Se tem uma coisa que o GP da Áustria mostrou, é que esse negócio de fazer corrida de Fórmula 1 é complicado. Com 2000 pessoas fazendo o trabalho que seria feito normalmente por mais que o dobro, misturando-se com a falta de prática de quem não enfrentava um final de semana de corrida há oito meses, houve problemas por toda a parte, de quebras na pista a panes na transmissão (mas essa segunda parte explico no post de amanhã. Vamos à corrida em si).
Foi uma prova de sobreviventes, de administrar erros e falhas. Na Mercedes, desde o começo da prova o carro de Valtteri Bottas começou a apresentar problemas ligados à vibrações na caixa de câmbio. E depois, Lewis Hamilton passou a ter o mesmo tipo de problema. Os dois ouviram mensagens contínuas para evitarem as zebras, e mesmo assim eram uns 0s3 por volta mais rápidos que a concorrência.
Ainda assim, é um problema que eles terão poucos dias para resolver, mas Toto Wolff já disse que ele se sente confiante porque eles já têm um indicativo do que possa ter acontecido.
A Red Bull está um passo atrás – em termos de ritmo e de entender o que aconteceu neste domingo: o que se sabe é que Verstappen teve um problema elétrico e Albon, no motor. Outra lição de casa para a equipe é entender qual a melhor asa dianteira, uma vez que o holandês usou uma versão mais nova que a do companheiro.
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Albon tinha, sim, chances de vencer o GP da Áustria. Obviamente, agora sabemos que o motor dele quebraria, mas a decisão de colocar pneus macios no SC vinha pagando dividendos: ele jamais colocaria de lado numa disputa com Hamilton não fosse isso. No final das contas, o toque foi inevitável porque Hamilton costuma deixar nas mãos dos rivais a decisão de arriscar o toque ou não, e Alex disse que já estava até de olho em Valtteri. A regra diz que é preciso deixar um carro de distância para a linha branca se um carro estiver do seu lado, Albon estava no limite na pista, e esse espaço se fechou. Houve quem questionou se ele não deveria ter esperado mais, mas era necessário atacar as Mercedes antes que os pneus – duros e usados – deles se aquecessem. Era preciso arriscar.
Tudo isso jogou o segundo lugar no colo de Leclerc, que era sexto até 10 voltas para o fim. Passou Norris, passou Perez e herdou as posições de Albon e Hamilton. Norris, aliás, que parecia estar perdendo rendimento após o último SC, perdendo contato com Perez, sendo passado por Leclerc e brigando com Sainz mas, no final, se livrou do companheiro, que teve problemas com o equilíbrio da McLaren por todo o final de semana, viu o mexicano perder rendimento com pneus desgastados e “só” precisava tirar mais de meio segundo na última volta para ir ao pódio, beneficiando-se dos 5s de punição dados a Hamilton. Fez uma volta sensacional e conseguiu, por 198 milésimos.
FINAL LAP: Onboard with @LandoNorris as he closes the gap to Lewis Hamilton by 0.7s
Enough to secure his first ever F1 podium finish and the DHL Fastest Lap Award in Austria 🚀 🏆#AustrianGP 🇦🇹 #F1 @DHL_Motorsports pic.twitter.com/PqkKmXed5R
— Formula 1 (@F1) July 5, 2020
Quando se tem uma corrida com sete equipes nos pontos, fica claro que não foi uma tarde processual. Freios acabaram com a corrida da Haas e quase fizeram o mesmo com Gasly, que acabou conseguindo levar o carro até o sétimo lugar. Dando sinais de que estava sem “ritmo de jogo” depois de mais de 18 meses parado, Ocon acabou com a corrida de Kvyat. Ricciardo teve problemas de arrefecimento, Raikkonen viu sua roda mal afixada sair pulando na pista (o que custou míseros 5 mil euros para o time).
Seria uma boa oportunidade para a Williams beliscar um pontinho, e Russell vinha segurando Vettel até ter um problema de pressão de combustível. Sim, Vettel. Sem confiança nas freadas e depois de um mergulho otimista para cima de seu substituto na Ferrari, ele teve um tarde pra lá de apagada. A Ferrari não apenas deixou de ter os superpoderes de seu motor, como também tem um carro com muito arrasto. Mas o GP da Áustria mostrou que pelo menos o carro chega até o final da corrida. Será interessante ver, com tantas corridas em sequência e muita gente das equipes ficando na Áustria e indo direto para a Hungria, por quanto tempo isso será um diferencial.
2 Comments
Oi Ju, não sei se vai falar em algum post no futuro sobre as decisões de estrategia da corrida (são um dos meus preferidos) mas você pode adiantar o porquê da Racing POint não ter chamado o Perez no SC? Ele estava de medios, todos os outros de duro (menos a mercedes) pararam. Faltava pneu novo?
Vou fazer o post sim e te respondo