Por dentro da F1 e dos termos mais comuns da categoria – parte 2 - Julianne Cerasoli Skip to content

Por dentro da F1 e dos termos mais comuns da categoria – parte 2

Aqui vai a segunda parte do Dicionário da F1, com vários termos que a gente costuma ouvir – neste segundo post, tem também algumas frases comuns nos rádios que podem soar meio estranhas à primeira vista – e muitas vezes não entende de onde vem ou o que realmente significa.

Para quem perdeu a parte 1, é só clicar aqui.

Rake: A Red Bull tem um rake alto, a Mercedes, não. Trata-se do resultado de uma filosofia aerodinâmica. O rake é a diferença de inclinação entre a frente e a traseira do carro em relação ao solo. Falar que um carro de F1 tem o rake alto quer dizer que a parte da frente dele é mais próxima ao solo do que a traseira.

Falo sobre isso aqui (não coincidentemente, vimos desde o ano passado carros indo para o caminho da Mercedes – Racing Point, Renault, McLaren…)

Safety Car (o que isso realmente significa para uma corrida): não é difícil entender o que é o Safety Car, ou Carro de Segurança, mas quando ele é acionado, há uma série de presunções que o fã de F1 já faz: muitos vão aproveitar para fazer suas paradas, porque, com todos mais lentos, fazer isso gera uma economia no tempo total de prova de cerca de 10s, os retardatários vão voltar a estar na mesma volta do líder, o pelotão vai se aproximar, já que o ritmo será ditado pelo Safety Car. Se você ouve que ‘’já desligou a luz do Safety Car’’, quer dizer que ele está indicando que entrará nos boxes.

Mas qual a diferença para o Safety Car Virtual? Ele é usado quando a intervenção é mais rápida e pontual, e evita que se perca tempo permitindo que os retardatários recuperem a volta perdida. O VSC pode gerar também uma correria para os boxes porque a economia de tempo é semelhante, contando que ele não acabe quando o piloto está nos boxes, ou seja, o risco de parar é maior. E, como todos vão manter mais ou menos o mesmo ritmo, as diferenças se mantêm estáveis.

‘’Pegue sujeira’’, ou ‘’vá pela borracha’’: São mensagens que os engenheiros passam para os pilotos depois da bandeirada, instruindo que eles tentem coletar sujeira nos pneus para aumentar o peso dos carros, que serão pesados. Não vai ser muita diferença – um ou dois quilos, mas que podem decidir se um carro vai estar abaixo do peso mínimo ou não.

‘’Punido por ignorar a bandeira amarela’’: as bandeiras (hoje painéis luminosos e bandeiras) são sinalizações da direção de prova para os pilotos. A amarela significa que há um perigo na pista, o que significa que o piloto tem de diminuir a velocidade quando passa por aquele trecho. Se ele não fizer isso, pode levar uma advertência dependendo da situação, mas geralmente é algo levado muito a sério por ser uma questão de seguranças

Pitlane: Lane é uma faixa de trânsito, então aí fica fácil entender. É onde os carros passam pelos pits. E ela funciona como uma rua com duas faixas: a ‘’de fora’’ é a fast lane, a faixa rápida, a outra é chamada de inner lane (faixa de dentro).

Box: É um nome adaptado do alemão, usado como sinônimo de pitstop e também de garagem. A palavra original é boxenstopp, que nada mais é que pitstop em alemão. Então o piloto pode fazer sua parada, fazer o pitstop ou ir para o box durante a corrida, dá na mesma. Mas cuidado porque as pessoas podem entender ir para o box como algo terminal, ou seja, ele foi para a garagem e não saiu mais, já que usamos em português os boxes mais como sinônimo de garagem mesmo, embora possa ser pitstop também.

Paddock: é um termo que vem das corridas de cavalos, onde o paddock era o lugar onde os animais eram expostos antes dos eventos, próximo aos estábulos. No automobilismo, convencionou-se chamar da mesma forma a área que fica atrás dos boxes, em que as pessoas que trabalham nas equipes, pilotos e suas entourage, jornalistas e VIPs. 

Superlicença: É a licença máxima dada pela FIA, que permite ao piloto competir na F1. Para ser elegível, ele precisa ter pelo menos 18, ter uma habilitação, ter completado pelo menos 80% de duas temporadas de monopostos e ter pelo menos 40 pontos nas últimas três temporadas. Esses pontos são acumulados com base na posição do campeonato em que o piloto terminou. Os 3 primeiros colocados na F3 recebem 40 pontos, assim como o campeão da Indy. Outras categorias geram pontuação menor. Há categorias em que os 10 primeiros pontuam, e outras em que apenas dois conseguem somar pontos.

Existe, ainda, uma superlicença de treino livre, dada para pilotos que somaram 25 pontos ou que participaram de seis finais de semana na F2. Quando esses pilotos estão na pista, uma luz verde aparece na traseira do carro para indicar aos outros pilotos.

