Talvez tenha sido a batida (ok, não a batida em si) o ponto fundamental para Verstappen na tarde de domingo. Max vinha balançando para todo lado até perder o carro, tentando encontrar onde estava a aderência. Coisa de especialista em pista molhada. Entre a façanha e o mico estavam os mecânicos da Red Bull. Christian Horner pode ter valorizado um pouco, mas disse que o trabalho de trocar o pushrod, normalmente, duraria 90 minutos. Eles fizeram em 20, e entregaram o carro com 35s de “folga” para o tempo limite. Isso só valida meu ponto do post anterior sobre a importância de não esgotar os mecânicos e engenheiros nessa temporada maluca: muita gente queria ter o emprego deles, mas quantos são tão bons quanto?
Passado o drama inicial de Max, não havia spray e o sol aparecia timidamente no circuito. A temperatura do asfalto perto de 30ºC indicava que a pista secaria rápido. A Haas viu, ali, uma oportunidade de chamar os pilotos para o box, o que depois foi julgado como uma instrução, assim como tinha acontecido ano passado com a Alfa Romeo, e renderia o acréscimo de 10s ao tempo de ambos pilotos. Uma pena que o regulamento iniba basicamente a única chance de uma equipe do final do pelotão fazer algo diferente.
Mas o rendimento de Magnussen e Grosjean largando, dos boxes, com pneus de pista seca foi um bom indicativo para as equipes, e o primeiro a reagir foi Kvyat na segunda volta, e Leclerc e Bottas na segunda. Acabou sendo um bom negócio para eles parar antes não pelo rendimento da pista em si, mas pela confusão que o pitlane virou na volta seguinte, com nove pilotos parando juntos, um atrapalhando o outro.
Quer dizer, não todos: Hamilton abriu três segundos na primeira volta, com a pista complicada. A corrida já tinha sido ganha no sábado e na largada. E virou um passeio graças à tranquilidade conquistada naquela volta.
Para outros, a corrida, especialmente em um circuito no qual a posição de pista é tão importante, ficou prejudicada logo ali. Várias paradas foram muito ruins porque os pilotos demoraram a serem liberados, de tão movimentado que estava o pitlane. Vettel perdeu mais tempo, 28s em uma parada que outras equipes fizeram em 21s, mas Sainz calcula que perdeu mais posições, três ou quatro.
Verstappen pulou de sétimo a terceiro na primeira volta, ajudado pelas largadas ruins de Bottas e Perez logo atrás dele. O finlandês foi parar em sexto após o primeiro giro e o mexicano, em sétimo. Stroll era segundo, Vettel era quarto e Leclerc era quinto. E Albon tinha subido de 13º para 11º. Stroll foi daqueles que não teve uma parada limpa, e sua volta de retorno aos boxes (ou seja, a primeira com pneus de pista seca com a pista ainda úmida) foi 8s mais lenta que a volta de Verstappen. Max, inclusive, foi mais veloz que Hamilton nessa primeira volta com slicks.
A maioria optou pelos pneus médios, acreditando que, se a chuva voltasse, não seria logo, e já pensando em fazer apenas mais uma parada na corrida. Nas temperaturas mais baixas que o normal para Budapeste que tivemos neste final de semana, principalmente o composto macio estava sofrendo com graining, e a única explicação para a Ferrari ter colocado Leclerc com o C4 (e só não ter repetido o mesmo erro com Vettel porque o alemão bateu o pé) seria o temor pelo aquecimento logo depois da parada e no caso de chuva. Leclerc já falou algumas vezes que precisa aprender a questionar mais o que lhe é dito pela equipe, enxergar melhor a corrida, e esta foi mais uma prova disso. ‘Ah, mas ele é inexperiente?’, óbvio, mas a meta sempre tem de ser evoluir e não encontrar desculpas.
Após as paradas, Hamilton liderava Verstappen, Magnussen, Grosjean, Stroll, Leclerc, Bottas, Vettel, Albon e Perez. Só Leclerc tinha os pneus macios e logo começou a pagar por isso, sendo ultrapassado pelos rivais, assim como Magnussen e Grosjean, pela falta de ritmo da Haas. Isso fez com que algumas coisas voltassem ao normal, com Bottas e Albon escalando o pelotão, enquanto a Ferrari segurava Leclerc na pista esperando uma chuva que não veio.
Com o tempo, até os pneus médios foram se desgastando e já não valia mais a pena esperar. A 1s de Stroll, Bottas parou na volta 33 e a Racing Point ainda demorou dois giros para responder, e obviamente perdeu a posição. O finlandês, agora, iria à caça de Verstappen, com 7s e metade da corrida pela frente.
De certa forma, a velocidade da Mercedes custou o segundo posto para Bottas. E explico: eram tantos os retardatários (chegaram a ser 15!) que Verstappen conseguia usar o DRS para escapar. E, com o pneu certo, conseguiu neutralizar a vantagem de equipamento dos alemães. Isso porque a Red Bull escolheu o duro para o terceiro stint de Max, já que era o único disponível, e acabou dando certo, já que o médio foi bom o suficiente para Bottas chegar, mas já não havia rendimento suficiente para ele passar.
A aposta foi parar de novo, como tinham feito com Hamilton ano passado, e colocá-lo no duro nas últimas 19 voltas, tendo de tirar 21s. Talvez se tivessem feito isso antes (ele ficou 6 voltas colado sem conseguir tentar uma manobra), Bottas teria mais chances, mas ele está certo em culpar seu erro na largada, quando reagiu a luzes que se apagaram no seu volante, relacionadas à rotação do motor. Prova de que dá para ter uma corrida toda complicada mesmo com um carro tão bom quanto esse Mercedes.
Até que pto essa história de luzes no painel do finlandês é plausível? Ele quase sempre dá um jeito de largar mal, não há consistência nele! É um que tb pintou pra ser campeão… mas não será. Azar nosso que não veremos disputa pelo título.
Os Touros Vermelhos estão ariscos mesmo ou o tailandês não tem a “mesma atenção” do holandês?
Se as rotações estão muito baixas, as luzes se apagam mesmo. Ele sabia que a única chance dele era a largada, e sabemos o quão perfeito um piloto (mesmo com o mesmo carro) precisa ser para bater o Hamilton. E isso leva a erros.
Não diria que é a mesma atenção. Comentei sobre isso aqui: https://www.instagram.com/p/CC35MgsBowf/
Jú, o Leclerc foi calçado com o C4 mas não consegui entender a lógica da Ferrari…o temor era a falta de grip por causa da pista supostamente não tão seca? Não seria óbvio usar o amarelo ou eles não tinham disponível um jogo bom?
RodneyRace – Sorocaba/SP
Quanto mais macio o composto, menos temperatura ele precisa para funcionar em sua zona otimizada. Então o temor era de dificuldade de aquecimento com o médio, já que ele precisa que mais temperatura seja gerada para funcionar bem.
A questão é que o asfalto nem estava tão frio assim (foi um cenário de chuva-sol) e o pneu macio não estava durando naquele final de semana. Então não faria sentido, pensando na corrida como um todo, colocar o macio e ele logo perder rendimento (como aconteceu). Quando o Vettel fala “vamos de médio, né?, parou de chover”, ele está pensando não imediatamente nas voltas depois do pit stop, mas de maneira mais global na corrida. E sim, ambos os carros tinham um médio novo.