F1 O que muda na F1 2021: os chefes - Julianne Cerasoli Skip to content

O que muda na F1 2021: os chefes

A Fórmula 1 terá chefe novo nesta temporada, mas ele é um velho conhecido: a escolha de Stefano Domenicali para substituir Chase Carey, que há tempos queria se aposentar, agradou ao paddock, algo raro de acontecer. Mas o italiano não é a única cara ‘’nova’’ na temporada 2021.

Davide Brivio, chefe de Alpine

Foi em um comunicado distribuído às pressas depois que o CEO da Renault, Luca De Meo, deu uma entrevista confirmando a chegada do italiano, que a Alpine confirmou que seu novo diretor de competições seria Davide Brivio, chegando ‘’para fortalecer a estrutura da equipe, reportando ao CEO da Alpine, Laurent Rossi.’’

Mas não se engane: é uma contratação e tanto. Brivio tem uma história vencedora no motociclismo desde quando ainda estava na superbike nos anos 1990. Na MotoGP seguindo com a Yamaha em 2001, ele ajudou a fazer de um time de meio de pelotão (mais ou menos como a Alpine) uma equipe campeã, convencendo os donos de que, para chegar lá, era preciso ter o melhor. A união entre Brivio e Valentino Rossi resultou em quatro títulos (2004, logo na segunda tentativa, 2005, 2008 e 2009).

Foram nestes dois últimos títulos que os caminhos de De Meo e Brivio se cruzaram, por meio de uma inusitada parceria: a Yamaha era patrocinada pela Fiat, e De Meo era responsável pelo branding dos italianos. Quando Rossi saiu da Yamaha, Brivio foi junto com ele, depois de ter conquistado o campeonato de 2010 também, com Jorge Lorenzo. 

Brivio foi para a Suzuki em 2014, trabalhando para seu retorno ao grid da MotoGP no ano seguinte – novamente, assumindo um papel de estruturar a equipe. E foi campeão em 2020. 

Ele é conhecido por administrar bem as pessoas, entender como tirar o máximo de cada uma delas, compreender culturas diferentes. Do lado dos desafios, o italiano vai encontrar uma organização por volta de sete vezes maior do que a Suzuki e é claro que há diferenças culturais entre os dois campeonatos. Mas um caso famoso de chefe ‘’outsider’’ que acabou tendo uma carreira ‘’mais ou menos’’ na F1 é Jean Todt, que veio do rally para a Ferrari em 1994.

Laurent Rossi, CEO da Alpine

Outro novo nome na Alpine, assumindo parte das responsabilidades que eram de Cyril Abiteboul mais na parte administrativa do braço Alpine como um todo, sem tanta presença na operação da F1 em si. Ele tem uma carreira curiosa, com uma formação que começa em engenharia petroquímica, então a primeira passagem dele pela Renault foi na área de motores de 2000 a 2007 e, só depois que ele sai da companhia, vai estudar marketing estratégico, e passa a cuidar da transferência do marketing tradicional para o online em grandes corporações automobilísticas.

O francês voltaria à Renault somente em 2018 já como vice-presidente de organização estratégica. Ele foi mudando de cargo na área de chefia de estratégia até ser nomeado, no início de 2021, novo CEO da Alpine.

Jost Capito, CEO da Williams

A Williams anunciou a contratação (de peso) do alemão Jost Capito ainda no final do ano passado para ser o CEO do time, ou seja, aquele que vai cuidar mais da parte operacional, enquanto Simon Roberts continua lidando com a equipe de pista.

Capito tem mais de três décadas de experiência em grandes empresas na área de automobilismo, e inclusive tem duas passagens relativamente curtas pela F1. Ele começou na BMW – como engenheiro de desenvolvimento – no final dos anos 80, tendo passado pela F1 pela primeira vez por meio da Sauber (primeiro liderando a Sauber Petronas Engineering e depois, em 1998, tornando-se chefe operacional da equipe). Em 2001, ele foi para a Ford, onde comandava a estratégia de automobilismo e de carros de alta performance.

Capito mudou para a Volkswagen em 2012. Tanto lá, quanto na Ford, os projetos liderados por ele tiveram muito sucesso – com cinco títulos no total – no Mundial de Rali. O sucesso o fez entrar no radar de Ron Dennis, que o escolheu como CEO da McLaren em meio ao período mais conturbado da equipe, em meio às dificuldades com o projeto da Honda. Foram meses de especulação sobre sua chegada até que a nomeação acabou acontecendo tarde demais: Dennis estava saindo e Capito chegara, em 2016, como um de seus escolhidos. Durou poucos meses no time.