Pontos de punição na superlicença: Isso é algo completamente diferente do item acima, e não vale só para a F1 (então fala-se que o piloto recebeu ponto na superlicença, mas não é exatamente isso que acontece, pois isso acontece também com pilotos que nem têm superlicença ainda). Então vamos esquecer a superlicença lá de cima. Ah, e tem quem fale que ele ‘’perdeu’’ pontos na licença, o que também não acontece. 

O que acontece, de fato, aqui é que o piloto não pode acumular 12 pontos de punições em um período de 12 meses (isso, para a F1; no caso da F2 e F3, o acúmulo se dá em um campeonato, ou seja, os pontos expiram na última corrida). Esses pontos de punição são dados pelos comissários juntos de outras penas (5 ou 10s, drive through, perda de posição no grid, etc). Geralmente, os comissários dão entre 1 e 3 pontos por vez. Completando 12 (o que nunca aconteceu na F1 desde que isso foi adotado, em 2014), o piloto leva um gancho automático de uma corrida. 

Chicane, S (esses), Hairpin/Grampo: São tipos de curvas. Dá para entender o que é um S pelo formato da letra. O S do Senna é um exemplo, os esses do primeiro setor de Suzuka, são outro. Mas quando o S é bem curto, com uma curva para um lado e outra para o outro logo em seguida, ele é chamado de chicane. Eles acabam servindo para diminuir a velocidade após uma reta, já que é necessário frear forte para contornar uma chicane (ou uma variante, como vemos Monza). O hairpin tem o formato do grampo de cabelo mesmo, e é outra freada forte. No mais, costumamos falar raio curto, raio longo, apesar de não ser a melhor nomenclatura. A ideia é descrever uma curva em que o ângulo se abre, e outra em que ele se fecha. Pode haver uma curva de raio constante, como a Parabólica em Monza, ou as curvas de 90C, que parecem ser as preferidas de Hermann Tilke. Sochi e Abu Dhabi estão cheias delas.

Pelotão: Já usei essa palavra aqui, que não é muito comum fora do automobilismo. É o conjunto de carros. Então você pode ouvir que o ‘’o meio do pelotão está competitivo’’, querendo dizer que o rendimento dos carros que estão nas posições intermediárias do grid é parecido. ‘’Ele vai voltar atrás do pelotão’’ quer dizer que vários carros estarão na frente do piloto em questão.

Retardatário: É o piloto que levou uma volta do líder. Isso significa que o ritmo dele é tão ruim que o líder o alcançou na pista e o ultrapassou. Essa não é uma ultrapassagem normal: o retardatário recebe uma bandeira azul. Se, depois de três bandeiras azuis seguidas, ele não sai da trajetória de corrida para dar passagem, é punido. A vida de retardatário não é fácil: ao sair da trajetória, você suja seus pneus, e o rendimento vai piorar ainda mais.

Drive-Through: É uma punição pela qual o piloto tem três voltas para passar pelos pits, ou ‘’to drive through’ the pits, respeitando o limite de velocidade. Ele não pode parar no box enquanto faz isso. Outro tipo de punição (a mais severa antes da desclassificação) é o stop and go, pela qual o piloto tem três voltas para entrar nos pits, parar por 10s sem que a equipe mexa no carro, e voltar para a pista. Da mesma forma, não é permitido mexer no carro. Hoje em dia, contudo, é mais comum ver punições em que o piloto ‘’leva’’ 5 ou 10s, o que quer dizer que, no próximo pit stop, ele terá de ficar 5s parado sem a equipe mexer no carro ou, se não fizer mais paradas, 5s/10s serão adicionados ao seu tempo final. 

Shakedown: É um termo mais comum de ser ouvido na pré-temporada, pois se refere a um teste de sistemas do carro, o que é mais normal de se fazer quando o carro é novo. As equipes geralmente usam uma brecha no regulamento que proíbe testes com carros atuais para fazer isso – são os chamados dias de filmagem, que têm suas limitações, mas pelo menos permitem que os shakedowns sejam feitos.

Outlap/Inlap: Outro termo emprestado do inglês, que simplesmente nomeia a volta de saída dos boxes (outlap) e a volta de entrada (inlap). Ouvimos muito estes termos quando o piloto reclama de uma classificação ruim ‘’fulano atrapalhou minha outlap’’, ou seja ele não conseguiu preparar direito seus pneus para a volta rápida. Ou, na corrida, um piloto pode conseguir um undercut porque sua outlap foi muito forte, ou seja, porque logo que ele trocou pneu, voltou muito veloz para a pista.

Setor roxo, setor verde, etc.: Quando o piloto faz o melhor tempo que já foi registrado em determinada sessão em um setor (ou a volta mais rápida também), seu nome e seu tempo aparecem em roxo na cronometragem. Se for o melhor tempo dele, e não da pista, a cor indicativa será o verde. Se for um tempo mais lento, será amarelo ou branco. É importante lembrar que isso é zerado a cada sessão – o que inclui Q1, Q2 e Q3 na classificação.

1 Comment

  1. Quanto aos pontos da superlicença não seriam os 03 primeiros colocados da F2?


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