F1 Liberdade, liberdade - Julianne Cerasoli Skip to content

Liberdade, liberdade

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Nos primeiros dias de reinado do Liberty Media, perdoe-me o trocadilho, livre de Bernie Ecclestone, foram dadas inúmeras indicações dos caminhos que os novos donos buscarão nos próximos anos. Sabendo que os contratos com os times estão blindados até 2020, os dirigentes falaram mais em mudanças nos eventos em si, sua forma de promoção e sua presença no mundo digital, além de alterações nas diretrizes das regras esportivas e técnicas.

A promessa de mudança profunda, contudo, tem seu prazo: 5 anos.

O grupo espera que isso seja suficiente para aumentar os lucros com as novas políticas de organização do campeonato e conquistar o apoio dos poderosos, trazendo-lhes para dentro do processo decisório, o que acontecia apenas quando interessava a Ecclestone. Com o esporte em pleno crescimento, ficará mais fácil renegociar os contratos daqui a dois anos e estabelecer uma distribuição mais igualitária, para chegar à meta audaciosa traçada por Ross Brawn de permitir “o surgimento de um Leicester City” na F-1.

É, realmente Chase Carey e companhia confiam que podem mudar muita coisa.

Não que as ideias não sejam boas. O novo comandante da parte comercial já prometeu “uma estratégia bastante agressiva” no campo digital, algo de que o esporte precisa para ontem. Há quem receba com ceticismo a possibilidade de liberação de streaming pela internet devido aos atuais contratos com as TVs e é bem provável que a política mude de país para país, mas é de se esperar um investimento em campeonatos virtuais e tudo o que aproxime os fãs dos eventos.

Falando em eventos, é esperado que os GPs se tornem, para muitos que compram ingresso, um detalhe ou um bônus. Isso já aconteceu em Austin ano passado quando a procura foi grande muito em função da apresentação de Taylor Swift, que seria uma das únicas do ano, e as arquibancadas acabaram com recorde de público. As estratégias utilizadas para tornar o campeonato uma sequência de “21 superbowls”, como disse Carey, ainda não está clara e não é de se descartar mudanças significativas na forma de disputa ao longo do final de semana.

Outra questão colocada é a necessidade de melhorar a ação na pista, o que ficará a cargo de Brawn. Novamente, não é uma tarefa simples, uma vez que não existe nenhum tipo de consenso sobre o que deve ser feito. Em linhas gerais, os fãs pedem um aumento das variáveis e uma simplificação e estabilização das regras, mas na prática têm sido objetivos difíceis de atingir.

O questão central é criar um mecanismo que nivele os times sem atacar o princípio da F-1, que é ser um campeonato de construtores, ou seja, sem padronizar demasiadamente os carros, mas ao mesmo tempo sem liberar demais para que as equipes com maior investimento não tenham uma vantagem ainda maior.

Isso, ficando de olho na ação de pista em si. Não existe um consenso sobre o que é necessário para permitir mais brigas entre os pilotos e, como veremos nos posts do próximo mês, depois de anos tentando reduzir a pressão aerodinâmica, sem sucesso, agora o regulamento prevê justamente o contrário.

É fácil listar o que poderia ser melhorado e a favor da Liberty Media está a sensação geral de que é preciso mexer na massa para fazer o bolo crescer. Para todos. E é assim, na contramão de um mundo que anda em uma fase meio Bernie, que a F-1 tem a chance de viver uma nova era.

2 Comments

  1. Bom, o conceito de se fazer o bolo crescer para todos já está começando a ser defendido até em Davos e em recentes analises do FMI. Parece que o pêndulo está começando a virar pro outro lado.

    Vamos ver se a nova gestão da F1 consegue distribuir um pouco mais equalitariamente os resultados anuais, pra tentar garantir uma sobrevivência um pouco mais sadia da competição e principalmente desse modelo de negócio.

    A F1, assim como o capitalismo sadio, precisa deste tipo de direcionamento.

  2. ótimo post como sempre Julianne!
    E abordando uma questão (importante):
    O fato da Liberty estar trazendo as equipes para dentro do processo de decisório ao invés de afastar as equipes desse processo, como fazia Bernie (inclusive atacando e dissolvendo a FOTA).
    Vai ser interessante como que essa mudança, talvez a maior de todas, vai influenciar a categoria. Será que assim sai o tal teto orçamentário?
    Abraços pros meninos e beijos pras meninas!


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