F1 Personagem do GP da Alemanha: Fernando Alonso - Julianne Cerasoli Skip to content

Personagem do GP da Alemanha: Fernando Alonso

Se há alguma coisa que nunca falha em Fernando Alonso é seu pensamento lógico. Ele pode cometer erros na pista (raríssimos neste ano muitas vezes sob condições difíceis, é bem verdade), optar por estratégias erradas em conjunto com sua equipe, não contar com um carro rápido ou confiável o suficiente, mas tem uma marca que lhe acompanha a cada corrida, independentemente se a fase é boa ou ruim: uma linha de pensamento de clareza irrefutável.

Não que sempre esteja certo, não que nunca perca a cabeça. Mas o curioso é como Alonso, minutos depois de sair do carro, é capaz de construir o antes, o durante e o depois de uma maneira que deixa os demais no chinelo. Nesse quesito, só pode ser comparado a Michael Schumacher no grid atual.

Ainda na quinta-feira, Alonso demonstrava saber que, embora não tivesse vida fácil, poderia superar as Red Bull na Alemanha. E isso, não por alguma esperança ou autoconfiança, mas pela lógica: a Ferrari tinha um pacote de mudanças que, diziam os dados, resultaria em um ganho razoavelmente significativo. Ao comentar sobre o assunto, mesmo tentando despistar com as palavras, deu uma piscada ao repórter. Ele sabia que teria carro para lutar.

“Eles têm um pouco de vantagem, mas é recuperável, não é como no ano passado, quando parecia que eles estavam em outra categoria. Se conseguirmos uma melhora que responda bem, chegamos no nível deles.”

No sábado, faz a pole, mas mantém sua linha de “os pontos só são dados no domingo”, discurso recorrente principalmente após a chegada na Ferrari. Mas comemora a vantagem que a classificação lhe deu. “Quando se tem uma corrida no seco, o melhor é largar da frente e ter uma prova tranquila”.

É aos domingos que o turbilhão de pensamentos de Alonso de faz mais impressionante. Tão logo sai do carro, sempre tem calculadas as diferenças no campeonato e descreve com a precisão de um atento telespectador, como se não estivesse dentro da ação, os momentos decisivos da corrida.

“Estou contente pelo campeonato, ainda mais diante do abandono de gente importante, como Hamilton. Mas foi uma corrida difícil, pois não éramos os mais rápidos no seco, embora fossemos competitivos o suficiente para manter a liderança. Largar na pole foi fundamental, porque estava difícil ultrapassar. Além disso, a equipe tomou boas decisões. Me preocupava um pouco menos com os ataques de Button, porque, para o campeonato, o mais importante era terminar à frente de Vettel”

É inegável que essa clareza, essa compreensão acima da média do que é necessário para se dar bem durante as corridas, é importante para explicar a liderança folgada de Alonso em um campeonato cujas corridas têm sido apertadas e cujo comportamento dos carros tem sido imprevisível. O espanhol aproveita as oportunidades porque sabe quais os momentos-chave em que elas surgem, as antevê. Por isso, cada vez mais desponta como favorito ao título: correr com a cabeça é o negócio dele.

6 Comments

  1. Oi juliana, boa tarde.

    Claramente a Ferrari evoluiu na velocidade em retas, tanto que nem com o DRS a RBR e MClaren chegava. E alonso usava metade do Kers no ínicio de onde se ativava o DRS e a outra metade logo após o cotovelo ao fim desta mesma reta…

    Muito boa atuação.

    Parabéns pelos textos, a melhor análise sobre a punição Ao “féttel”.

  2. Olha… vou ser sincero… Eu sempre achei um piloto fantástico, mas ainda não enquadrava ele na categoria fenomenal. No nível de Prost, Piquet, Fangio, Mansell, Lauda, entre outros (sim, Senna acho que está em outra categoria, acima destes). Mas depois deste ano… Pra mim ele era bom, ponto. E minha tese aumentava ainda mais com a situação de que em confrontos com pilotos também candidatos a fantásticos que pra mim é o único jeito de comparar, o Alonso perdeu (do Hamilton). Mas naquela situação eu já fiquei de anteninha ligada… O próprio Ron Dennis avisou: Alonso corre sozinho, pois estamos ajudando o Hamilton. Não iremos atrapalhar ele, mas não iremos ajudá-lo, pois nosso primeiro piloto é o Hamilton. Dessa forma ainda o cara ficou quase com o caneco… Então eu queria ver mais… A competição com Massa é maldade. Massa é um bom piloto. É sim competente, está sofrendo com adaptação, mas ainda acho ele um cara que tem sim direito de estar onde está (se tem gente com “mais direito” é outra história)… Massa é bom, e Alonso já está acima dessa categoria desde que colocou um bom também no bolso humilhantemente (Fisichella, no caso)… Este ano, Alonso está humilhando… Correndo de um jeito incrível… E olhando ele guiar… Ele é enérgico no volante, mais preciso… Pouquíssimas vezes sai de frente ou de traseira… E tem o carro na mão o tempo todo… Incrível. Muito bom o ver correr… Que continue assim por muitos anos…

  3. Eu de uns 2 anos pra cá comecei a pensar que o Alonso não é o piloto mais rápido da pista. Ainda acho isso se compararmos ele com o Hamilton. Mas braço não ganha título, é um conjunto de velocidade + cabeça + carro bom.

    Também percebi que ele usava apenas uma parte do Kers e segurava o “restinho” para emergência. Ele lê a corrida muito bem e mais, ele entende muito bem a pista que está pilotando, sabe em qual ponto tem folga e qual ele precisa pisar. Isso é sinônimo de ser completo, saber que não precisa acelerar fundo o tempo todo e pensar em poupar os pneus. No final ele abriu mais de 3s para o Button, que momentos antes estava atacando ele. Nem o Vettel chegaria no Alonso com mais umas 3 ou 4 voltas, pois o pneu dele também não aguentaria. Claro, largando na frente sem disputar posição e ainda sendo bom, Alonso economizou pneus mais do que os outros. A mim, parece que se alguém chegasse perto dele novamente ele ia dar uma volta rápida para avisar que ainda tinha pneu pra queimar. Ele geralmente não se preocupa somente em ganhar a corrida, pensa no campeonato. Por isso dependendo da situação de corrida e do adversário que tem chances de ultrapassá-lo ele não oferece resistência, ao menos quando vê que não tem chance e o melhor é que a ultrapassagem seja limpa e ele continue nos pontos.

  4. Hehe, pô Ju, essa foto é bem sujestiva: o pensador, Alonso de Rodin, kkkkk, ou Fernando Alonso, minto, Fernando Prost. Na minha humilde opinião, Alonso está um degrau acima dos demais desde 2005. Tudo bem que muitos detalhes fazem uma vitória, mas em uma F1 muito parelha como em 2012, fala-se da necessidade de largar na pole, mas alguém que vence vindo de 8º e 11º, dispensa comentários… Alonso tem menos títulos que sua enorme capacidade de guiar um F1.

  5. Alonso me faz pensar em Lauda e Stewart, se é que é possível encontrar semelhanças com outros campeões, com o escocês principalmente; não por coincidência este disse há pouco tempo que o melhor ‘equipamento’ do espanhol é a cabeça – o que está reiterado nesse post.


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