A opção que pilotos e equipes tinham de fazer na classificação não era simples: largar com pneu macio e parar logo de cara não era um plano tão ruim quanto poderia parecer em termos de tráfego por dois fatores: as ultrapassagens seriam facilitadas porque os demais não lutariam para preservar seus pneus e a zona de DRS foi aumentada neste ano.
Mas, para ajudar nas primeiras voltas logo após a parada antecipada, fundamentais para superar a estratégia de quem largaria com médios, era preciso sacrificar um pouco o acerto de classificação e apostar em uma relação de marchas mais longa para ultrapassar. Usando a vantagem de seu carro, que deu a impressão de que se classificaria na ponta com qualquer configuração na Índia, Sebastian Vettel seguiu a cartilha com perfeição para eliminar Mark Webber, que havia se tornado uma ameaça real ao se classificar em quarto mesmo com os pneus médios.
A tática adotada pelo australiano era atrativa para quem se via em posição de arriscar, sem ritmo para lutar de igual para igual. Mas havia pontos negativos: não era garantido que os macios durassem muito mais se usados ao longo da prova e largar mais atrás por ter se classificado com pneus mais lentos sempre adiciona uma dose de risco.
Foi o que perceberam Alonso e Button logo nas primeiras curvas. Com isso, sobraram no top 10 Webber e Perez, único que fez a estratégia funcionar, obtendo um sexto lugar que o ritmo da McLaren não permitia. Webber se complicou ao perder terreno na largada (nenhuma novidade até aí), e ficou longe da briga pela vitória já na metade da prova também pela primeira parte primorosa de Vettel.
Na mesma estratégia de Massa, Rosberg e Hamilton, o alemão tinha 19s sobre o grupo liderado pelo brasileiro na volta 21. Isso por ter aberto caminho com facilidade, pelo próprio ritmo da Red Bull e também porque a Ferrari claramente segurava as Mercedes. Assim, na volta 27, quando Vettel só tinha 10s de desvantagem para Webber mesmo com um pitstop a mais, a prova estava ganha.
Voltando ao grupo de Massa e as Mercedes: o time alemão fez uma brilhante jogada ao separar as estratégias de seus pilotos – ousou ao antecipar a parada de Nico na volta 27, decisão ajudada pela durabilidade maior que a esperada dos pneus médios. Isso deixou a Ferrari perdida entre cobrir Rosberg e evitar o undercut e permanecer na pista e usar a aderência adicional no final do stint, cobrindo Hamilton, que não entrara. Nessa indecisão – Massa só pararia três voltas depois – perderam posição para Rosberg e Grosjean.
Não acredito que o francês entrava nas contas ferraristas naquele momento. Afinal, a Lotus desafiou a recomendação da Pirelli – assim como a Force India – e fez stints mais longos do que as 35 voltas colocadas como limite para os médios para tentar fazer uma parada com ambos os pilotos. Grosjean ficou 47 e Raikkonen, 51 com o mesmo jogo de pneus.
A corrida de Grosjean foi particularmente impressionante. Ele conseguiu levar o pneu macio até a volta 13 pois seu jogo era novo (não havia sido usado na classificação, ao contrário do de Raikkonen, que parou na volta 7). Estas seis voltas fizeram a diferença no final e lhe deram a chance de chegar ao pódio vindo de 17º. Mas a pilotagem dosada do francês também foi espetacular: sua volta mais rápida foi no 57º giro, quando seus pneus já tinham 44 de uso!
Fica a lição, portanto, de que estratégia sozinha não ganha jogo. Ela sempre precisa estar casada com a forma do piloto conduzir e as possibilidades de ritmo que o carro apresenta.
12 Comments
Julianne,
Estariam Hamilton e Alonso sofrendo da Síndrome de Massa? Ou seria apenas uma depressão pós-Vettel? Inpressionante as autocríticas que Lewis vem fazendo, admitindo mesmo que não está em boa forma técnica. Alonso não admite, jamais admitiria, seu ego não permite, mas o fato é que este ano – não é só o carro, só a Ferrari – ele não vem bem, e aquela sua performance em Mônaco foi decepcionante até para os que não são fãs dele; apresentou-se de maneira irreconhecível, levando passões e deixando espaços onde não deveria, em seu estado normal. Hamilton, por outro lado, esteve irreconhecível na Índia.
Comprovando aquela velha tese que um piloto tem de ter – antes de tudo – velocidade para obter sucesso, Grosjean está fazendo e entregando ótimos resultados, pilotando com suavidade e sem excesso de ímpeto. Impressionante o que conseguiu fazer, administrando os pneus e largando de onde largou – 17º. Não me supreenderia um GP ainda nesta temporada.
Correção: Não me surpreenderia se ganhasse um GP ainda nesta temporada.
Eu acredito que se a Lotus não tivesse errado com Grasjean ele teria levado essa devido ter feito uma parada e todos duas.
Eu acredito que isso foi um acerto e não erro. Se ele viesse pra duas paradas, tinha ficado atrás de muita gente.
Eu falo do erro da classificação, mas o se não existe ele fosse para o q 3 pneus usado não aguentaria 13 voltas. pneus macios
Tem isso ainda a calcular. É até cômico, ser o 17º foi melhor pro Grosjean do que estar no Q3.
Essa parada de pneus tá começando a virar show de humor já.
Isso pela particularidade de desgaste asentuada dos pneus nessa pista. O fato de Groja, é interesante, pena que esse GP da India não repete.
Lucio, neste caso particular e dadas as particularidades dos penus, o fato de que ele não tenha avanzado até a Q3, fez possivel ele largar com macios novos, enquanto que quem se classificou com macios já estava comprometendo a mitade da vida deles. Como Vettão e o resttão pararavam cedo, a remontada do Groja foi muito rapida, ai foi só uma condução fina. Claro que isso foi explicado ai pela Ju, mas é dificil predeci-lo antes da corrida.
Sim concordo
Grosjean rsrs
Lucio,
Grosjean ainda eh um “grasshopper” entao Grasjean fica bom tambem 🙂
Caramba, essa coluna com a análise das estratégias tá o fino! Difícil falar qual tem sido mais interessante: a das estratégias ou a das transmissões… parabéns, Julianne!