
A Fórmula 1 não poderia estar mais diferente voltando a onde tudo (re)começou em julho do ano passado: a Mercedes como caçadora, os donos da casa sob a mira de todos e até fãs na arquibancada, ainda que não passando de 15 mil torcedores neste fim de semana. Na pista, não vimos aquele show de quebras que deixou a impressão, há 12 meses, que a F1 estava operando com menos gente do que o necessário. A maneira como a categoria se adaptou ao que teve de se adaptar não pode passar despercebida.
Falando em Red Bull observada, o fim de semana começou com a distribuição entre as equipes de uma longa e complexa diretiva técnica que basicamente visa impedir que as equipes usem sensores para, automaticamente, darem o sinal verde para os pilotos nos pit stops assim que as pistolas param de funcionar. O que se diz no paddock é que havia uma equipe cujos mecânicos fingiam apertar um botão para acionar esse semáforo, mas em determinado momento eles foram pegos não acionando-o, deixando claro que o sistema era automatizado. As novas normas valem a partir da Hungria.
Houve também o esperado anúncio de que a Turquia ficou com o lugar do GP de Singapura, com o comunicado da F1 dizendo que, embora o país ainda siga com restrições de viagens, “as conversas com outros promotores foram construtivas”, indicando que o GP em Istambul será o meio de um triple header para minimizar o tempo de quarentena na volta. No momento, ele já está, pois a prova seguinte é no Japão, mas se isso significa que a prova em Suzuka está confirmada ou se a F1 tem outra carta na manga, veremos nos próximos capítulos.
A esperada saída de Sochi, atrasada pela pandemia, também foi confirmada, com a troca por uma pista “nos arredores” (leia-se, a 54km) de São Petersburgo, que ganhou nível 1 da FIA no final do ano passado. A dúvida é quando essa corrida será encaixada no calendário, já que o GP russo vai sair da “riviera” deles rumo a onde grandes exércitos ficaram pelo caminho. No final de setembro, quando o GP geralmente acontece, a temperatura de dia fica por volta dos 10º graus.

Voltando à Áustria, fiquei curiosa quando vi um mecânico da Aston Martin pintando a porca. A peça era MUITO semelhante àquela que estava na minha mão semana passada. Perguntei se era igual à porca da Mercedes e outro mecânico, que estava por perto, riu alto. “Oficialmente, não”. Para bom entendedor…
Outro papo foi com o pessoal da Netflix. Fui contar que muitos de vocês temeram pelo pior para a Mercedes quando publiquei a foto deles seguindo o Toto neste fim de semana. O operador de áudio estava orgulhoso dizendo que, em Mônaco, eles tinham acompanhado justamente os três pilotos que acabaram no pódio (é spoiler de episódio bacana!) e já observou que, quando eles estão com a McLaren, parecem dar sorte à equipe.
Ficou claro também por que os pilotos mais jovens acabam ficando mais “bem na fita”. Eles entendem o valor de aparecerem bastante na série, enquanto os mais velhos preferem sua privacidade e são mais controladores (ou cringe, diriam alguns). O que não chega a surpreender. Como em vários lugares hoje em dia, é notável a diferença de comportamento em relação à imagem de quem já teve uma infância digital e quem viveu no “anonimato” dos tempos analógicos.
Nunca deixo de ficar abismada com alguns excessos que ainda acontecem na F1 (aos montes). Uma novidade para esta temporada é o telão que fica atrás dos pilotos quando eles dão entrevistas logo após saírem dos carros. Na Áustria, foi a primeira vez que o eu vi esse telão, que foi colocado nos finais de tarde no paddock para mostrar jogos da Eurocopa. Ele é enorme. E pesa duas toneladas. Isso quer dizer que, reclamando de custos e em um momento em que o preço do cargo no mundo está altíssimo, eles acham razoável adicionar mais duas toneladas ao que já carregam de um lado ao outro!
Caramba muito bom
Ju, amo seus textos de bastidores. São os meus preferidos, pois tem a combinação ideal de leveza, graça e informação.
Netflix dá sorte para a minha McLaren? Agora quero essa amizade fortalecida, principalmente para o Daniel Ricciardo que anda precisando.