Tudo bem que trazer de volta de uma segunda possível aposentadoria um piloto cujo único recorde na F1 é o de maior número de GPs sem vencer uma corrida sequer não é nada comparado ao craque que a Renault tinha liderando sua equipe até o acidente do último domingo, mas é uma clara opção pela segurança. Todo mundo sabe o que Nick Heidfeld pode fazer, enquanto apostar por um novato seria uma loteria.
Heidfeld sabe dar os atalhos para que os engenheiros desenvolvam o carro – algo fundamental, especialmente para um projeto inovador como esse Renault –; não vai se apavorar naquele momento em que é preciso tirar tudo do carro no finalzinho do Q2 (e a classificação tem se mostrado o grande calvário dos pilotos menos experientes); vai saber dosar os pneus para se aproveitar da estratégia; não vai se afobar por uma ultrapassagem; e ainda tem mais experiência que os demais com os novos pneus, pois foi piloto de testes, mesmo que apenas na fase inicial, da Pirelli. Em 173 GPs, soma uma pole, 8 segundos lugares e 4 terceiros.
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Por outro lado, sabem também que o alemão nunca foi daqueles pilotos brilhantes, que levam o carro a posições as quais ele não merece. É correto, aproveita oportunidades em que os menos experientes podem falhar, como em provas na chuva, mas, por exemplo, se a Renault estiver no mesmo nível do ano passado, ele estará longe do pódio que Kubica conseguiu em Mônaco.
Ou seja, para uma equipe que ainda não está no nível de uma McLaren, Ferrari e, principalmente, Red Bull, e depende do brilho de seu piloto para alçar voos mais altos, trata-se de uma opção ultraconservadora. A Renault mostra, com isso, que quer minimizar os danos, e não arriscar um salto. Sabemos que os pontos no mundial de construtores valem muito dinheiro, e financiamento não é exatamente o forte da equipe.
Num pensamento mais ousado, eles poderiam muito bem arriscar. E se Bruno Senna fosse capaz de fazer um trabalho tão bom quanto Heidfeld? Seria isso tão difícil de acontecer, tendo em vista que o brasileiro foi 3º na F-3 Inglesa em seu segundo ano de carreira e vice-campeão da GP2 2 anos depois? É lógico que poderia dar muito errado: Bruno poderia classificar-se mal, se envolver em muitos acidentes, etc. – e por isso é uma aposta. No entanto, já que perderam Kubica e já têm o ano comprometido, por que não?
Paralelamente a tudo isso, é interessante a dinâmica entre o que acontece no hospital e na cabeça dos dirigentes – quem será que está tomando essas decisões? – da Renault. Com as notícias que vêm da Itália, de que Kubica conseguiu mover os dedos (o que significa que a reconstrução das veias deu certo e que sua mão está salva), cada vez fica mais claro que a volta do polonês é mais uma questão de “quando” que de “se”, embora ainda seja muito cedo para responder “em que condições”. E a preferência por Heidfeld denota a confiança da equipe de Enstone na volta rápida de sua estrela, já que eles não parecem sentir a necessidade de encontrar um substituto para o projeto, apenas para o cockpit.
Por outro lado, toda essa revolução causada pelo acidente de Kubica é mais uma prova do risco em se contratar um piloto pagante, no qual a equipe não deposita qualquer esperança, a não ser receber os pagamentos em dia. Se acontecesse com Vettel, Webber assumiria a liderança e Ricciardo, a vaga; na McLaren, Button faria o papel de Hamilton tranquilamente e Paffett está pronto para subir ao cockpit; na Ferrari, Massa estaria na mesma posição, ficando a dúvida se os italianos, que têm a tradição de só colocar pilotos rodados em seus carros, optariam por Bianchi. Todos teriam seu prejuízo, é claro, mas poderiam confiar muito mais, tanto nos pilotos que seriam alçados à liderança, quanto nos substitutos, já envolvidos no trabalho da equipe. Na hora da verdade, ficou claro qual o peso de Petrov na Renault. Nenhum.
18 Comments
Olá Julianne, concordo com você, acho que realmente a Lotus Renault deveria fazer o que a Mclaren e a RBR fez, dar oportunidade a novos talentos e arriscar. Eles fizeram isso e hoje temos dois novos Campeões na F1, Hamilton e Vettel, acho que deveriam testar o Bruno Senna, afinal é na pressão que descobrimos a diferença dos gênios dos medianos.
Esse amuleto da experiência para mim…não funciona, deveriam aposentar essas lendas…com esse Heidfeld, Barrichello, De La Rosa, Liuzi e cia, chega.
Viva a renovação….
Pois é, a Renault pôs todos os ovos numa única cesta e agora tem que correr atrás do prejuízo. Depositar tanta responsabilidade num piloto como Bruno Senna é risco demais tanto para a equipe quanto para o piloto.
