F1 GP da redenção - Julianne Cerasoli Skip to content

GP da redenção

Foi só cair uma leve chuva antes da largada e o GP da Hungria se tornou a corrida mais improvável da temporada – com o resultado do pódio ainda sendo mudado horas depois da bandeirada, com a desclassificação de Sebastian Vettel depois que sua Aston Martin só tinha 300ml de combustível para serem inspecionados. Há a obrigatoriedade de ter pelo menos um litro de combustível no tanque.

Com isso, Lewis Hamilton saiu de Hungaroring com um lucro muito maior do que poderia imaginar quando se viu na última colocação logo nas primeiras voltas da prova, no que foi apenas um dos capítulos incríveis da 11ª etapa do campeonato: com a punição de Vettel, ele foi promovido para segundo, abrindo oito pontos de vantagem no mundial de pilotos para Verstappen, que subiu de décimo para nono.

Mas Hamilton não é o único piloto que teve muito o que comemorar na Hungria: Esteban Ocon venceu pela primeira vez na Fórmula 1, depois de sobreviver a uma largada muito acidentada, com a pista úmida, e aguentar a pressão de Vettel por toda a prova.

Absolute chaos at Turn 1 of the Hungarian Grand Prix #HungarianGP #F1 pic.twitter.com/MZycUtllCa— Formula 1 (@F1) August 1, 2021

Ocon largava em oitavo, o que já marcava uma volta ao top 10 após sete corridas. Se não tivesse chovido, ele estaria bastante exposto ao ataque dos pilotos que largavam a partir da 11ª posição e poderia escolher pneus mais resistentes, já que tinha que largar com os macios, muito provavelmente fazendo uma parada a mais. Com a chuva, que chegou quando os carros já estavam no grid, tudo mudou: todos largaram com os intermediários, e logo descobririam que não havia muita aderência na primeira curva. Na frente, o pole Lewis Hamilton escapou de uma colisão provocada por seu companheiro, Valtteri Bottas, que tirou Sergio Perez e Lando Norris da corrida, e danificou o carro de Max Verstappen, que foi para o final do pelotão.

Também tentando fazer a primeira curva por dentro, Lance Stroll, que tinha largado em 12º, também escorregou, e acertou Charles Leclerc. “Ele travou o pneu e evitou bater em mim de certa maneira. Fico contente que ele tenha feito isso! É claro que às vezes você precisa de sorte – e também de habilidade, espero!”, brincou Ocon, que acabou emergindo de toda a confusão em segundo.

Depois, o francês contou com um erro da Mercedes que, esperando mais chuva após um período de bandeira vermelha para que a pista fosse limpa, mandou Hamilton para o grid para a relargada enquanto todos os que estavam atrás dele, pararam para colocar pneus de pista seca. Foi quando o inglês teve que fazer sua troca logo em seguida que Ocon assumiu a liderança, onde ficou até o final, sempre tendo Vettel no seu encalço. Sem cometer erros, ele terminou a prova sendo aplaudido pelo companheiro Fernando Alonso, que terminou em quarto lugar. “Disse para ele que ele nunca vai esquecer este dia”, revelou o espanhol, que também venceu sua primeira corrida em Budapeste, em 2003.

One car on the grid, 14 in the pit lane…

This might be the weirdest start from the grid we’ve ever seen #HungarianGP #F1 pic.twitter.com/tRM5h0gOcr— Formula 1 (@F1) August 1, 2021

As histórias de redenção não pararam por aí: Hamilton acabou tendo de escalar o pelotão e, mesmo fazendo uma parada a mais que a maioria dos rivais, terminou em segundo – e muito desgastado, tendo de ser atendido pelo médico da equipe com tontura depois da corrida – retomando a liderança do campeonato enquanto Verstappen, com o carro danificado por conta do toque com Bottas, pouco pôde fazer e foi apenas o nono. O inglês revelou que ainda luta com os efeitos colaterais de ter pego covid-19 no final do ano passado: “Ficou tudo meio borrado quando eu estava no pódio. Ainda é uma batalha me manter saudável depois do que aconteceu.”

Carlos Sainz acabou completando o pódio com a desclassificação de Vettel, vindo de um 15º lugar no grid devido a um erro seu na classificação. O espanhol apareceu em quarto lugar após toda a confusão da largada. Mas o mais impressionante foi ver Nicholas Latifi, da Williams, ocupando a terceira colocação, tendo largado em 18º. Ele estava em sexto antes da bandeira vermelha, e ganhou mais posições durante a parada nos boxes. Sem ritmo para acompanhar os ponteiros, Latifi terminou em sétimo, fazendo seus primeiros pontos da carreira.

Curiosamente, ele acabou chegando na frente do companheiro George Russell, que nunca conseguiu superar em classificações. Mas o inglês estava longe de lamentar chegar atrás do canadense, até emocionando-se depois de ser perguntado se estava aliviado por, finalmente, fazer seus primeiros pontos pela Williams depois de várias oportunidades perdidas, especialmente nas últimas provas.

