F1 Turquia mostra que é mais negócio copiar do que inventar na estratégia - Julianne Cerasoli Skip to content

Turquia mostra que é mais negócio copiar do que inventar na estratégia

As equipes começaram o GP da Turquia com a ideia de fazer 3 paradas – algumas arriscariam duas. No entanto, o aumento da temperatura (30ºC na pista no domingo) e o desgaste dos pneus traseiros fizeram com que muitos revissem seus planos.

Olhando os tempos de volta, não há uma queda significativa, portanto a teoria da Pirelli de que a sucessão de pitstops foi consequência mais da estratégia do que da degradação faz algum sentido. A parada de Webber, na volta 9, teria sido o gatilho para que Massa e Hamilton trocassem seus pneus no mesmo giro e alterassem suas estratégias, uma vez que as corridas iniciais provaram que é melhor copiar do que inventar.

Na volta seguinte, entrariam Alonso e Rosberg. Mas Button e Vettel seguiram na pista. Ao que tudo indica, a Red Bull decidiu apenas após a terceira parada que seu piloto número 1 também partiria para o plano B, provavelmente uma lição aprendida com o sofrimento das voltas finais da China. Até aquele momento, Vettel seguiu caminho semelhante ao de Button, alongando principalmente o terceiro stint.

A proximidade dos duelos fez com que o melhor fosse copiar o que os adversários faziam em termos de estratégia

Falando no inglês, sua decisão de se manter no plano A só não deu certo por 5 voltas. Foi quando começou a perder 2s por volta para os rivais. Pelo que sugerem seus tempos antes de parar, seria possível alongar o 2º e 3º stints em duas voltas cada e parar pela última vez com 15 para o final.

Uma estratégia de 3 paradas que certamente daria certo era com Kobayashi. O japonês ficou de fora da classificação e tinha todos os jogos novinhos em folha. Foi 10º, mas poderia ter sido melhor, tendo em vista o que Buemi conseguiu, mas voltaremos à Toro Rosso em instantes.

Mesmo com Perez, a tática da Sauber na classificação parece ter sido guardar pneus para a corrida, algo que o mexicano colocou a perder com o toque logo na primeira volta.

Na Toro Rosso, Alguersuari saiu do carro sem saber porque a estratégia de três paradas funcionara com seu companheiro e não com ele. Afinal, seu ritmo tinha caído tão fortemente no quarto stint – chegou a rodar 4s mais lento – que ele voltou aos boxes com 3 voltas para o fim. A resposta parece estar no tipo de pneu escolhido para fazer as últimas 19 voltas: macio usado, ao passo que Buemi calçava duros novos.

Os compostos duros, aliás, foram mais utilizados pelas equipes na Turquia, principalmente Mercedes e Renault, que têm se mostrado mais famintas por borracha – o que explica o bom rendimento em classificação e uma queda na corrida. Ao usarem os duros no meio da corrida, ao invés do final, a ideia era ter uma vantagem de performance nos últimos stints, uma vez que a China ensinou que os Pirelli não emborracham a pista como os Bridgestone – o que tornaria os duros mais duráveis e vantajosos no final da prova. Funcionou para Rosberg e Heidfeld, que ganharam posições nas últimas voltas.

Resumo dos Pitstops

Stint 1 Stint 2 Stint 3 Stint 4 Stint 5
Vettel Mu Mu (11) Mn (25) Dn (40) Dn (47)
Webber Mu Mu (9) Mn (20) Dn (35) Dn (45)
Alonso Mu Mu (10) Mu (23) Dn (36) Du (46)
Hamilton Mu Mu (9) Mu (20) Dn (34) Dn (46)
Rosberg Mu Dn (10) Dn (22) Mu (33) Mn (44)
Button Mu Mu (13) Mu (26) Dn (39)
Heidfeld Mu Dn (10) Dn (22) Du (36) Mu (46)
Petrov Mu Dn (8) Du (19) Du (34) Mu (45)
Buemi Mu Mu (9) Mu (23) Dn (40)
Kobayashi Dn Mn (13) Mn (23) Mn (38)
Massa Mu Mu (9) Mu (23) Dn (34) Dn (46)
Schumacher Mu Mu (2) Mn (14) Dn (30) Mu (45)
Sutil Mu Mn (10) Dn (25) Mu (40)
Perez Mu Dn (1) Mn (16) Mu (32) Dn (42)
Barrichello Mu Mn (10) Mu (24) Dn (40)
Alguersuari Dn Mn (13) Mu (29) Mu (39) Dn (55)
Maldonado Mu Mu (11) Mu (25) Dn (41)
Trulli Mn Mn (13) Mu (25) Dn (39)
Kovalainen Mn Mu (15) Dn (31) Dn (53)
D’Ambrosio Mn Mu (16) Dn (33)
Karthikeyan Mn Mu (14) Dn (27) Mu (45)
Liuzzi Mn Mu (15) Dn (16) Mu (35) Dn (37)
Di Resta Mu Mn (11) Dn (24) Mu (32) Dn (44)

M = Macio
D = Duro
u = usado
n = novo
entre parênteses, as voltas das paradas

2 Comments

  1. Julianne,

    Os pneus Pirelli estão obrigando os pilotos a agirem contra os seus instintos naturais, de pilotos predadores.

    Na classificação, o objetivo principal era a pole, agora se conseguir está no lucro. No fim o que vale mesmo é economizar pneus para a corrida.

    Já em corrida, a disputa por posições aumenta drasticamente o consumo encurtando os stints e prejudicando o resultado final da prova.

    Para quem ataca, tem que ser decidido, não pode perder tempo. Para quem se defende com pneus usados, a melhor opção é deixar passar e tentar recuperar-se no último stint, não adianta dividir freada de curva, é inútil.

    A busca pela perfeição é ainda mais obrigatória.

    Tem que ser rápido mas poupando pneu. Tem que ser decidido na ultrapassagem. Tem que saber lidar com pneu macio ou duro. Tem que saber ler a corrida. Não pode ficar encostando o bico no carro dos outros. Não pode esquecer de pisar no freio durante o pit stop. Não pode ficar saindo da pista e nem pisar na farofa. A margem para erro é ainda menor, é o fio da navalha.

    Ao menos no fim do ano, tiraremos um monte de dúvidas.

    Quem será o campeão do ano. E também quem realmente é o 1º ou 2º piloto por equipe, sem conspirações, mas com resultados em pista. Por que os melhores sempre se impõem.

  2. Como vc disse em post passado, talvez o aumento em 3,4 voltas no pneu duro, previsto pela Pirelli, apartir do GP da Espanha, possa abrir o leque de estratégias. Sobre Vettel, um fato é interessante, pois largando na pole, não precisando brigar por posição, além do carro mt equilibrado, da boa fase, e da pouca necessidade de se usar o KERS, afinal vai de cara para o vento, dá ao alemão da RBR, a possibilidade de estender-se sempre em uma,duas voltas, sem milagre – pois não possui mais os Bridgestone – mas por simplesmente forçar menos. Impressiona quando vemos as on board das RBR! As tocadas são perfeitas, os carros parecem literalmente em trilhos!


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