Foi a segunda vez que a Fórmula 1 testou o formato de sprint e, também pela segunda oportunidade, a corrida do domingo ficou marcada por um acidente entre Max Verstappen e Lewis Hamilton. Em Silverstone, na Inglaterra, Hamilton saiu como o principal culpado pela batida na visão dos comissários, foi punido e acabou vencendo a prova. Neste domingo em Monza, ambos abandonaram a prova e Verstappen foi considerado predominantemente culpado. E já vai para a Rússia sabendo que pagará três posições no grid de punição. Quem saiu ganhando foi a McLaren, que conquistou a primeira dobradinha em 11 anos, com Daniel Ricciardo vencendo pela primeira vez desde quando estava na Red Bull em 2018.
Os lances foram muito similares e totalmente diferentes ao mesmo tempo. Diferentes pelo tipo de curva, já que, em Silverstone, tratava-se de uma curva de alta velocidade e, em Monza, de uma chicane lenta. E semelhantes porque, em ambas as situações, os dois pilotos decidiram não ceder. E as decisões dos comissários foram as mesmas: entendendo que ambos tiveram uma parcela de culpa, mas aquele que estava mais atrás era quem deveria ter evitado o acidente, e daí as punições de Hamilton em Silverstone e de Verstappen em Monza.
Também chama a atenção como ambos acidentes foram perigosos: em Silverstone, Verstappen sofreu um impacto de 51G, enquanto neste domingo, mesmo que o toque tenha sido em uma velocidade muito menor, a roda do carro da Red Bull chegou a bater na cabeça de Hamilton, em lance no qual o halo cumpriu seu papel de protegê-lo.
Another hugely dramatic moment in the Verstappen/Hamilton title battle #ItalianGP #F1 pic.twitter.com/P4J4bN6wX2— Formula 1 (@F1) September 12, 2021
Este é mais um capítulo em um campeonato que tem sido marcado pelas reviravoltas em uma disputa muito parelha. Ainda que a Red Bull e Verstappen tenham sido um conjunto superior na maioria das provas, a vantagem é tão pequena que detalhes têm sido muito importantes. E a corrida de Monza foi um bom exemplo disso: em uma pista na qual é usada uma configuração de baixa pressão aerodinâmica, a Mercedes era favorita, mas o time decidiu trocar o motor de Valtteri Bottas, fazendo-o largar no fundo do grid, e viu Hamilton errar na largada da sprint. Com isso, foi Verstappen quem largou na pole, enquanto o inglês era quarto no grid, atrás das duas McLaren, que vinham se mostrando carros muito difíceis de serem ultrapassados.
Ou seja, o favoritismo da Mercedes tinha ido por água abaixo no sprint no sábado, e passado para a Red Bull. Na largada, Verstappen perdeu a primeira posição para Ricciardo, e viu Hamilton tentar passá-lo por fora na segunda chicane na primeira volta. Sem espaço, o inglês cortou a chicane e acabou perdendo o terceiro lugar para Lando Norris. Na primeira parte da corrida, parecia que era Max quem ia sair ainda mais líder de Monza.
Isso até que o holandês fez sua parada na volta 24, e teve um problema com a pistola do dianteiro direito, perdendo muito tempo. Isso abriu a possibilidade de Hamilton parar na volta seguinte e sair na frente dele. Mas o pit stop da Mercedes também não foi dos melhores, e os rivais se viram lado a lado na freada da primeira curva.
Hamilton deu o mínimo espaço possível para Verstappen, que estava do lado de fora, na primeira perna, e manteve sua roda dianteira à frente o tempo todo. Na segunda perna, Verstappen ficou sem espaço, acabou passando por cima de uma zebra mais alta, e perdeu o controle do carro. Com o toque, a Red Bull foi catapultada para cima da Mercedes.
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Os comissários entenderam que Verstappen, vendo que Hamilton estava com boa parte do carro na frente, deveria ter desistido da curva, da mesma maneira que Hamilton fez no lance da primeira volta. Este não foi o entendimento do holandês, que disse que o rival o espremeu tanto na freada da curva um, quanto na dois. “Eu achei que a gente ainda teria espaço para fazer a segunda curva lado a lado, mas ele continuou me apertando, e eu tive que ir na zebra. É por isso que nos tocamos.”
O inglês, claro, concordou com a visão dos comissários. “Existe uma regra que é conhecida de que a curva é do piloto que está na frente, e eventualmente você tem de ceder.”
O mesmo princípio foi aplicado quando Hamilton foi punido em Silverstone. E as punições não foram as mesmas porque, em Monza, Verstappen tinha abandonado e, sempre que isso acontece, ao invés de uma pena de tempo na própria corrida, são dadas punições em forma de perda de posições na etapa seguinte.
Curiosamente, assim como a punição de Hamilton de Silverstone acabou não sendo tão efetiva, já que ele venceu a corrida, o mesmo pode acontecer com Verstappen: o holandês está no limite de unidades de potência que pode usar ao longo do ano, então a Red Bull pode aproveitar a punição e usar a quarta unidade, o que o faria largar em último. O time já sabia que ele teria de pagar uma punição deste tipo até o final da temporada.
De qualquer maneira, Verstappen ampliou sua vantagem na liderança do campeonato de três para cinco pontos devido aos dois pontos que recebeu no sprint, no sábado. A próxima etapa será em duas semanas, na Rússia.
7 Comments
Infelizmente a brilhante vitória da McLaren, conseguida hoje, vai ficar um pouco ofuscada por este incidente entre o Hamilton e o Verstappen, que ainda vai dar muito que falar.
Acho que todos nós, que vemos F1, ficamos felizes com o regresso da McLaren às vitórias, ainda por cima com uma dobradinha e também é sempre engraçado ver o Ricciardo beber champanhe pela bota.
Só uma curiosidade. Este ano o Hamilton e o Verstappen bateram em Silverstone e em Monza, tal como o Damon Hill e o Michael Schumacher em 1995…
Cumprimentos
visitem: https://estrelasf1.blogspot.com/
Em um campeonato tão acirrado como esse ano, qualquer erro pode ser fatal. Se Verstappen não colocar a cabeça no lugar o quanto antes, ele poderá perder o campeonato para Hamilton (que já não tem mais nada a provar pra ninguém).
Você escreveu : “deveria ter desistido da curva, da mesma maneira que Hamilton fez no lance da primeira volta”. O Hamilton não desistiu na segunda chicane, eles bateram.
Errado. No momento da batida, Hamilton estava a frente, portanto o britânico estava com a preferência. Não havia espaço para Max efetuar a ultrapassagem, principalmente pela existência do quebra-mola na chicane.
Acidente de corrida.
O resto é mimi…
Lembro-me muito bem de assistir a Formula 1 nos anos 80, anos maravilhosos com Piquet, Senna, Mansell, Lauda e Prost. Falava-se então que a regra era a seguinte: se o piloto tivesse mais de meio carro de vantagem, a curva era sua e o outro tinha que recuar. Mas se houvesse menos de meio carro de vantagem, a curva era de quem estava por dentro.
Não lembro quando mudou essa regra, mas ao meu ver, era uma regra boa…
Hamilton saiu de Silverstone com 25 pontos a mais que Verstappen. Em Monza os dois saíram com 0 e o holandês com perda de 3 no grid da corrida seguinte. Destas batidas, não há dúvida de quem acabou sendo beneficiado…