O assunto principal desse início de temporada é a degradação dos novos pneus Pirelli. A empresa italiana seguiu à risca o que lhe foi pedido e produziu uma borracha que obrigará os pilotos a fazerem ao menos o dobro de pitstops em relação ao ano passado.
E não demorou para que os famosos conservadores de pneus, como Button e Heidfeld, aparecessem contando vantagem. Todavia, a julgar pelas descrições que os pilotos vêm dando sobre o comportamento dos novos compostos, há mais probabilidade de errar e detonar o pneu já nas primeiras voltas que de tirar vantagem com um estilo mais suave.
A sensação geral é de que, mesmo se adotar uma tocada mais suave, o pneu dura apenas 1 ou 2 voltas a mais. Como esta tocada seria mais lenta, não haveria grande vantagem. “Tentei guiar de forma diferente, digamos, 20% mais devagar, e isso lhe dá uma volta a mais”, garantiu Adrian Sutil. “O problema é que, depois de um certo número de voltas, o pneu acaba, não importa o que o piloto faça”, completou Sebastian Vettel.
Entender essa característica dos Pirelli citada pelo atual campeão mundial, de que o rendimento cai bruscamente de uma hora para a outra, promete ser a grande chave para o ano. “O piloto vai sentir a degradação antes que a equipe possa ver isso nos tempos. Então, creio que o piloto terá um papel fundamental em saber quando os pneus estão prestes a acabar. Se você tomar a decisão de parar uma ou duas voltas depois do que deveria, pode perder 5 ou 6s”, acredita Pedro De la Rosa, que atuou como piloto de testes da Pirelli. “O feeling de quando o pneu acabar será extremamente importante. Os pneus têm uma degradação linear até sofrer uma queda abrupta”.
É essa perda de rendimento que o piloto tem que pressentir e evitar a qualquer custo. “Você terá que perceber isso e já avisar a equipe que está entrando (para fazer o pitstop). Será interessante – não é só uma questão de ter os engenheiros olhando uma tela e decidindo quando você vai parar.”
Outro ponto imporante relacionado aos novos pneus é que eles obrigam a adaptar na maneira de pilotar. E quem o fizer primeiro – e melhor – leva vantagem, independente do estilo. “Com os Pirelli, não podemos frear tão forte. Antes, chegava ao final da reta e pisava com todas as minhas forças. Se faço isso agora, o mais normal é que os frite, principalmente os traseiros, como se tivesse puxado o freio de mão”, descreve Fernando Alonso. “A tração também piorou bastante. Quando antes saía de uma curva e pisava com o acelerador, era agressivo, mas este ano tenho que medir a pressão. Só piso fundo quando estiver na 3ª ou 4ª marchas. Tem que ser muito mais sensível.”
3 Comments
Quero ver é na hora de parar nos boxes. Como as equipes vão lidar com a questão de quem vai parar primeiro para a troca, já que uma volta a mais com pneus com baixo rendimento pode colocar uma corrida no buraco.
Aí é mais matemático, não? São apenas 3, 4s parados no pit, então isso só vai ser problema de os pilotos estiverem divididos por menos que isso.
Daí é dar prioridade para o que vai à frente ou tentar prever se a perda de continuar mais uma volta é pior que esperar.
Acredito que ainda seja prematuro dizer que os pneus Pirelli são inconstantes ou com degradação irregular, pois se não me engano, os treinos de inverno na Espanha foram realizados com temperaturas bem baixas, o que reduz a temperatura de trabalho do pneu e por consequência aumenta o escorregamento e desgaste. Lembrar também que os carros estavam em fase de ajuste aerodinâmico e balanço e alguns estavam com pouco downforce como McLaren e Mercedes. Também é possivel ajustar a curva de aceleração do motor para evitar fritar os pneus em saída de curvas e marchas baixas. O KERS também pode ter culpa pelo desgaste, pois deve haver um balanceamento entre potência de frenagem e recuperação de energia, idem no momento de aceleração e uso da energia das baterias, que o diga Williams e Lotus-Renault. A asa traseira móvel também deve influir, pois quanto maior a velocidade no final da reta, maior o esforço de frenagem necessário.
Como bem definido por Adrian Newey, o maior desafio é adaptar um carro que foi projetado antes de se ter o pneu pronto.
Atitude corajosa da Pirelli de fazer um pneu de rápido desgaste, o que pode rotulá-la como um pneu ruim pelo consumidor comum em comparação aos Bridgestone.