Heidfeld tem a seu favor o fato de não ter tanto compromisso com vitorias num primeiro momento. Ele está ali pra ajudar a desenvolver um carro que não foi construído pra ele.
O fato de Kubica ter conseguido mover os dedos da mão não significa que sua volta à F1 seja apenas uma questão de tempo. Claro que é uma excelente notícia em face do que aconteceu, mas nada além disso.
Numa F1 em que não há espaço para testes, não sobrou outra alternativa à Renault. Se são nos teste que carros e pilotos se aprimoram, as equipes têm que diminuir as variáveis possíveis ao, pelo menos, ter um piloto já maduro. Esta é a regra atual. Foi o que aconteceu na Williams, Lotus e a Sauber tentou com o De la Rosa.
Se a F1 não tivesse este estrangulamento nos testes duvido que a Willians, por exemplo, manteria Barrichello em detrimento de um latente talento com Hulkenberg.
Concordemos que não há opções que sejam classificadas nem como regulares: Bruno e Grosjean.
O primeiro subiu rápido demais com uma carreira muito estranha, claro, por conta do sobrenome. O segundo já tivemos o ‘prazer’ de conhecer no final da temporada 2009.
A limitação de testes, no início, visava ser como um antídoto contra uma maior disparidade entre as equipes, mas acaba beneficiando pilotos veteranos. Com isso restam nomes como Heidfeld, de la Rosa, Liuzzi… Se é assim, não sei como não cogitaram Fisichella e Villeneuve.
O curioso é que, teoricamente, esse pensamento de priorizar os veteranos faz todo o sentido. Mas qual foi o rendimento de Schumacher, Heidfeld, De la Rosa e Trulli frente a seus companheiros ano passado – até Barrichello, que não interrompeu a carreira, estava andando atrás de Hulkenberg em alguns momentos no final do ano.
Isso mostra que a F1 muda tanto e tão depressa – em relação ao ano passado já temos novos pneus, a ATM, o KERS… – que mesmo os experientes são prejudicados pela falta de testes.
Seria legal se deixasse de lado a simpatia por determinado piloto e antipatia por outro.
Heidfeld não venceu na F1? E daí?
Teve carro para vencer? Hoje na F1, 90% é carro, todos sabem disso.
E pergunto a você, nos três anos em que estiveram dividindo equipe, quem venceu a disputa, o gênio (segundo sua opinião) Kubica, ou o comum (idem) Heidfeld?
E essa sua comparação com Ferrari, Red Bull e McLaren chega a ser ridícula! Petrov é fraco, todos sabem disso, mas esse não é o ponto.
Todas equipes que você citou contam com dois pilotos experientes e de ponta, desta forma, prontos para assumirem o papel de liderança interna.
Na Renault , não é assim. Deixando de lado que Petrov seja fraco, o posto que ficou vago é o do líder da equipe.
Portanto é preciso de outro líder. Se fosse o Petrov a ser substituído, muito provavelmente o Bruno teria sua chance.
No caso de Kubica, ainda mais nessa fase de desenvolvimento do carro, início de temporada, em que deve ser necessário um piloto para todo o campeonato, é necessário um piloto experiente.
Aconteceria o mesmo com qualqeur outra equipe que tivesse um piloto inexperiente, Mas você, de acordo com seus interesses, fez a comparação que lhe cabia.
Se Alonso sai, há outro piloto experimentado para assumir a vaga. Na Red Bull e McLaren idem.
Na Lotus Renault não.
A contratação de Heidfeld se faz necessária. É o óbvio!
É uma suposição sua que tenho algo contra o Heidfeld, o que é estranho, tendo em vista que listei todas as qualidades que ele pode aportar à equipe. Dizer que ele não está à altura de Kubica é ter algo contra ele? São pouquíssimos os pilotos que podem ser colocados nessa lista. Meu ponto não é discutir o que é certo ou errado, só apontei os cenários que levam a essa situação e por que a escolha da Renault foi pela segurança. Com Heidfeld, eles sabem o que esperar. Só isso.
Quanto às comparações, elas fazem sentido, sim, porque é com essas equipes que a Renault pretende lutar no campeonato. A questão é: como a Renault quer lutar de igual pra igual com esses times apostando todas as fichas em apenas um piloto? (e é uma questão que já foi levantada ano passado e se tornou ainda mais forte agora)
Mas poderia citar a Lotus, então, com Trulli e Kovalainen. Não é preciso ter caminhões de dinheiro para fazer escolhas sensatas na hora de escolher seus pilotos.
Está certo, todas as equipes devem apenas pilotos experientes. Ninguém mais poderá estrear.
Quando os atuais estiverem com os primeiros sinais de reumatismo, acabem com a F1 por falta de pilotos.
