Não é por acaso que a suposta vaga na Lotus – que provavelmente depende da venda ou não de ao menos parte da equipe – e o lugar na Force India andam tão concorridos: é difícil encontrar quem ganhou espaço após uma temporada na Caterham, Marussia e na finada HRT.
Nada menos que 15 pilotos atuaram pelas nanicas nos três anos de existência destas equipes que chegaram à F-1 com a promessa furada de um teto orçamentário. A lista é grande e tem, desde aqueles com bons resultados em categorias de base e que seriam candidatos naturais a qualquer vaga, até quem obviamente chegou com o dinheiro, passando por quem está na descendente da carreira.
Karun Chandhok, Bruno Senna, Sakon Yamamoto, Christian Klien, Narain Karthikeyan, Daniel Ricciardo, Vitantonio Liuzzi, Pedro de la Rosa, Timo Glock, Lucas Di Grassi, Jerome D’Ambrosio, Charles Pic, Heikki Kovalainen, Jarno Trulli e Vitaly Petrov. Deles, apenas Senna, por um caminho pouco ortodoxo (teve contratos fechados tardiamente, claramente influenciados em grande medida pelo dinheiro, além da sorte de ter se tornado titular em 2011 na hoje Lotus) e Ricciardo, que andou no cockpit da HRT “alugado” pela Red Bull e sempre soube que acabaria na Toro Rosso, saíram de uma nanica para a titularidade em um time melhor.
Por outro lado, pilotos de testes de equipes médias e com contratos bem amarrados para se tornarem titulares, como Nico Hulkenberg, Valtteri Bottas e Esteban Gutierrez, conseguiram vagas melhores.
Será que é melhor hoje ficar sem andar do que assinar com uma nanica? Perguntei isso a Luiz Razia, que descarta uma quinta temporada na GP2 após chegar muito perto do título em 2012, e ele acredita que não. Para o piloto, a falta de exemplos de nomes que ascenderam a equipes melhores vindos de das nanicas é, ou por falta de dinheiro, ou porque suas carreiras já estavam em uma descendente natural.
De fato, os únicos jovens dessa enorme lista eram Senna, Ricciardo e todos os que foram companheiros de Glock na hoje Marussia. E, entre eles, Pic foi o que mais se destacou em relação ao alemão e conseguiu uma pequena “promoção”, indo para a Caterham com o apoio da Renault.
Só é difícil ver o quanto o fato de simplesmente andar em uma nanica ajuda na questão financeira. Mesmo quem acompanha a categoria muitas vezes questiona a valia de termos estes times no grid. E me lembro de, em Interlagos, acompanhar a produção de uma matéria por parte de um grande veículo brasileiro sobre essas equipes e era curioso como os repórteres, acostumados a cobrir outros esportes, abordavam o tema. Um colega perguntou a Pic algo como “você não fica frustrado em não ter marcado nenhum ponto?”. O francês olhou com cara de interrogação, pois sabe que, se isso acontecesse com a Marussia, seria o equivalente a um título.
Mas a grande mídia e o grande público não sabem disso. E quem fecha as cotas de patrocínio no final do ano também não. É claro que dá para entender um piloto querendo mostrar serviço e se adaptando à vaga que conseguir mas, a longo prazo, não tem sido uma aposta das mais certeiras.
10 Comments
Claro que é importante a vaga até numa nanica. Quem é bom vai se destacar, e depois passa para uma equipe de ponta. O que aconteceram nessas nanicas que vc sinala é que nenhum prestava. Mas lembra Juliana, que o Ayrton deu show numa nanica.
Toleman! mas nao sei se era tao nanica quanto as nanicas atuais… Se nao me engano, a toleman eh ou que hoje eh a lotus, passando por Benetton e Renault….
Concordo com você, mas discordo que a Toleman era nanica em 1984. A diferença é que eles tinham um bom chassis, mas não tinham dinheiro pra evoluir o carro como McLaren, Lotus, Williams, Brabham, Ferrari e Renault. A Toleman em 1984 era no mesmo naipe que Tyrrell e Ligier em desempenho e grana.
Nem tão nanica quanto as nanicas, nem tão forte quanto Lotus. Talvez uma Force India, ou uma Sauber…
O engenheiro da Toleman era ninguem menos que Rory Byrne… nanica… ha!
Ju, como tudo na F-1 gira em torno da imagem, fica difícil um patrocinador investir em uma equipe que mal-mal aparece nas telas de tv (hehe, só mesmo quando toma uma volta dos líderes ou estraga a corrida dos mesmos,kkk), sendo assim, sem investimento e gerindo o esporte como mero anúncio de negócios, equipe e pilotos ficam cada vez mais para trás…
Ju,
Está bem claro, para mim. Só vale a pena se você for um jovem piloto com bastante talento e MUITO dinheiro. É necessário que tenha dinheiro suficiente para uns 5 bons anos, até que abra alguma vaga numa equipe média para, finalmente, tentar mostrar seu real valor.
Na F1 atual, mesmo estando numa equipe média e mostrando serviço, também é necessário uma boa quantia de dinheiro, algo suficiente para umas 3 ou 4 temporadas.
Se realmente for talentoso e mostrar resultados, torna-se um piloto disputado pelas médias ou consegue vaga numa equipe de ponta.
Não adianta ter só talento numa nanica. É muito difícil julgar o trabalho de um piloto num carro que leva de 1 a 2 voltas por corrida. Glock que o diga. Di Grassi também.
Nessas equipes, nem sempre o equipamento é o mesmo para ambos os pilotos.
E, um bom resultado, depende só da sorte numa corrida bem maluca. Como vimos em Interlagos com o Petrov. O russo teve o melhor resultado do ano, entre as nanicas, e talvez seja o menos talentoso de todos (só não perde para o Karthikeyan).
Ou seja, num grid tão competitivo e com carros com altíssima confiabilidade, nenhum bom resultado de uma nanica é capaz comover uma média ou grande equipe.
Hoje, o que realmente atrai num piloto é sua conta bancária.
Abs
Pois é. Tanto, que os pilotos ultimamente têm oferecido espécies de “planos de carreira”, e não apenas um patrocínio por um ano. Só faria uma ressalva: hoje não basta, nem só dinheiro, nem só talento para os primeiros anos no grid. É preciso uma combinação de ambos.
Verdade, é isso mesmo. Assino em baixo.
Abs
“Será que é melhor hoje ficar sem andar do que assinar com uma nanica? ”
Olha, Cerasoli. Pra ser honesto, tenho certeza de que, se eu fizesse essa pergunta a Bruno Senna ou a Di Grassi, ou até mesmo pra os demais citados em seu texto, as respostas deles não seria muito positivas.
Abr