Na Williams, ele é a aposta da Dorilton Capital, que comprou a equipe ano passado, para mudar o posicionamento estratégico e tentar colocar a equipe nos trilhos, também, fora das pistas.

Stefano Domenicali, CEO da F1

© FOTO STUDIO COLOMBO X FERRARI

O ex-chefe da Ferrari tem como grande marca a diplomacia, e vai precisar exercê-la como nunca em seu novo cargo de chefão da F1. As mudanças mais difíceis foram feitas por seu antecessor – novo regulamento, Pacto da Concórdia, teto orçamentário – mas Domenicali já assume com uma enorme dor de cabeça: o novo regulamento de motores e, mais urgentemente, o que acontece até lá, uma vez que a Red Bull depende dessa resposta para saber o que fazer sem a Honda investindo no desenvolvimento.

O que ninguém duvida é que Domenicali é alguém capaz de conseguir que os times encontrem uma saída. Ele começou já na Ferrari, em 1991, no departamento financeiro, trabalhando como diretor na pista de Mugello e em várias categorias do automobilismo até passar a ocupar vagas de chefia na Scuderia Ferrari, de chefe de pessoal a logística, até se tornar diretor esportivo em 2002 e, finalmente, chefe da equipe em 2008, após a saída de Jean Todt. Então ele é contemporâneo de Binotto e Brawn, para citar dois nomes com cargos altos na F1 no momento, na era de ouro da Ferrari.

Domenicali saiu da Scuderia no começo de 2014 e foi para a Audi meses depois, e depois chefiou a Lamborghini, tendo um período de muito sucesso na expansão da marca, voltando até mais respeitado do que saiu.

O que é INEOS?

A marca não é uma novidade no carro da Mercedes, mas agora é muito mais do que uma patrocinadora: a empresa comprou um terço da equipe, dividindo-a igualmente com a própria Mercedes e Toto Wolff. Trata-se de uma gigante anglo-suíça do ramo químico, com volume de negócios estimado em 80 bilhões de dólares, cujo CEO, Sir Jim Ratcliffe, é um dos cinco homens mais ricos do Reino Unido. A empresa está presente em 29 países e produz materiais para ramos distintos, de combustíveis a embalagens, passando por tintas e produtos farmacêuticos.

A Mercedes está longe de ser o primeiro investimento da empresa no esporte. A INEOS tem presença por exemplo na vela, ciclismo, futebol e atletismo (foram eles que financiaram a impressionante estrutura que permitiu que Eliud Kipchoge se tornasse o primeiro homem a correr uma maratona abaixo de 2h). A ideia, segundo a empresa, é firmar sua imagem com vencedores de competições muito difíceis e técnicas, e não poderiam ter achado um parceiro melhor na F1.

9 Comments

  1. Não sei, peguei birra do Domenicali por causa das derrotas do Massa. Na minha opinião, ele fez muita besteira, sempre ia na direção contrária nas estratégias das provas e quase sempre errava. Ná época, achava que se a Ferrari tivesse um chefe melhor, Massa, Kimi, Alonso poderiam ter vencido mais. Credito 80% da perda do campeonato de 2008 a ele. 1 ponto! Aí me vem a lembrança do “inovador” display de luz em vez do pirulito… e o carro arrastando a mangueira.
    Pode ser mágoa, sei lá, mas vejo o pessoal comemorando a volta dele por motivos que não têm a ver com sucesso. Vamos ver como a coisa anda.
    Aí pergunto, Julianne, qual sua opinião sobre Domenicali?

    • Oi Claudio, lembre-se que escolher estratégias ou procedimentos de pit stop não são atribuições do chefe de equipe

      • Sim, claro. Mas ele sempre esteve lá, meio perdidão… Vou refletir melhor. Vamos aguardar. Gostei do campeonato de 2020 e estou animado.

  2. Post muito bem explicativo, tirei todas minhas duvidas sobre esses “novos” nomes da F1. Parabéns!

  3. Excelente post.
    Quem será que o Davide Brivio elegeria como o piloto a liderar a Alpine, como fez na Yamaha?
    Será que ainda dá para apostar no Alonso?

  4. Muito bom post, bem elucidativo; fico com a impressão que o Dominicali, por ter sido um homem Ferrari, não poderá ser um fator desagregador no meio, gerando invejas ou desconfianças nas demais equipes? Dá para esperar total isenção e imparcialidade nesta gestão?

  5. E o Button???

  6. Oi, Julianne! A notícia do dia é a transmissão brasileira no grupo Band. E a expectativa é ter você na TV. Vai rolar?


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