Sem a loucura de estratégias do Bahrein e da China e uma bandeira vermelha que mudou a história tática do GP da Austrália, a quarta etapa do mundial serviu para deixar mais claro o que esperar daqui em diante. E foi como uma ducha de água fria para a Ferrari.
Mesmo tendo fazendo uma boa tática com Kimi Raikkonen, o time italiano se viu a 30s do vencedor após uma prova limpa. Ainda que tenha diminuído a diferença em relação ao ano passado, o risco de usar 26 dos 32 tokens disponíveis antes da quinta etapa não deu o resultado esperado.
Enquanto isso, claro, a concorrência não ficou parada e a Mercedes também gastou tokens antes de Sochi, em atualizações acompanhadas de um novo combustível da Petronas. Em uma pista de mais de 70% de pé embaixo, já era de se esperar de antemão que a disputa ficaria entre Rosberg e Hamilton. A não ser, claro, que todo o esforço para tirar mais performance de um motor já em seu terceiro ano de desenvolvimento, trouxesse problemas. Foi o que o inglês sentiu, mais uma vez, na pele, ainda que tenha, no final das contas, igualado seu melhor resultado de corridas em que largou fora do top 6. Aliás, Lewis tem motivos para comemorar por não ter zerado nenhuma prova até agora.
A ausência do pneu ultramacio – justificada pela Pirelli pelo fato da decisão de quais compostos seriam levados a Sochi ter sido tomada antes da estreia do novo pneu, na pré-temporada – limitou muito o que poderia ser feito em termos de estratégia.
Tendo de arriscar após colisões na primeira volta, as Red Bull e Gutierrez tentaram colocar o pneu médio para ir até o final, receita que ajudou na recuperação de Rosberg em 2014. Porém, sem conseguir gerar temperatura, nenhum dos três conseguiu progredir.
Os problemas da Red Bull fizeram com que a Williams saísse sem a certeza de que a melhora observada nos treinos é concreta. Há algo de adaptação à pista de Sochi no rendimento observado, mas o time levou updates que considerou positivos.
Não foi o bastante, contudo, para ameaçar a Ferrari. Apesar de mais uma vez o carro ter se mostrado difícil de ser superado na pista, muito em função de sua tração, assim que a tática acertada da Ferrari de atrasar a parada fez Raikkonen superar Bottas – contando com uma ‘ajudinha’ do finlandês, que perdeu tempo disputando com Hamilton – o ritmo superior do carro italiano ficou claro e Kimi fechou a prova 19s à frente do compatriota. Contra um ritmo superior, não há tática que ajude: a Williams acertou ao se proteger do undercut e chamar Bottas antes de Hamilton e Raikkonen, mas não tinha como segurar carros muito mais rápidos. Massa, por sua vez, sofreu mais com a degradação que o companheiro, ao contrário do que vinha acontecendo nas primeiras provas.
Em um GP definido muito em função da largada, quem conseguiu ter grandes ganhos nos primeiros metros – como Alonso e Magnussen – fez uma corrida até solitária. E apostas como a de Perez, que colocou pneus macios na primeira volta, não deram muito resultado. Voltando a Alonso, um momento que diz muito sobre o atual estado da F-1 e da própria McLaren aconteceu na parte final da prova, quando o espanhol, do nada, fez uma volta 2s mais rápida do que vinha andando. ‘Não se preocupem, só queria me divertir’, se apressou a avisar via rádio. E voltou ao modo de economia de combustível.
9 Comments
Ju, parece que a cupula da Ferrari não ficou satisfeita com a corrida do Kimi. Ele poderia lutar pelo segundo lugar com Hamilton caso não perdesse a posição para Bottas após a relargada?
O Kimi cometeu um erro na parada que potencialmente lhe custou a posição com Hamilton, mas a verdade é que a Ferrari em momento algum do final de semana teve ritmo para brigar de igual para igual com a Mercedes.
Julianne, Alonso estava economizando combustível, mas as outras também estavam? A Honda e a McLaren então chegando no pelotão da frente?
Também fiquei com a mesma dúvida…
Sim, mas eles têm de economizar muito mais, então no tempo total da corrida isso tem uma influência importante.
Acho que o pneu ultramacio daria mais alternativa tática. Uma Ferrari fora e as RedBull caindo para o fim do pelotão também diminuiu as disputas do grupo da frente, tirando o Rosberg, e facilitou a vida do Hamilton. Também achei que a Ferrari ficou devendo em ritmo de corrida.
Cara e esclarecida Julianne, o que lhe passa sobre a situação do Nasr?
Mesmo trocando o chassi ele está andando menos que o Ericson, nao acha?
Ele andou mais que o Ericsson por todo o final de semana. Na corrida, teve um furo no pneu logo nas primeiras voltas, o que o tirou de sincronia com os demais em termos de estratégia. E trocar de chassi não é igual trocar de roupa, tem muita coisa a ser acertada ainda. Acho mais prudente esperar algumas etapas.
Tomara!!!
Levo fé nele!
Grato