A Williams conquistou dois números interessantes neste último final de semana que falam muito sobre o atual momento da equipe. Dois recordes, mas que não foram suficientes para levar a equipe a um resultado sequer satisfatório. Afinal, marcar nove pontos em um circuito que, pelo menos no papel, deveria ser favorável a seu carro, não pode ser suficiente para uma equipe que sabe que vai sofrer mais para frente no campeonato.
O primeiro número é, na verdade, o ponto alto de uma tendência: a marca de 1s92 da parada nos boxes de Felipe Massa na corrida iguala o recorde obtido pela Red Bull no GP dos EUA de 2013. Com isso, a Williams levou pela oitava vez seguida o ‘título’ de mais rápida do final de semana nos pit stops.
Isso vem de um extenso trabalho que começou ainda no ano passado e visou melhorar os equipamentos, tanto as pistolas, quanto as porcas. O time faz mistério a respeito do que realmente mudou, mas o fato é que os problemas do ano passado eram concentrados em uma roda, sempre a dianteira sobre a qual o esforço na pista era maior, lentando a tese de que se tratava de uma questão de dilatação por conta do aumento da temperatura. Como tudo é feito sob medida, tal dilatação dificultava o encaixe da pistola e a retirada do pneu. Alterações que visam diminuir o atrito e a chance das rodas sofrerem danos físicos que influenciam na retirada das rodas também foram feitas.
Porém, paradas ruins fazem mais diferença, negativamente, do que paradas extremamente boas e os novos pit stops supersônicos não deram uma vantagem óbvia em termos de resultados, apenas tiraram um dos handicaps que o time tinha em relação aos rivais.
O problema da Williams é que os outros handicaps que surgiram são mais efetivos em termos de resultado. Com os outros motores melhorando em relação ao Mercedes, especialmente em seus modos de classificação, o time perdeu parte da vantagem obtida com a aposta acertada pelas unidades de potência alemãs no final de 2013.
Além disso, o aumento agressivo das pressões de pneus feita pela Pirelli a partir dos problemas do GP da Bélgica atingiram em cheio a equipe, escancarando a deficiência de pressão aerodinâmica do carro em relação a seus rivais diretos. Afinal, quanto mais alta a pressão do pneu, menos aderência ele gera. Além disso, a combinação entre a menor pressão aerodinâmica e a maior pressão do pneu torna o carro instável, agravando o desgaste.
Portanto, largando mais atrás e desgastando mais o pneu, a Williams já não consegue acompanhar os times da ponta. E não há nada no horizonte que demonstre que o time, com menos recursos e uma filosofia do carro voltada à redução do arrasto, será capaz de fazer isso, o que nos leva ao segundo número: Valtteri Bottas chegou a 378km/h na classificação em Baku, maior velocidade já registrada em um Fórmula 1. Foi o oitavo no grid e sexto na corrida.
A velocidade máxima tem relação com a potência do motor, claro, mas é mais relacionada à aerodinâmica. Nesse caso, à falta de arrasto, ou seja, de forças que ‘travam’ o carro. E a Williams tem apostado todas as suas fichas em se tornar uma ‘nova Force India’ para explorar ao máximo a pouca vantagem que a Mercedes ainda tem – inclusive, exagerando na dose: o ‘problema’ que Felipe Massa teve nos treinos livres no Canadá foi justamente resultado do uso de uma asa tão pequena que até o uso do DRS foi afetado.
A peça virou item de museu, mas o restante das adaptações para fazer a Williams voar nas retas continuou sendo usado e permitiu que Bottas conseguisse a marca, muito provavelmente também com a ajuda do vácuo.
Mas claramente não tem sido suficiente. Claro que a evolução, principalmente nos pit stops, é bem-vinda ao time, mas um pouco mais de aderência também viria bem a calhar.
6 Comments
Ju, você fará alguma como essa da McLaren, e em relação ao novo regulamento para o ano que vem, já há no paddock boatos se alguma equipe possa dar o pulo do gato, como em 2009 com a Red Bull e 2014 com a Mercedes .
Ainda é mais especulação do que qualquer coisa. Vamos esperar na segunda metade, quando os novos carros estarão mais desenvolvidos e começarão a correr as informações sobre os dados que eles estão conseguindo nas simulações.
Infelizmente a Willians está, novamente, na contramão da história. quando o Adrian Newey chegou à equipe, fez justamente o oposto, ou seja, criou carros muito rápidos nas curvas, a ponto de um dos pilotos, acho que foi o Patrese, dizer que era desconfortável fazer curvas tão rápido. Contornar curvas de forma rápida, preparando o carro para entrar “cheio” nas retas é o que garante vantagem.
Julianne
Por que o massa comecou a perder tao feio pro bottas ? Ele e a equipe sabem ou eh simplesmente o fator piloto ?
Obrigado
Ele estava na frente no campeonato até o Canadá, quando a batida vez com que os carros estivessem diferentes no sábado e no domingo, porque eles não tinham peças novas de reposição. Em Baku o Felipe teve sérios problemas de aderência nas freadas e teve de aumentar a carga aerodinâmica para compensar, o que não era o ideal para aquele circuito. Salvo alguns lampejos, também não o vejo como um grande piloto em pistas de rua, o que pode ser outro fator.
Na classificação, perguntei a ele se estava tendo alguma dificuldade específica. Ele disse que era só uma questão de acertar a volta. Olhando os números, apesar do placar, realmente a diferença média entre ele e o Bottas é menor que em anos anteriores.
Obrigado, vamos ver se ele se recupera na Austria e nos circuitos que seguem. Nao vejo o Bottas como um super talento , mas ele eh muito eficiente e se o Massa tiver essa variacoes, vao querer rever o pacote Massa x Investimentos e Button x Investimentos e Beneficios.