Blog Takeover 2021 e a vida de segundo piloto - Julianne Cerasoli Skip to content

Blog Takeover 2021 e a vida de segundo piloto

Deixo com vocês duas reflexões enviadas pelo Marcelo e pelo Eduardo a respeito do papel de Sergio Perez (visto como fundamental para a conquista de Max Verstappen neste primeiro texto) e também de Valtteri Bottas. Achei interessante a abordagem do Eduardo sobre a dificuldade de se levantar GP após GP quando um piloto acaba se vendo em um papel como o que os dois tiveram em 2021.

Título do segundo piloto

Por Marcelo Lucas de Freitas Filho

Max Verstappen se sagrou campeão da Fórmula 1, em um dos campeonatos mais disputados de todos os tempos, definido na última volta, da última corrida. Mas o resultado final do campeonato foi muito influenciado por outro piloto. Não, não estou falando do Latifi. Se não fosse o ministro da defesa mexicana, senhor Sergio Perez, muito dificilmente o piloto holandês quebraria a sequência de títulos de Lewis Hamilton.

Mas nem sempre Checo teve uma calmaria. Ainda na temporada de 2020 teve altos e baixos. Se tivesse abandonado naquela batida do GP do Sakhir com Leclerc e o próprio Verstappen, não teria conseguido uma vitória na Fórmula 1 e, talvez, não tivesse espaço para essa temporada. Mas a vitória veio, combinada com uma excelente temporada, 4o lugar no Mundial de Pilotos, atrás apenas de Verstappen e das Mercedes, o que serviu de portfólio para a Red Bull contratá-lo.

A equipe austríaca tem um terrível retrospecto com relação aos seus segundos pilotos. Pressão e cobranças pesadas em público são elementos que fizeram Daniil Kvyat ser substituído durante a temporada de 2016, Pierre Gasly o mesmo na temporada de 2019, e Alexander Albon ser pressionado durante toda a temporada de 2020. Tudo por conta da falta de resultados esperados. Esse ano não foi diferente com Checo.

Perez também teve um começo de temporada muito pressionado e cobrado publicamente mais de uma vez pelo chefe Helmut Marko, mas apresentou justamente o que faltava nos outros pilotos, experiência, casca grossa. Checo soube lidar com as cobranças exageradas, e se, por um lado não entregou resultados consistentes para a equipe, fez um campeonato sensacional e crucial para o título de Verstappen.

Travou batalhas sensacionais com Lewis, se defendeu muito bem e fez os jogos de equipe para favorecer Max. Os exemplos mais marcantes foram na etapa da Turquia e, a mais fresca em nossa memória, em Abu Dhabi, onde segurou Lewis, fez Verstappen se aproximar e deu o DRS para seu companheiro. Para ter uma ideia da importância desse trabalho, se Bottas tivesse metade do comprometimento de Perez, talvez o resultado do campeonato fosse diferente.

Max tem todos os méritos do título, mas a decisão da Red Bull de dar um contrato para o piloto mexicano no fim da temporada passada, tem um grande peso no resultado final dessa temporada histórica. Parabéns Verstappen e Hamilton, por proporcionarem o espetáculo desta temporada, e parabéns Perez, por ser um ponto crucial no resultado final dessa atração!!!

A telemetria do segundo: o preço e o tempo

Por Eduardo Camargo

Estamos todos de acordo que a temporada 2021 da F1 foi de tirar o fôlego com uma disputa
épica, como há muito não se via, e que terminou literalmente na última volta. À sombra dos
postulantes a título, dois pilotos carregaram o pesado, e por vezes ingrato fardo, rótulo de
segundo piloto: Sergio Pérez e Valtteri Bottas.

Campeonatos parecidos e igualmente inconsistentes, com momentos de puro êxtase que
libertam aquela incontrolável e compreensível sensação de “eu poderia ser o primeiro piloto”,
mas que se vai tão logo quando se inicia o próximo final de semana de grande prêmio. Não é
segredo que o ser humano, desde sempre e constantemente, é muito afetado pela
necessidade de ser o melhor em tudo, ou ao menos o número um no que se propõe a fazer.

Se de um lado os líderes do campeonato se desdobravam física e mentalmente para pontuar e
garantir mais vantagem, em certas situações para seguir vivo na caçada ao então líder, tanto
Pérez quanto Bottas se viam em um mar revolto, onde fãs e o próprio psicológico colocavam à
prova capacidade de estarem em seus respectivos lugares.

Pérez chegou à Red Bull depois de uma jornada fantástica pela Racing Point, um quarto lugar
geral e com histórias inacreditáveis, como sua fabulosa corrida em Sakhir 2020, onde foi da
última para a primeira colocação. Bottas foi anunciado como novo companheiro de Lewis, um
posto difícil, para a temporada de 2017 e fez um ótimo campeonato: mesmo em seu primeiro
ano de Mercedes, agarrou um terceiro lugar geral com 305 pontos, atrás de Vettel (317) e
Hamilton (363). Chegamos ao ponto central desse post: o preço de jogar pelo time.

Enquanto Hamilton e Verstappen corriam por cada ponto, suas equipes cobravam, com razão
(faz parte do jogo), determinação e foco dos parceiros Bottas e Pérez. Enquanto o finlandês
assegurou pontuação melhor, o que permitiu à Mercedes seu oitavo título consecutivo de
construtores, o mexicano participou de momentos de destaque no ano, e mesmo em quarto
na classificação geral, encerrou 2021 com histórico de manobras eletrizantes.

O que pouco falamos é do quanto um segundo piloto se sacrifica e coloca os interesses da
equipe acima dos seus. Não faltam exemplos, e os fãs brasileiros conhecem muito bem essa
história, mas a verdade é que a fórmula 1 é muito mais do que vencer, conseguir pódios ou
pontuar… é sobrevivência. Um piloto, independentemente da equipe pela qual corra, vai
sempre desejar o gosto da champagne e sonhar com uma prateleira cheia de troféus e o hino
de sua pátria, mas nada superará a magia de estar na pista.

Sacrificar os próprios sonhos e entender que, por incontáveis vezes, não tem absolutamente
nada a ver com mérito ou talento, são os negócios e os objetivos acima de si mesmo. Então, o
que falta? Combinar esse jogo com a torcida, e que tarefa árdua. Ver seu companheiro/adversário erguer taças uma vez, e outra, e outra, e mais uma… ao passo que precisa se manter competitivo para seguir o sonho que pouquíssimos têm a possibilidade de viver, ser resiliente o suficiente para estar no seleto grupo dos 20, tem um preço muito elevado. Um preço que câmeras e memórias de milhões perpetuam, sentimento que não se vai com o tempo. O que é a vida deles senão a pista e o cheiro de borracha queimada?

Nem romantização da segunda colocação, nem enxergar o lado positivo da derrota. A verdade de um piloto é uma só: amanhã é um novo dia. Vamos para a pista outra vez.

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