We’re all with you, @GeorgeRussell63!

x Duna TV#HungarianGP #F1 pic.twitter.com/GK8jKArzYG— Formula 1 (@F1) August 1, 2021

Mesmo fora dos pontos teve piloto que experimentou a redenção em Hungaroring: Mick Schumacher bateu no treino livre e nem conseguiu participar da classificação, mas andou por boa parte da corrida na zona de pontuação, brigando por posição com Hamilton e Verstappen pela primeira vez na carreira. O alemão terminou em 12º.

8 Comments

  1. Este GP da Hungria de 2021 foi MAIS UMA materialização da frase preferida de muitos historiadores: “Na História da Humanidade, o difícil custa a acontecer, o IMPOSSÍVEL acontece DE REPENTE”: as imprevistas bombas atômicas de HIROSHIMA e NAGASAKI; a implosão da URSS; o 11/9; a renúncia de BENTO XVI e a eleição de um PAPA argentino, o bondoso FRANCISCO; a Crise Financeira Mundial de 2008 (embora ROUBINI a tivesse previsto); o inesperado surgimento do Novo Coronavírus – um “cisne negro” que abala a Humanidade (embora o próprio NASSIM TALEB, criador desse conceito, não classifique assim esse acontecimento para a Economia Mundial). São apenas alguns exemplos, COMO ESTE GP DA HUNGRIA.

    Uma corrida duríssima, emocionante e repleta de IMPOSSÍVEIS que aconteceram DE REPENTE: uma bizarra e insólita relargada com um único carro no grid, o de Sir LEWIS; a vitória a um só tempo humilde e afirmativa de ESTEBAN OCON; a vitória de uma improvável ALPINE diante das poderosas RED BULL e MERCEDES; LATIFE chegando a correr por muito tempo na terceira posição, à frente de RUSSEL.
    Destaques também para:
    – o ímpeto sagrado de HAMILTON;
    – a santa fúria de ALONSO;
    – o infeliz e indesejado alijamento do “fuori serie” VERSTAPPEN (“Carreras son carreras”, como dizia FANGIO);
    – uma primeira vitória ladeada no pódio por 11 títulos mundiais;
    – o abraço efusivo e genuíno de ALONSO em OCON, carregando e reconhecendo o jovem francês;
    – o ressurgimento impecável de VETTEL (só uma Fênix tem os poderes de uma Fênix, ademais VETTEL não precisa mais provar coisa alguma, por tudo o que já fez);
    – a exaustão física de Sir LEWIS no término da corrida, depois de ter voado muito;
    – e uma disputa eletrizante, épica, mas respeitosa e cirurgicamente precisa, entre dois grandes ases, dois monstros, LEWIS e ALONSO!!! Duas aulas magnas em uma só: como atacar e como se defender. Os vencedores fomos nós. 
    Incidentes naturais à parte, um GP feito por RACERS para AFICIONADOS RAÍZES. Sinto-me um privilegiado.

    Em tão boa hora transmutada para ALPINE, a RENAULT honra JEAN RÉDÉLÉ, piloto francês de rallye criador da marca, que antes “voava” pelos Alpes com seu RENAULTzinho “rabo quente”; e aqui no Brasil remete nostalgicamente a reminiscências dos emocionantes tempos do acrobático BIRD CLEMENTE e sua berlineta INTERLAGOS (aos mais novos: ele fazia as curvas – mesmo as de alta – pendurado só na rodas dianteiras, com as traseiras em deriva, pra lá de Bagdá).  As lindas e magníficas BERLINETAS INTERLAGOS (Alpine A-108), eram o sonho e o fascínio da juventude brasileira da época. Como os inconfundíveis e eternos PORSCHEs, as BERLINETAS tinham um desenho básico ATEMPORAL, suas formas evocavam instantaneamente velocidade e geraram uma linda releitura em tempos recentes (Alpine A-110). Neste IMPOSSÍVEL GP da HUNGRIA, foi inspirador ver os dois belos ALPINES emparelhados dando a volta “olímpica” no circuito.
    Desculpem a prolixidade incontornável do velho rsrsrsrs.  

    Agora, rumo ao OCTA!!! 

  2. Boa noite!

    Aqui talvez seja o único lugar que leio os comentários além da matéria, achei perfeito o comentário do Aucam, todos comentários aqui são respeitosos.

    Quanto a corrida, foi emocionante, Hamilton e Verstappen (creio que só ele, Hamilton e Alonso) tentariam chegar ao final da corrida com carro naquele estado, lutando por cada ponto.

    Bottas infelizmente errou e foi um dos motivos da emoção da corrida, Stroll coitado, jogou o carro para o mato, tentando não bater em ninguém, mas…

    Há muito não temos essa emoção, uma luta de verdade pelo campeonato, no meu caso, que não entendo “patavinas” de inglês, a televisão mostrando o antes e o depois das corridas, é muito bom.

