O primeiro ano foi sofrível. O seguinte, principalmente em sua segunda parte, foi uma evolução. Era de se esperar que Michael Schumacher mostrasse a que veio e desencantasse em 2012. A Mercedes cresceu, a pole veio de forma inesperada em Mônaco e o pódio foi conquistado com ares apoteóticos em Valência. Mas Schumi encara mais um ano à sombra de Nico Rosberg, fruto da vitória irretocável do companheiro na China e dos 77 x 29 na tabela de pontos.
Os números, entretanto, não dizem tudo. É inegável que muito dessa diferença está nos seis abandonos de Schumacher nas 11 primeiras etapas, enquanto Rosberg completou todas. O heptacampeão só pode ser culpado por uma delas. O que a contagem de pontos não diz é que Schumacher, das cinco provas em que viu a bandeirada, superou o companheiro em quatro. Faz, no mínimo, uma temporada tão boa quanto Nico.
Rosberg | Schumacher | |
Pontos (% da equipe) | 77 (72.6%) | 29 (27,4%) |
Melhor resultado | 1º (1x) | 3º (1x) |
Placar em corridas (abandonos) | 1 (0) | 4 (6) |
Placar em classificação | 6 | 5 |
Diferença média em classificação | +0.296 |
Superar o companheiro tem sido o menor de seus problemas. O W03 parece mais uma caixinha de supres as: ora cozinha os pneus, ora não os aquece. A Mercedes revolucionou seu departamento técnico, trouxe Bob Bell da ex-Renault e Aldo Costa, da Ferrari, Geoff Willis, ex-Red Bull, e, recentemente, Mike Elliot, da Lotus, e ainda assim parece ser a equipe que mais vem apanhando para manter-se na janela de funcionamento dos pneus. Ross Brawn diz que a base é boa e, por isso, o desenvolvimento vai continuar até o final do ano para que se encontrem as saídas pensando em 2013, mas anda sendo difícil observar alguma evolução.
As recentes classificações na chuva – Grã-Bretanha e Alemanha – apenas salientaram isso. Rosberg não se entendeu com os pneus, mas Schumacher foi terceiro em ambas as ocasiões. Nas corridas, no seco, foi caindo aos poucos, sem ritmo e gastando mais os Pirelli que os rivais. A verdade é que foi um carro que nunca se acertou. Sua grande vedete, o duto frontal, pouca vantagem traz na prática e a única performance dominadora se deu em uma condição específica: em clima frio e em um circuito que coloca mais carga nos pneus dianteiros. Rosberg poderia ter repetido o resultado em Mônaco, em circunstâncias semelhantes, mas se trata de qualidades pouco efetivas em termos de campeonato.
A proximidade dos times médios faz com que uma corrida ruim da Mercedes signifique ficar fora dos pontos, enquanto nos últimos dois anos poderia dar em um sexto, sétimo lugares. Mas uma coisa difícil de explicar para os comandantes alemães, que vêm ouvindo pelo terceiro ano seguido que a ex-Brawn faz o que pode com sua estrutura reduzida. Ainda assim, tem feito pouco demais.
4 Comments
ótima analise Ju,muito boa.
Achei curioso esses dias assistindo o gp da Alemanha o Schumacher começou a atacar o vettel nas 3 primeiras voltas logo depois seus pneus começaram a ir embora e perder rendimento,no final da corrida com pneus novos nas ultimas voltas fez a volta mais rapida da corrida,realmente esse carro consome muito pneu.
Ju,isso se deve ao fato de deficiencia aerodinamica ?
Isso poderia ser parte do problema, mas parece haver um desequilíbrio, pois os pneus traseiros sofrem demais. É um problema tão complexo que não é exclusividade do W03, já é uma herança antiga.
O que mais impressiona é o fato de possuirem muitos recursos financeiros, túnel de vento, apoio da fábrica, mas estranhamente a equipe não decola apenas pelo poderio da marca…podemos ver que apenas o dinheiro não pode criar uma fórmula vencedora…
Schumacher ainda pilota muito o carro da Mercedes que não ajuda,chega um ponto que não da para fazer milagre com o equipamento que se tem em mãos,esse carro massacra com os pneus,e creio que o Schumacher se esforça ao máximo para dosar seu estilo super agressivo de pilotagem,se o Schumacher quiser salvar a sua imagem seria interessante ir para uma equipe mais competitiva.