Blog takeover e outra reflexão: F1, literatura e expectativas - Julianne Cerasoli Skip to content

Blog takeover e outra reflexão: F1, literatura e expectativas

Começando o ano na mesma tocada mais reflexiva do primeiro texto de 2022. Este artigo foi originalmente publicado no dia de decisão do campeonato do ano passado e é da Geórgia de Paula, redatora independente da página de Instagram e canal de Telegram Reading Pits, onde ela explicou que conversa “sobre como os livros e o automobilismo dialogam nos extremos mais imprevisíveis da existência. O conhecimento, o lazer e a saúde são, sim, congruentes e é importante dialogar sobre como eles libertam adolescentes além do esporte e da ficção”, me escreveu a Geórgia. Curiosos?

A Literatura, a Fórmula 1 e as Expectativas…

Por Geórgia de Paula

“A literatura goza desse charme de te encantar com a perfeição de outro alguém. Bastam 250 páginas de conturbação familiar, alguns zumbis a serem combatidos e coroas a serem roubadas; ao fim dos 23 anos do protagonista, toda a sua família tornará a dividir os natais em harmonia e os apocalipses estarão extintos. Então, por que, aos meus 24, nada disso ainda me aconteceu? O que os livros não te contam é que a frustração está em todo lugar e é essa a razão primordial de existência do escape.

Crianças com pais ausentes e/ou punitivos tendem a abraçar tudo aquilo que surte de efeito tranquilizador. Já Max, sempre repeliu. Primeira prole de Jos Verstappen, piloto mal reconhecido da década de 90, Max cresceu sob a expectativa dos sonhos irreais do pai. Começou na Fórmula 1 em 2015, ainda com 17 anos, e então gabou-se da primeira grande conquista: Max Verstappen foi o piloto mais jovem da história a garantir uma vitória em um Grande Prêmio. O título de campeão mundial, todavia, só chegou hoje, 6 anos depois. Até o presente momento, os relatos de ‘fracassos’ na família Verstappen são assustadores.

Já em livros como Malibu Renasce, já problematizado na minha página do Instagram (@readingpits), no mês de agosto, é fundamentada a forma como grandes expectativas e ausência de pais presentes são responsáveis pela ruína de jovens artistas. Enquanto Nina Riva, protagonista do livro, forjou-se à imagem de um homem que nunca esteve por perto, Max foi moldado e psicologicamente abusado por um homem que sempre esteve perto demais. Na carreira ou na vida pessoal, o Verstappen filho é retrato do que se teme na tutela narcisista – ou era o primeiro, ou não era nada. Em Yas Marina, ele foi tudo, mas a que custo?! A comemoração do título ressurge com o pesar pelas circunstâncias daquilo que o construiu.

Essa é uma conversa sobre como os livros provam que o conhecimento, a dedicação e, especialmente a paciência, libertam crianças e jovens adultos das amarras irreais que lhes são impostas. A conversa é sobre resiliência e responsabilidade. É sobre comemorar o futuro frente ao tempo perdido.

Hoje meu coração dorme com Max Verstappen, como tem feito todos os dias pelos últimos quatro anos, e repousa também em todos aqueles que aguardam uma história fascinante para ler e viver. Dorme com aqueles que fogem dos pais para buscar exílio. Com aqueles que sonham com grandiosidade quando o chão é curto. Existe muito mais a ser observado sobre um novo campeão que um troféu em mãos, assim como existe muito mais sobre os filhos do que aquilo que os pais constroem. Um brinde à nova era.

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