F1 equilibrada com vantagem de Piastri - Julianne Cerasoli Skip to content

Uma vitória que Piastri construiu com as falhas do passado

O GP do Azerbaijão já teve edições de loucura total. E teve outras em que não aconteceu quase nada. A prova de 2024 não foi nenhuma das duas. Foi um duelo tenso, técnico, em que, por 15 voltas, os três primeiros ficaram divididos por menos de 2s. E eram três carros diferentes. Uma corrida em que deve ter caído a ficha para ainda não vê “tudo isso” em Oscar Piastri.

O piloto da McLaren largou na segunda posição e dava a impressão nas primeiras voltas de que passaria o pole position Charles Leclerc em uma questão de tempo. Mas a pressão durou cinco voltas, tempo suficiente para ele pedir demais de seus pneus e ver o ritmo cair.

Era um filme que Piastri já tinha visto nas últimas provas. Quando você está na turbulência de outro lado, ou você aproveita ao máximo a aderência logo de cara, ou fica vendido. Forçando por várias voltas atrás de outro carro, você vai perdendo o controle das temperaturas do pneu, de um jeito que pode não conseguir se recuperar mais.

Piastri atacou e teve que recuar no primeiro stint

Foi um filme que ele viu novamente no primeiro stint em Baku, a ponto da equipe começar a olhar para trás. Com menos a perder, em quinto e sexto lugares, a Red Bull e a Mercedes chamaram Max Verstappen e George Russell na volta 12, iniciando um efeito dominó em quem estava mais à frente.

Isso porque os pilotos estavam administrando tanto os pneus médios que o undercut estava se mostrando muito poderoso. Verstappen voltou rapidamente andando 2s mais rápido que o líder Leclerc, então o outro lado da garagem da Red Bull chamou Sergio Perez na volta 13 para evitar que a Ferrari conseguisse o undercut com Carlos Sainz.

Enquanto isso, Norris escalava o pelotão

Mas havia um preço. Ele voltaria atrás de Lando Norris, ainda longe de parar. E também de Alex Albon. Afinal, os dois estavam com os pneus duros e precisavam ir pelo menos até a volta 30.

Norris estava nesta situação porque pegou uma bandeira amarela relâmpago no final do Q1, se classificou em 17º e acabou largando em 15º com punições a Gasly e Hamilton. Em oito voltas, ele já estava no top 10 e rapidamente escalou até o quinto posto com as paradas dos rivais.

Norris teria um papel fundamental na vitória de Piastri, logo em um final de semana que começou com a equipe dizendo que iria trabalhar para que ele conseguisse diminuir a desvantagem para Verstappen.

Logo à frente de Perez após a parada do mexicano, ele diminuiu o ritmo e segurou a Red Bull, enquanto Piastri era instruído para forçar o ritmo e entrar no box. Perez estava a 2s de Piastri antes da parada, em terceiro lugar, então era para o undercut da Red Bull ter funcionado.

Ele perdeu tanto tempo com Norris que Piastri parou e voltou a sua frente.

Lá na frente, a Ferrari respondeu à parada de Piastri com Leclerc no giro seguinte, mas a volta de retorno dos boxes do monegasco foi lenta, enquanto Piastri conseguiu, até a exemplo do primeiro stint, aquecer mais rápido seus pneus.

Piastri aproveitou a “meia chance” que teve para vencer

E então, o que fazer agora? Piastri sabia que, se forçasse muito, perderia muito rendimento nos pneus depois. Mas, se conseguisse passar, poderia controlar o ritmo da frente, o que sempre ajuda a ter menos desgaste.

“Eu vi meia chance e fui”. Foi mesmo, no começo da volta 19, se lançando de longe por dentro na curva 1. A ultrapassagem surpreendeu Leclerc, que não entendia como Piastri estava conseguindo tirar tanto do pneu naquele momento, e também ficou surpreso com o ritmo de Perez, que vinha logo atrás e logo passou a pressioná-lo. “É para eu forçar ou não, o ritmo deles está uma loucura!”, disse o piloto da Ferrari.

E lá ficaram os três, muito próximos um do outro até que Perez começou a sofrer com os pneus lá pela volta 36, com 15 para o final.

Sainz chega na briga

Nesse ponto da prova, Carlos Sainz vinha crescendo. Ele tinha pneus mais novos do que todos os outros ali na ponta, tinha preparado sua prova para crescer no final.

Com cinco voltas para o fim, ele chegou de vez. Os quatro primeiros colocados estavam separados por menos de 4 segundos. Piastri se concentrava em sair bem da última curva e não errar a freada da curva um mesmo se posicionando um pouco mais para dentro no traçado, para evitar que Leclerc tivesse qualquer chance de ultrapassagem mesmo tendo, volta após volta, o DRS aberto. Os dois já estavam com os pneus detonados também, dando uma traseirada atrás da outra.

