F1 Turistando off-season: Giro pela ex-União Soviética - Julianne Cerasoli Skip to content

Turistando off-season: Giro pela ex-União Soviética

Conseguir um voo decente para Baku é sempre um drama. Como não é tão longe assim da Europa, mas está algumas horas de fusos para trás, os horários nunca são dos melhores para a chegada – tem um concorrido voo da Turkish que pousa às 22h, mas a maioria chega no meio da madrugada. No caminho de volta, a maioria prefere sair na madrugada de domingo para segunda mesmo – nada contra a cidade em si, sinto que o mundo da F1 aprendeu a gostar de Baku depois do preconceito inicial, mas a temporada já começa com uma quantidade bem razoável de viagens e dias fora de casa.

Mas quando eu vi que o voo mais barato era da Ukrainian Airlines (sim, a mesma companhia do voo que caiu no Irã, inclusive numa época em que eu deveria estar por lá, mas essa é outra história), enxerguei ali uma oportunidade: e se eu ficasse na Ucrânia depois de Baku? Mais do que isso: não sei se contei por aqui mas durante um trajeto de van entre duas cidades na Macedônia do Norte surgiu a resolução de ir para todos os países da Europa até o final de 2020 (muito provavelmente vai ficar para 2021, e eu culpo o calendário da F-1, mas seguimos forte na meta!). E, passando primeiro por Kiev, poderia aproveitar e visitar Belarus e Lituânia, e pegar um voo barato de volta a Londres desde Vilnius.

Depois de me empolgar ao assistir Winter on Fire (documentário que está no Netflix) no voo, fundamental para entender a história recente da Ucrânia, peguei uma Kiev vazia por conta do feriado da páscoa ortodoxa. A cidade e a comida me lembraram muito Moscou, mas com os olhos voltados para o ocidente. E muitas cores, talvez para compensar o cinza do céu. 

Há quem chame de turismo macabro. Mas também é preciso conhecer o que deu errado

Não poderia deixar de ir até Chernobyl – e sim, essa viagem foi antes da série da HBO que fez os tours explodirem por lá. As casas abandonadas parecem montadas para aparecer no Instagram, fato, mas entrar na usina, comer com os funcionários e chegar perto do reator sobre o qual tanto ouvi falar na minha infância foi uma experiência mais marcante do que esperava que fosse. Mas o melhor momento foi ver de perto o radar Duga, que os soviéticos esconderam por tanto tempo dos americanos. Impressionante como a guerra fria fomentou a criatividade dos cientistas.

Segui voando para Minsk, a capital de Belarus. Lembra que falei em uma Moscou (hoje uma cidade muito moderna, e uma das minhas metrópoles prediletas desse mundão) querendo ser ainda mais ocidental quando estava em Kiev? Minsk, por outro lado, foi uma volta no tempo. Estátuas de Lênin para todo lado, tudo muito limpo, funcional e grandioso. Ah, tinha vários prédios de Art Deco pelo menos para mudar um pouco o tom soviético. Mas que tudo parecia parado no tempo, isso sim.

Visitei alguns castelos no interior de Belarus (infelizmente, não tinha tempo suficiente para ir para Brest, palco de um famoso combate na Segunda Guerra, e também uma cidade mais tradicional do que a capital escolhida pela URSS), lotados de armamentos desde a era medieval – o país sempre foi marcado pelos conflitos – e fui de ônibus para Vilnius, a capital da Lituânia.

Geralmente, as pessoas fazem um roteiro dos países bálticos – Lituânia, Letônia e Estônia. Mas eles só começaram a ser “agrupados” assim depois da dissolução da URSS. Não existe uma identidade cultural entre eles, especialmente a Lituânia. Então, totalmente na sorte, acabei fazendo quase o certo: Finlândia, Estônia e Letônia em uma tacada, e Lituânia e Belarus na outra. Só seria perfeito se tivesse incluído a Polônia, cuja história se mistura com a dos lituanos, na segunda “tacada”.

Vilnius ficou famosa por uma campanha publicitária para conquistar mais turistas europeus que comparava a cidade ao Ponto G: “Ninguém sabe onde é, mas quando você encontra, é incrível”. E desde então entrou no mapa. É daquelas cidades antigas europeias que têm um ar jovem de certa forma. Rodeada de arte urbana – os brasileiros Os Gêmeos inclusive deixaram sua marca por lá – bem mais sossegada do que outras capitais europeias e pouco pretensiosa, Vilnius parece mesmo ter menos cicatrizes da época em que fazia parte do Bloco Socialista – digo culturalmente, não economicamente – que suas vizinhas (a Letônia me pareceu ainda não ter se desgarrado da “mãe Rússia”, enquanto a Estônia é a filha rebelde que saiu de casa e não olhou para trás, mas guarda ressentimentos).

Pertinho de Vilnius está o castelo de Trakai, construído antes mesmo de o Brasil ser “descoberto”. Um cenário que parece de filme e cuja visita vale a pena.

Tive tempo ainda de ir para outro “país”: a república de Uzupis, que fica dentro mesmo de Vilnius e tem sua própria constituição e “governo”, cuja sede é um… bar. No dia 1 de abril, a água do chafariz central vira cerveja. Fica a dica.

4 Comments

  1. Juliane estou sempre atento às suas postagens, sou fã de F1 e alimento um sonho de fazer um tour acompanhando a temporada europeia no calendário da categoria. Vc poderia me oferecer sugestões de como iniciar o meu plano?

    • Sugiro dar uma olhada nos posts de 2018 do turistando. Lá eu falo de cada corrida especificamente, com preços, dicas de onde ficar, qual arquibancada comprar, etc. O ideal seria ir comprando com bastante antecedência, porque a maioria das provas tem early bird, ou seja, promoções bem boas no início das vendas.


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