    • Não acredito meu velho e bom amigo Aucam pensei que estivesse nos abandonado , não sei se lembra dos nossos debates mais estava louco pra dizer que vc tinha razão sobre Max , o garoto é simplesmente um gênio talvez o piloto mais rápido que já apareceu .
      E creio que eu estava certo sobre Vettel , que é um excelente piloto mais nunca esteve no nível de Lewis ou Fernando.
      Muito bom te ver por aqui novamente Aucam

      • Meu caro amigo HERMES LEANDRO, que bom ver que meus pitacos aqui no blog não foram esquecidos. Resolvi dar um tempo (eu sou muito prolixo – quando começo a escrever, hahahaha. . .)  Neste longo hiato em que eu estive ausente deste luxuoso espaço que a JULIANNE nos oferece (mas não da leitura do blog), me senti representado em seus comentários.

        Quanto a VETTEL, aconteceu um daqueles “IMPOSSÍVEIS” aos quais os historiadores gostam de aludir: o REPENTINO e PRECOCE declínio de sua vitoriosa carreira, algo que só ele – ou talvez nem ele próprio – pode ou consiga explicar. Mas, com o tempo decorrido, já é possível colocar em perspectiva histórica pelo menos um ponto em sua pilotagem: SEM DÚVIDA, SebVet não tem a mesma capacidade de adaptação a diferentes carros (de comportamentos diversos) ou a situações como têm Sir LEWIS e ALONSO – e recuando para tempos mais remotos, como tinha JIM CLARK (vitória com suspensão traseira quebrada nos EUA; show de pilotagem com barra estabilizadora quebrada em Mônaco; rodada que resultou ficar em direção contrária nas 500 Milhas de Indianápolis e imediata recuperação da direção certa por um cavalo de pau feito em altíssima velocidade, para citar alguns exemplos).

        Mas essa dificuldade de adaptação de VETTEL e seu repentino e inexplicável declínio – na minha modesta opinião – não tira os méritos dele como multicampeão,  e creia-me, NÃO TROCO os quatro de títulos de VETTEL pelos quatro de PROST, pois SEBASTIAN em seu AUGE era um piloto COMPLETO, em pista seca ou molhada, ao contrário de PROST, que tinha grave deficiência na chuva, chegando à “proeza” de rodar na volta de apresentação no GP de San Marino de 1991, o que foi no mínimo deveras constrangedor para quem era chamado de “Professor”.  Embora VETTEL não seja “THOUGH” – você estava certo – como HAMILTON e ALONSO, SebVet  neste último GP de “IMPOSSÍVEIS” da HUNGRIA correu como uma FÊNIX, fazendo uma pilotagem impecável na pista úmida e traiçoeira.

        Quanto a MAX VERSTAPPEN, como já falei em outro post recente aqui – lá atrás, há muito tempo – quando ele ainda estava no KART, eu postei também aqui no Blog da JULIANNE um comentário dizendo que muito iria se falar dele no Futuro, pois ele era reportado por todos os especialistas como um fenômeno, um assombro, um fora-de-série. MAX herdou TODOS OS GENES de sua mãe, uma kartista que tinha potencial de sobra para chegar à Fórmula 1 e ter sucesso, se tivesse continuado a correr. Eu acompanhava a carreira de MAX no kart por leituras e por vídeos, e alguns que vi que me deixaram realmente PASMO com suas performances (eu também acompanhei a carreira de SENNA no KART, “in loco”, inclusive seus duelos com MÁRIO SÉRGIO DE CARVALHO, um adversário que fabricava uma marca de KART). Vi também a carreira de WALTER TRAVAGLINI FILHO, o melhor kartista brasileiro na era pré-SENNA). Então, eu tinha boas bases para avaliação e comparação. O tempo passou, HOJE é aquele FUTURO que chegou, e MAX está aí “barbarizando” com seu talento fora-de-série, brindando-nos com enormes doses da mais pura adrenalina, com seu estilo duro, audacioso e arrojado de correr. MAX está – junto com Sir LEWIS – numa prateleira acima de todos os seus pares, aí incluídos LECLERC (não é tão forte no molhado), RUSSELL e NORRIS, que formarão com MAX uma nova Era de Ouro na Fórmula 1, quando HAMILTON se retirar ou entrar em declínio.
        Forte abraço, amigo HERMES.

      • Ops!!! Correção: TOUGH e não THOUGH (é a idade, rsrsrs)

    • Caro MARCELO
      Obrigado pela referência ao meu pitaco.

  3. Achei linda a redenção de Alonso. Um cabra que todo mundo diz que tem a melhor visão de corrida lutando daquele jeito com Lewis, o que estragou sua chance de passar Carlos e quiçá Sebastian, mas garantiu a vitória de seu companheiro de equipe. Foi bonito de ver!

  4. Foi mais uma corrida memorável.
    Estamos a meio da temporada e já tivemos 4 vencedores de 3 equipas. 10 pilotos de 7 equipas a subirem ao pódio e 18 pilotos de 9 equipas a pontuarem.
    Por tudo isto, a segunda metade do campeonato promete.

    cumprimentos

    visitem: https://estrelasf1.blogspot.com/


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