O GP do Canadá trouxe várias discussões à tona, mas algo que passou despercebido foi mais uma largada com Safety Car. Essa tem sido uma prática comum nos últimos anos e em nada ajuda ao espetáculo, algo inconcebível em tempos nos quais se chega ao extremo de dar uma vantagem de mais de 10km/h para que um piloto consiga superar o outro.
É interessante perceber que essa é uma invenção dos anos 1990. No GP da Espanha de 1996, esta saída foi adotada como uma “circunstância excepcional”. No ano seguinte, após o céu desabar a 20 minutos da largada do GP da Bélgica, a largada sob Safety Car foi usada novamente, por apenas três voltas.
Não há como negar que se trata de uma decisão sábia sob determinadas circunstâncias. Todos sabem o quanto os carros de hoje são sensíveis à aquaplanagem e como a baixa visibilidade é um problema e um perigo desnecessário, mas não podemos deixar de perceber uma relação importante.
Foi de 2003 para cá que as largadas sob Safety Car se tornaram mais comuns. Apenas nas últimas cinco temporadas, tivemos nada menos que seis inícios bucólicos. Não coincidentemente, justamente em 2003 foram determinadas as regras mais restritivas das condições de parc fermé, que regem o que pode ser feito nos carros entre a classificação e a corrida.
Esse parece ser o fator principal para que os carros se tornassem perigosos demais para a chuva. A decisão de sacrificar a classificação apostando em um acerto para a água é difícil e envolve vários fatores – e não seria razoável a FIA obrigar todos a levantarem as asas com base em uma previsão que pode não se concretizar.
Pior, de acordo com o testemunho do diretor técnico da Williams Sam Michael durante o GP do Canadá, há determinadas mudanças que não são permitidas sequer em bandeiras vermelhas – Barrichello queria amolecer as suspensões, e Charlie Whiting não permitiu.
O parc fermé tem seu valor. Além de diminuir o período de trabalho dos mecânicos, provoca alguns desafios interessantes do ponto de vista da engenharia. Entretanto, em tempos de tantas concessões pelo espetáculo, não seria melhor aumentar a possibilidade de mudanças entre o sábado e o domingo e evitar ao máximo um anticlímax como no Canadá?
3 Comments
Virou um medo danado, desde aquele pancadão em Spa 1998. Naquela época as equipes ainda tinham o recurso do carro-reserva, que não pode ser usado mais hoje. Acho que é uma realidade que não mudará nestes tempos de baixos custos.
Acho que não se justifica mais a largada com safety-car.
Afinal, eles não são os melhores pilotos do mundo? É a primeira vez que vão andar com pista molhada na vida?
Até o ano passado, era compreensível a largada atrás do safety-car, pois as ultrapassagens eram muito mais dificeis e os pilotos tentavam se aproveitar da situação para ganhar algumas posições na primeira volta.
Mas com as regras atuais (DRS+KERS+pneus Pirelli) ficou muito mais fácil ultrapassar e não se justifica tentar resolver a corrida na primeira curva. Mesmo em pista seca, os pilotos tem sido cuidadosos na largada.
A volta de apresentação é mais do que suficiente para o piloto checar as condições da pista e o comportamento do carro.
Se as condições da pista são muito ruins, então nem larga. Fica parado esperando melhorar o tempo! Ah, mas tem a questão da audiência, então fica que nem a prova da Coreia do Sul no ano passado, andando atrás do safety-car…
Certo era o Kimi Raikkonen na Malásia em 2009 que se encheu da atitude dos dirigentes da FIA e abandonou o carro no grid e foi tomar um picolé de bermuda nos boxes. Estava claro que não haviam condições para correr ( chuva e pouca luz) e eles só estavam “enchendo linguiça” para dar o tempo da transmissão.
O Kimi é um cara de poucas palavras, mas de muita atitude. Coisa que falta para a maioria dos pilotos, presos por contratos e patrocínios.
Concordo 200% com seu comentário, e a tempos procuro um argumento para este absurdo de não se permitir mexer no carro que foi preparado para pista seca, quando se tem condições de chuva! Este é mais um dos absurdos atuais na F1 atual. Não é considerado que existem pilotos bons no seco e existem pilotos com talentos natural de correr com chuva, e somente é considerado importante as corridas no seco. Porque acho isto? Sao corridas distintas e os talentos sao distintos entre os pilotos . Alem de não ser considerado o perigo de usar setups de seco , com chuva. Permitem a cretinice de se mexer nos carros com bandeira vermelha e não se permite mexer se chove!