Sei que vocês querem mesmo é saber das apostas para a temporada, mas deixo isso para o Credencial que gravaremos nesta semana no TotalRace. Aqui, o clima será outro e a causa é nobre. Foi divulgada recentemente uma entrevista com um dos profissionais que mais admiro no paddock da F-1. Ele não pilota ou não desenvolve carros, nem dirige equipes. Mas retrata tudo isso como ninguém.
Darren Heath sempre conviveu com a paixão pela F-1 em casa e conta que, quando James Hunt venceu o campeonato de 1976, seu pai lhe jogava para o alto de forma que ele chegava a bater a cabeça no teto. Seis anos depois, quando assistia ao GP da Grã-Bretanha em Brands Hatch, percebeu que gostava de ‘gravar’ os momentos que via na pista. Ainda adolescente, descobriu o que queria fazer da vida: ser fotógrafo de F-1.
E como é bom nisso. Suas fotos prendem a atenção mesmo em um mundo em que somos inundados por imagens o tempo todo. Preparando-se para sua 24ª temporada, o inglês revelou alguns de seus segredos. Quando chega à corrida, por exemplo, desenha a pista e o caminho do sol, para saber onde estará em cada uma das sessões. “Tento mostrar o que a F-1 significa para mim. Tento mostrar que não são só 60 voltas em uma tarde de domingo, é uma novela, um show. Por isso mexo muito com cores, movimento – as mãos também dão esse tom”, explica. “Você tem de tentar se destacar em tudo o que faz. Não adianta eu tirar as mesmas fotos dos outros fotógrafos. Não gosto de tirar fotos que parecem estáticas, quando o carro está ‘estacionado’ na curva e você consegue ler até o nome da marca de pneu.”
O gosto por gestos fortes faz Heath ter uma admiração a mais por Fernando Alonso. “As comemorações dele são muito boas e sei que um colega lhe explicou que, quanto mais expressivas suas celebrações, mais cobertura terá. E você nunca sabe o que ele fará na próxima corrida. Schumacher também… nunca fui fã dele, mas a maneira como ele se portava nas comemorações era fantástica. Como piloto, gosto do Kimi Raikkonen, ele é sensacional em uma volta, mas quando ganha uma corrida… se bem que prefiro isso do que isto [imita o famoso dedo em riste de Vettel]”.
Entre as corridas, nada bate Cingapura para o fotógrafo. “Os carros brilham mais, você vê as chamas do escapamento. E Abu Dhabi é especial porque, como a corrida é ao entardecer, cada vez as imagens ficam melhores.”
Heath não gosta do zoom das máquinas, diz que torna os fotógrafos preguiçosos. Assim, carrega um batalhão de oito lentes, de 14mm a 600mm. “Mas minha favorita é de 50mm, acho que dá para cobrir uma corrida inteira com ela”. E sua máquina predileta, desde a temporada passada, é a Canon 1D X. Porém, o novo brinquedo tinha um problema: era comum que, com a máquina a tiracolo mudando de um lugar para o outro, um botão fosse acionado para diminuir a resolução das fotos. Heath, então, pediu que os mecânicos da McLaren encontrassem uma solução e acabou com uma máquina personalizada, cheia de fibra de carbono. Mais F-1, impossível.
Dá para ver a entrevista feita por Mario Muth aqui e mais fotos de Heath em seu website.
4 Comments
Belo texto. Adorei as fotos e que bacana que vcs vão gravar um Credê!
2013 tá começando!
Como diz o ditado: uma imagem diz mais que mil palavras…Coisa de fora-de-série o impacto das fotografias. Ju, o marcante dessas passagens é saber que um mundo tão veloz esconde detalhes tão sóbrios e únicos!
Bacana, gostei do trampo dele, tem um apelo mais artístico. Gosto de ir em sites como F1 Fanatic pra ver as fotos dos carros, pois sei que ali haverá uma coletânea de imagens precisas, pontuais. No entanto, é uma delícia ver um trabalho assim. Uma diversão a parte. Muito bom o post, no aguardo do Credencial.
Ótimo!!!!!