O GP do México pode ter sido, pelo menos do ponto de vista estratégico, uma prévia do que espera a Fórmula 1 ano que vem: com o pneu médio durando, na prática, por uma corrida inteira, e os times favorecendo táticas que, no papel, eram mais lentas, simplesmente para não depender de ultrapassagens, que se mostraram bastante difíceis. E, pensando que a briga final entre Verstappen, Vettel e Ricciardo na verdade apenas colocou frente a frente visões diferentes sobre qual seria a melhor tática em uma prova que pegou muita gente de surpresa, isso não é um projeção das mais animadoras.
São duas mudanças capitais para próxima temporada: a adoção de novas diretrizes aerodinâmicas, com asas maiores, e pneus mais largos e aumento de aderência e durabilidade. Tudo para melhorar o visual dos carros e torná-los 5s por volta mais rápidos.
Com isso, a ideia é que os carros sejam mais difíceis de pilotar, tanto física, quanto tecnicamente. Porém, a preocupação geral é de que as novas regras vão prejudicar diretamente as ultrapassagens, pois a maior carga aerodinâmica vai causar ainda mais turbulência no carro que vem atrás.
No México, especificamente, a dificuldade de ultrapassagem tem a ver com a pista em si, muito estreita em sua maioria, e à baixa pressão atmosférica: mesmo usando cargas aerodinâmicas comparáveis a Mônaco, os pilotos chegam a 370km/h e reclamam da falta de estabilidade nas curvas justamente pela menor resistência do ar.
A escolha da Pirelli também acabou sendo conservadora – até pelas temperaturas mais baixas que o esperado – e o médio se tornou duro demais. Ao cruzar estas duas informações, as equipes entenderam que, pela boa duração do médio, mesmo que fosse mais lento, a dificuldade de ultrapassagens favorecia a adoção de uma corrida em ‘banho-maria’.
Isso, mesmo com a zona de DRS aumentada para este ano. Os defensores do novo regulamento dizem que a realidade de 2004 ou 2005, quando as corridas tinham média de apenas 10 manobras por corrida – seis vezes a menos que o auge da era Pirelli – não voltará justamente devido ao dispositivo, mas não foi o que vimos no Autódromo Hermanos Rodriguez quando uma realidade que deve se assemelhar com o que teremos em 2017 acabou sendo criada quase sem querer.
O ponto positivo foi o trabalho que os pilotos tiveram para entender os pneus. É muito cedo para especular que tipo de borracha a Pirelli vai entregar para 2017, e muito do sucesso das novas regras depende disso, mas pelo menos no México vimos muitos reclamando de um desgaste que não existia. Simplesmente o pneu estava tendo um comportamento ao qual eles não estavam acostumados e foi necessária uma sensibilidade maior.
No fim, acertaram os pilotos que perceberam isso e as equipes que escolheram não ouvir as queixas via rádio. E, entre os times, quem fez as escolhas mais ousadas – chegando à frente de carros com ritmo superior – foi a Sauber, talvez na primeira vez que a nova chefe de estratégia, Ruth Buscombe, a mesma responsável por algumas táticas bastante extremas da Haas no início do ano, quando as equipes ainda não tinham domado a possibilidade de um terceiro composto, conseguiu mostrar serviço.
O time foi o único a largar com o pneu médio, com Nasr, que conseguiu ir até a volta 50 de 71 para depois colocar um composto mais rápido. Seria uma boa tática caso seu carro não tivesse avariado por uma falha da asa dianteira desde a volta 15, mas mesmo assim o brasileiro superou as Haas e as Toro Rosso. Já Ericsson chegou perto dos pontos com um carro que está longe de merecer isso depois de ter usado o SC para fazer um pit stop ‘de graça’ e 70 voltas com o pneu médio. Uma boa leitura do time, sem dúvida, mas será que é este tipo de corrida que queremos ver ano que vem?
5 Comments
Tem opinião (Alonso) que é importante acelerar o tempo todo sem precisar economizar pneus, afinal isso é uma corrida de velocidade e não de regularidade ou de quem gasta menos pneus e gasolina, como tem sido .
Recomendo a “História do Pit-stop” http://www.redbull.tv/video/AP-1P6BWQ9JS1W11/the-history-of-the-pit-stop
Discordo. Se Fórmula-1 servisse apenas para medir apenas velocidade, bastava a classificação.
Me corrijam se estiver errado, mas não seria melhor que as novas regras favorecesse uma disputa de posição ao invés da ultrapassagem em si? A ultrapassagem (ou não) é a consequência de uma disputa pela posição e quanto mais emocionante essa disputa, mais divertida é a corrida para o torcedor.
Quem se esqueceu do duelo épico de Lewis e Nico na Malásia em 2014?
Quem não se animou com a caça de Raikonnen ao Verstappen esse ano?
As espetaculares defesas (ou não) de posição do Alonso esse ano?
Agora quantos se lembram das ultrapassagens feitas com DRS?
Claro que todos querem ver seu piloto favorito levando a melhor, mas a disputa em si, é muito mais emocionante que a ultrapassagem.
Abraços pros meninos e beijos pras meninas!
Seu ponto de vista tem sentido, mas a parte emocionante é quando há a ultrapassagem. Tivemos o exemplo nessa corrida do México, que o Perez ficou a corrida inteira atrás do Massa e não conseguiu ultrapassar.