor falar com os outros, afinal, eles que andam no meu vácuo.
    Dias após uma revista publicou matéria de duas páginas com depoimentos de pilotos, análise dos principais autódromos, até um físico com explicações científicas foi consultado, tudo versando sobre a influência do vácuo nas corridas.
    Mas o tal do vácuo, de repente, desapareceu do vocabulário da F1, em seu lugar, uma nova responsável por ultrapassagens; asa móvel.
    Ele ficou na memória dos saudosistas, ou nos vídeos mostrando espetaculares disputas de frenagem ao final das retas. Com tudo, continuou trabalhando em outras categorias, preparando seu retorno.
    Sem que ninguém mais esperasse, ele ressurgiu em Monza, tímido nos treinos, exuberante ao longo de todo Grande Prêmio, espetacular nas primeiras voltas.

    • Excelente analise Antonio Carlos!
      Eu estava vendo atentamente, mas custava a crer no que acontecia durante a corrida!
      Tomara que as medidas que estao tomando para findar com a turbulência, inventada pelo desonesto briattore, creio eu, realmente surtem o efeito desejado e o querido vácuo retorne e tome o seu lugar de direito.
      Mas justiça seja feita, Nelson Ângelo Piquet Souto Maior deveria receber royalties dessa “asa móvel” usada pela famigerada f1. Oo

  4. Não acho que o Senna foi otimista e sim o frances desastrado tomando a 2a volta, já tinha errado a 1a perna da 1a chicane , e volta em cima do líder da prova e do campeonato. No meu ponto de vista um erro de amador, que tirou da Mclaren a chance de ganhar todas as corridas de 1988.
    Aquela Mclaren MP4/4 foi o melhor carro de F1 produzido em todos os tempos.

  5. Que foto!
    Que bela imagem!
    Essas Ferraris eram, aliás são lindas.
    Limpas, elegantes, funcionais.
    Parecem dois aviões descendo passeando pelo templo do Parque di Monza.
    Sou do tempo em que pendurávamos posters ou quadros dos nossos carros favoritos.
    Hoje o correspondente seria um fundo de tela nos dispositivos eletrônicos.
    Mas não… ninguém vai querer esses carros atuais sem alma.

  6. Que foto!
    Que bela imagem!
    Essas Ferraris eram, aliás são lindas.
    Limpas, elegantes, funcionais.
    Parecem dois aviões passeando pelo templo do Parque di Monza.
    Sou do tempo em que pendurávamos posters ou quadros dos nossos carros favoritos.
    Hoje o correspondente seria um fundo de tela nos dispositivos eletrônicos.
    Mas não… ninguém vai querer esses carros atuais sem alma.

  7. “Lindas Ferraris”!!!

  8. Quando vejo as matérias sobre o MP4-4 da McLaren, penso o quanto são bobas as críticas de que a disputa na F1 atual é inexistente, poucos carros foram tão dominantes quanto esse que ganhou 15 de 16 corridas (ou seriam 14 de 15?) na temporada.
    Uma máquina realmente dominante!
    Olá. Antonio!
    Escreveu muito e escreveu bonito, saudade da época em que se ouvia:
    “Fulano pegou o vácuo de Beltrano…”
    Realmente as disputas eram incríveis nessa época e o vácuo faz falta, poderiam voltar a aerodinâmica de 2014 com carros mais “limpos” e aumentar o grip mecânico. Faria bem à categoria ao invés de inventarem tantas parafernálias e apetrechos nos carros.
    Grande abraço a todos do Blog!

    • Nato e Jefferson, obrigado.

      1988 começou marcar uma trajetória de times dominantes na F1, bem como, certa monotonia nos campeonatos.
      Alguns exemplos, que me vem a mente, de como a categoria era competitiva no passado:
      1983; Piquet campeão, Prost vice, ambos venceram três corridas, em outras nove, das quinze que fizeram parte da temporada, vários pilotos e equipes diferentes, visitaram o pódio.
      1985: GP da Europa, Prost Mac Laren, decidia o titulo contra Alboreto Ferrari, Senna, Lotus, fazia a pole, á seu lado, primeira fila, Piquet, Brabham. Segunda fila Mansell e Keke Rosberg com Willians. Final, Prost campeão mundial, Mansell vencedor da prova.
      Notem, quantos pilotos e times eram protagonistas, sem contar que ao longo do ano, tivemos vitórias de Elio de Angelis, Niki Lauda, Keke, Piquet, Mansell, Alboreto, Prost e até Téo Fabi, conseguiu uma póle.

      • Ótimas recordações.
        Foi bem quando eu comecei a acompanhar a f1.
        E realmente eu sou fascinado por esse esporte, mas o que sobrou nao é nem sequer sombra de outrora.
        Lembro de assistir aquela famosa chegada senna mansell em jerez.
        E tantas outras.
        Minhas primeiras lembranças sao de piquet estourando o motor em hokenheine em 83 eu creio. Senna em duelo contra Martin brundle na f3. Eu comia peixe no almoço nesse dia.
        Bem verdade que toda aquela competitividade era fruto em grande parte da falta de confiabilidade dos carros.
        Mas a habilidade dos pilotos tambem era mais representativa no resultado final.


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