Com três voltas para o fim, Perez viu sua chance. Tentou mergulhar em cima de Leclerc, não conseguiu fazer a manobra, e foi passado por Sainz. Na tentativa de recuperar a posição, chocou-se com o espanhol. Com os dois carros batidos na pista, a corrida terminou com o Safety Car Virtual. E uma vitória suada de Piastri.

Norris x Verstappen, quem diria

Nem um dos dois pilotos mais bem colocados no campeonato participou dessa briga. Lando Norris foi bem levando em consideração de onde largou. Conseguiu levar seus pneus duros até a volta 37, mesmo tendo feito fila no começo da prova.

O ritmo também foi bom o suficiente para que ele não precisasse ultrapassar nenhum carro mais lento quando voltou à pista. Na verdade, Norris teve pista livre para fazer algo que nem ele, nem a equipe, que projetava um oitavo lugar, acreditavam ser possível antes da largada: ir à caça de Max Verstappen e ultrapassá-lo na pista.

Com toda a confusão das últimas voltas, essa foi uma luta pelo quarto lugar. E Norris, que também fez a volta mais rápida, conseguiu, largando em 15º, tirar três pontos da vantagem de Verstappen. O terceiro lugar no pódio acabou ficando com George Russell, que fez uma corrida solitária.

Verstappen teve um domingo apagado por conta de decisões erradas tomadas no sábado com o acerto do carro, que teimava em não ficar com as quatro rodas em contato com o asfalto o tempo todo. Mas se mostrou mais confiante do que duas semanas antes a respeito de seu campeonato. Afinal, a Red Bull finalmente encontrou a base de seus problemas – segundo Christian Horner, na atualização da Espanha de 2023! – e trouxe mudanças no assoalho que deixaram os pilotos mais contentes. Ou pelo menos quem não se perdeu no acerto no meio do caminho.

Colapinto roubando a cena

A batida de Sainz e Perez abriu o caminho para que vários pilotos do meio do pelotão pontuassem, mas mesmo sem o acidente Franco Colapinto seria um deles. Ele largou em nono, entrando no Q3 logo em sua segunda classificação, e se manteve ali no primeiro stint.

Foi o primeiro a parar, sofrendo com os pneus.

Uma comunicação intensa com o engenheiro foi ajudando Colapinto, que sequer fez uma temporada completa na F2, a entender o que deveria fazer com seu segundo jogo de pneus. Ele se viu perseguindo Fernando Alonso, depois perdendo posições para o companheiro Albon e para Nico Hulkenberg, e sendo perseguido por Lewis Hamilton, que tinha largado do pitlane após trocar o motor. Passou o piloto da Haas logo antes do acidente de Perez e Sainz com pneus 5 voltas mais usados e foi o oitavo colocado.

Hamilton e Ollie Bearman, que substituía o suspenso Kevin Magnussen, completaram o top 10. 

2 Comments

  1. Ótimo texto com semore Ju.
    Sobre o Colapinto, ok, andou muito bem, mais do que esperado, mas temos que dizer que as duas corridas que ele fez até agora, foram em pistas que favorecem a Williams (Monza e Baku). São pistas com retas imensas, onde a velocidade final importa mais que em outros circuitos. A Williams já tem as melhores velocidades finais há muito tempo. É, talvez, a principal característica do carro. Isso ajudou bastante.
    Agora, que me desculpea Williams, querer colocar ele para disputar a vaga na Audi com Bortoleto já é demais. Colapinto não ganhou nada até agora. Bortoleto (e Drugovich tbm) é bem melhor que ele. Se ele andou bem, imagina o Bortoleto. Imagine de um dos dois pilotos da McLaren não puderem competir em uma prova. Não sei se o Bortoleto é o primeiro piloto reserva, mas acredito que ele teria chances até de vitória, com esse excelente carro da McLaren atual. Portanto, acho que o maior problema dos pilotos brasileiros hoje é que nosso país não é atrativo para investimentos e por isso não vêem neles uma boa oportunidade comercial. Só pode ser isso. Pq Drugo e Bortoleto, sem ufanismo, são melhores que metade do grid da F1 hoje.
    Grande abraço.
    Vinicius Zanini

    • Bem observado sobre o desempenho da Williams nesses dois circuitos de longas retas. A Williams lembra um pouco a Force India, que só andava bem em circuitos de alta velocidade e era fraca nas pistas que exigiam uma aerodinâmica mais eficiente.


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