Então antes eu estava errada sobre o Heidfeld, agora sobre os experientes (sendo que nem critiquei um, ou defendi os outros)… hehe
Com planejamento, dá para fazer qualquer coisa.
Ninguém considera o fato de Heidfeld ser piloto de testes na Mercedes e no fim do período, passar para a Mecedes detalhes do R31????
Bruno, ele saiu da reserva da Mercedes quando assumiu o posto de piloto de testes da Pirelli, no meio do ano.
Creio que as ponderações da jornalista procedem, entretanto, a escolha por Bruno(se houver)deve ser por Bruno e não por Bruno Senna, o que seria apenas alimentar os delírios das já conhecidas ” viúvas”.
Em relação ao conjunto dos pilotos da F1 de hoje e do passado, não tem nenhum “fraco” ali. Os fracos sequer conseguem a super licença. Nenhum fraco entra numa curva na velocidade que entram, nenhum fraco consegue patrocinio para pagar para correr.
Fraqueza definitivamente não combina om F1. Isso é conceito de torcedor…
Ter 1 piloto experiente e comprovadamente bom e outro que está começando é aceitável. Afinal, a F1 precisa se renovar. Claro que Petrov ele lá pela grana, mas isso não importa nessa questão. Ter 2 inexperientes, e de qualidade duvidos, seria suicídio.
Portanto, para substituir o Kubica, um piloto como Heidfeld é imprescindível.
Apostar em Petrov e Bruno Senna seria uma tremenda burrice.
É o óbvio, lamento pelos que acreditaram no improvável, pra não dizer impossível.
Vc tocou em um ponto mt importante, onde perdemos o foco no geral, e simplificamos para o pessoal. Mesmo que não chegue a disputar o título (pilotos/construtores), os ponto$$$$$$ dos construtores, são de suma importância para o projeto seguir. Até possuir status de grande novamente, a Renault terá falhas no planejamento, inclusive precisando de qualidade duvidosa, mas recheada de Euros (temos que ser realistas, com exceção de Kubica- fora de série- os melhores pilotos, comprovadamente, estão nas grandes) . A não ser que baixe o espírito do tio no sobrinho nos testes, a tendência será manter Heidfeld. A “sorte” de Bruno, seria se a fatalidade, tivesse acontecido com o russo. Na atualidade, tanto para construtores e pilotos, duplas equilibradas tem sido a melhor solução (a grana anda curta). Dois novatos parece demais.
Não sei se a questão é exatamente ter ou não 2 novatos, mas como ter alguém como o Petrov compromete a equipe. Lembra o que aconteceu com a McLaren? Eles contrataram o Alonso em 2007 por 3 anos e decidiram dar uma chance para o Hamilton, um piloto muito bom cuja carreira havia sido meticulosamente cuidada até então. Não é uma coincidência (e não dá para colocar a “culpa” só nos testes a mais que ele fez) que tenha ido bem. Em 2008, Alonso não estava mais lá e eles contrataram quem? Kovalainen, formando uma dupla com pilotos em seu 2º ano, como seria a dupla da Renault. Agora, alguém se arriscaria a dar a liderança da equipe a Petrov?
Dennis é do ramo e, só de bater o olho, sabia que Hamilton tinha capacidade. Quando se vê corridas por algum tempo, vc consegue enxergar onde está o potencial. O bom piloto não espera a chance bater na porta mais de uma vez, como aconteceu com Massa em 2008. Em 2010, Hulkenberg me deixou boa impressão, além do caráter seguro, se renderá frutos, só o tempo dirá.
A diferença é que McLaren e Ferrari não dependem de pilotos pagantes para sobreviver, simples assim.
Há excelentes pilotos disponíveis, que certamente teriam resultados muito melhores que o russo, como Hulkenberg ou Di Grassi.
Mas nesse caso a equipe não teria grana para desenvolver o carro e pagar suas contas.
A grana que Petrov traz é alta, altíssima. E a equipe depende dela. Isso é fato!
A melhor leitura sobre as consequências do acidente de Kubica na Lotus!
Particularmente, não gosto do Heidfeld. Teve muito tempo de F1 e jamais conseguiu alcançar o patamar de piloto de ponta. Seu maior mérito é ter continuado na F1 depois das “quase aposentadorias” de 2003, 2004, 2010 e 2011. Mas entendo a postura da Lotus em optar pelo Heidfeld e não pelo Bruno. Se o acidentado fosse o Petrov, a dupla da Lotus seria Kubica e Senna e o Heidfeld poderia, finalmente, ser aposentado.
Se o Bruno for bem nesse teste (melhor que o Petrov), acredito que ele tenha boas chances de, ao final da temporada, fazer algumas corridas, especialmente o GP do Brasil.