F1 Raio-X do GP da Austrália - Julianne Cerasoli Skip to content

Raio-X do GP da Austrália

O GP da Austrália foi mais uma demonstração da versatilidade e confiabilidade do carro da Ferrari e da tranquilidade de Charles Leclerc em uma posição que ele não teve anteriormente na Fórmula 1, mas com a qual se acostumou ao longo de sua carreira, administrando uma vantagem na ponta sem cometer erros.

Mas falar apenas da vantagem da Ferrari em Melbourne é contar apenas parte da história. O time levou um difusor modificado (apenas para o carro de Leclerc), mas não foi uma atualização significativa. Se compararmos a diferença do carro vermelho com a Mercedes, que não levou atualizações a Albert Park e seguiu sofrendo com um porpoising severo também nas curvas, o que obriga o time a andar com o carro mais alto e, assim, comprometer bastante seu rendimento, a diferença se manteve estável. Ela ficou na casa de um segundo na classificação e foi maior que isso na corrida (Hamilton perdeu 18s para Leclerc em 14 voltas com o pneu médio e um pouco menos com o duro). Outros carros, como Alpine e McLaren, cujos carros casam bem com o circuito de Albert Park, até se aproximaram da Ferrari.

O que deu na Red Bull?

O ponto fora da curva é a Red Bull. Não sabemos o quanto Verstappen estava apenas administrando a segunda posição na segunda parte da prova porque o time já sabia antes da largada que poderia ter dificuldades de confiabilidade de acordo com o holandês, mas enquanto a maioria estava com pneus médios no começo da prova a dificuldade de controlar o carro, principalmente na curva 13, a mais problemática para a Red Bull por todo o final de semana e na qual a Ferrari era muito melhor que todos, era visível. 

A maioria dos pilotos relatou graining nos treinos livres de sexta-feira, mas havia a dúvida se isso se resolveria com o emborrachamento natural do asfalto e o aumento da temperatura no domingo. Mas o que aconteceu foi uma mudança de graining nos pneus traseiros para os dianteiros, e alguns times ainda relataram bolhas.

A Red Bull, como aconteceu algumas vezes no ano passado (e o GP dos Estados Unidos me vem à cabeça imediatamente) não previu essa mudança de maneira correta, e isso dificultou a vida dos pilotos no primeiro stint, quando Verstappen perdeu 9s para Leclerc em 14 voltas e Perez não andava em um ritmo muito superior a Hamilton, que inclusive conseguiu recuperar a posição que perdeu na pista com um overcut na volta 22.

O inglês, inclusive, parou na mesma volta de Leclerc e quatro giros depois de Verstappen. Quando Sebastian Vettel provocou o segundo Safety Car do dia (o primeiro tinha sido causado por Carlos Sainz, que errou no meio do pelotão após uma largada ruim em que o anti-stall entrou em com pneus duros na primeira volta), apenas George Russell não havia parado entre os ponteiros, o que fez com que o britânico pulasse de quinto para terceiro, atrás de Leclerc e Verstappen.

Fugir dos pneus médios foi a melhor tática

Tentando minimizar ao máximo o tempo com os complicados pneus médios, quem largou com os duros ficou na pista. Era o caso de Fernando Alonso, que tentava se recuperar de uma classificação que poderia ter sido a melhor desde seu retorno à F1, mas que acabou no muro por um vazamento de óleo que fez o carro desligar. E também de Alex Albon, que saíra da última fila e estava em décimo.

Na relargada, mesmo sem tanta confiança para frear dentro da curva por conta do porpoising da Ferrari, Leclerc manteve a ponta a logo abriu uma vantagem confortável. O comportamento da Red Bull era mais estável com o pneu duro, mas Verstappen começou a sentir cheiro de combustível no carro e encostou na volta 39 com uma suspeita de vazamento.

Perez tinha finalmente se livrado de Russell três voltas antes, e era o segundo, mas já 18s atrás de Leclerc, cuja única preocupação era garantir o ponto extra da volta mais rápida. Foi a vitória mais dominante de um piloto que se acostumou a este papel na F3 e F2, mas que só tinha tido conquistas suadas na F1 até agora. Se é algo que veremos com frequência neste ano ou se foi apenas uma escorregada da Red Bull com o acerto do carro em meio a preocupações com a confiabilidade, veremos nos próximos capítulos. Mas que a Ferrari é um carro que funciona bem em condições diferentes, arma importante para vencer o campeonato, isso é fato.

A terceira posição ficou com Russell, em seu primeiro pódio pela Mercedes. Sofrendo com o superaquecimento de um carro que não tem muitas áreas de arrefecimento quando chegava perto do companheiro, Hamilton não o atacou e foi o quarto, em um ótimo resultado para a Mercedes considerando a desvantagem que eles ainda têm para a ponta.

McLaren saiu no lucro da Austrália

O mesmo pode se dizer da McLaren, que viu Lando Norris conquistar um impressionante quarto lugar no grid com o quinto carro em termos de desempenho, atrás também da Alpine na pista de Albert Park. São dois conjuntos que casaram bem com a nova pista da Austrália, mais veloz, embora os franceses não tenham conseguido capitalizar. Afinal, Ocon em momento algum foi tão forte quanto Alonso em Melbourne e ficou a prova toda atrás das McLaren, e o espanhol sofreria muito com os pneus médios na parte final da prova e teria que fazer uma segunda parada.

Quinto e sexto na corrida, Norris e Ricciardo andaram praticamente sozinhos o tempo todo, fazendo seu próprio ritmo. Mesmo assim, o inglês teve de economizar muito combustível no final e só não foi atacado pelo companheiro por uma ordem da equipe para manterem as posições.

Sobrevivendo ao trenzinho de DRS que fez com que os carros da Alfa Romeo e AlphaTauri perdessem muito tempo, brigando com um Lance Stroll que esbanjou frustração em sua pilotagem em um fim de semana terrível para a Aston Martin, Valtteri Bottas foi o oitavo, e a Alfa só não pontuou com ambos os carros porque a Williams ousou na estratégia de Albon.

Após a prova, o chefe Jost Capito revelou qual era o plano mirabolante: usar o bom trato com os pneus de Albon para deixá-lo na pista o máximo possível com o pneu duro e tentar lucrar com uma bandeira vermelha no final da prova, que faria com que ele ganhasse uma troca de pneus “grátis”. Isso não aconteceu, mas os rivais perderam tanto tempo e o ritmo dele foi tão bom que o tailandês conseguiu parar com uma volta para o fim e ainda conseguiu um pontinho para o time inglês.

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