Não é exagero dizer que as 11 primeiras etapas deste Mundial de F-1 foram marcadas por 11 diferentes relações de forças entre as equipes, resultado do quarto campeonato disputado basicamente sob as mesmas regras técnicas e da sequência de decisões da FIA que coibiu o desenvolvimento de tecnologias caras, como o difusor soprado, e fizeram com que equipes por anos relegadas ao segundo plano entrassem na luta pelas primeiras posições.
Não é de se admirar, portanto, que o ritmo de desenvolvimento seja a grande preocupação das equipes. Afinal, uma melhora de um ou dois décimos pode significar quatro a seis posições no grid – e temos visto o quanto largar na frente é importante para gerenciar o resultado na corrida.
Mas o desenvolvimento neste ano não tem sido nada simples, resultado do comportamento de difícil compreensão dos pneus Pirelli. A famosa janela de funcionamento estreita é sensível a ponto de um mero duto de freio direcionado à roda ter revolucionado o desempenho de Bruno Senna na última classificação, na Hungria. Inclusive, para confundir ainda mais as equipes, é comum que um piloto tenha um desempenho muito superior a outro com o mesmo carro, outra consequência dessa janela em que os pneus funcionam em seu melhor.
Não coincidentemente, os três carros com desempenho mais constante no ano – Red Bull, Ferrari e Lotus – são os que trabalham dentro dessa janela nas mais variadas condições. Compostos, características dos circuitos e temperatura de pista afetam os pneus, o que explica o sobe e desce de performances.
Tudo isso dificulta a análise das novidades e as decisões acerca de qual caminho deve ser seguido. Para vencer isso, cada equipe tem sua estratégia – que depende muito de seu poderio financeiro. A “ciência” do desenvolvimento é das mais complicadas. Como até a pesquisa consome muito dinheiro, quanto menor o orçamento, mais cuidado deve haver no caminho escolhido. E, muitas vezes, uma equipe pode saber quais são suas deficiências e ter uma boa ideia de como resolvê-las, mas não fazer nada a respeito.
É o caso da Force India, que já avisou que não vai mais desenvolver o carro deste ano. Isso porque perceberam que será muito dinheiro gasto para dificilmente sair da oitava colocação no Mundial de Construtores. Além disso, lamentam o terreno perdido por ter focado demais no carro do ano passado no segundo semestre, tentado uma quinta colocação no campeonato que acabou não vindo. Certamente, Williams e Sauber viverão o mesmo dilema, pois se desenha uma briga entre ambas pela sexta posição. Tirando Red Bull, Ferrari e McLaren, para todas as outras, é uma questão de equilíbrio entre o quanto será ganho lá na frente com o avanço de hoje.
Isso pauta até o tipo de novidade que a equipe leva à pista. A Lotus, por exemplo, desistiu de disputar com as demais equipes grandes na área do difusor soprado e investiu na melhoria de seu DRS.
Vimos equipes dando grandes saltos até aqui: Red Bull em Valência, Ferrari na Espanha, McLaren recentemente na Alemanha e o time de Raikkonen e Grosjean promete o seu para a Bélgica, quando estreia seu DRS duplo. O que parece improvável, no entanto, é que alguém supere completamente a variação de performances num passe de mágica.
9 Comments
E a Mercedes? Pelo visto, empacou, com duto e tudo. . .
Aliás, esse duto estaria tornando o carro instável no início das frenagens.
O pacote da Lotus pra Bélgica: The King Of Spa
Esse post me lembra a famosa expressão: entre a cruz e a espada, afinal o retorno financeiro dos construtores pode render bons dividendos para a temporada futura, diminuindo o aperto, daí fica a questão, gastar ou não gastar…
Ju,
na sua opinião,por que a mercedes não é boa em curvas de alta,isso tem haver com o DRS ?,pois o carro parece ser equilibrado em curvas de lenta como monaco.
outra curiosidade ju,percebi no Gp da alemanha que o Schumacher tinha ritmo para atacar o Vettel nos 3 primeiras voltas depois disso começou perder rendimento devido ao alto desgaste de pneu isso seria realmente a excesso de de torque do motor ?
O duto, na verdade, ajudaria nas curvas de alta, pois permite que eles usem mais carga aerodinâmica. Mas essa tal “vantagem” do projeto deles é tão pequena que ninguém se animou em copiar. O carro tem outras deficiências aerodinâmicas.
Essa possibilidade do motor Mercedes dar demasiado torque na saída de curva e, assim, colaborar para o desgaste por superaquecimento, é bastante interessante. Não dá para cravar, mas, coincidência ou não, as três que usam esse motor têm esse tipo de problema.
Ju essa demora na negociação no contrato de schumacher poderia indicar uma negociação com a ferrari ?.
Isso seria bastante surpreendente. O que se comenta no paddock é que a Mercedes estaria analisando o custo-benefício de tê-lo na equipe.
Di Resta is in da house.